Nesta época, o setor de shoppings se movimenta para definir as ações de final de ano, ao mesmo tempo, em que os grandes players do mercado de decoração e entretenimento apresentam suas novidades. E o Natal 2022 vem mais tradicional do que nunca!
Para as empresas do mercado é assim: 365 dias de Natal, criando, produzindo, transportando e montando projetos personalizados para surpreender milhões de pessoas. Esse é o espírito vivido nas fábricas que reproduzem a magia natalina por meio de cenários magníficos que convidam as famílias a saírem de casa para ver, ouvir e sentir esse clima. Em algumas cidades do mundo, os elementos natalinos invadem ruas, parques, vitrines icônicas. No Brasil, os shoppings são os principais destinos para viver essa experiência. A cada ano, os empreendimentos surpreendem com ações que encantam adultos e crianças e, para 2022, com a projeção de uma volta total após o período da pandemia, o que vai fascinar os clientes é o Natal em sua essência, com cores típicas, decoração que remete boas lembranças e, claro, tudo pontuado por muitas novidades. É o que prometem os grandes players do mercado.
Em 2020, ano de muitas restrições, os eventos tiveram que passar por diversas adaptações – uma das mais marcantes foi a ausência do Papai Noel – e ficaram bem restritos e com verbas reduzidas. Em 2021, o bom velhinho retornou aos malls (com todos os protocolos de segurança) e os eventos voltaram a ser mais interativos. Para 2022, a tendência será de um final de ano mais tradicional, mantendo a integração do físico com o digital, uma mudança que veio para ficar.
Recomendações dos players
No ano passado, ainda diante do cenário incerto do primeiro semestre, as empresas de decoração e eventos trabalharam com prazos apertados, porque os shoppings também tiveram de postergar as decisões. Essa conjunção de fatores resultou na diminuição de projetos atendidos e na readequação dos mesmos, já que tempo é primordial para a execução de novas ideias. Neste ano, com o avanço da vacinação e a pandemia mais controlada, o setor volta a estabelecer o calendário pré-pandemia em que as negociações são concluídas até junho.
Assim que a Cipolatti anunciou a abertura do showroom, localizado em Jacareí (SP), a agenda lotou. A empresa, que se prepara para o 41º Natal e fez quase 90 decorações em shoppings no ano passado, reforça a importância de se antecipar. “O ideal é fechar a decoração até maio. Assim é possível trabalhar melhor e com preços menores. Tudo implica em tempo: contratações, compra de material, importação, produção… De última hora, há uma elevação dos preços como acontece nas altas temporadas. Por isso, a nossa meta é a antecipação”, afirma Conceição Cipolatti, diretora de Artes da companhia.
A C+E também reforça o tempo certo de fechamento dos projetos, pois o grande desafio de toda a logística do Natal é o prazo. “Em 2021, com primeiro semestre ainda com restrições, tivemos decisões que demoraram a ser fechadas. Nesse ano, vamos continuar com o número limitado de 45 projetos para que sejam realmente diferenciados customizados e se tornem destinos nos shoppings”, diz Sergio Molina, CEO da C+E.
Na ZERO57, as conversas com os shoppings começaram em janeiro e os sócios Juarez Fagundes e Fernando Lacerda reforçam que ter tempo para desenvolver os projetos é essencial para desenvolvimento fiel ao briefing de cada empreendimento. “Após a primeira conversa, conseguimos dar a primeira devolutiva em duas semanas. O quanto antes tivermos uma resposta e fizermos os ajustes, é melhor para que possamos enviar o orçamento dentro da verba disponível”, destaca Lacerda. Afinal, são vários alinhamentos até a aprovação final.
Fagundes complementa: “Já fizemos shoppings em pouco tempo, mas não é o ideal, porque gostamos de envolver a equipe do empreendimento, visitar o espaço e conhecer o histórico de outros natais para deixarmos o mais exclusivo possível. Sempre nos preocupamos em fazer poucos, mas grandes projetos.” A ZERO57 passou a executar 35 decorações nos últimos seis anos, antes eram 15 projetos. “Com o cenário instável, aprendemos a trabalhar com um número maior de shoppings, mas temos esse cuidado com a exclusividade. Acredito que o nosso ticket médio ainda é um dos mais altos do mercado”, menciona Fagundes.
A 2a1 Cenografia também analisa o ano de 2022 com os shoppings voltando ao cronograma normal. “Não vamos ter mais a corrida de contratos fechados na última hora. E como temos a premissa de atender com excelência, inclusive, sem terceirizar as montagens, limitamos o número de clientes atendidos. No ano passado, foram 45 shoppings”, aponta Danielle Paulino, diretora comercial da 2a1 Cenografia.
Os resultados na Thematic Decor também foram melhores no ano passado, comparado a 2020, com a realização de 32 projetos em shopping centers. “Para 2022, estimamos uma alta entre 15% e 20% no faturamento, mas não necessariamente aumentar na mesma proporção o número de empreendimentos”, conta Silvia Doreto, diretora executiva da Thematic Decor.
Mesmo com todos os desafios macroeconômicos – inflação, alta do dólar, entre outros – a expectativa é alta. “Acredito que será um ano melhor comercialmente”, fala Conceição. O CEO da C+E acredita que o mercado estará mais disposto a comprar porque as experiências de Natal mexem com o ponteiro de vendas e com o fluxo dos shoppings. “No ano passado, fizemos oito decorações da Disney, nosso recorde! Não aceitamos mais projetos porque não conseguiríamos entregar. Como os shoppings estão ocupando cada vez mais esse espaço do entretenimento e existe uma demanda reprimida das pessoas em sair, o efeito de nostalgia do Natal – de encontro, da magia, da luz, da família, do abraço, do calor emocional – voltará com muita força neste ano”, explica Molina.
Por isso, o Natal contemplativo ficou para trás. “Com o crescimento das vendas on-line, os shoppings também precisam trazer atrações e experiências interessantes e diferentes, convidando o público a vivenciar, por exemplo, uma decoração de Natal. Percebemos esse setor muito esperançoso. 2022 será um ano mais leve e com uma presença maior em shopping. É o que sentimos agora”, reforça Conceição.
São dois setores prontos para organizar uma festa próxima aos tempos pré-pandêmicos. “O sentimento é de retomada no Brasil inteiro e isso se deve à recuperação das vendas, da taxa de ocupação e do fluxo. Existe uma necessidade do consumidor e também dos shoppings de querer fazer uma bela festa”, ressaltam os sócios da ZERO57.
Na tela ou olho no olho
Há quem prefira as visitas presenciais e aqueles que ainda optam pela conversa virtual, por isso, as empresas seguem atendendo nos dois formatos – algumas apenas no modelo remoto, como a Thematic Decor. “A decisão dos corporativos está cada vez mais forte e a videoconferência funciona muito bem, além de ser prática. Com a chegada da variante Ômicron, decidimos não fazer showroom”, observa Silvia.
A 2a1 Cenografia optou por continuar com o atendimento presencial e on-line, mas sem showroom. Segundo Danielle, o formato funciona como uma confraternização e ponto de encontro, pois as empresas do segmento já estão consolidadas e os shoppings conhecem o trabalho e a entrega de cada uma.
A C+E decidiu criar um showroom 3.0, uma experiência inédita e inovadora, que leva os clientes a uma imersão presencial, híbrida ou on-line ao mundo do metaverso. Na Cipolatti, mesmo com o showroom aberto, as reuniões virtuais também vêm sendo utilizadas para os clientes que não se sentem seguros ou estão muito distantes geograficamente. A ZERO57, que já vem atendendo os projetos de 2022 desde janeiro, mantém o modelo híbrido também com encontros presenciais ou digitais, de acordo com a preferência de cada cliente.
As tendências
Um Natal clássico e tradicional, mas que envolva, ao mesmo tempo, tecnologia e interatividade, é o que estará no foco da maioria das decorações. De acordo Silvia, da Thematic Decor, é o que mais agrada aos brasileiros. “Essa interatividade vai acontecer até em elementos mais simples como um balanço ou um escorregador, por exemplo”, comenta a diretora executiva.
A diretora da 2a1 Cenografia conta que os projetos com experiência tecnológica já vinham crescendo e se destacando nos últimos anos, porém, o uso excessivo da tecnologia e de telas pelas crianças durante a pandemia tem reforçado a busca dos pais por brincadeiras e brinquedos tradicionais. “Por isso, existe a procura por atividades lúdicas em que as crianças possam brincar como um gira-gira, parede de escalada, por exemplo”, diz. Reforça ainda que a vacinação deixou os pais mais confiantes em levar os filhos aos eventos, principalmente aos shoppings, que são locais seguros e que seguem os protocolos desde o início da pandemia.
Com longa experiência de mercado, os sócios da ZERO57 enaltecem que a decoração tradicional continua sendo a preferida do público, pois as pessoas querem ver os elementos que caracterizam a data, como, por exemplo, a clássica paleta verde e vermelho. “Acreditamos na volta completa desse estilo com todas as referências: Papai Noel no trono, brinquedos menores, atividades com bilheterias – para poder viabilizar as atrações – e outras gratuitas. Na parte de tecnologia, acreditamos que os óculos de VR (realidade virtual) não voltam, a aposta continua nos painéis de VR e interativos e no uso de LED, como os usados no ano passado”, prevê Lacerda.
Para as empresas e de modo geral, as decorações com cores completamente diferentes das tradicionais, costumam ser pouquíssimo solicitadas e, neste ano em especial, a taxa deve ser menor ainda. “Será a retomada da festa tradicional. O Natal da ZERO57 continua com as nossas marcas como o gigantismo, infláveis, ursos, elementos aéreos, cenas fora da Praça de Eventos, explorando ainda mais locais do shopping que vão além do briefing”, complementa Fagundes.
Dentro da paleta clássica, o verde desponta também como um grande destaque, segundo Conceição. “Há uma necessidade de trabalhar a preservação do nosso meio ambiente, pois os biomas brasileiros estão sendo muito vilipendiados”, relata. E a diretora de artes da Cipolatti enaltece ainda três eventos grandiosos e importantes de 2022, que também influenciarão nas criações da companhia: o centenário da Semana de Arte Moderna, comemorado em 13 de fevereiro, o bicentenário da Independência do Brasil, contando ainda com a reabertura do Museu do Ipiranga, em São Paulo (SP), e a Copa do Mundo, que acontece entre novembro e dezembro.
Em todas as decorações, haverá muito investimento em iluminação com LED por sua eficiência energética, afinal, Natal é sinônimo de luz. “Os pedidos são ainda para essa iluminação seja volumosa e colorida e que apareça de dia e de noite. Essa decoração externa já vem ganhando o mesmo espaço do que o interior do shopping”, revela Silvia.
O metaverso, amplamente debatido na National Retail Federation (NRF) 2022, em Nova York , é a aposta da C+E para esse Natal, que levará o Papai Noel para esse novo mundo. O desafio da empresa, vanguardista em inovação, é integrar os ativos digitais das NFTs (non-fungible token) às experiências físicas dos shoppings. “E isso se tornará uma experiência de destino do consumidor, pois, para vivê-la, terá que ir até o shopping e adquirir uma moeda digital para comprar as NFTs e os produtos exclusivos do empreendimento. E tudo isso acontece de forma interativa com a decoração de Natal. É uma extensão do físico com uma projeção guiada dentro do metaverso com possibilidades infinitas”, explica Molina.
A empresa de games, The Sandbox, é a grande parceira da C+E no desenvolvimento deste projeto. Como é uma tecnologia nova, o CEO prevê o fechamento de até dois projetos com esse conceito. “Ao entrarmos no mundo das moedas digitais, como bitcoins e blockchain, e do metacommerce muitos dados serão gerados para o shopping, o que é interessante para o setor”, relata Molina. Além desta inovação, a C+E segue com os projetos licenciados – Disney, Universal, Mauricio de Sousa Produções, entre outros – com grandes surpresas para este ano.
A 2a1 Cenografia também trabalha com marcas licenciadas como Warner Bros, Cartoon Network, Nickelodeon, entre outras, e fala sobre a força do Natal com personagens queridos do público. “O apelo é grande. Se as pessoas gostam do personagem, mudam até de shopping para vivenciar essa decoração de Natal”, diz Danielle.
Como 2022 ainda é um ano de recuperação, Conceição acredita que os projetos Fun Christmas, uma versão econômica criada pela Cipolatti há três anos, devem ter alta demanda. “São linhas econômicas, bonitas, modernas, coloridas, criativas, fáceis de montar e com menos volume de transporte”, explica.
Essas empresas comprovam mais uma vez o quanto estão preparadas para levar experiências que ficarão na memória afetiva dos clientes e já estão prontas para atender o setor de shopping no Natal 2022.
