O entretenimento está de volta!

Com todos os protocolos de saúde e segurança e gradativamente, os shoppings já trazem muitas novidades de lazer e diversão para o público

A vida dos brasileiros tem retornado a uma normalidade ainda com cautela, mas com uma perspectiva muito melhor graças ao avanço da vacinação. No setor de shopping centers, há um otimismo para os próximos meses, especialmente para o final do ano. Essa maior flexibilização também tem colaborado para que os empreendimentos voltem a oferecer experiências de entretenimento e lazer além do mix, sempre respeitando os protocolos sanitários já estabelecidos. Exposições, circuitos infantis, eventos gastronômicos, oficinas, mostras, feiras, espetáculos… Tudo começa a fazer parte novamente da programação, atendendo o pedido do público, que estava com saudades e ansioso para vivenciar esses momentos novamente. 

A volta das experiências

Em alguns shoppings, as áreas ao ar livre foram as primeiras a serem exploradas para eventos com bilheteria. Passear de roda-gigante foi uma das atrações escolhidas por empreendimentos da Multiplan como RibeirãoShopping, MorumbiShopping e ShoppingAnáliaFranco. 

Com estrutura de 30 metros e 20 cabines, a atração tem sido um sucesso por onde passa. Antes mesmo da roda-gigante deixar o mall do MorumbiShopping, o empreendimento já tinha montado uma pista de patinação de gelo no estacionamento, que permanecerá até o final de janeiro de 2022. O BHShopping recebeu o maior castelo inflável da América Latina. O ParkJacarepaguá, localizado no Rio de Janeiro, que ainda será inaugurado, já foi projetado com um parque infantil e com a primeira arena permanente de patinação no gelo dentro de um mall na cidade.

“Nossos shoppings nunca foram templos de compras e consumo, são hubs sociais. Neles é possível resolver a vida em um só lugar e ter acesso a diversas opções de lazer, cultura, entretenimento, além de serviços, o que proporciona experiências completas. Por isso, os eventos e as atrações de entretenimento compõem o mix. E não é um movimento recente e está presente nos complexos multiúsos da companhia há mais de 45 anos”, destaca Vander Giordano, vice-presidente Institucional da Multiplan.

Giordino reforça ainda que é essencial que esse mix seja criado com foco nos desejos dos consumidores e ressalta benefícios como comodidade e segurança. Sobre a volta à normalidade, ele acredita na retomada mais acelerada no último trimestre de 2021. “Percebemos nos clientes a vontade de voltar ao shopping após os períodos de suspensão temporária das operações no ano passado, o que nos mostra que os desafios enfrentados em 2020 só vão reforçar a importância desse contato que nossos empreendimentos proporcionam, mantendo-os integrados ao dia a dia das pessoas”, defende. 

Em Belo Horizonte, o Shopping Estação BH atendeu o pedido dos clientes e levou o Castelo do Terrir, um parque temático inédito da Turma da Mônica, assinado pelo cartunista Mauricio de Sousa, para dentro do mall. Foi a primeira atração desde o início da pandemia. “Tínhamos essa carência com nosso público, que estava nos pedindo um evento infantil e, ao mesmo tempo, o operador querendo entrar. É um produto licenciado com grande apelo. Há muitas famílias vindo especialmente com esse destino. Trazer algo diferente do mix proporciona uma proximidade com os visitantes”, relata Letícia Amaral, gerente de marketing do Estação BH. O evento tem encerramento em outubro e já abrirá espaço para a decoração especial de Natal.

Baseado no perfil dos clientes, cada shopping busca suprir aos poucos essa carência. No Shopping Parque das Bandeiras, localizado no interior de São Paulo, foi inaugurado em setembro o projeto do Quintal do Ban, uma área ao ar livre, que terá restaurantes muito desejados. “Sempre estamos atentos ao comportamento do consumidor e às inovações do varejo. O Quintal do Ban tem o propósito de oferecer uma experiência de gastronomia e lazer com opções famosas e consolidadas como o Charada Burguer – que terá sua primeira unidade na cidade – , a Cervejaria 3 Américas e o Boteco Vidottinho”, conta Raquel Monreal, coordenadora líder de marketing do Shopping Parque das Bandeiras. Aliado a isso, o local terá eventos sazonais. Enquanto não chegam os restaurantes, trouxeram um esquenta com food trucks e música ao vivo. 

Já o Cantareira Shopping, na capital paulista, optou por trazer um parque, que ficará até dezembro, com mais de 20 brinquedos para todas as idades no estacionamento do shopping como a primeira grande atração do empreendimento desde o início da pandemia. “Com a aceleração da vacinação e os protocolos de segurança que seguimos, é uma oportunidade para nossos visitantes voltarem a se divertir com segurança em atrações que vão desde clássicos como autopista (bate-bate), carrossel, xícara maluca até roda gigante, montanha-russa e kamikaze. A expectativa é receber famílias com crianças e jovens durante os todos dias, inclusive, finais de semana e feriados”, explica Geraldo Carvalho, superintendente do Cantareira Shopping. Aferição da temperatura, totens com álcool em gel, uso obrigatório de máscaras, distanciamento nas filas e brinquedos com quantidade reduzida de pessoas são algumas das regras sanitárias estabelecidas. 

Para Carvalho, as pessoas buscam muito além do consumo quando vão ao shopping. “Proporcionar boas experiências, diversão e ainda a oportunidade de compra une necessidades e cria possibilidades para as famílias. É também uma forma de movimentar a economia e promover entretenimento para a região”, opina. 

O Alpha Square Mall, em Barueri (SP), trouxe uma proposta diferente para montar uma exposição. “Convidamos artistas plásticos para pintarem os bonecos que foram colocados nos bancos do empreendimento, ocupando o lugar de uma pessoa, com o objetivo de tornar a situação de distanciamento um pouco mais leve e até agradável”, diz Adriana Saad, empreendedora do Alpha Square Mall.

A campanha atraiu visibilidade e conquistou parcerias para viabilizar as obras de arte, impactou o público da cidade e região. Atingiu o objetivo de promover o distanciamento e ainda impactou os visitantes positivamente, que tiravam selfies com os manequins. A exposição vai até novembro. Essas são uma pequena mostra de como o setor vem retomando os eventos. Não faltam e nem faltarão novidades nos malls de todo o país. 

Os especialistas 

Os eventos voltaram com protocolos rígidos tanto por parte do shopping como dos operadores, que seguem ainda as normas das grandes marcas de licenciados, tendo, inclusive, que fazer ajustes nos projetos. Segundo Danielle Paulino, diretora comercial da 2a1 Cenografia, os espaços são totalmente higienizáveis, oferecem menos interatividade e sempre possuem áreas mais instagramáveis. “E essa tendência deve permanecer enquanto tivermos o vírus circulando. São experiências muito seguras, pois seguimos os protocolos dos shoppings e das marcas, essas estabeleceram normas independentemente da fase da pandemia em que estamos aqui”, reforça Danielle. 

E a demanda dos shoppings vem crescendo, mas as empresas também limitaram seu atendimento e produção porque também os protocolos e as restrições influenciam em toda a logística e a montagem dos espaços. A 2a1 Cenografia já voltou a realizar uma média de 12 eventos por mês. No período pré-pandemia, fazia entre 20 a 25. “Até 2019, me ligavam para aumentar as atividades e a interatividade, e hoje, é contrário, as pessoas pedem para tirar e colocar um local para foto. O número de participantes também foi reduzido”, conta Danielle. 

A C+E, uma das principais players do mercado, voltará com projetos licenciados somente janeiro de 2022, mas trará muitas novidades. “Faremos eventos de longo prazo, ocupando áreas de lojas semi-âncoras. Os projetos serão mais imersivos com serviço agregado, eventualmente com um food service ou merchandising, que realmente mexam no contexto e virem destino. É nisso que acreditamos. Esses espaços vão permanecer de 3 a 6 meses”, revela Sergio Molina, CEO da C+E. 

Isso trará um mix de atratividade com constante renovação aos shoppings. Não será tão rápido como as atrações que os shoppings estão acostumados a oferecer, e, antes que o público canse, o evento já foi para outra cidade. 

Assim como todo o setor de eventos, a D’arte Multiarte também foi impactada pelas paralisações. Até início de setembro, tinham realizados poucos eventos como o projeto de humanização no Villa Romana Shopping, em Florianópolis (SC). “Percebemos que existe um desejo muito grande de uma retomada, apesar do receio por parte das operadoras de shoppings e departamentos de marketing em reiniciar as atividades de humanização e cenografia. Esses quase dois anos de abre e fecha e incertezas sanitárias deixaram o mercado mais cauteloso e um pouco mais rígido, como era de se esperar”, afirma Rodrigo Cadorin, sócio e diretor artístico da D’arte Multiarte. 

Assim como todas as empresas, a D’arte Multiarte buscou se reinventar. “Durante esses meses de fechamento, focamos em aprimorar processos internos e desenvolver novos produtos como a criação do primeiro dinner show de Gramado (“Capitão Cara de Mau – O Segredo Entre a Terra e o Mar” para a pizzaria Cara de Mau). Falo sempre que momentos como esse servem pra gente transformar nossas dores e traumas em ingredientes para o processo criativo, e foi isso que fizemos aqui na D’arte Multiarte ao longo desses meses de pandemia. Exercitamos o nosso bem mais precioso que é gerar soluções criativas”, relata.

A data mais esperada do ano

No ano passado, o Natal foi diferente dos shoppings com decorações mais contemplativas em virtude da pandemia. Até meados de 2020, não se sabia se o Natal aconteceria com essa incerteza e sem vacina no país, os protocolos estabelecidos para as decorações também foram bem rígidos. As medidas continuam nesse ano, mas, agora, já se sabe que haverá o Natal. Ainda não será como no período pré-pandemia, mas empresas como a C+E , a 2a1 Cenografia e D’arte Multiarte prometem envolver muito os clientes. 

“Em julho de 2021, já estávamos com nosso Natal todo vendido, porque mantivemos a estratégia do ano passado de atender os grandes grupos e os grandes shoppings. Com isso, limitamos nossas operações a 45 projetos e o humor melhorou muito nos últimos meses. Voltamos ao ticket médio de 2019, um pouco acima ainda do valor por projeto, o que mostra a resiliência do setor”, destaca Molina.  

A 2a1 Cenografia também restringiu o número de shoppings pela metade e fará a decoração de 30 empreendimentos. “Com as restrições e os protocolos, temos que enviar equipes reduzidas para a montagem e temos um curto período para montar todas as decorações, então, tomamos essa decisão dentro da nossa estratégia”, diz Danielle. Existe uma alta demanda, mas essas empresas preferiram trabalhar com menos shoppings esse ano. 

Na D’arte Multiarte, a expectativa para o Natal é a melhor possível. “Com a chegada da vacina e a conscientização das pessoas, entendemos que é possível termos um Natal da esperança. Falei muito ao longo de 2020 que a vacina nos tiraria o vírus do corpo, mas que o entretenimento tiraria o vírus da alma. Acreditamos que o Natal tenha uma função muito particular e específica que é atenuar o efeito colateral da pandemia”, pontua Cadorin.

Segundo ele, as pessoas estão precisando consumir arte e entretenimento e nada melhor do que o Natal para ser o grande marco da retomada para o setor de eventos. “Com certeza, o público irá receber bem as experiências criativas. Estamos saindo da era do excesso para entrarmos em uma era de essência e é baseado nisso que os nossos conteúdos criativos estão sendo focados: na essência”, ressalta Cadorin. 

O que vem por aí no Natal? Vamos ter que aguardar os shoppings anunciarem, mas, com certeza, será encantador e mágico.