JUL/AGO 2019 - Edição 225 Ano 32 - VER EDIÇÃO COMPLETA

O nascimento de uma gigante

1 de agosto de 2019 | por Solange Bassaneze | Foto Divulgação
Com a fusão, Aliansce Sonae se torna a principal administradora de shopping centers do país
Parque D. Pedro, em Campinas (SP), lança projeto piloto de shopping digital

No início de agosto, a Aliansce e a Sonae Sierra Brasil concluíram os termos da fusão, que é uma das maiores já realizadas no setor. Com isso, a nova empresa assumiu a liderança no mercado nacional com relação ao número de shoppings em operação. Segundo Rafael Sales, CEO da Aliansce Sonae, a transação uniu duas companhias que têm como cultura envolver o conceito de melhorar a jornada do consumidor, lojistas e parceiros. Outro ponto fundamental para que o negócio fosse fechado foi o foco na filosofia de crescimento sustentável e inovação, aliado à geração de valor para o acionista”, afirma. Neste início, o portfólio com 40 shoppings, que somam mais de 1,4 milhão de m² de ABL, vai ser analisado e não há perspectivas de investimentos em novos greenfields, mas as expansões já estão acontecendo. Sales nos conta a seguir um pouco sobre a gestão, as estratégias e os investimentos da Aliansce Sonae neste primeiro momento.

“A combinação de maior escala e um portfólio mais diversificado devem favorecer a alavancagem operacional da Aliansce Sonae, que nasce com uma estrutura de capital robusta e shoppings muito dominantes”

Revista Shopping Centers | Como é liderar a Aliansce Sonae, uma das maiores empresas de shopping centers do país, já que a fusão aconteceu um ano após assumir a presidência da Aliansce?

Rafael Sales | A fusão me parece o mais expressivo passo estratégico já dado na história da indústria de shopping centers no país e, agora, temos como objetivo oferecer experiências únicas e serviços completos aos clientes, permitindo a lojistas e parceiros se beneficiarem dessa plataforma de negócios. Liderar essa nova empresa é uma oportunidade única: temos um time experiente e cheio de talentos que nos permitirá atingir esses objetivos e, ao mesmo tempo, oferecer oportunidade de crescimento para todos.

RSC | Em quem busca inspiração para exercer esse alto cargo?

RS | Ao longo da carreira, conheci vários estilos de gestão e o que mais me inspira na liderança moderna é ser a grande viabilizadora para que os talentos consigam performar o melhor de seu potencial. Na Aliansce, tive a oportunidade de me inspirar em Renato Rique, atualmente, presidente do Conselho de Administração da Aliansce Sonae Shopping Centers, que, além de grande empreendedor, é um líder que inspira todos a seu redor.

RSC | Quais serão as prioridades a serem implementadas neste primeiro momento?

RS |Nossa estratégia principal de investimentos em shoppings dominantes permanece, ou seja, vamos manter e/ou aumentar a participação em áreas de alta densidade e renda. Continuaremos com as avaliações de possibilidades de aquisições de participações adicionais em nosso próprio portfólio e aquisições de outros shoppings ou portfólios. 

RSC | Como ficam os planos de expansão e de greenfields planejados anteriormente à fusão?

RS | Há uma avaliação de oportunidades de greenfields, mas acreditamos que, atualmente, haja poucos projetos viáveis dentro do padrão de qualidade que buscamos. Em relação às expansões, já divulgamos o plano de expansão do Shopping Taboão (SP) e, este ano, concluímos a expansão do Shopping Grande Rio (RJ) e a renovação do Plaza Sul Shopping (SP). As expansões são sempre alternativas interessantes de crescimento.

RSC | Existem planos de vender algum shopping também?

RS | Não é uma prioridade. A intenção é criar um negócio que possa ser um consolidador nacional. Estamos avaliando o portfólio das duas empresas e veremos eventualmente algum ativo que possa não se enquadrar na estrutura da companhia mais à frente.

RSC | Alguns empreendimentos continuam sendo administrados de forma independente ou todos passam a ser combinados?

RS | Nosso modelo irá aproveitar o que há de melhor nas duas empresas, buscando criar algo ainda superior para nossos clientes e parceiros.

RSC | Pretende padronizar algum modelo de gestão, já que são duas empresas distintas?

RS | Somos uma única empresa agora. O modelo de gestão deve incorporar as melhores práticas de cada lado. Uma grande vantagem, no nosso caso, é que já havia uma forte identidade de valores e visões convergentes de futuro.

“Neste primeiro momento, estamos focados na integração dos times e processos, além da captura das sinergias. Continuamos avaliando oportunidades de crescimento em diversas frentes”

RSC | O que será alterado na estrutura acionária?

RS | O controle da companhia é composto de quatro acionistas principais, detentores da maioria do capital: a CPPIB (Canada Pension Plan Investment Board), com 25,6% das ações; o Otto Group, de Alexander Otto, 16,6% dos papéis; Renato Rique, um dos fundadores da Aliansce 7,5%, e a Sonae Sierra SGPS 7,0% do total. Do total de ações da nova companhia, 43,3% têm circulação livre na Bolsa de Valores.

RSC | Como se dará a integração dos projetos socioambientais?

RS | Enxergamos as ações ligadas a projetos socioambientais como uma vantagem competitiva e com poder de gerar valores tangíveis e intangíveis para as comunidades no entorno dos nossos empreendimentos.

Shopping da Bahia compõe o portfólio da Aliansce
RSC | Como tem trabalhado a questão da fusão com os varejistas?

RS | Os lojistas da Aliansce Sonae também devem colher os frutos dessa união. O fortalecimento da diversificação geográfica e a capilaridade da companhia vão impulsionar a geração de valor e de oportunidades para lojistas, atrair âncoras e diferentes parceiros.

“Um dos principais pilares é proporcionar uma forte plataforma de negócios para o lojista. Nossa nova empresa continuará a apoiar o varejo como principal parceiro de negócios”

RSC | Na área de inovação e tecnologia, quais são os planos futuros e  como ficam os projetos em funcionamento?

RS | Estamos trabalhando a transformação digital com diversas iniciativas para fomentar um ecossistema de inovação na companhia. As soluções omnichannel são uma prioridade estratégica. Temos em andamento uma parceria com a Fábrica de Startups, que nos permite trazer para nosso negócio projetos inovadores e disruptivos. Já temos, atualmente, 15 startups sendo aceleradas. Além disso, está em operação o piloto do shopping digital no Parque D. Pedro Shopping, em Campinas.

RSC | Nesta edição, trazemos como capa o perfil do consumidor de diferentes gerações. Quais os desafios que o varejo e os shoppings têm pela frente para conquistar as novas gerações?

RS | Temos estudado com cuidado os diferentes comportamentos de consumo e preferências das seis gerações que coexistem hoje: desde a “Silent Generation”, que veio logo antes dos ‘Baby Boomers’ até a “geração Alpha” (2010), que sucede a “Geração Z.” Cada uma tem uma relação própria com o consumo. Mas fato é que, cada vez mais, nossos shoppings estão focados em ser centros de convivência que permitem às pessoas vivenciarem experiências e solucionar as questões do dia a dia de forma conveniente.

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