NOV/DEZ 2022 - Edição 244 Ano 35 - VER EDIÇÃO COMPLETA

Grupo AMMalls investe em greenfields com a perspectiva de entregar 200 mil m² de ABL nos próximos cinco anos

8 de dezembro de 2022 | por Solange Bassaneze | Fotos Divulgação
O CEO da companhia, Antonio Mamede, fala sobre novos projetos e sua trajetória no setor de shoppings

Com 27 anos de existência, o Grupo AMMalls, comandado por Antonio Mamede, fundador e CEO, atua no planejamento, desenvolvimento, administração comercialização de shopping centers. Com a vasta experiência acumulada, o executivo mantém um relacionamento estreito com vários empreendedores, players do varejo e prestadores de serviço. O fato de ter atuado ativamente como executivo em empresas administradoras e empreendedoras de shoppings fez com que Mamede tivesse um amplo conhecimento do negócio em diferentes regiões do país, o que contribui para que o Grupo AMMalls tenha um olhar amplo e diferenciado. Em entrevista à Revista Shopping Centers, Mamede conta que busca o crescimento orgânico da companhia, direcionando os investimentos para greenfields, especialmente no Rio de Janeiro, como o Parque Shopping America, Parque Shopping Caminho Imperial e Parque Shopping Santa Cruz. A expectativa é entregar 200 mil m2 de ABL nos próximos cinco anos.

Revista Shopping CentersComo foi sua trajetória no setor de shopping centers? 

Antonio Mamede – Sou formado em Administração de Empresas e em Direito, iniciei minha carreira analisando as cláusulas de contrato de locação e, no momento da estabilização da moeda pelo Plano Real, veio um boom de novos projetos de shopping centers no Brasil. Nessa época, trabalhava na Shopinvest e frequentava muito a sede da Abrasce, que ficava na Rua da Quitanda, no Rio de Janeiro (RJ), para estudar os congressos e as conferências, buscando mais conhecimento do setor. Sempre era muito bem recebido na Associação e, com isso, conhecia muito bem o que pensavam os grandes empreendedores como Sergio Carvalho, Donald Stewart, Renato Rique e Carlos Jereissati. Recordo que devorava tudo o que via pela frente relacionado à indústria de shopping center. A partir dali, comecei a participar de projetos não só no Rio de Janeiro, mas em outros estados. Em seguida, começamos a prestar serviços para a Nacional Iguatemi – hoje, Aliansce Sonae – e participamos da reestruturação do Via Parque Shopping. De 2005 a 2006, fui diretor regional da Nacional Iguatemi. Paulo Stewart e eu começamos a pensar em uma sociedade na Saphyr, empresa fundada por ele, mas, a Saphyr foi vendida para a brMalls em 2005, culminando na maior empresa de shopping centers na época. Então, começamos a desenvolver um trabalho, buscando projetos para que pudéssemos prestar serviço e, com isso, alavancar a empresa. Em 2009, fechamos o primeiro negócio com o fundo Prosperita-SP: o Shopping Jardim Guadalupe, que teve 98% de contratos assinados na comercialização. Após isso, alguns sócios da Prosperita fundaram em HSI (Hemisfério Sul Investimentos), e, partir daí, a Saphyr e a HSI realizaram uma joint venture. Em 2014, me desliguei do grupo e comecei a trazer a minha empresa para o mercado, sempre pensando no crescimento orgânico com o foco no Rio de Janeiro, onde tenho um conhecimento profundo. 

Antonio Mamede, CEO do Grupo AMMalls

RSC – Como surgiu o projeto de greenfield do Parque Shopping America? 

AM – Comecei a analisar alguns pontos no bairro da Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro, que trariam um bom resultado. Com isso, houve uma oportunidade no America Football Clube e encaramos esse desafio. Com cerca de 578 mil moradores, é um bairro em franca expansão imobiliária, haja visto que qualquer lançamento, tem a venda muita rápida. É um projeto muito difícil, porque há uma lei, que proíbe que a sede social de clube possa ter outra destinação, depois, teve a questão do Profut e, em seguida, precisamos recorrer para o destombamento do local. Quando assumimos o projeto do America, começamos a tomar conhecimento desses pontos e tivemos que recorrer ao poder público para buscar resoluções.

A história do Parque Shopping America já começa com muita resiliência e paciência. Hoje, ultrapassamos todas as barreiras de direito real de superfície, em condições boas com o clube, de acordo com as cláusulas contratuais de escritura, o shopping fica livre de dívidas, com fluxo maior de caixa. Na década de 1960, o América era um dos clubes mais importantes do Rio de Janeiro. A disputa se dava com o Botafogo, então, existe um carinho muito especial, é o segundo time do carioca.

O Parque Shopping America contará com sete pavimentos e mais três subsolos de estacionamento

RSC – Há outros investidores nesse projeto?

AM – No Parque Shopping America, temos como sócio um dos principais investidores do Grupo AMMalls, que é do ramo de hotelaria no Rio de Janeiro.  Recebemos propostas de outros grupos que querem participar do projeto e estamos estudando. Acredito que cabem mais um ou dois investidores. 

Como a escritura definitiva foi assinada há oito meses, esse contato começou a ser mais frequente. Temos uma relação de mais de 500 interessados em lojas. Agora, estamos finalizando o projeto executivo e os complementares que precisaram passar por alterações. As obras devem ter início entre fevereiro e março de 2023 porque pretendemos inaugurar o shopping entre outubro de 2024 e abril de 2025. 

Com amplo mix de lojas e serviços, o Parque Shopping America terá ainda centro médico, alameda gastronômica, praça de alimentação, cinema, academia e universidade. A sede do clube social terá uma entrada exclusiva para os sócios

RSC – Como está a comercialização? 

AM – Serão 30 mil m2 de ABL, que poderão ser ampliados. No subsolo, teremos uma operação de supermercado, com entrada pela rua, uma loja de pet e de toda a área de serviço interligada ao estacionamento, além de outras novidades. Normalmente, um shopping vertical é muito difícil de se alugar os pisos superiores, mas quinto e sexto e, praticamente, já estão negociados. Teremos a academia Body Tech, estamos negociando com uma universidade também para a ocupação parcial do sexto e quinto piso. Há ainda interesse do hospital vizinho (São Vicente de Paula) em ampliar sua área para facilitar o acesso já que fica no alto do morro, o que será bom para ambos os lados, trazendo fluxo para o mall. Hoje, já temos 62% do shopping negociado. Também vamos buscar os investidores que se candidataram em nosso site com o valor inicial de R$ 200 mil e sugerir junto com os players de franquias que se encaixem nesse valor de investimento. Com isso, vemos uma grande oportunidade de fazermos um mix com uma boa dosagem, compatível com a localização, pois estamos a dois minutos do metrô da Praça Alfonso Pena, são 62 linhas de ônibus que passam em frente ao shopping, é onde a Tijuca nasceu e a renda média familiar é de quase R$ 12 mil no entorno. As características são excelentes. O empreendimento tem a estimativa ainda de gerar 1.800 empregos diretos.

RSC – Há a previsão de investir em novos greenfields? 

AM – A companhia está preparada para fazer 200 mil m2 de ABL nos próximos cinco anos e esperamos gerar de 8 mil a 10 mil postos de trabalho tanto durante a obra como a manutenção do negócio. Entre os novos projetos, temos o Shopping Caminho Imperial, que fica na Avenida Intendente Magalhães, uma região do Rio de Janeiro, em que o shopping mais próximo está em Sulacap, o que faz com que muitos moradores ainda se desloquem para o NorteShopping ou para a Barra da Tijuca. Esse empreendimento vem para atender quase 1 milhão de pessoas com uma renda média muito boa, cuja demanda qualificada é de R$ 5 bilhões por ano. É um local de fácil acesso, que modificará a infraestrutura da região, gerará emprego e renda e ainda recuperará uma área degradada já que houve o fechamento de grandes concessionárias, ficando apenas os revendedores dos carros. Temos outro terreno em Santa Cruz, na zona oeste do Rio de Janeiro, e idealizamos o Parque Shopping Santa Cruz, um projeto em que há bricolagem, atacadão e um shopping center, com uma grande área de life style, com restaurantes a céu aberto e áreas de evento. Como admiro muito José Isaac Peres – CEO e fundador da Multiplan –, confesso que agregamos alguns conceitos do que a Multiplan tem feito de melhor. No Shopping Cidade Nilópolis, somos prestadores de serviço, fizemos todos os estudos para o proprietário do imóvel.

Parque Shopping Caminho Imperial terá mais de 20 mil m2 de ABL
Perspectiva 3D do Parque Shopping Santa Cruz
Projeto do Shopping Cidade Nilópolis

RSC – Quais outros shoppings atendem?

Damos assessoria ao Rio Office & Mall e o Rio Ville. Estamos negociando a aquisição de um shopping no interior de São Paulo, onde, além da transformação prevista, vamos mostrar o potencial do Grupo AMMalls. Temos foco também no Centro de Convenções de Sergipe, onde temos ainda o projeto de agregar uma área gourmet e uma academia. Há também uma negociação em curso com uma empresa do setor financeiro para prestarmos consultoria aos empresários de Sergipe.

RSC – Qual é a expectativa para 2023?

Primeiramente, embasei o planejamento do Grupo AMMalls no crescimento orgânico. Após a análise de boas oportunidades, temos a estimativa de que a empresa despontará com crescimento sólido entre dois e três anos. Seguimos com uma expectativa muito positiva para 2023. Estamos desenvolvendo também um parque temático bíblico, denominado Cidade Bíblica, que ocupará uma área de 3 milhões de m2, e será amparado por um grande resort. O projeto prevê a construção de 12 torres – cujos apartamentos serão vendidos pelo sistema de multipropriedade – centro de convenções e shopping center. Após a definição da região, vamos lançar imediatamente essas torres e contratar várias construtoras para que consigamos entregar no prazo de 60 meses. O projeto deve gerar até 20 mil empregos diretos e indiretos.

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