Sob o comando do visionário fundador e CEO José Isaac Peres, Multiplan tem gestão sólida, ágil e inovadora
A companhia celebra os bons frutos colhidos ao longo dos quase 50 anos de história e os resultados muito positivos de 2022, já acima dos níveis de pré-pandemia
Com a máxima de que o segredo do sucesso é fazer bem-feito, a Multiplan, a maior empresa do setor de shopping centers em valor de mercado, tem como marcas o pioneirismo, a inovação e uma gestão de excelência focada no longo prazo e claramente reconhecida pela trajetória de quase 50 anos da companhia. Estes pilares garantiram o enfrentamento da crise gerada pelo Covid-19 com resiliência, agilidade e solidez e os resultados já podem ser vistos. A empresa começou o ano de 2022 com ótimo desempenho operacional e financeiro, superando as expectativas e projeções. No primeiro trimestre, as vendas totais dos lojistas tiveram alta de 13,5% comparado com o mesmo período de 2019. O portfólio apresentou uma taxa de ocupação média de 94,8%, sendo que 14 empreendimentos tiveram o índice acima de 95% e cinco destes apresentaram taxa igual ou superior a 98%. Os shoppings da Multiplan recebem anualmente cerca de 190 milhões de visitas, somam quase 876 mil m2 e contam com mais de 6 mil lojistas.
Sempre à frente de seu tempo, José Isaac Peres, fundador e CEO da Multiplan, um dos mais respeitados empresários do mercado imobiliário e do setor de shopping centers, considera que a demanda reprimida é o principal ponto para o crescimento. Em entrevista exclusiva à Revista Shopping Centers, ele fala sobre o momento atual, a inauguração do ParkJacarepaguá, no Rio de Janeiro, o projeto inédito MultiSer, focado em bem-estar e saúde, o investimento no Golden Lake – o maior projeto imobiliário residencial da história da Multiplan –, e o aprimoramento contínuo realizado nos empreendimentos. Além das estratégias dos negócios, Peres ressalta o quanto é importante o trabalho permanente com muito amor envolvido para que cada shopping seja em um local de encontro e festividade e desperte os sentimentos dos clientes.
Revista Shopping Centers – Como avalia o primeiro trimestre de 2022 e a perspectiva para os próximos meses já que é ano de eleição e o cenário macroeconômico é delicado?
José Isaac Peres – O primeiro trimestre de 2022 foi muito bom, acima do que prevíamos para este ano e bem superior a 2019. Quando comparado com os anos de 2020 e 2021, é muito mais porque estávamos prejudicados devido ao fechamento do comércio. Com relação à pandemia, acredito que já é passado. Para o futuro, o que nos traz uma preocupação é até onde temos liberdade nesse país. A questão central que estamos vivendo é a de que, ocasionalmente e em determinados momentos, a nossa Constituição, nossa lei maior, não está sendo respeitada. Devemos pensar na democracia, que significa liberdade acima de tudo. Temos visto uma ingerência do Poder Judiciário e até mesmo do Congresso Nacional. No Executivo também temos visto isso, o que nos preocupa. É preciso ter uma atenção porque a segurança jurídica é um pilar fundamental. Sabemos que sem justiça não existe segurança e sem segurança não existe liberdade.
RSC – Em sua análise, quais pontos foram essenciais e colaboraram para a Multiplan alcançar esses resultados extremamente positivos nos últimos meses?
JIP – Claramente, foi a demanda reprimida de pessoas que ficaram dois anos ‘presas’ em casa. Fato que também gerou consequências sérias do ponto de vista de outras áreas, como a da saúde. Tivemos uma série de efeitos colaterais e a economia sofreu muito porque ficamos praticamente parados. Hoje vemos que a inflação está no mundo todo por uma razão simples: a oferta de produtos diminui, se parou de produzir e, em certos países, existe a dificuldade de contratar mão de obra porque há àqueles que se acostumaram com o auxílio dos governos. Precisamos vencer esse trauma que a Covid-19 trouxe.
RSC – O RibeirãoShopping recebeu o espaço MultiSer, um Centro de Gestão da Emoção. A pandemia acelerou a realização desse projeto visionário?
JIP – Eu já pensava há muito tempo em ajudar as pessoas com problemas emocionais porque oferecemos lazer, segurança, ambientes bons, lojas, restaurantes, mas, não tínhamos esse produto para oferecer. Já era um pensamento antigo e nasceu após uma conversa com psiquiatra Augusto Cury, que disse que era uma excelente ideia. O MultiSer é um Centro de Gestão da Emoção, administrado pela Multiplan, sob a direção de Augusto Cury. Estamos cumprindo nossa função como empresários, mas também uma função social de atender quem está em um momento de conflito emocional.
RSC – Trazer o segmento de saúde para o shopping com os Centros Médicos do BarraShopping e depois do Ribeirão Shopping foi uma quebra de paradigma na época. Eles geram fluxo e, consequentemente, vendas?
JIP – O Centro Médico BarraShopping foi um projeto inovador, tornando-se o primeiro centro médico dentro de um shopping center. Nele são realizados 300 mil exames e consultas, o que traz, pelo menos, 50 mil pessoas por mês. O BarraShopping recebe cerca 2,5 milhões de visitantes mensalmente, quando se fala em 50 mil parece pouco, mas, para qualquer shopping, que tenha um tráfego muito intenso, é representativo.
RSC – No ano passado, a companhia inaugurou ParkJacarepaguá. O que esse empreendimento traz do conceito de shopping do futuro?
JIP – Trouxemos um shopping com aproveitamento da luz natural, criamos terraços interativos, voltados para o bem-estar. Há um parque infantil fantástico, demos muito valor à ambientação, natureza, jardins, criamos área dos pets. Internamente, ele tem uma arquitetura belíssima, diria, talvez, que é um dos shoppings mais bonitos do país. Para implantar esse projeto assim como todos os outros shoppings da Multiplan, estudamos o entorno como vias, asfaltamento, iluminação e sinalização. Com isso, investimos cerca de R$ 60 milhões publicamente e o viário da região melhorou muito após o ParkJacarepaguá. Um shopping consegue regenerar uma região.
RSC – E essa mudança do entorno após a implantação de um shopping aconteceu já nos primeiros empreendimentos da Multiplan?
JIP – Fui pioneiro, provavelmente, nos cinco primeiros shoppings que eu construí pela Multiplan. O BH Shopping (1979), por exemplo, era no entroncamento viário com Nova Lima. Na época, o prefeito me questionou se eu não estava errado em construir o shopping do lado oposto da cidade. Hoje, Belvedere é um dos bairros mais importantes, modernos e crescentes da capital mineira. Depois, em Ribeirão Preto (SP), compramos parte de uma fazenda de açúcar e construímos o RibeirãoShopping (1981), em tempo recorde – um ano. Existe a cidade de Ribeirão Preto antes e após o empreendimento. Em São Paulo, onde fica o MorumbiShopping (1982), adquiri o terreno com as fundações e construí o shopping. Na época, foi muito difícil emplacá-lo porque era periférico, hoje, já é uma grande região e no futuro será ainda maior. Nós mesmos construímos duas torres comerciais e temos escritório em uma delas.
RibeirãoShopping na década 1980, quando foi inaugurado, e depois nos anos 2000
RSC – Os empreendimentos da Multiplan, mesmo que construídos há duas, três, quatro décadas, são muitos atuais. Existe essa preocupação da companhia de que todos os shoppings acompanhem a evolução do setor?
JIP – Conservar é uma virtude e nossa conservação não é para manter o que existe, mas para acrescentar também. Quando fazemos expansões, aproveitamos e reformamos o shopping, deixando-o novo. Até mesmo as fachadas são modificadas. É aquela velha máxima: quem não se adapta não sobrevive. Conhecemos o comportamento social e sabemos que os hábitos de consumo mudam. Me lembro que, durante a primeira visita que fiz aos shoppings nos Estados Unidos, o cinema era do lado de fora. Eu já fiz o meu primeiro shopping com cinema dentro. Somos uma sociedade latina com uma característica diferente. Os anglo-saxões são mais objetivos, menos emotivos nessas decisões. Nós sempre queremos transformar os shoppings em um ambiente festivo. Por isso, a manutenção é muito importante. Em uma determinada data, me recordo que decidi reformar todos os banheiros. O shopping center é público, mas ele é privado, tem dono e quem zele pela manutenção. Nossos shoppings recebem aproximadamente quase um Brasil por ano. E isso evidentemente é muito gratificante, mas também envolve uma responsabilidade social. Temos uma segurança eficaz e, no Brasil, mesmo com toda a eficácia, não conseguimos inibir todos os casos de assaltos. Nos preocupamos em nos antecipar e fazer sempre bem e melhor, se superando permanentemente. Costumo dizer que se não temos um parâmetro, criamos o nosso – temos um concorrente imaginário.
Na primeira imagem, BarraShopping em 1981. A segunda imagem é de 2021 e mostra parte do complexo multiuso do BarraShopping, que inclui ainda New York City Center; o Centro Médico BarraShopping; o Centro Empresarial BarraShopping e o VillageMall
RSC – O senhor sempre diz que o segredo do sucesso é fazer bem-feito e é essencial gostar do que se faz para que seja possível se atentar aos detalhes.
JIP – A vida não tem sentido sem amor e tratamos as pessoas com amor. Quando comecei, era apenas um estudante de uma faculdade de economia. Tornei-me empresário muito cedo, com 22 anos. Naquela época, fiz diversos de empreendimentos imobiliários. Quando entramos no segmento de shopping center, em 1977, começamos a pensar em como atrair as pessoas. Nos primeiros anos, era movido por uma espécie de uma filosofia de Maquiavel de que nem sempre a necessidade move o homem, mas o medo obriga. O medo que eu tinha de não dar certo fazia com que acabasse dando certo. Depois de muitos anos, eu compreendi que o maior impulso era a gratidão. Daí, incluí uma máxima que o segredo do sucesso é fazer bem-feito, mas para ser assim é preciso amar o que se faz. Se olhar um shopping como um edifício diferente do outro, as diferenças não mexem com seus sentimentos, mas os detalhes sim. À medida que toca no sentimento humano, você já está meio vitorioso. Hoje, a filosofia da Multiplan é tornar a realidade maior do que o sonho.
RSC – Gostaria que o senhor falasse sobre o Golden Lake, o maior projeto imobiliário residencial da Multiplan.
JIP – Golden Lake é uma réplica do Golden Green, da Barra da Tijuca, só que ainda mais sofisticado e melhor, porque essa é a característica da Multiplan: o último shopping tem sempre que ser o melhor do que todos, possivelmente, sempre acrescentando alguma inovação. Em uma área de 170 mil m², em frente ao Guaíba, estamos fazendo em Porto Alegre o que o BarraShopping fez para a Barra da Tijuca. Primeiramente, fizemos o BarraShoppingSul e agora estamos fazendo um condomínio fantástico.
RSC – As gerações Z e alpha representarão 50% dos consumidores em 2030. Como a Multiplan analisa esse cenário?
JIP – Coincidentemente, o Augusto Cury me disse que as pessoas são gregárias, não vivem isoladas. O ser humano quer compartilhar e agregar. Há milhares de anos os nossos impulsos continuam sendo os mesmos. Nós mudamos, mas os nossos sentimentos não mudaram. Não é porque a tecnologia te dá mais poder que você vai deixar de ser humano. Por exemplo, vi uma fila enorme na inauguração da Shein (fast-fashion chinesa que abriu sua primeira loja física no Brasil no VillageMall). O que estamos vendo hoje é que nosso sucesso se chama demanda reprimida, desejo de consumir em primeiro lugar. E qual é o maior espetáculo dentro do shopping? São as pessoas. Por isso, temos que fazer um empreendimento festivo e dar mais do que elas esperam.
RSC – Por que os eventos da Abrasce que retornam ao formato presencial são tão significativos para todo o setor?
JIP – Os eventos da Abrasce deste ano devem mostrar não só às pessoas interessadas, aos concorrentes, a quem for, mas, sobretudo ao governo, como somos importantes em cada cidade. Se os 620 shoppings fechassem, o caos urbano estaria instalado. Somos o interventor, não o problema, mas a solução. E isso as autoridades precisam entender.