Portas sempre abertas para profissionais LGBTQIAPN+
Conheça empresas que se tornaram exemplos para todo o mercado
A discussão sobre o respeito e a igualdade de direitos da população LGBTQIAPN+ é constante na sociedade e não poderia ser diferente. Conquistas aconteceram, mas ainda faltam muitos avanços mesmo estando no século XXI. E isso precisa ser reforçado constantemente em busca de fortalecimento de causas mais do que justas.
O levantamento da IPSOS LGBT+ Pride 2023 mostra uma média de 9% dos adultos em 30 países que se identificam como LGBT+ e o Brasil fez parte do levantamento. Entre as conclusões do estudo, há um aumento da visibilidade ainda com grandes variações geográficas; apoio majoritário para permitir que casais do mesmo sexo se casem e adotem crianças; e apoio generalizado à proteção das pessoas transgênero contra a discriminação no emprego e em casa.
Para que os resultados sejam efetivos, é preciso ter cada vez mais pessoas engajadas. E as empresas podem participar ativamente disso, dando a oportunidade do emprego e, claro, priorizando sempre a igualdade de cargo e salários.
Referências no que fazem
A Chilli Beans é uma empresa que tem muito a contribuir com todo o varejo. Como já nasceu com a diversidade em seu DNA, esses profissionais fazem parte do time da companhia desde sempre. Segundo Caio Pamphilo, head de marketing da marca, isso veio junto com os valores do fundador Caito Maia, que sempre avaliou os profissionais exclusivamente pelo que eles poderiam agregar ao time, pelo desejo de iniciar uma carreira no varejo e pelas vantagens que uma cultura diversa traz para o ambiente.
“Desde o começo, a Chilli Beans esteve de portas abertas para a comunidade LGBTQIAPN+, sendo uma das poucas empresas que verdadeiramente acolheram pessoas que eram discriminadas e rejeitadas em outros espaços e mercados. Nascemos no ambiente da moda e da cultura, então, isso foi natural. Fazemos isso há 30 anos e aqui todos têm liberdade de serem quem realmente são”, afirma.
Em 2020, o grupo Natura & Co anunciou suas iniciativas no Compromisso com a Vida até 2030, que envolvem o enfrentamento às mudanças climáticas, proteção à Amazônia, circularidade, regeneração e a garantia de igualdade e inclusão. Com a pandemia e a Guerra da Ucrânia, revisou as metas e trouxe um olhar direcionado para a América Latina. E há diversas ações colocadas em prática. No que tange às equipes, existem métricas, como salário equitativo, eliminando a diferença de gênero e racial; 50% de mulheres nos cargos de liderança sênior; garantia de, no mínimo, 30% das posições gerenciais ocupadas por pessoas de grupos sub-representados, como negros e indígenas, LGBTQIAPN+, pessoas com deficiências e outros. Além disso, colocou em prática o salário digno ou acima para todos os colaboradores desde o ano passado.
Em 2020, a Cobasi formou um Comitê de Diversidade & Inclusão e desde então muitas iniciativas aconteceram. Primeiramente, buscaram entender o perfil dos colaboradores para depois construir os pilares a serem trabalhados. Dados do Censo Cobasi 2023 apontam que 91% dos colaboradores se sentem livres para serem quem são e 19% se identificam como LGBTQIAPN+.
A empresa mantém ainda uma parceria com a TransEmpregos para que possa por meio da plataforma dar uma oportunidade de emprego formal para pessoas trans.
O Grupo JCPM, um dos principais players do setor de shopping centers, também tem esse posicionamento social e sustentável muito forte desde sua fundação. No Instituto JCPM, a juventude é o recorte prioritário do trabalho social, pensando, inclusive, em diversidade e inclusão. Na Fundação Paes Mendonça, esse valor também está enraizado.
“Estamos mais à frente e sempre inovando. 10% dos colaboradores do Grupo JCPM é formado pela comunidade LGBT+, índice acima da média do mercado e de números nacionais, e conseguimos manter essa representatividade em 7% na liderança. Não temos índices do IBGE, mas temos pesquisas como do Grupo Gay, da Bahia, que aponta que essa população corresponde a 9,3%”, explica Juliana Martorelli, gestora de diversidade e inclusão do Grupo JCPM.
Essa área de diversidade e inclusão da companhia foi implantada como estratégica no ano passado, mas isso já vinha sendo trabalhado desde sempre, com os projetos sociais nos próprios empreendimentos onde ficam localizados os IJCPM. “Estamos fazendo uma construção, trazendo conteúdo para que essa cultura genuína seja ainda mais valorizada e reforçada e já temos cerca de 800 pessoas que já passaram pela trilha estratégica e básica de inclusão. Na sequência, estruturamos uma governança, formada por pequenos núcleos em cada negócio, sendo um deles da comunidade LGBT+ pensando as estratégias e as ações”, conta Juliana. Para ajudar nesse trabalho, fizeram um Censo no fim do ano passado para que pudessem consolidar tudo o que já é feito em forma de política e, para isso, contataram com a consultoria da Mais Diversidade.
O engajamento do levantamento foi de 89%, com 2.970 pessoas respondentes do total de 3.300 colaboradores. “Apresentou, por exemplo, que há 1% de pessoas transgênero, ficando acima do ranking no comparativo com o mercado. E um dos investimentos do Grupo JCPM, principalmente no IJCPM do Ceará, já que o estado apresenta números de transfobia muito graves e preocupantes, está em ações com o Coletivo Transcende, para que essa juventude não fosse excluída também do mercado de trabalho”, conta Juliana.
O Censo trouxe ainda a reafirmação de quanto esses colaboradores LGBTQIAPN+ valorizam a empresa e o quanto elas trazem de produtividade e criatividade. E isso se reverbera em todo o ecossistema do shopping, não só por meio de campanhas específicas feitas pelos ativos, mas também pelo recorte que o IJCPM realiza.
“Como os principais parceiros são os lojistas, existe um trabalho de construção de cultura diversa, claro, que encontramos lojas inovadoras que só empregam pessoas trans. Entendemos que os varejistas têm muito potencial para a inserção desta juventude. Pelo fato de termos seis unidades do IJCPM dentro dos shoppings, essa proximidade se dá de forma mais fluida e os lojistas são convidados a participar de debates sobre a temática.”, detalha a gestora do Grupo JCPM.
Na Chilli Beans, o departamento de Recursos Humanos e os franqueados fazem o recrutamento de profissionais e a companhia sempre reforça com parceiros dos pontos de venda que nenhum tipo de preconceito é tolerado. “Conseguimos expandir esse pensamento para as mais de 1.200 lojas da rede pelo Brasil e mundo. São centenas de profissionais – nas lojas por todo o Brasil, na nossa sede em São Paulo, em cargos de gestão e liderança e também entre os mais de 300 franqueados da rede”, comenta Pamphilo. Essa diversidade pode ser vista pelos clientes, o que traz uma identidade ainda mais próxima.
E isso traz ganhos para as equipes e os negócios. “A diversidade de pensamentos, histórias, trajetórias e experiências é uma das fortalezas da empresa e um dos pilares de uma cultura verdadeiramente inclusiva e aberta aqui na Chilli. E estamos falando não apenas de gênero ou sexualidade, mas também de credo, idade, religião etc – aqui todos são bem-vindos e incentivados em suas opções de vida e individualidade. O que conta é o talento e a disposição de crescer na carreira”, reforça o head de marketing da Chilli Beans.
A última edição do relatório da Diversity Matters, da McKinsey & Company, divulgada em 2023, mostra o quanto a presença de diversidade, equidade e inclusão nas companhias gera maior probabilidade de auferir mais lucros à companhia e o quanto a sua falta pode ser dispendiosa para os negócios.
De acordo com Juliana, uma empresa diversa além de poder lucrar mais, tem um ganho organizacional gigante.
“As pessoas trabalham mais felizes quando se sentem respeitadas e acolhidas. Além disso, há ganhos em criatividade e inovação. Se o nosso cliente é diverso, é preciso ter diversidade para pensar em produtos, serviços e tudo o que oferece.”
Em comemoração ao Dia do Orgulho LGBT+, a Chilli Beans fez uma campanha voltada para o digital. “Deslocamos um pouco da mensagem educativa para uma de celebração. Entendemos que a comemoração das identidades e corpos LGBTQIAPN+ são, por si só, um ato político”, enaltece Pamphilo. O Grupo JCPM também promoveu diversas iniciativas em junho e isso envolveu os ativos, o IJCPM e o Sistema Jornal do Commercio de Comunicação. Todos unidos pelo mesmo objetivo.