JAV/FEV 2019 - Edição 222 Ano 32 - VER EDIÇÃO COMPLETA

Setor registra alta de 6,5% em vendas em 2018

11 de março de 2019 | por Solange Bassaneze
Censo da Abrasce divulga dados positivos no levantamento realizado com 563 empreendimentos do país

Mesmo de forma gradativa e lenta, a retomada da economia contribui para elevar as vendas nos shopping centers de todo o país, segundo o Censo Brasileiro de Shopping Centers da Abrasce, realizado em parceria com o Grupo de Estudos Urbanos. Em 2018, o faturamento foi de R$ 178,7 bilhões, o que representou uma elevação de 6,5% em relação ao ano anterior. “Como a inflação foi de 3,7% em 2018, tivemos um crescimento muito robusto e consistente, na ordem de 2,8%, contribuindo para o desenvolvimento das cidades e remunerando os investidores”, disse Glauco Humai, presidente da Abrasce. Segundo Camila Tassi Silva, coordenadora de Inteligência de Mercado da entidade, a maior confiança do consumidor também foi essencial para o aumento das vendas. 

O fluxo mensal de visitantes também foi positivo, chegando a 490 milhões, um aumento de 5,8% – o que representa quase 2,5 da população brasileira frequentando esses espaços. A maior presença do consumidor no mall se deve ao fato de os shoppings serem grandes centros de convivência e conveniência, com mais opções de serviços, entretenimento e lazer. A cada ano, o setor se reinventa e busca novas alternativas para atrair o público.

No ano passado, foram inaugurados 14 empreendimentos. Como a entidade considera shopping center apenas os que possuem Área Bruta Locável (ABL) superior a 5 mil m² (com operações com administração única e centralizada, que praticam aluguel fixo e percentual), quando necessário, analisa e reclassifica os empreendimentos de todo o Brasil, seguindo este critério. Em decorrência disso, em 2018, houve uma diminuição do número total de shoppings no país, passando de 571 para 563. “Mesmo assim, o total de ABL teve alta de 4,8%, quando comparada com o mesmo período o ano passado, o que evidencia o crescimento e a constante evolução do setor”, relata Humai.

Com mais espaços de comercialização, o número de lojas aumentou 2,6%, assim como os postos de trabalho. São mais de 1 milhão de empregos diretos gerados pela indústria. “O crescimento de 5,4% em relação a 2017 mostra a resiliência do mercado”, diz Camila. Segundo o presidente, o setor gera mais de 3 milhões de empregos, pois um emprego direto cria outros dois postos de trabalho. “Contribuir para o desenvolvimento do país traz muita satisfação”, afirma Humai. 

Outro dado positivo foi a redução da vacância, que fechou em 4,8% em 2018, bem menor do que os 6% de 2017. Segundo o presidente, isso demonstra que o momento crítico da crise está passando, já existe a retomada da confiança do investidor e do consumidor e, consequentemente, a ocupação dos empreendimentos volta a acontecer de maneira sistemática. Outro dado relevante do estudo é sobre o consumidor. Ele permanece 72 minutos no mall e gasta, em média, R$ 219 a cada visita. 

Forte presença no interior

O estudo também apresentou o interesse pela interiorização dos negócios. Atualmente, 55% dos empreendimentos estão no interior. “Desde 2015, o interior passou a ter mais shoppings do que as capitais, e essa tendência continuou em 2018. Custos menores na aquisição de terreno, facilidade na obtenção de licenças de funcionamento e concorrência menor proporcionam essa expansão para o interior. Sem contar, evidentemente, o crescimento do mercado consumidor brasileiro, do poder aquisitivo e do varejo”, explica Humai.

No total, 222 municípios brasileiros contam com shopping. “Em 2010, eram 153 cidades. Apesar de a indústria de shopping centers estar em apenas 5% dos municípios, temos que ressaltar que mais de 90% deles têm em média 15 mil habitantes – os quais, dificilmente, terão um shopping center. Excluindo essas cidades, temos ainda municípios mais robustos a serem explorados”, reforça Humai.

Mais lazer e serviços

Houve também mudanças na área de alimentação. Do total, 27% dos shoppings contam com espaços espalhados pelo mall ou boulevard gastronômico, o que reforça ainda mais a experiência oferecida ao cliente. Na área de entretenimento, os cinemas continuam sendo um grande chamariz. São 2.836 salas dentro de shoppings, o que representa mais de 90% do total do país.

O estudo também trouxe como novidade o questionamento sobre aceitação de pets e mobilidade. Atualmente, 91% dos empreendimentos são pet friendly. A maioria também oferece serviços para as famílias, como fraldário, área de amamentação, banheiro e espaço família. No estacionamento, além do maior número de vagas, 11% já disponibilizam vagas para carros elétricos, 85% têm bicicletário e 29% contam com sinalizador de vagas. “Esses dados mostram como o setor está antenado com as novas tecnologias e com a questão da mobilidade urbana”, afirma Humai. Fazer parte de um complexo multiuso também é algo cada vez mais frequente. Hoje, 29% têm seus projetos inseridos em conjunto com condomínios empresariais ou residenciais, hotéis, universidades, entre outros.

O que esperar de 2019?

Neste ano, serão inaugurados 15 shoppings, a maior parte no interior. Desta forma, a tendência da interiorização continuará. Esses novos greenfields irão aumentar 379 mil m² de ABL. Além disso, já estão previstas expansões em 3% dos shoppings e 13% dos empreendimentos têm a intenção de expandir nos próximos dois anos. O setor, que arrecada mais de 25 bilhões de impostos para os cofres públicos, também é responsável por um pouco mais de 20% do varejo brasileiro.

  • GOSTOU? COMPARTILHE: