Enashopp acrescenta três shoppings à carteira e prevê expansão de 18% em 2019
Grupo foca no estudo profundo do consumidor e na gestão full service para manter crescimento consistente

Ainda estamos na metade de 2019, mas o ano já merece ser celebrado pela Enashopp. Afinal, são três novos empreendimentos somados ao portfólio, sendo que um deles é o primeiro life center do país – o Shopping Parque da Cidade, na capital paulista. Nascido na Bahia, o grupo vem marcando presença em outros estados e demonstrando crescimento robusto, com aumento de 11% no faturamento de 2018, com relação a 2017. Para este ano, a expectativa é ainda melhor: 18% de expansão. Acompanhe um pouco mais da trajetória do grupo, que investe maciçamente em tecnologia para entender o novo consumidor. Com a palavra, o diretor Edison Rezende.
Revista Shopping Centers | Qual foi o faturamento da Enashopp em 2018 e como está o desempenho da empresa neste ano?
Edison Rezende | O resultado foi positivo. Em 2018, tivemos crescimento da ordem de 11% em relação a 2017. Foi um ano bom, de recuperação e crescimento acima da inflação, com todos os empreendimentos contribuindo para o crescimento. 2019 começou de uma maneira bastante boa, com a inauguração do Shopping Parque da Cidade no dia 30 de maio, um acontecimento para a gente. Este empreendimento foi concebido durante a crise e está nascendo em um momento pós-crise. Começamos em abril a fazer a gestão do Liberty Mall, um shopping no centro de Brasília, e também iniciamos os trabalhos no Aracaju Parque Shopping, que está em construção e deve inaugurar no segundo semestre. Estamos prospectando oportunidades e tivemos a felicidade de adquirir esses dois malls recentemente.
RSC | Qual é a projeção de crescimento da Enashopp para este ano?
ER | Tínhamos como meta um crescimento da ordem de 12 a 13%, mas acredito que, com a entrada desses dois empreendimentos, conseguiremos uma expansão maior. A expectativa era acrescentar um shopping na carteira, e acrescentamos dois. Então, creio que tenhamos um crescimento de 17 a 18%. Com a inauguração do Parque da Cidade, teremos três novos shoppings em operação. Como nossa carteira é média, isso representa bastante.

RSC | Qual é a expectativa para o Shopping Parque da Cidade, o primeiro life center do país?
ER | Escolha do terreno, incluindo o planejamento original, os estudos de implantação, a implantação, a comercialização e a gestão, fizemos tudo. É o que chamamos de gestão full service. Começamos o trabalho em 2012 e fomos atropelados pela crise de 2014, o que nos levou a raciocinar mais sobre o que queríamos para o empreendimento. Somos vizinhos de dois grandes shoppings tradicionais e tínhamos que pensar em como nos inserir neste mercado. O Parque da Cidade é um shopping médio, que não tem musculatura para brigar com o Morumbi Shopping ou o Shopping Market Place, então adotamos a política de sermos diferentes, um complemento para o mercado. Pesquisamos bastante e estudamos vários formatos de empreendimentos que começavam a surgir nos Estados Unidos e na Europa, além de, principalmente, tentar entender a mudança de postura do consumidor. Ficou claro que ele já não estava mais satisfeito com o shopping tradicional. Visitamos várias cidades com novidades em termos de varejo, e aí veio a ideia de life center. O empreendimento está dentro de um complexo. São várias torres residenciais, escritório, hotel, o shopping e um grande parque junto. O nosso diferencial seria um estilo de vida novo. Ele não está focado só em vendas, quer que o consumidor, ao entrar nele, se sinta bem. Fomos ousados ao buscar um novo formato em um momento de crise. O lado luz da crise é nos desafiar a buscar a inovação.
RSC | Ficou satisfeito com o resultado?
ER |Acho que fomos muito felizes. Centralizamos nosso shopping em alguns pilares: gastronomia, que vem crescendo muito nos últimos anos; serviços, com o centro de diagnósticos do Hospital Albert Einstein; e lazer, com um complexo de cinema com seis salas VIP. Obviamente também teremos o varejo, mas fugimos do tradicional. Seremos o primeiro shopping a trabalhar com um espaço de e-commerce. Temos milhares de empresas que não possuem loja física e vamos oferecer a elas um espaço para contatar fisicamente o consumidor. Ele vai ver, sentir e degustar os produtos, mas comprar on-line. É um ambiente de altíssima tecnologia com 1 mil m2 para que essas empresas possam se inserir.
RSC | A Enashopp vai expandir seus negócios para outras regiões do país?
ER | Temos uma atuação nacional. Estamos na Bahia, no Distrito Federal, em Sergipe e em São Paulo, e a ideia é começar a prospectar novos estados. Isso está no nosso radar. Abrimos uma filial na capital paulista para ganhar uma base mais forte na região e atingir o sul do estado. Temos alguns projetos em andamento, mas infelizmente não posso divulgar ainda.

RSC | A Enashopp tem 19 anos. Ao seu ver quais foram os maiores cases de sucesso da empresa?
ER | O primeiro grande momento foi o nascimento. Eu era diretor de uma grande empresa e fui provocado pelos proprietários do Shopping Barra, em Salvador. O empreendimento estava em uma situação complicada na época e abrimos a empresa focada na gestão dele. Foi o primeiro grande desafio e demos nossa mensagem e direcionamento para a empresa. Foi bastante exitoso para o shopping, que conseguiu virar uma página e ser, hoje, sem dúvida, um dos melhores da cidade. Outro grande momento foi a implantação de um shopping em Angola, o primeiro do país. Os estudos começaram em 2003, quando acabou a guerra civil por lá. Nosso negócio é shopping center e não importa onde for, a gente vai. Fizemos um belíssimo trabalho, desde a escolha do terreno; mais uma vez, agimos full service. O shopping foi inaugurado em 2007 e foi o início de uma cultura no país. O Parque da Cidade também é um marco para a gente, porque nos deparamos com uma situação atípica e não queríamos fazer mais do mesmo.
“Temos uma massa de 1.500 funcionários, e a rotatividade nos cargos de chefia é muito baixa. O porquê disso? Quando montei a empresa, procurei levar a transparência para os funcionários. Fazemos questão que ele conheça o shopping como um todo, até para que ele entenda os profissionais e possa crescer dentro da empresa.”
RSC | Hoje a Enashopp tem 10 shoppings. O senhor está contente com o andamento dos empreendimentos?
ER | Estamos satisfeitos com o desempenho. Passamos por esse período mais crítico da crise, que atingiu o varejo e os shoppings. O setor nunca mais será como antes. Estamos em uma transformação muito grande, que ainda não acabou. A crise tem tudo para terminar este ano, mas o processo de readequação continua. Com o Parque da Cidade, antevimos esse cenário. Os shoppings estão colocando restaurantes, serviços, universidades, clínicas médicas… Nossos empreendimentos conseguiram sobreviver bem e hoje estamos preparados para continuar a caminhar. Estamos muito contentes. Inadimplência baixa, vacância controlada, chegando a normalidade e a um patamar que permite mais ousadias. Como o shopping tem vida longa, você inaugura hoje e tem que pensar para daqui a 20 anos.

RSC | O senhor disse “nunca mais seremos os mesmos”. Mas não é por que os dois fatores se cruzaram? Além da crise, ocorreu a mudança de comportamento do consumidor?
ER | Sem dúvida. Diria que mais importante do que a crise, foi a mudança do cliente, apesar de a transformação ter sido acelerada pela crise. Pessoas ficaram desempregadas e cortaram o consumo e chegaram os jovens mais antenados, com muito mais acesso a informação.
RSC | Os empreendimentos da Enashopp estão preparados para receber esse novo público?
ER | Estão, porque estudamos esse público. Até por conta do Shopping Parque da Cidade, aceleramos esse acompanhamento e começamos a encaminhar os empreendimentos para o que vem por aí. Posso citar a expansão do Shopping Barra, feita em 2014, na qual incluímos área gourmet com grandes restaurantes e complexo de cinema com salas VIP. Começamos, nos outros empreendimentos, a buscar esse diferencial, com o funcionamento de clínicas, por exemplo. A gente precisa se reinventar e estamos fazendo isso há cinco anos.
RSC | Quais são as vantagens da gestão full service? É um diferencial da empresa?
ER | Sim. Desde que nascemos, quisemos trabalhar dessa forma, entendendo o equipamento por completo, mesmo quando ele já está em funcionamento. Foi o caso do Liberty Mall que tem mais de 20 anos. Procuramos entendê-lo desde o nascimento, ver o planejamento, a implantação, até os dias de hoje. Enxergar o empreendimento como um todo, pois ajuda muito a direcionar e a buscar seu DNA. Ir até as origens para entender o todo e prever o futuro.
“Cada empreendimento tem vida própria. Cada um tem um direcionamento, uma equipe, suas próprias características. O shopping é um ser vivo.”
RSC | Pode comentar sobre os investimentos da Enashopp em tecnologia e inovação? O grupo dá prioridade para isso?
ER | Sempre demos. Mas nos últimos anos, até pela provocação do Shopping Parque da Cidade e das mudanças do consumidor, chegamos à conclusão de que nossos empreendimentos precisavam estar mais antenados, mais preparados para as novas tecnologias. Investimos bastante em pesquisas e hoje estudamos o e-commerce para que os shoppings atendam essa demanda nova de entrega, de compras em casa. Em breve teremos novidades para implantar nos shoppings.
RSC | Quais são os principais desafios encarados pelos shoppings hoje?
ER | O maior é entender essa nova geração de consumidores. Entender o que querem e para onde vão. É um mundo muito novo, que se autoalimenta e faz a mutação. Se não acompanhar, é complicado. O maior desafio do varejo é fazer a leitura do movimento. Temos um time estudando o movimento para poder direcionar nossos equipamentos. É uma equipe formada multidisciplinar que começou há um ano. Hoje estamos mais focados.

RSC | O que é shopping center para a Enashopp e como ele contribui para uma sociedade melhor?
ER | O shopping é um lugar para ser feliz. Se fosse para resumir em uma frase, resumiria assim. Então o que queremos é propiciar ao consumidor esse local. Temos que ter a sapiência de identificar e oferecer lojas, serviços, gastronomia, pequenas ações, por exemplo, ter um local para carregar o celular, vagas de estacionamento para grávidas, tomadas para abastecer carros elétricos, lounge para ele pensar na vida. É um lugar para ser feliz, não fazer compras. A compra é consequência. O shopping tem que ser um local para as pessoas se sentirem bem. Fora isso, há toda a cadeia empresarial, os empregos gerados, os impostos pagos, as oportunidades para pequenos empreendedores.
Por dentro da Enashopp
19 anos de história
10 empreendimentos
1.500 funcionários
11% de crescimento em 2018
18% de previsão de crescimento para 2019