
Grupo Partage investe mesmo na pandemia
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O diretor-presidente Ricardo Baptista conta sobre os novos canais de venda, a ampliação do portfólio e as expansões
O Grupo Partage transforma as cidades e a vida dos moradores onde está presente. Durante a pandemia, com todas as adversidades, a companhia não parou de investir em omnicanalidade e expansões e ainda aumentou sua atuação com a aquisição do Shopping 3 Américas, situado em Cuiabá (MT), chegando às cinco regiões do país. Agora, são dez empreendimentos no portfólio e uma Área Bruta Locável (ABL) de mais 324 mil m2.
Em entrevista à Revista Shopping Centers, o diretor-presidente do Grupo Partage, Ricardo Baptista, destaca como tem se dado a retomada dos negócios e detalha as estratégias adotadas para poder atender o consumidor de diferentes formas e como estreitou o relacionamento com os lojistas.
Revista Shopping Centers – Passado mais de um ano do início da crise, como o senhor avalia o momento dos shoppings do Grupo Partage?
Ricardo Baptista – Os shoppings estão em franca recuperação. Isso ocorre conforme as restrições de funcionamento são flexibilizadas, havendo uma resposta praticamente imediata dos consumidores, o que nos leva a imaginar que, quando todos estiverem funcionando em horário normal, a recuperação será plena.

RSC – Quais foram os principais desafios ao longo desse período e quais são as dificuldades enfrentadas agora?
RB – Os principais desafios foram pelos diversos e, muitas vezes, divergentes decretos de restrições publicados pelas esferas municipal e estadual. Era comum que um decreto não conversasse com o outro, causando enorme insegurança tanto para os shoppings quanto para os lojistas. Outro ponto foi o relacionamento com os próprios lojistas, que fugiu da relação segura e constante do dia a dia para uma na qual o futuro era incerto para ambos e o tópico principal das conversas era como as duas partes poderiam trabalhar juntas para perder menos. Colocando em um horizonte de longo prazo, acredito que conseguimos um ótimo equilíbrio para ambos. Com isso, muitas relações até se estreitaram e se fortificaram, apenas uma minoria foi por um caminho oposto.
RSC – A companhia fez novos investimentos em omnicanalidade? Quanto essa integração dos múltiplos canais tem contribuído para a recuperação dos negócios?
RB – Investimento em omnicanalidade é uma tendência que quem não fizer irá se arrepender no futuro. Estamos investindo num hub de marketplaces, em um sistema de vendas por meio de distintas redes sociais e em um app, no qual o consumidor poderá ter total interação com o lojista que lhe interessar, além de aproveitar os serviços prestados pelo shopping. Temos visto aumento de vendas na ordem de 15% a 20% dos lojistas que aderem ao nosso sistema de vendas digitais, integrando-o ao ERP dele. Essa integração ainda tem um pouco de resistência por parte do lojista, que ainda acha – erroneamente – que o interesse do shopping é saber a venda real dele, apenas por causa do aluguel percentual. Mas acreditamos que a tendência é essa resistência diminuir, conforme as vendas crescerem e os lojistas se conscientizarem de que este trabalho conjunto com o shopping só vem agregar em uma venda que ele não teria com a loja física e que a sonegação de informação é coisa do passado. O grande objetivo do shopping é fazer com que o lojista venda mais e melhor, agregando tecnologia para isso.

RSC – O Grupo Partage seguiu com as expansões?
RB – Inauguramos no mês passado uma expansão de aproximadamente 12 mil m2 de ABL no Partage Norte Shopping Natal – que agora alcança 42 mil m2 de ABL – e mesmo com todas as adversidades causadas pela pandemia, o sucesso foi tão grande que tudo já estava alugado. Além disso, fizemos uma expansão no Partage Shopping Parauapebas. Ainda em nosso pipeline, temos uma nova fase da expansão de Natal e expansões no Partage Shopping Mossoró e no Partage Shopping Poços de Caldas.

RSC – Recentemente, o Grupo Partage anunciou a aquisição do Shopping 3 Américas. Por que escolheram esse empreendimento para aumentar a abrangência do Grupo Partage?
RB – Compramos o Shopping 3 Américas, pois visualizamos um shopping com muito potencial de crescimento, em uma cidade com expansão econômica pujante – tendo como motor o agronegócio. Com essa aquisição, chegamos à região Centro-Oeste e ficamos presentes nas cinco regiões do país.

RSC – Quais são as principais vantagens em atuar na maior parte dos negócios em cidades do interior dos estados?
RB – A grande vantagem é estar presente nos mais variados aspectos da vida das pessoas, oferecendo uma estrutura única para a cidade. Claro que nossa responsabilidade aumenta muito, pois nos impomos o desafio de oferecer uma experiência completa aos nossos clientes – em todas as cidades nas quais estamos – desde varejo, entretenimento e serviços, fazendo parte do dia a dia dos habitantes. E devemos fazer isso com total maestria, pois o nome do Grupo está presente em todos os nossos shoppings.
RSC – Há planos de construir um novo greenfield?
RB – Greenfield, hoje, só se for um projeto excepcional e em uma região não atendida. Com a pandemia, a elevação dos custos na construção e as dificuldades enfrentadas pelo varejo, fica muito difícil a conta de um greenfield fechar.
RSC – Durante a pandemia, o relacionamento com os varejistas se tornou mais próximo?
RB – Com certeza. Tivemos lojistas que tiveram uma visão ampla das dificuldades da pandemia para todos os envolvidos e que remaram conosco, olhando para frente e superando os obstáculos do dia a dia, assim como houve outros que tinham uma visão mais individualista e que acabaram tomando um caminho oposto – e como dito anteriormente, este último grupo foi bastante minoritário. Isso fica claro ao vermos que todos os nossos shoppings possuem hoje mais lojas abertas ao público do que em março de 2020, antes da pandemia. Isso demonstra também o sucesso da nossa estratégia, sempre andando lado a lado com nossos lojistas.

RSC – Como estão o fluxo, as vendas e a taxa de vacância dos empreendimentos?
RB – O fluxo tem apresentado, em média, uma queda de 10% a 15% frente a 2019. Referente ao ano de 2020, a comparação não cabe, pois os shoppings estavam fechados neste momento. Sobre as vendas, já começam a apresentar crescimento em torno de 5% a 10% sobre 2019. Vemos um ticket médio mais alto, muito em virtude das famílias voltarem agora a frequentar os shoppings e com a abertura das operações de entretenimento, isso cresce diariamente. Quando falamos sobre vacância, hoje já estamos em uma situação melhor do que antes da pandemia.
RSC – O Grupo Partage fez diversas campanhas sociais durante a pandemia. Como avalia esse papel social do setor?
RB – Nosso papel social sempre foi exercido por meio de diversas campanhas. A pandemia nos fez aumentar essas ações e procuramos, de forma mais objetiva, engajar toda a sociedade para olhar este lado social. Fizemos muitas ações, mas acredito que a principal delas foi mostrar às sociedades em que estamos inseridos que o todo pode fazer um bem maior. Esse engajamento da sociedade foi fundamental para o sucesso de cada uma das campanhas.
RSC – Hoje, o Grupo Partage gera quantos empregos diretos e indiretos? E de que forma o time de colaboradores da companhia tem contribuído para o enfrentamento da crise?
RB – Nós temos hoje 600 funcionários diretos e 8 mil indiretos. A atuação deles foi fundamental para passarmos por esta crise da forma que passamos. Eles são os motores para o nosso sucesso. A geração de talentos que formamos dentro de casa nos empurra ao crescimento e nos desafia a fazermos aquisições para desenvolvê-los e aproveitá-los.
RSC – Como está a expectativa para o segundo semestre de 2021?
RB – A expectativa é muito positiva, tanto pela aceleração da vacinação e queda nas taxas de ocupação dos leitos quanto pela demanda reprimida que esta pandemia acabou gerando no dia a dia das pessoas.
RSC – Em setembro, a Abrasce completará 45 anos. Como o senhor avalia o papel da entidade em defesa do setor?
RB – A Abrasce tem um papel fundamental na defesa dos interesses do setor. A capacidade de trabalho e a atuação do Glauco Humai, como presidente, tem superado todas as expectativas dos associados.