SET/OUT 2020 - Edição 231 Ano 33 - VER EDIÇÃO COMPLETA

Congresso da Abrasce teve dia dedicado ao debate de equilíbrio entre saúde e economia

16 de novembro de 2020 | por Solange Bassaneze | Imagens: Reprodução

O Congresso Internacional de Shopping Centers é o maior evento da América Latina sobre o setor

O 16º Congresso Internacional de Shopping Centers, que aconteceu 20 a 22 de outubro, teve edição especial on-line. Seguindo todos os protocolos de segurança e operação, o evento foi transmitido de um estúdio em São Paulo de forma híbrida com convidados no presencial e no virtual, paralelamente à Exposhopping Virtual.

Com o tema “Geração coronavírus”: O equilíbrio entre saúde e economia e os impactos nos hábitos dos consumidores, o segundo dia trouxe importantes debates sobre o equilíbrio entre economia, política e saúde.

Após abrir o evento com temas relacionados ao cenário internacional, aconteceram palestras sobre economia, política e saúde. A forma com que as diferentes esferas do governo lidaram com a crise, as reformas Tributária, Administrativa e PEC dos Gastos, além da chegada da vacina contra o coronavírus foram alguns dos assuntos discutidos.

Também foi apresentada uma pesquisa inédita realizada para a Abrasce pela Fronte Pesquisa para mostrar o sentimento dos brasileiros em relação aos shoppings centers. O dia foi finalizado com uma palestra de Luiz Felipe Pondé. Confira abaixo!

Política e economia

Conduzido por Alon Feuerwerker, diretor de política da FSB Comunicação, o debate As implicações das políticas públicas na criação de uma nova economia iniciou o dia. Também participaram as jornalistas e comentaristas da Globo News, Julia Duailibi e Natuza Nery.

Painel com Julia Duailibi, Alon Feuerwerker e Natuza Nery

Natuza deu um panorama político e pontuou sobre a falta de diálogo entre União, estados e prefeituras durante a pandemia. Para ela, isso gerou uma grande politização antes do vírus chegar ao país, o que acentuou ainda mais a polarização. Agora, a história se repete com relação à vacina. “Isso deixou tudo mais nebuloso. A vacina não é só a garantia de que nossa vida pode voltar ao normal, mas de que vamos salvar a nossa economia, os negócios e os empregos. Essa politização antes da hora deixa a população mais assustada e o cenário do futuro fica mais hostil.”

A jornalista falou ainda sobre a pressão que o governo já vem passando para transição do auxílio emergencial para uma política social em 2021 e também sobre a sucessão da presidência da Câmara dos Deputados e do Senado.

Julia descreveu o cenário atual da economia brasileira e fez uma análise da política fiscal brasileira, já que a relação da dívida x PIB está acima de 100%. No curto prazo, segundo ela, é necessário analisar o que serão das reformas (Tributária, Administrativa, PEC dos Gastos), que estão em tramitação no Congresso, mais o Orçamento de 2021.

Outros pontos abordados por ela foram: desemprego, desoneração da folha de pagamento com a nova CPMF, taxas de juros, concessão de créditos e segunda onda da pandemia. Pautas que impactam diretamente o setor de shopping centers.

Saúde e economia

O segundo painel do dia foi A crise sanitária e seus efeitos econômico-sociais no setor de shoppings, em um ambiente de reforma tributária. Mediado por Rafael Lisbôa, diretor da plataforma Bússola, o painel teve a presença de Dr. Fábio Gregory, médico e superintendente do Hospital Sírio-Libanês, Jorge Antônio Deher Rachid, ex-secretário da Receita Federal e Caio Megale, economista chefe da XP Investimentos.

Painel mediado por Rafael Lisbôa contou com a presença de Caio Megale, Jorge Antônio Deher Rachid e Dr. Fábio Gregory.

Dr. Gregory levou para o debate a importância de se manter as medidas de distanciamento social, o uso de máscaras, a limpeza e a higienização das superfícies e alertou sobre a possibilidade de uma segunda onda também chegar por aqui.

“Apesar da desaceleração da curva da Covid-19, o número de mortes e de novos casos ainda é muito alto e, devemos manter os cuidados. As pessoas devem conduzir suas vidas com segurança, mas pensando de forma comunitária.” Além disso, salientou que, quando a pandemia for controlada, é necessário construir uma vigilância epidemiológica para antecipar futuras crises sanitárias.

Megale frisou a importância de um rebalanceamento da economia, já que há superaquecimento de alguns setores e outros ainda fechados. “A perspectiva para 2021 com a saída do auxílio emergencial é uma desaceleração desses setores superaquecidos e normalização da economia nos demais setores. Desta forma, projetamos um crescimento de 3,4%. O maior desafio do Brasil continua sendo a questão fiscal.”

Reforma Tributária

Jorge Rachid fez uma avaliação das três propostas para a Reforma Tributária em tramitação e vê que a da Proposta de Emenda à Constituição 110, que se encontra no Senado, como a mais aceitável. “Eu defendo começar a identificar os problemas dos atuais tributos e corrigir com normas infraconstitucionais, por leis complementares e leis ordinárias, para que a resposta no ambiente de negócios seja mais rápida pode ser”, opina.

Disse ainda que as reformas afetam diretamente os shoppings centers e pode ainda gerar pressão inflacionária já que os varejistas tendem a repassar esses custos para os produtos. Por isso, o presidente Glauco Humai ressaltou, antes do painel, que a Abrasce já está formulando uma proposta para apresentar ao governo.

Pesquisa inédita

A pesquisa Shopping centers e consumidores: sentimentos e percepções do presente e do futuro foi encomendada pela Abrasce à Fronte Pesquisa e apresentada em primeira mão durante o Congresso.

Realizado com metodologia qualitativa e quantitativa, o estudo buscou entender as relações e sentimentos que os shoppings podem proporcionar aos clientes e, especialmente, compreender como o consumidor se sentiu na pandemia.

Em conversa com o mestre de cerimônias Bruno Romano, Juliana Piai apresenta a pesquisa encomendada pela Abrasce

Entre os índices apresentados, 60% dos entrevistados disseram ter sentido falta de ir ao shopping para lazer. “É um ponto de descompressão para o consumidor e isso na pandemia ficou muito claro”, destacou Juliana Piai, sócia-diretora da Fronte Pesquisa. Cerca de 90% também fizeram uma associação positiva aos shoppings e esses sentimentos ficaram muito claros na pesquisa, que foi disponibilizada a todos os associados após o evento.

Juliana destacou ainda a escala de engajamento emocional dos consumidores. Classificados em quatro grupos a partir de uma série de perguntas, apenas 11% disseram que o shopping é estritamente funcional, que são os consumidores objetivos. Na outra ponta, quase 70% dos entrevistados demonstraram ter um nível emocional médio ou muito elevado em relação ao shopping.

Na pesquisa quantitativa, foram ouvidas 515 pessoas de forma on-line. Na qualitativa, foram entrevistadas as que tinham esse vínculo com o shopping. Com isso, foram extraídas diversas histórias que marcaram a vida das pessoas na relação com o shopping. No webinar da Universidade Abrasce, realizado na Exposhopping virtual, Juliana detalhou ainda mais o estudo.

Nova percepção

O filósofo e escritor Luiz Felipe Pondé foi um dos painelistas

O segundo dia teve o fechamento com as reflexões de Luiz Felipe Pondé, filósofo, escritor e ensaísta brasileiro. A nova percepção do ser humano sobre o mundo e sobre si na visão antropológica foi o tema da palestra.

Em sua apresentação, Pondé discorreu sobre as tendências de comportamento humano observadas antes da pandemia e que não vão mudar tão cedo. Segundo ele, um dos marcadores mais importantes desta fase da humanidade está relacionado ao medo. “A sociedade é mais assustada e insegura e tem a percepção de que a vida é vulnerável. E isso se deve ao acúmulo de conhecimento. Esse sentimento já existia antes da crise sanitária, mas foi potencializado agora.”

Destacou ainda que o maior acesso à informação associado às ofertas e concorrência das marcas tem feito com que o consumidor se torne paulatinamente mais exigente. Para conquistá-lo, se faz muito marketing. A consequência é que as pessoas passam a ter dificuldade em ver o mundo simplesmente como ele é. Essa percepção atinge, inclusive, os próprios profissionais de marketing e publicidade, que também passam a acreditar apenas naquilo que vendem. “O marketing digital tem se transformado em uma ferramenta de repressão do pensamento e de conteúdo, à medida que se mede amor em milhão de seguidores e as marcas medem o engajamento”, afirma o filósofo.

O filósofo disse ainda que a sociedade vive o problema da ansiedade porque quer controlar tudo, fez uma análise da idade de corte nas empresas e retratou como se dão as relações amorosas da atualidade, o relacionamento dos casais com os filhos e dos jovens com o mundo.

Confira aqui a cobertura dos outros dias do Congresso:
20 de outubro
22 de outubro

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