Como os shoppings se preparam para atender a frota de veículos elétricos
A oferta de vagas com estações de carregamento é mais um serviço oferecido aos visitantes
Após a 28ª Conferência de Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas, decisões importantes foram acordadas para conter a crise climática e acelerar iniciativas para cumprir o Acordo de Paris, concluído em 2015 para limitar o aquecimento global a 1,5 ºC, com metas para a redução da emissão de gases poluentes, o que envolve especialmente a indústria. Pela primeira vez, os combustíveis fósseis entraram na discussão e, em um acordo histórico, definiu-se que é preciso reduzir o seu uso. Com isso, são vários setores da economia que precisam se mobilizar.
Na indústria automobilística, existe um movimento e, em alguns países, há políticas avançadas para a transição energética. Em Shenzhen, cidade chinesa, 100% dos ônibus são elétricos, assim como a maioria dos táxis e veículos, o que melhorou a qualidade do ar e reduziu drasticamente a poluição sonora. No ano passado, a Noruega teve 82,4% dos veículos novos vendidos dos modelos elétricos. O país escandinavo já definiu que encerrará as vendas dos carros com motor de combustão até 2025. No decorrer dos anos, o país adotou ainda diversos incentivos fiscais. De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA), as fontes de energia do mundo serão mais sustentáveis e limpas até 2030 com uma previsão de aumentar dez vezes mais a quantidade de veículos elétricos. E como disse o diretor-executivo da IEA, Fatih Birol:
“A transição para a energia limpa está acontecendo em todo o mundo e é imparável. Não é uma questão de ‘se’, é apenas uma questão de ‘quando’ — e, quanto mais cedo, melhor para todos nós.”
Por aqui, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), o ano de 2023 fechou com uma frota de 220.336 veículos eletrificados (VEs), que engloba veículos elétricos híbridos (HEV), veículos elétricos híbridos Plug-in (PHEV), mais veículos elétricos 100% a bateria (BEV). Apesar de ser um número pequeno comparado à frota de mais de 115 milhões de veículos (IBGE/2022), houve um recorde com 93.927 emplacamentos em 2023, um crescimento de 91% sobre as vendas de 2022 (49.245). Para 2024, a ABVE prevê que as vendas de veículos leves eletrificados poderão ultrapassar 150 mil unidades.
Na cidade de São Paulo, há planos para investir mais na mobilidade elétrica coletiva. No ano passado, foram colocados 50 novos ônibus elétricos e a meta da prefeitura é bem ambiciosa: pretende ter 2,6 mil coletivos até o fim de 2024, o que corresponde a quase 20% da frota. Como em todos os países, é preciso se adaptar a essa realidade e estruturar pontos de recarga, inclusive, a rede de distribuição precisa ser ampliada.
Eletropostos nos malls
Muitos shoppings brasileiros já passaram a oferecer pontos de carregamento para automóveis leves, que, muitas vezes, são a única alternativa encontrada pelo proprietário. De acordo com o Relatório de Sustentabilidade da Abrasce 2023, a oferta dessas vagas aumentou 4,3 vezes entre 2019 e 2022, alcançando 52% dos shoppings do país. Foi possível ainda observar um aumento de veículos elétricos sendo sorteados nas campanhas promocionais de Natal no ano passado.
Segundo Marcelo Martins, vice-presidente de operações da Multiplan, a companhia investiu aproximadamente R$ 2,6 milhões para instalação de 123 carregadores distribuídos em seus shoppings.
“A eletromobilidade significa mais do que apenas um avanço tecnológico, é um exemplo do compromisso da Multiplan com a sustentabilidade. Atualmente, todos os 20 shoppings Multiplan possuem vagas exclusivas para recarga de veículos elétricos. E não temos parceria com fornecedores de eletropostos, todos os nossos carregadores foram adquiridos e instalados por nós”, diz Martins.
De acordo com ele, a população de todo o Planeta está preocupada com o impacto ambiental e ainda vê o benefício econômico que esta modalidade traz.
“Pensando nesses impactos, e no melhor para os nossos consumidores, oferecemos essas vagas exclusivas para carregamento de carros elétricos e é um serviço gratuito para nossos clientes.”
A companhia acompanha o ritmo de crescimento desse mercado e deve ofertar mais dessas vagas ainda em 2024.
A ALLOS também tem reforçado o compromisso com a sustentabilidade e realizado investimentos significativos na implantação de carregadores elétricos, o que envolve também comunicação visual exclusiva, placas, ergonomia e espaço privilegiado com melhores vagas para estes clientes.
“Reconhecendo a importância da mobilidade elétrica e a potencial mudança que isto acarretará na vida de nossos consumidores, queremos não só acompanhar esse movimento, como tentar antecipar a demanda. Assim, imaginamos que esses investimentos vão proporcionar aos clientes uma experiência mais conveniente e alinhada com suas necessidades e expectativas”, conta Renato Gaspar, diretor corporativo de operações da ALLOS.
E essa gigante do setor também busca acompanhar essa crescente demanda, principalmente nos grandes centros, ofertando mais vagas. Até dezembro de 2023, 33 shoppings da ALLOS já contavam com carregadores elétricos. Para este ano, há expansão contratada para mais 15 ativos. A quantidade de vagas ofertada em cada shopping depende diretamente da demanda local, que é acompanhada mensalmente. “Já temos projetos para expandir, nos próximos meses, em alguns locais, para 20 vagas”, declara Gaspar.
Segundo ele, essa mudança significativa é reflexo dos hábitos de consumo e na conscientização ambiental. Por isso, a ALLOS reconhece a necessidade de oferecer infraestrutura de recarga como um serviço essencial aos nossos clientes.
“Muitos condomínios residenciais e/ou comerciais não estão com essa infraestrutura pronta e ainda terão que discutir o tema em reuniões de condomínio, fazer a contratação, investimentos etc. Nós estamos aqui para simplificar esta necessidade”, destaca.
E a empresa conta com diversas estratégias traçadas de acordo com a maturidade da praça.
Há casos em que fecha parcerias com montadoras que querem utilizar os shoppings como um facilitador para seus clientes e também como ferramenta de impulsionamento de venda dos carros elétricos.
“Temos parceiros que gostariam de investir e explorar o serviço a preços competitivos para os clientes, e há casos em que nós mesmo investimos. Estamos abertos a todos os modelos para que tenhamos a maior gama possível de solução aos consumidores”, ressalta Gaspar.
O pagamento da energia nos carregadores de veículos elétricos pode seguir diferentes modelos nos ativos da ALLOS. “Em algumas parcerias, os shoppings assumem os custos, principalmente onde a demanda ainda é baixa e queremos fomentá-la. Em outros locais, onde a maturidade do tema é maior, temos estimulado a cobrança, até para que exista rotatividade nas vagas e carregadores. Os valores são sempre baixos em relação ao que seria o custo residencial com respectivos investimentos”, enaltece o diretor corporativo de operações da ALLOS.
A JHSF Malls também tem feito investimentos em infraestrutura nos estacionamentos para acomodar esses equipamentos e os custos são divididos com os fornecedores, em parcerias firmadas por tempo indeterminado. Segundo Walter Borghi, COO da JHSF Malls, existe um aumento da demanda das estações de carregamento e, atualmente, o giro das vagas está em 2,5 por dia.