Terral Shopping Centers investe em marketplace, expansão e greenfield ao longo de 2021
O diretor-geral Marcio Rehder conta sobre o planejamento estratégico da companhia
Com 25 anos no setor, a Terral Shopping Centers possui mais da metade de seu portfólio em cidades do interior de médio porte. Sua estratégia sempre foi projetar empreendimentos inteligentes com custos reduzidos e soluções inovadoras. Com a pandemia, acelerou a transformação digital e lançará um marketplace em parceria com a Lumine ainda no primeiro trimestre. Além disso, tem duas expansões previstas para 2021, continua com planos de revitalização e modernização dos empreendimentos e também tem aprovado o projeto de um greenfield.
Em entrevista à Revista Shopping Centers, Marcio Rehder, diretor-geral da Terral Shopping Centers, nos traz mais detalhes sobre essas novidades e nos conta um pouco como tem se dado a retomada dos negócios da empresa, que iniciou 2021 com uma taxa de ocupação de 95%. Confira!
Revista Shopping Centers – Como avalia o ano de 2020 para os negócios da Terral Shopping Centers?
Marcio Rehder – A Terral Shopping Centers completou 25 anos em 2020 e, sem dúvida, esse foi o ano mais desafiador da história da companhia e certamente do setor como um todo.
Passamos boa parte do ano fazendo gestão da crise sanitária e econômica, contribuindo com a sociedade civil e colocando em prática todos os protocolos de segurança para proteção de colaboradores, lojistas e consumidores. O protocolo da Abrasce, que teve consultoria do Sírio-Libanês, facilitou muito o diálogo com as secretarias de saúde, pois demonstrou o quanto estávamos preparados para reabrir os shoppings com toda a segurança. A Terral fez um planejamento centralizado da gestão de crise por meio de um comitê com as principais lideranças da companhia e, após as decisões, os superintendentes recebiam as diretrizes para poder negociar com cada prefeitura.
Do ponto de vista econômico, pensamos e executamos ações para mitigar os impactos gerados pela Covid-19, sobretudo com o objetivo de garantir a perenidade dos ativos e de nossos parceiros lojistas. Para nossa surpresa, após a reabertura dos shoppings em meados de maio e junho, a retomada de vendas no segundo semestre ocorreu de forma satisfatória e positiva.
O maior complicador foi a instabilidade gerada nos lojistas. O setor foi muito organizado para enfrentar a crise e teve mais equilíbrio para lidar com as decisões confusas do setor público, mas os lojistas, principalmente, os menores tiveram mais dificuldades para entender e acompanhar as restrições.
RSC – Quais foram os últimos investimentos realizados pela companhia? A crise fez com que algum investimento fosse adiado?
MR – Estamos sempre atentos às oportunidades do mercado, avaliando riscos x retorno sobre investimentos e respeitando o compromisso com a assertividade na alocação de recursos dos nossos acionistas.
Temos atualmente 13 shoppings em nossa carteira e, em 2020, planejamos manter investimentos na modernização e atualização dos ativos, a fim de acompanhar as tendências e movimentações do setor. Essas iniciativas visam melhorar ainda mais a experiência dos consumidores. Uma parte dos investimentos previstos em 2020 foi transferida para 2021 devido ao momento de incerteza. Alguns ainda fizemos em 2020, como, por exemplo, o Buriti Mogi Guaçu, em que a revitalização já estava em andamento antes do início da pandemia e optamos por concluir a obra.
RSC – Para 2021, existem planos de expansão ou de novos empreendimentos?
MR – Temos aprovado um projeto greenfiled na região Centro-Oeste, que deve ser lançado entre 2021 e 2022. Se o mercado estiver mais aquecido, pretendemos lançar ainda esse ano e iniciar a comercialização das lojas. Além disso, temos dois projetos de expansão em fase de planejamento que devem começar ainda esse ano. Um deles é voltado para gastronomia no Buriti Goiânia, com uma área de 2.500 m2 de ABL. O outro é a transformar o Buriti Rio Verde (GO) em um complexo multiuso, que terá atacarejo e um hotel com 120 quartos e capacidade para 200 hóspedes.
RSC – De que forma a Terral Energia tem ajudado a tornar a Terral Shopping Centers mais sustentável do ponto de vista energético?
MR – Acreditamos que as demais empresas do grupo (incorporação imobiliária e geração de energia) possam contribuir com sinergia entre os negócios. Nessa direção, a Terral Energia já desenvolve e possui projetos em parques de geração hídrica, eólica, solar e biomassa. Atualmente mais de 60% da energia consumida em nossos empreendimentos são de fontes renováveis, o que traz uma redução no custo em torno de 30 a 40% e evitamos a emissão de 845 toneladas de CO2 por mês. Pretendemos atingir 100% de consumo de fontes renováveis em até três anos. Nem todos os nossos shoppings utilizam energia da Terral, eventualmente, adotamos outra estratégia.
RSC – Quais são os benefícios para o negócio já que a Terral Shopping Centers constrói, administra e comercializa seus empreendimentos?
MR – Nossos shoppings estão localizados em sua maioria em cidades de interior, de médio porte. Fatores críticos de sucesso para esse tipo de empreendimento são o desenvolvimento de projetos com custos reduzidos e soluções inovadoras desde a construção e a implantação até a operação futura, possibilitando retorno financeiro adequado ao investimento. O DNA de construção civil da Terral foi fundamental para atingir esse objetivo nos projetos. Dos 13 empreendimentos da companhia, oito são dominantes, ou seja, são os únicos shoppings das cidades em que estão localizados. Em Goiás, ficam nas cidades de Rio Verde, Águas Lindas de Goiás, Anápolis e Valparaíso de Goiás e, no estado de São Paulo, estão em Mogi Guaçu, Valinhos, Hortolândia e Guaratinguetá.
RSC – Em 2020, a pandemia acelerou os projetos digitais. Gostaria de saber quais foram os investimentos feitos em omnicanalidade.
MR – Já tínhamos alguns projetos de transformação digital em desenvolvimento na companhia e outros em fase de testes. Em meados de 2020, firmamos uma parceria inovadora e estratégica com a Lumine, para desenvolvermos e operarmos juntos um marketplace em mais de 20 shoppings sob gestão das duas empresas. Esse projeto fortalece nossa estratégia digital, proporciona o canal de vendas on-line para lojistas e consumidores e utiliza soluções confiáveis e amplamente testadas no varejo on-line. O projeto está em fase de implantação e será lançado ainda no primeiro trimestre, inicialmente em 14 empreendimentos. A nossa intenção é gerar, em um segundo momento, a oportunidade para que outros shoppings e empresas do setor possam fazer parte e usufruir dos benefícios escaláveis dessa operação.
Acreditamos muito que os negócios digitais precisam ser escaláveis para ganhar rentabilidade e relevância. Essa é uma parceria inédita do setor. Nos unimos nesse projeto com a Lumine pelo fato de não sermos concorrentes e por existir uma relação de amizade e confiança de muito tempo. Chegamos a fazer parcerias com marketplaces durante a pandemia, mas acreditamos que o melhor modelo é desenvolver a nossa plataforma.
RSC – Como estão o fluxo, as vendas e a taxa de vacância dos empreendimentos?
MR – Fluxo e vendas recuperaram-se no segundo semestre de 2020. Reabrimos os shoppings com vendas de 40% comparadas ao mesmo período do ano 2019. De julho a outubro, houve um acréscimo de cerca de 10% ao mês, e, em dezembro, chegamos a 90% das vendas de 2019. Ficamos muito surpresos e satisfeitos porque foi uma curva muito acentuada e positiva.
Nossa taxa de ocupação média inicial em 2021 está próxima de 95%, recuperando o mesmo patamar do começo de 2020. A vacância aumentou ao longo de 2020, mas conseguimos recuperar e acreditamos que os juros baixos fizeram com que muitos varejistas adotassem a estratégia de expandir. Além disso, os IPOs de redes varejistas também ajudaram a ocupação das áreas no segundo semestre e devem continuar favorecendo em 2021. Não tínhamos nenhuma operação da Petz, por exemplo. Após a abertura de capital na Bolsa de Valores, fechamos um contrato com eles em 2020 e temos mais negociações em andamento em 2021.
Ficamos também surpreendidos com o crescimento das operações de saúde (clínicas médicas, de vacinas, odontológicas, laboratórios) no ano passado. Passou de 2,1% do total de lojas para 3,6%, o que equivale a um crescimento de 71%. É provável que a própria pandemia tenha impactado a estratégia dessas empresas.
RSC – De que forma a Terral ajudou os varejistas no decorrer da crise?
MR – Proximidade e apoio aos varejistas foram nossos principais focos no ano. Alinhados com as demais empresas do setor, colocamos em prática diversas ações para ajudar-nos mutuamente (shoppings e varejistas) a passar pelo pior momento da crise, como suspensão dos aluguéis no período de fechamento, redução do condomínio, cobrança proporcional do aluguel durante os horários restritivos, convênios com empresas para a liberação de créditos, entre outras. Acreditamos que o aspecto principal tenha sido o espírito de parceria de ambos os lados para atravessar juntos esse difícil período. Estendemos a mão para manter os lojistas ativos. Até hoje, os cinemas estão com os aluguéis reduzidos porque o fluxo dessas operações ainda é muito inferior ao que tinham antes da pandemia.
RSC – A Terral Shopping Centers foi eleita mais de uma vez como uma das melhores empresas para se trabalhar pelo Great Place to Work. Ter um time comprometido ajudou no enfrentamento da crise?
MR – Faz parte da nossa cultura o respeito, a valorização e o desenvolvimento das pessoas. O GPTW é o resultado da prática dos nossos valores no dia a dia e da evolução contínua do clima entre colaboradores na empresa. Ter nosso time engajado com a cultura da companhia, juntamente com objetivos e ações sempre claras e transparentes, nos ajudou muito a enfrentar a crise unidos. Acredito que esse é o nosso maior diferencial: somos uma empresa humanizada há 25 anos.
RSC – Recentemente, abriram o Programa de Estágio 2021. Desde quando existe o programa e qual é a importância de inserir esses novos talentos nos negócios da companhia?
MR – O programa de estágio existe há 5 anos na empresa, com objetivo de atrair e desenvolver jovens que possam se tornar futuros líderes, além de promover inclusão social. Uma parte dos estagiários deve ter estudado em escola pública, assim conseguimos trazer esses jovens com bons potenciais e de classes sociais mais baixas. Atualmente, temos 30 estagiários. Em nossa visão, o programa tem atingido esses objetivos com excelência. Também já temos a primeira turma do programa de trainee da companhia.
RSC – A Terral Shopping Centers gera quantos empregos diretos e indiretos? Foi necessário ajustar o quadro de colaboradores durante a crise?
MR – Geramos 500 empregos diretos e 9 mil indiretos, considerando terceiros e lojistas. Fizemos uma revisão e adequação da estrutura organizacional em 2020, a fim de otimizar custos e melhorar eficiência operacional nos próximos dois anos. Um projeto para automatizar processos em todas as áreas da companhia está em desenvolvimento para apoiar e sustentar esse plano.
RSC – Como está a expectativa para os próximos meses de 2021?
MR – A nossa expectativa é que 2021 seja ainda um ano de recuperação. Esperamos ter a situação da pandemia mais resolvida, porém, com efeitos na economia que deverão durar por mais tempo. Que a gente consiga evoluir com a imunização, mas ainda vamos sofrer com o impacto econômico que a pandemia vai deixar.
RSC – A Abrasce divulgou que o setor está unido para ajudar na imunização da população contra a Covid-19. A Terral já tem estruturado em como fazer isso, caso seja solicitado pelos órgãos públicos?
MR – Concordamos que o setor poderá ajudar estados e municípios com o programa de imunização. Estamos conversando com as secretarias de saúde das cidades em que estamos presentes, colocando-nos à disposição para apoiar ao longo do programa. Estamos muito habituados a participar das campanhas de vacinação como a da gripe. Certamente, poderemos ser utilizados como hub de vacinação.