JCC: visão de futuro e resiliência
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Com mais de 40 anos de história, o grupo se consolida nas regiões onde opera e traça novas estratégias de omnicanalidade
Pioneira na indústria de shopping centers, a Jereissati Centros Comerciais (JCC) se estabeleceu e fortaleceu nas três capitais em que escolheu instalar seus shoppings: Fortaleza (CE), Belém (PA) e Campo Grande (MS). Estas são regiões de alto potencial econômico e os empreendimentos do grupo contribuíram significativamente para o desenvolvimento e o crescimento dessas cidades.
No enfrentamento da crise, o protocolo sanitário implementado, as estratégias em omnicanalidade, o comprometimento da equipe e as novas operações abertas nos shoppings Iguatemi Fortaleza, Bosque dos Ipês e Bosque Grão-Pará fizeram toda a diferença na retomada dos negócios e na preservação do varejo local.
Em entrevista à Revista Shopping Centers, Fabrício Cavalcante, CEO da JCC, fala sobre um cenário otimista para o final do ano, graças ao avanço da vacinação resultando em aumento de fluxo, e de uma expectativa de crescimento de dois dígitos nos próximos meses em relação a 2019.
Revista Shopping Centers – Quais foram os momentos mais importantes da trajetória da JCC ao longo de todos esses anos?
Fabrício Cavalcante – Foram muitos momentos marcantes ao longo dos 40 anos da JCC, mas posso citar a inauguração do Iguatemi de Fortaleza como um deles, pois tivemos que implantá-lo em uma área que até então era distante do comércio tradicional da cidade e poucos acreditavam que um negócio como aquele daria certo. Não só deu certo, como moveu todo o eixo de desenvolvimento da cidade para próximo dele e hoje, o Iguatemi Fortaleza, se encontra na mente e, principalmente nos corações dos cearenses, que têm o shopping presente também em momentos marcantes em suas vidas. Depois disso, é valido mencionar os anos de 2013 e 2015, que marcaram a expansão do grupo, não só com as inaugurações dos Shoppings Bosque dos Ipês, em Campo Grande (MS), e Bosque Grão-Pará, em Belém (PA), como a mais recente expansão do Iguatemi Fortaleza.
RSC – Com a pandemia, quais foram os investimentos feitos em omnicanalidade?
FC – Já vínhamos trabalhando há algum tempo no desenvolvimento de um marketplace próprio, que foi acelerado com a pandemia. Fomos buscar experiência em plataformas conceituadas internacionalmente para que pudéssemos trazer uma solução que não fosse concorrente a um shopping center físico, mas uma forma de ter uma jornada de consumo complementar ao que já existe. Nosso objetivo sempre foi trazer a melhor experiência aos nossos clientes nessa nova maneira de comprar, tendo como base a referência de qualidade e de relação de afeto que eles possuem com o Iguatemi Fortaleza, enquanto um ambiente físico que faz parte de suas vidas. Nasceu, com isso, o Iguatemi Bosque Digital, que tem sido uma nova experiência de compras oferecida com a assinatura de qualidade do Shopping Iguatemi Fortaleza.
RSC – Como tem sido a busca do público pelos novos canais de venda oferecidos?
FC – Por enquanto, estes canais ainda possuem um volume de transações bem menor que o mundo físico. Os canais digitais ainda atuam muito mais como uma complementação às transações físicas, mas isso deve mudar. Sabemos que é um processo que leva um tempo para maturar, mas a procura tem aumentado a cada dia, com a chegada contínua de novas operações e a maior oferta de produtos.
RSC – Atualmente, como estão a taxa de vacância, as vendas e o fluxo dos empreendimentos?
FC – Desde o segundo semestre do ano passado, estamos trabalhando com a chegada de diversas operações em nossos shoppings. Este ano aceleramos esse processo e estamos com uma vacância em queda, conseguindo ainda qualificar o nosso mix com operações de peso. Como consequência, o fluxo e as vendas dos shoppings têm caminhado junto nesse crescimento, tanto que estamos conseguindo números maiores do que os alcançados em 2019, em que ainda não havia a pandemia.
RSC – Com a aceleração da vacinação e a maior flexibilização dos decretos estaduais e municipais, como tem se dado o comportamento do consumidor dentro dos malls? O tempo de permanência tem aumentado gradativamente?
FC – No início, víamos os clientes passarem menos tempo em nossos shoppings, mas com um foco forte em compras, aumentando a taxa de conversão e ticket médio. Com a abertura dos restaurantes, operações de lazer e ações de entretenimento, os consumidores têm passado mais tempo no shopping gradativamente. Ainda existe uma preocupação grande com a pandemia e os protocolos ainda restringem um pouco o tráfego. Com o avanço da vacinação, tudo deve voltar ao normal.
RSC – Como a JCC ajudou os lojistas? Houve a entrada de novos varejistas desde o início da pandemia?
FC – Desde o primeiro semestre de 2020, mais precisamente a partir de março, em virtude da grave crise causada pela pandemia da Covid-19, a JCC tomou importantes iniciativas para reduzir ao máximo os custos das operações instaladas em seus empreendimentos, estando, assim, ao lado dos lojistas nesse momento difícil. O maior desafio foi tentar entender a exata situação individual de cada lojista que permitisse um suporte customizado ao desafio vivido por cada um.
Além da redução de custos, foram desenvolvidas várias ações para incrementar a receita das operações, sempre de acordo com os protocolos e medidas sanitárias para controle da pandemia.
No último trimestre de 2020 e, principalmente, a partir do segundo trimestre de 2021, vimos uma chegada consistente de novos lojistas, recuperando a ABL perdida durante a pandemia.
RSC – Há planos de expansão ou de um novo greenfield?
FC – Não há planos de greenfield no curto prazo, mas estamos atentos às possibilidades de consolidação e expansões nas regiões onde operamos.
RSC – Nas operações de entretenimento e lazer, como está a adesão do público?
FC – Nossos shoppings sempre tiveram um apelo forte de entretenimento e lazer e vimos que esta continua sendo uma característica procurada pelo público. Algumas operações, como cinemas e teatros, sofreram mais não só com as medidas de proteção necessárias, mas também com interrupções na produção de suas programações, e, somente agora, começam a mostrar sinais de recuperação.
Mas com o avanço da vacinação, temos visto o surgimento de novas operações de lazer para atender aos anseios dos nossos clientes após tanto tempo sob restrições de circulação. Acreditamos que esta tendência irá continuar se fortalecendo nos próximos meses.
RSC – Com todas as mudanças que o setor de shopping centers passou em tão pouco tempo devido à crise sanitária, como imagina que será o shopping do futuro?
FC – O shopping center nasceu para ser um hub e agregar diferentes operações em um único lugar, de maneira a proporcionar comodidade para os clientes e sinergia para os lojistas. Nosso negócio evolui e tende cada vez mais a agregar operações diferentes, desde entretenimento, lazer, cultura, gastronomia, serviços e conveniência, com o on-line cada vez mais presente e integrado ao off-line, tudo para garantir a melhor experiência para o cliente.
RSC – Qual é a expectativa para os próximos meses, especialmente em datas como Black Friday e Natal?
FC – Estamos bem otimistas com esse final de ano. Temos várias operações inaugurando nos shoppings e o crescimento recente de fluxo e venda que temos obtido nos leva a crer em um crescimento de duplo dígito sobre os resultados de 2019.
RSC – A empresa gera quantos empregos diretos e indiretos? Como avalia o trabalho dos colaboradores da companhia no decorrer da crise?
FC – Nossos shoppings geram cerca de 16 mil empregos diretos e indiretos e o trabalho de todos foi fenomenal durante esta crise. Essa pandemia desafiou a todos nós em um nível não somente profissional, mas também pessoal. Por isso, sempre tivemos uma preocupação em prover todo o suporte possível aos nossos funcionários durante este período, tentando ir além da manutenção de empregos e salários. E a resposta que tivemos foi incrível, com uma enorme dedicação à empresa e em atender nosso público da melhor forma possível. Tenho somente que agradecer a todos.
RSC – Quais práticas de ESG (Environmental, Social and Corporate Governance) são realizadas pela JCC?
FC – A JCC tem essa preocupação na sua essência. O Iguatemi Fortaleza está completando 40 anos e já foi pensado desde sua inauguração para diminuir o impacto no meio ambiente. O Iguatemi Fortaleza surgiu transformando a aridez de uma salina no maior parque urbano da cidade. Os shoppings mais novos do grupo também tiveram seus projetos pensados para o uso racional de energia, água e dos demais recursos naturais, através de tecnologias autossustentáveis, conseguindo assim a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) de edificação verde. Além disso, realizamos diversas ações sociais, como a Loja do Bem que recebeu diversos prêmios, alcançando visibilidade nacional e sendo compartilhada por diversas personalidades do meio artístico, musical e esportivo. Atualmente, o projeto se transformou em uma loja para ajudar as famílias humildes do Ceará, que se sustentam por meio do artesanato.
RSC – A Abrasce completou 45 anos agora em setembro. O que poderia dizer sobre o trabalho desenvolvido pela entidade ao longo desses anos e agora nesse momento tão desafiador da pandemia?
FC – A Abrasce tem um papel muito importante no fortalecimento e desenvolvimento do setor de shoppings no país. Este é um setor vital para a criação de empregos e geração de valor na economia brasileira e não pode deixar de ser bem representado em todas as discussões relevantes. Nos últimos dois anos, a Abrasce teve talvez a sua mais importante missão nestes 45 anos, liderando uma discussão de como combater os efeitos da pandemia no setor, ao mesmo tempo em que deu aos shoppings um papel relevante no suporte à população neste período.