Registrando 14% de crescimento em 2018, Gazit Brasil aposta na gestão proativa como grande trunfo
Com crescimento orgânico e foco no cliente, grupo se destaca no setor
Gestão proativa, com visitas semanais aos empreendimentos e contato bem próximo às equipes. “Mais do que produtos, oferecemos experiências. E nosso negócio são as pessoas. Estamos aqui por causa delas. Essa é a nossa marca, o nosso DNA”, enfatiza Mia Stark, CEO da Gazit Brasil, subsidiária do grupo Gazit Globe. A israelense chegou ao país em 2013 e mudou para valer a estratégia da companhia.
Focando na capital paulista, com empreendimentos que ficam a no máximo 10 km de distância do escritório da Gazit, na Vila Olímpia, Mia é conhecida por sua tática “hands on”. Os números superlativos apresentados, com crescimento de 14% em 2018, mostram que sua postura e sua administração são um sucesso. A presidente recebeu a Revista Shopping Centers para contar os planos e detalhar melhor os goals dos empreendimentos da Gazit Brasil. Confira.
Revista Shopping Centers | Por que a Gazit Brasil decidiu focar seus investimentos na capital paulista?
Mia Stark | São Paulo é uma das cidades mais atrativas do mundo, a capital de negócios da América do Sul e a quinta metrópole mais populosa do planeta. O Brasil é enorme, e torna-se difícil dominar um território tão extenso. Na minha visão, temos que estar atentos e presentes, e com shoppings espalhados em vários estados fica complicado fazer isso. Com a concentração em São Paulo, vou aos shoppings, pelo menos, duas vezes por semana e estou envolvida todo o tempo com as equipes de todos os empreendimentos. Estando presente, posso fazer os upgrades necessários na equipe e nos shoppings com mais rapidez e eficiência. Para ter clareza sobre este impacto, o crescimento da Gazit passou de R$ 200 milhões em 2013 para R$ 3 bilhões em 2018.
RSC | Desde a sua chegada à Gazit Brasil em 2013, quais foram os momentos mais memoráveis da companhia?
MS | Todos os anos contaram com momentos memoráveis, no entanto 2018 foi impressionante, porque registramos a maior aquisição com o Internacional Shopping Guarulhos, ao mesmo tempo em que atingimos percentual de 14% na margem NOI. Considero a construção do Morumbi Town um grande feito, considerando que a nossa marca não era tão forte para enfrentar as dificuldades causadas pelo shopping localizado do outro lado da avenida, o que nos forçou a ser muito mais criativos não para competir com o rival, mas para completar a região. Agregamos valor, não só para a companhia, mas para o bairro, como um todo, assim como acrescentamos valor para a sociedade motivando famílias a cruzar a Marginal para desfrutar dos serviços e do entretenimento. O Top Center também é um case de sucesso. Basta ver como era e como está hoje. Foi o primeiro empreendimento sob o meu comando e foi totalmente transformado. Alteramos 95% do mall, que fica na Avenida Paulista, uma das principais da cidade. Destaco ainda o Shopping Light, prédio icônico da cidade, de 1929, muito bem localizado no Centro, ao lado da Prefeitura e do Teatro Municipal.
“Não há outro grupo tão hands on como nós. Somos muito conectados com os times, planejando as áreas. Essa é nossa grande diferença. Esse foi o turning point na história da Gazit Brasil.”
RSC | Qual é a sua visão sobre o setor, os shopping centers brasileiros?
MS | Está bem avançado e, por aqui, existem vários shoppings incríveis. Em qual outro lugar do mundo você encontra um mall tão bonito quanto o Cidade Jardim, que faz parte de um complexo inacreditável. Se compararmos São Paulo aos Estados Unidos, o varejo por metro quadrado, ainda há ainda muito a crescer. Estamos falando de uma área metropolitana com mais de 20 milhões de pessoas rodeada por 54 shoppings. Em termos logísticos, os Estados Unidos estão à frente e culturalmente os brasileiros gostam de visitar os malls. Vale lembrar que não há praias na cidade e focamos em como atender melhor as necessidades do público.
RSC | Quais são os planos da Gazit Brasil para seus empreendimentos em 2019?
MS | Queremos crescer organicamente e temos um plano específico para cada shopping. Acabamos de terminar uma grande expansão no Mais Shopping, empreendimento que está acoplado a uma estação de metrô, a um terminal de ônibus e a uma universidade, e recebe uma média de 1,3 milhão de visitantes mensalmente. Lá, agora temos um Poupatempo e estamos trabalhando em um novo mix de lojas. De 2015 para cá, a ABL desse shopping dobrou. Também vamos fazer uma ampliação no Internacional Shopping Guarulho, onde temos muita demanda. Vamos mudar o mix e a aparência do mall, que está no portal da cidade, muito bem localizado na Rodovia Dutra, com grande acesso e visibilidade. No Shopping Light, focaremos na reforma do cinema e dos restaurantes. Ainda estamos analisando oportunidades para ver se ampliamos o número de shoppings do nosso portfólio.
RSC | Como foi o desempenho da Gazit em 2018?
MS | Foi ótimo no Brasil e no mundo. Crescemos 14% em comparação a 2017, são dois dígitos, o que significa um índice muito alto no setor de shoppings, como um todo.
RSC | Qual foi o maior desafio enfrentado pela Gazit Brasil?
MS | Todos os dias enfrentamos grandes desafios. Acredito, porém, que implementar a estratégia atual da companhia focada no mercado paulista foi o maior deles. Se observarmos a companhia em 2008 e hoje, estamos muito mais próximos do que queremos que a Gazit Brasil seja nos próximos anos. Outro ponto a se considerar foi criar esta nova gestão em meio à grande crise econômica enfrentada pelo país e, ainda assim, crescer. Construir o Morumbi Town foi bem desafiador, um shopping em frente a um concorrente do maior grupo de shoppings do Brasil e ainda ser um mall incrível, muito diferente do que o mercado brasileiro e o norte-americano estão acostumados.
RSC | Você está contente com o desempenho do Morumbi Town?
MS | Sim. Estou feliz e orgulhosa com todos os nossos shoppings, na verdade. O fato de podermos escolher quais malls gerenciar foi muito vantajoso, porque não temos empreendimentos ruins. Não somos um grupo que tem que comprar muitos shoppings, alguns bons, outros nem tanto. Nós o usamos como pontos de apoio e os tornamos locais de sucesso. Então apresentamos resultados ótimos e, a cada ano, melhorarmos mais. Estamos mudando sempre para melhor.
RSC | A Gazit Brasil possui projetos de sustentabilidade e de responsabilidade social?
MS | Sim, temos um grande senso de responsabilidade social. Para cada shopping, temos uma ação diferente. No Morumbi Town, por exemplo, estamos muito envolvidos com a Paraisópolis. O time de marketing de cada shopping está incumbido de desenvolver programas e interagir com as comunidades ao redor. Nós não olhamos apenas para dentro do shopping, pensamos no entorno, em contribuir com a comunidade para termos ambientes melhores. Também fechamos um convênio com o Governo de São Paulo com um app que conecta quem pode ajudar e quem precisa ser ajudado. É uma espécie de Uber de doação. O aplicativo está sendo desenvolvido por Filipe Sabará, Presidente Executivo do Fundo Social do Estado.
RSC | Quais são os investimentos da companhia em tecnologia e inovação?
MS | Inovação para mim é trazer algo bom para a sociedade, que não havia sido feito antes e que por consequência a encorage. Temos uma divisão de inovação em cada um dos shoppings. Estamos desenvolvendo apps para dar descontos aos clientes. O Top Center foi o primeiro e, em breve, levaremos essa ferramenta para outros malls. Mas acredito que inovação vai além da tecnologia e envolve levar novos projetos para o empreendimento. Por exemplo, trouxemos a primeira loja de slime para o Morumbi Town, que, na inauguração, atraiu mais de 2.500 pessoas. Neste mesmo empreendimento, desenvolvemos um parque de trampolim e um parque especial para pets, no qual você deixa o seu cão para ser cuidado enquanto assiste à um filme no cinema, que foi escolhido o melhor para a cidade. Inovamos muito nas experiências oferecidas.
RSC | Há poucas mulheres ocupando a cadeira de CEO no setor de shopping centers. Você se vê como uma inspiração?
MS | Creio que sim. Não só para as mulheres, mas para todos que querem ter sucesso e criar um diferencial na indústria. Não sou uma típica feminista, mas uma entusiasta do desenvolvimento de habilidades e como elas podem influenciar para o bem as pessoas do seu entorno. Sou uma mulher, mãe de três filhos, uma estrangeira, e apesar de todas as adversidades fui capaz de erguer uma companhia de sucesso – não apenas com tijolos e argamassa, mas junto às pessoas, aos nossos profissionais, que estão comprometidos a fazer ações maiores e melhores.
RSC | Você está satisfeita com seu desempenho à frente da Gazit Brasil? Qual legado gostaria de deixar?
MS | Estou muito feliz, e os números mostram isso por si sós. Estou satisfeita com os empreendimentos, com os times e com tudo o que criamos aqui. Desejo deixar os empreendimentos melhores do que eu recebi, do que costumavam ser. Espero que essa seja minha marca.
“Não queremos apenas trazer lojas, mas criar um senso de comunidade e experiência para todos.”
Posição de destaque
8 shoppings
14% de crescimento em 2018
91% de margem NOI
4,1 de SSS
98,6% de taxa de ocupação
0,4% de taxa de inadimplência
R$ 1.262 de vendas por metro quadrado