ALLOS, a maior companhia de shopping centers do país

Com o reposicionamento da marca, o CEO Rafael Sales fala mais sobre as estratégias que envolvem os 62 shopping centers do portfólio

Aliansce Sonae + brMalls, o antigo nome após a última fusão, ficou para trás. A nova marca, ALLOS, divulgada em agosto de 2023, foi desenhada e pensada com muito cuidado e agrega valores sólidos construídos ao longo de cinco décadas e que fazem parte do momento atual dos 62 shoppings da maior empresa do setor do país. São 11 mil lojistas conectados a um ecossistema que recebe mais de 60 milhões de visitantes por mês. Rafael Sales, CEO da ALLOS, em entrevista à Revista Shopping Centers, fala mais sobre a mais inovadora plataforma de serviços, entretenimento, lifestyle e compras, pois os shopping centers têm uma representatividade muito mais ampla hoje na vida de seus frequentadores. 

Revista Shopping Centers – Passado esses primeiros meses da combinação dos negócios, quais são os principais benefícios que já foram vislumbrados a curto, médio e longo prazo?

Rafael Sales  – Já começamos a capturar sinergias e percebemos bons resultados no último trimestre (2T2023), inclusive, com aumento de vendas, taxa de ocupação e organização dos times com metas e objetivos bem alinhados. Estamos prontos para construir a história da ALLOS, trazendo um propósito que todas as equipes têm muito orgulho: conectar pessoas, negócios e sociedade, servindo e encantando todos os dias.

RSC  – Falando sobre isso, qual o conceito da nova marca, aliás?

RS – A nova marca carrega a experiência da nossa trajetória, a paixão por encantar e servir, a energia do nosso trabalho. O nome ALLOS remete à mutualidade, à versatilidade e ao efeito de conectividade. Traz um novo conceito para os nossos destinos, que inspira e transforma momentos, que valoriza as experiências e que está conectado com o que importa para as pessoas. E tudo isso com um nome mais simples e fácil de compreender, despertando um sentimento de conexão fraterna, de cumplicidade, igual ao vínculo afetivo que muitas pessoas têm com os shoppings.

RSC  – Quais foram as estratégias desenvolvidas pós-fusão que destacaria?

RS  – Do ponto de vista do negócio, fizemos incremento e substituição no mix de produtos e serviços para atender às necessidades e novos hábitos de consumo dos nossos clientes e ampliamos o relacionamento, inclusive, conectando nossos clientes e nossos lojistas nos aplicativos dos nossos shoppings.

Nossos espaços passam a ser muito mais do que centros de compra. São destinos seguros e completos, onde as pessoas conseguem encontrar soluções para os pequenos desafios da vida urbana, além de lazer e entretenimento para toda a família. 

RSC  – Agora, quais são os próximos passos, as prioridades e os desafios? 

RS – Criamos a maior plataforma de serviços, entretenimento e lifestyle da América Latina, preservando as alianças que construímos até aqui e impulsionando negócios e novas parcerias. Finalizado o processo de integração, estamos trabalhando para entregar resultados aos acionistas, oferecer as melhores experiências aos nossos visitantes e desenvolver estratégias digital que apoiam o esforço de venda dos nossos lojistas, como o conhecimento profundo da nossa base de clientes e a sua conexão com as marcas. Ainda passaremos por uma revisão de portfólio, avaliando as oportunidades de mercado para os eventuais ajustes necessários.

RSC  –O que tem ajudado nesse processo de integração dos negócios?

RS – Acho que estamos muito motivados com a oportunidade de consolidar essa plataforma gigante, entendendo que nossos destinos impactam positivamente a vida das pessoas. Além disso, as duas companhias anteriormente vinham se dedicando a projetos digitais e de relacionamento, que acabam se complementando nesse momento.

RSC  – A experiência com a outra fusão há poucos anos facilitou de alguma forma a combinação de negócios?

RS – Com toda certeza. Tivemos um aprendizado muito grande quando fizemos a fusão entre Aliansce e Sonae Sierra, e o namoro entre brMalls e Aliansce Sonae também era antigo. Agora, meses após a fusão, já estamos comprovando a tese sobre a relevância deste negócio. 

RSC ― Quais áreas da companhia já passaram por mais mudanças?

Como mencionei anteriormente, já temos toda a liderança e times muito bem organizados para esse novo momento da companhia.

RSC – Existe a possibilidade de venda ou aquisição de ativos?

RS – Nosso negócio é intensivo em capital e, ao mesmo tempo, requer muito cuidado na execução para encantar e servir. Uma empresa com características como a nossa, com capilaridade e robustez, naturalmente pode reavaliar seu portfólio.

RSC –Há projetos de expansão ou mesmo greenfields em análise ou sendo desenvolvidos?

Com 62 shoppings no portfólio e 6 milhões de ㎡, estamos sempre investindo para que nossos destinos permaneçam atualizados, satisfazendo as necessidades e desejo dos nossos consumidores. Já desenvolvemos 15 shoppings em nossa trajetória, considero natural avaliar greenfields e novas expansões. 

RSC – Como avalia o primeiro semestre de 2023, considerando vendas, fluxo e taxa de ocupação?

RS ― Nosso resultado reforça a complementaridade de portfólios, o bom crescimento nas receitas de aluguel, com redução de descontos em níveis pré-pandemia, e alta taxa de ocupação, o que inclui demanda por novas lojas e expansão de algumas redes importantes. Tivemos aumento de 10% nas vendas em julho e reportamos receita líquida de R$ 643 milhões, um crescimento de 12,3% na comparação anual e no conceito pro forma.

RSC – Qual é a expectativa até o final do ano?

RS – Temos um guidance de Ebitda entre R$ 1,95 bilhão e R$ 2 bilhões. Também temos a previsão de ampliar a captura de sinergias no segundo semestre.

RSC  – Na época do painel de Empreendedores no Congresso Internacional de Shopping Centers, promovido pela Abrasce em 2022, Renato Rique, presidente executivo do Conselho de Administração da ALLOS, o nome anterior às fusões, Aliansce se referia à aliança com “sc” de shopping center. Agora, essa aliança com a ALLOS, pode acelerar ainda mais as transformações do setor de shopping centers brasileiro e o que deve agregar a quem faz parte desse ecossistema: colaboradores, consumidores e lojistas?

RS – Nossa nova marca diz muito sobre isso. ALLOS valoriza as parcerias de longo prazo, gerando conexões e oportunidades. Para nossos clientes, importa ter destinos para vivenciar experiências com opções de entretenimento para toda a família e encontrar soluções e diversos serviços, como retirada de documentos, cursos e faculdades, salão de beleza, academias e clínicas, além das compras. Para nossos lojistas, importa integrar uma plataforma contando com um parceiro especialista para ajudar a alavancar o negócio. Para os nossos times, importa fazer parte de uma empresa que promove o seu desenvolvimento pessoal e profissional. Além disso, sabemos do impacto positivo da nossa presença nas comunidades do entorno dos nossos shoppings, que cuidamos por meio de uma série de iniciativas sustentáveis e de desenvolvimento social.

RSC  –  Quais foram os principais avanços em ESG (Environmental, Social and Governance) desde o momento em que a companhia consolidou sua estratégia em 2022?

RS  – Criamos um comitê para discutir esse tema com profundidade, mesmo com uma série de iniciativas já em andamento. Fomos a primeira companhia do setor a anunciar as metas, criamos uma política consistente de Diversidade e Inclusão, aderimos ao Programa Mover para formar lideranças negras, assinamos o Pacto Global da ONU (Organizações da Nações Unidas) e fomos selecionados para o ISE da B3. Além disso, 80% da energia usada por nossos shoppings vêm de fontes renováveis e todos usam sistema de água de reuso. Também gosto de destacar os mais de mil projetos sociais que realizamos, impactando mais de 2 milhões de pessoas de comunidades do entorno.

RSC  – Newton Rique é um dos fundadores da Abrasce e um dos precursores do setor de shopping centers. Quais são os principais ensinamentos deixados por ele que estão presentes no dia a dia da companhia e até hoje influenciam outros players do mercado?

RS – Acho que, em primeiro lugar, ele foi um visionário: construiu o segundo shopping do Brasil, em Salvador, em um terreno árido, onde só existia areia, praticamente. Ele foi um desbravador, estava à frente do tempo, corajoso, isso é o principal. Além disso, muito desse DNA social que temos vem dele. Esse sempre foi um pilar importante para ele e que incorporamos com orgulho em nossa trajetória.

RSC – Uma das categorias do Prêmio Abrasce é o Newton Rique de Sustentabilidade e, hoje, a importância do ESG está ainda mais evidente. Ter isso no DNA faz com que a companhia seja uma referência em todo o setor. Com isso, os desafios se tornam ainda maiores nessa agenda?

RS – É claro! ALLOS se percebe como uma catalisadora com enorme potencial para conscientizar e fomentar mudanças de hábitos para o setor e a sociedade, dado o fluxo dos nossos shoppings e as conexões que criamos. Queremos ser, cada vez mais, um agente de transformação e desenvolvimento, impactando positivamente a vida das pessoas. Nosso objetivo é trazer para nossos destinos um modelo de como gostaríamos de construir o mundo, promovendo e inspirando sustentabilidade. 

RSC  – A companhia sempre foi muito atuante na Abrasce, o que contribui para o fortalecimento do setor. Como avalia o papel da entidade?

RS  – A Abrasce é uma das entidades mais representativas do país, trabalhando para que nosso setor esteja unido e com a responsabilidade de garantir isonomia e competitividade no mercado, discutindo tendências e soluções, fortalecendo toda a cadeia.