
Brechós entram no plano de mix dos shoppings
A secondhand segue em alta no Brasil e no mundo, ao mesmo tempo, grandes marcas do varejo promovem iniciativas voltadas à moda circular
Pensou em comportamento do consumidor, o debate é longo e envolve vários fatores já que mudanças revolucionárias vêm acontecendo com uma intensidade maior nos últimos anos. Uma delas tem refletido de forma transformadora em toda a cadeia do varejo, pois, hoje, os clientes se preocupam em comprar de empresas com responsabilidade socioambiental e são bem criteriosos na hora de escolher uma marca. Com isso, as iniciativas de moda circular ganham cada vez mais espaço no mercado e podem ser vistas com mais frequência. Segundo um estudo do Boston Consulting Group, o crescimento desse segmento será 15% e 20% até 2030 no Brasil.
O sistema em que se fabrica, vende, usa e descarta já vem sendo repensado por muitas companhias, agora o intuito é fazer com que os itens sejam reaproveitados pela cadeia produtiva após o uso. Acompanhando esse movimento da economia circular, é possível ver um crescimento vertiginoso das vendas de secondhand nos últimos anos. Segundo a GlobalData, esse mercado nos Estados Unidos está projetado para ser avaliado em 82 bilhões de dólares até 2026. A thredUP estima que a revenda de roupas e acessórios crescerá 16 vezes mais rápido até 2026 do que o varejo ampliado. Na próxima década, essas empresas de resale poderão representar 25% do varejo como um todo. Uma pesquisa da WD Research mostra que 71% das pessoas compram itens usados pelo mesmo uma vez ao mês e 38% compram uma vez na semana, especialmente por conta do preço, ou seja, esse fato precisa estar no radar de varejistas do mundo todo.
Dê olho na economia circular e moda sustentável, existe um movimento de shoppings que já estão trazendo os brechós ao plano de mix, inclusive, a área de Inteligência de Mercado da Abrasce tem monitorado isso. Conheça a história de alguns deles que já estão presentes nos malls e têm sempre por trás uma liderança feminina empoderada e comprometida com o consumo consciente.
Potência do segmento
A Peça Rara Brechó conta com 59 lojas, sendo oito próprias, estando presente em quatro shoppings: MorumbiTown (São Paulo/SP), ShoppingSul (Valparaíso de Goiás/GO), Conjunto Nacional e Vitrinni Shopping (Brasília/DF). Bruna Vasconi, CEO da Peça Rara Brechó, afirma que esses empreendimentos têm buscado os brechós para compor o mix e sua marca tem interesse em expandir nesses grandes centros de compras e conveniência. “Temos poucas operações em shopping ainda, mas adoramos. Há segurança e fluxo intenso de pessoas circulando. Além disso, o fato de sermos um segmento de varejo diferente, somos os únicos fazendo a economia circular, isso desperta a curiosidade do público que, a princípio, não imagina encontrar uma loja como a nossa dentro de um shopping.”

A história da Peça Rara começou quando Bruna estava cursando psicologia e passou a vender peças usadas para poder pagar a faculdade. Ela mesmo confessa que não imaginava que a marca pudesse crescer tanto. “Não tinha a menor noção do que eu estava fazendo, eu só precisava pagar as minhas contas e sustentar os meus filhos.” Em 2007, a marca ganhou sua primeira loja física em Brasília. O negócio cresceu, chegando a seis operações próprias. Em 2019, resolveu que era o momento de entrar para o franchising. “Quando muitas pessoas começaram a nos pedir dicas, consultorias e conselhos sobre o negócio, cheguei a conclusão de que poderíamos ensinar outras pessoas também. Recordo que a inauguração da primeira franquia foi emocionante.” Os modelos de lojas franqueadas têm investimento em torno de R$ 400 mil com retorno previsto a partir de 24 meses. A marca tem expandido rapidamente e, atualmente, está presente em 47 cidades em 20 estados mais o Distrito Federal.

Segundo Bruna, são mais de 350 mil peças vendidas por mês nas lojas físicas. O e-commerce ainda está em fase inicial e de teste, então, os números ainda não são expressivos. Ao longo do tempo, é difícil saber o quanto o negócio contribuiu com o meio ambiente.
“Quantitativamente, realmente, preciso calcular, mas, qualitativamente, posso dizer que somos precursores desse movimento no Brasil, começamos em Brasília há 16 anos quando não se falava em economia circular ou moda sustentável.”
Todos os itens comercializados passam por um trabalho cuidadoso de curadoria bem personalizado, realizado por especialistas que atendem os clientes que fornecem peças.
“Selecionamos, avaliamos e cadastramos um por um. Cada peça recebe o cuidado e carinho que merece até que vá pra área de venda nas lojas, onde fica à disposição dos seus novos donos que vão dar continuidade as suas histórias.”

A trajetória de sucesso ainda foi caracterizada por grandes marcos como a ligação de José Carlos Semenzato, fundador da SMZTO, propondo sociedade, e, também após conhecer a atriz Deborah Secco, que, em seguida, se tornou sócia. Além disso, a Peça Rara Brechó tem como franqueado o empresário João Appolinário. Segundo Bruna, isso traz credibilidade para a Peça Rara Brechó. “São pessoas públicas e muito respeitadas. Se eles acreditaram no nosso trabalho, e, se decidiram vir conosco, é certo que todos podem acreditar.”

A varejista ainda mantém ainda o projeto social do Instituto Eu Sou Peça Rara e agora está construindo uma creche, com recurso gerado pelos bazares sociais, promovidos com as peças doadas por clientes e fornecedores. “Esse é nosso grande e principal projeto social atualmente. Consideramos que seja um protótipo, de muitos outros que estão por vir.”
Brechó de luxo em Curitiba
Formada em Recursos Humanos, Bruna Arioli, CEO da Madame Garimpo, resolveu encarar um novo desafio profissional e passou a fazer consultoria de imagem. Ao atuar nessa área e ajudar suas clientes a praticarem o consumo consciente, conheceu o conceito de secondhand e passou a ser cliente de brechós. Com isso, vislumbrou novas oportunidades até que comprou a Madame Garimpo, em 2020, de duas amigas, durante o período pandêmico. “Aprendi a amar a moda circular, quando veio a proposta, foi de encontro ao meu propósito, que é muito ligado às roupas e à autoestima das mulheres.”

O negócio, que começou em uma sala comercial com atendimento com hora marcada ou vendas pelo Instagram, cresceu e, desde janeiro de 2022, está com um ponto de venda no Shopping Crystal, localizado em Curitiba (PR). E Bruna revela que não tinha experiência com comércio e muito menos com shopping, mas tinha uma certeza: “queria levar a Madame Garimpo para outro nível, tanto em qualidade, quanto em flexibilidade de horário e o shopping seria perfeito. Nossa loja física é nossa maior vitrine, é onde a cliente consegue ver e provar a qualidade das peças que estão à venda e tem contato com um atendimento humanizado e experiente”.

Desde a abertura da loja no Shopping Crystal, triplicou a carteira de clientes e fornecedoras, o que vem de encontro com a maior procura pela moda circular. “O público tem descoberto uma nova forma de consumo, mas ainda é desafiador vencer o preconceito. Porém, a cada dia que passa, essa procura vem se tornando maior e as pessoas acabam se impressionando com a qualidade da Madame Garimpo.”
Considerando os canais digitais e a loja física, são comercializadas em torno de 400 peças por mês, sendo que, em média, 60% desse total vem da venda física. Atualmente, a loja tem 229 m2 e mais uma área de 79 m2 de mezanino. “Decidi centralizar o escritório, operação de curadoria, estoque e a operação de vendas em apenas um local. Atualmente, temos mais de 400 fornecedoras e, aos poucos, blogueiras e personalidades têm nos procurado para trazer seus desapegos.” O brechó tem grifes renomadas e de luxo.

No processo de curadoria, as fornecedoras já sabem quais peças são aceitas, então, recebem itens incríveis e bem selecionados.
“Sempre que uma nova mala chega, fazemos uma pré-análise e, quando as peças vão de fato para a curadoria, são analisados todos os detalhes, se tem algum ajuste que não seja original, se os zíperes e botões estão ok, se há alguma avaria que passou despercebida na pré-análise, se a peça está com as etiquetas da marca e composição. Quanto mais ‘completa’, mais se enquadra em nossa curadoria e mais valor agregado tem”, explica a CEO da Madame Garimpo.
Após isso e com o aceite da fornecedora, são incluídas no sistema e estoque, acontecem os processos de higienização, identificação e etiqueta e, por fim, são colocadas à venda. “Em dois anos e meio, já circulou pela Madame Garimpo mais de 6 mil peças, o que contribui imensamente na economia de água, evitou o descarte inadequado e reduziu a emissão de CO2, além de preservar matérias-primas do meio ambiente.
A moda circular era vista como algo do futuro, mas é o nosso presente. Então, observo que os shoppings estão mais abertos a recebê-la, já que eles também mudaram na forma de se posicionar”, destaca a CEO da Madame Garimpo, que revela que tem planos e propostas para abrir novas lojas em shoppings em um futuro breve.
Direto de Aracaju

No início da pandemia e em um momento bem difícil vivido após a perda do bebê no oitavo mês de gestação, Raquel Aragão entrou em licença-maternidade, benefício garantido pela lei nesses casos, e, ao arrumar o guarda-roupa, viu que tinha muitas peças que não usaria mais.
“Em abril de 2020, surgiu a ideia de fazer o brechó e, logo que coloquei as peças à venda, deu movimento.
O negócio foi crescendo, hoje, já estamos com 17 mil seguidores no Instagram.”
O Desapegue Aju Brechó continua com as vendas on-line, mas já teve a experiência de operar em lojas físicas.
“Como sempre temos um sonho e o shopping oferece um fluxo intenso com um público diverso, resolvi perguntar se tinham interesse em deixar eu fazer uma exposição das peças”, relembra a fundadora. A proposta deu certo e ficou por um período de 15 dias em janeiro de 2022 com uma grande aceitação do público no Shopping RioMar Aracaju.

“Em agosto de 2022, retornamos com loja física e operamos durante sete meses. Foi maravilhoso, vendíamos mais de 1 mil peças por mês, muito acima do on-line. Ganhamos bastante visibilidade. Só encerrei a operação porque gosto mesmo de ficar por período, mas tenho interesse em voltar ainda esse ano.”
Em fevereiro de 2023, também levou a operação para o Shopping Jardins, também em Aracaju (SE), permanecendo por um mês com a loja.
Pelo frequentador de shopping ser exigente, a curadoria foi bem criteriosa, mas a receptividade e o interesse foram muito positivos.
“As pessoas estão mais preocupadas com a questão do meio ambiente, da sustentabilidade e do consumo consciente e responsável, então, conseguimos ver que a procura está cada vez maior pela moda circular.”
Desde o início do negócio, a Desapegue Aju Brechó já vendeu mais 16 mil peças. Na loja física, havia ainda possibilidade do cliente deixar peças para doação, posteriormente, encaminhadas à Canção Nova de Aracaju. Enquanto Raquel não retorna para o shopping, as vendas seguem ativas pelos canais digitais, fortalecendo essa cadeia da economia circular.
Com cunho social
Fundado há 10 anos, o Brechó do Entra era itinerante e sazonal, acontecendo em diversos locais. Ao longo desse tempo, expandiu e cresceu, chegando a várias edições. Antes, era realizado na comunidade do Entra Apulso, localizada no bairro de Boa Viagem, em Recife (PE), que ocupa uma área de 8,33 hectares e tem cerca de 10 mil habitantes, pois o foco sempre foi ajudar seus moradores.
“O primeiro brechó fora de lá ocorreu em 2016, nas dependências da administração do Shopping Recife. Aberto a colaboradores e ampliado para convidados, o evento contou com uma atuação praticamente no corpo a corpo, com base na minha rede de relacionamentos. Celebridades, como a apresentadora Angélica, a atriz Silvia Pfeiffer e a estilista Isabela Capeto, enviaram peças de seus guarda-roupas para serem transformadas em contribuições às causas da comunidade”, relembra Ione Costa, empreendedora social do Brechó do Entra e presidente do Conselho do Instituto Shopping Recife.

A partir de 2018, o escopo foi ampliado com a criação do Brechó Solidário, que contou com o apoio de colaboradores do shopping, que doaram itens em bom estado, com o objetivo de reconstruir cinco casas em estado precário na Entra Apulso. “Nesse ano, a forte divulgação da imprensa recifense, que sempre apoiou a causa, ajudou a fazer com que o Brechó chegasse a outros patamares.”
Em 2019, a proposta do Brechó Solidário do Instituto Shopping Recife atraiu a parceria da empresa social Arquitetura Faz Bem, que tem como objetivo melhorar a saúde física e mental das famílias que vivem em comunidades vulneráveis por meio de projetos de reforma e/ou reconstrução de suas moradias. Sete casas já foram restauradas graças a essa rede cooperativa, contando com a atuação de profissionais e estudantes de arquitetura, em conjunto com doação de materiais de construção cedidos por grandes fornecedores e a arrecadação monetária fomentada pelo Brechó, em suas várias modalidades.
Como o Brechó do Entra já tem uma conexão muito forte com a comunidade, a presença e a participação de Ione só estreitaram ainda mais essa relação de confiança e amizade entre os moradores e o Shopping Recife, e ainda contando com o profissionalismo e dedicação dos colaboradores do Instituto Shopping Recife. Com isso, surgiu a oportunidade de ocupar um espaço fixo de 40 m2 em uma área sob as escadas rolantes, que não era utilizada.

Segundo Ione, essa experiência tem sido muito enriquecedora. “É uma troca diária com os clientes, além de divulgar sobre a tendência do secondhand. A curadoria das peças do Brechó do Entra é feita sob a minha coordenação, em parceria com a minha filha Helena, pois temos em comum a paixão pela moda de reuso e o comércio sustentável.”
E os números comprovam a aceitação do público. Desde a inauguração em novembro de 2022 até meados de abril, mais de seis mil peças já tinham sido arrecadadas, com uma média mensal de 600 peças vendidas. “Resultado que mostra que estamos indo no caminho certo e difundindo o conceito de moda sustentável, que tem a circularidade como ponto-chave. Tudo começa na doação, que prossegue para a comercialização e culmina, no caso do Brechó do Entra, empresa 100% social, na geração de renda em prol de uma causa.”
A equipe de triagem e precificação fica responsável por todo o cuidado com as peças, do recebimento à comercialização. Os itens passam por uma rigorosa curadoria e, caso sejam aprovados, são devidamente higienizados e cadastrados. Uma vez em estoque, estão prontos para serem vendidos. A precificação é cuidadosa e flexível, levando diversos aspectos em consideração, como marcas, composição e condições de preservação.
“Os artigos não aprovados na triagem são encaminhados para o Instituto Shopping Recife, que os doará diretamente a pessoas em necessidade imediata, ou para microempreendedores que usem a matéria-prima na fabricação de diferentes produtos. Assim, nada se perde, tudo se transforma ou é reaproveitado.”

Algumas das iniciativas das fast-fashion
A moda circular vem sendo incorporada com muita pujança por grandes varejistas do mundo da moda.
Na C&A
Há mais de cinco anos, a C&A criou o Movimento ReCiclo, demonstrando o quanto acredita na economia e na moda circular, e, por isso, tem trabalhado cada vez mais nos processos de confecção, produção e no fim de uso. “A importância da preservação dos recursos naturais e a conscientização das organizações sobre os processos de produção de seus produtos e serviços se tornam cada vez mais relevantes, principalmente após a implementação da agenda ESG (Environmental, Social and Governance). Mesmo com mudanças, ainda hoje, a indústria da moda é uma das mais lembradas quando o assunto é descarte incorreto de resíduos. Na contramão dessa afirmativa, a C&A busca ser uma empresa de moda com impacto positivo e firma compromissos socioambientais, além de investir recursos para o desenvolvimento da economia circular, diversidade e equidade na moda, sustentabilidade, entre outros assuntos importantes para a sociedade”, ressalta Cyntia Kasai, gerente executiva de ESG e Comunicação Corporativa da C&A.

A adesão do público reflete o sucesso do Movimento ReCiclo, que alcançou números históricos em 2022. Foram arrecadadas 75 mil peças, cerca de 17 toneladas nas mais de 200 lojas que possuem urnas e estão espalhadas por todas as regiões do Brasil. “Mais de 37 mil foram doadas a instituições parcerias, quase 25 mil foram enviadas para reciclagem, sendo transformadas em novos materiais, e mais de 10 mil foram para upcycling.

Desde a criação do programa, mais de 212 mil peças foram coletadas, o que representa mais de 51 toneladas de tecido que deixaram de ir para aterros sanitários”, pontua Cynthia.
As doações sempre são realizadas em parceria com o Instituto C&A – o pilar social da C&A Brasil há mais de 30 anos – que distribuem essas roupas em bom estado para instituições e para ajudas humanitárias em crises ambientais, sociais ou sanitárias. Para 2023, a empresa já tem planos de aumentar os pontos de coleta.
Paralelo a isso, acontece uma série de iniciativas também. Uma delas é a coleção fabricada a partir do jeans circular.
“No ano passado, foram utilizadas 9,8 mil toneladas de matéria-prima reciclada na produção de 16.120 peças. A iniciativa foi reconhecida pelo Prêmio ECO 2022 da Amcham Brasil, como destaque da edição.”

De acordo com Cynthia, o cliente está mais atento a essas ações e a adesão do público é a maior prova disso. “No entanto, a dimensão da sustentabilidade não é tão óbvia, por isso, um dos maiores desafios é embarcar o cliente nessa jornada. Certamente uma das responsabilidades da C&A é educar o consumidor a escolher uma peça sustentável, cada vez mais.
Recentemente, a C&A também fez uma parceria com o Brechó Daz RoupaZ na sua última edição da Semana Jeans, realizada em abril de 2023, nos Shoppings Interlagos, Morumbi e Tatuapé, em que os clientes tinham a oportunidade de comprar peças com algodão mais sustentável e jeans fabricado com menos água, jeans circular e jeans feitos de tecido que contém cânhamo, uma fibra natural e muito durável que contribui para um consumo mais consciente.
Tudo isso prova o quanto a varejista está atenta a esse momento. “Acredito que a moda circular ganhará cada vez mais força no varejo, devido a uma combinação de fatores como a crescente conscientização sobre sustentabilidade entre os consumidores e a tendência global de adoção de práticas mais sustentáveis por essa indústria. Com isso, empresas, como a C&A Brasil, que adotam práticas circulares podem se destacar e contribuir para a transformação da indústria para um futuro mais sustentável”, destaca Cynthia.
Para esse ano, a marca ainda trará grandes novidades em relação a rastreabilidade das peças ao longo de seu processo de confecção.
Lojas Renner S.A.
A startup nativa digital Repassa, plataforma on-line de compra e venda de vestuário, calçados e acessórios, foi adquirida pela Lojas Renner S.A. em 2021 e ampliou a oferta de serviços adjacentes aos clientes, atuando no segmento gerenciado de revenda de moda. Os clientes interessados em revender podem entregar a intitulada Sacola do Bem em 86 lojas da Renner. A partir daí, o Repassa faz tudo desde controle de qualidade, precificação, produção de fotos e catálogos até a logística e entrega das peças.
Após a venda, o valor fica disponível aos vendedores, podendo ser transferido para uma conta corrente ou utilizado em compras no próprio site. Existe ainda opção de doar o valor a organizações sociais, assim como os produtos reprovados no processo de curadoria.
Em 2022, o Repassa arrecadou R$ 229 mil de doações para ONGS parceiras, o equivalente a 116 mil roupas doadas. Na geração de valor, foram ainda economizados 689 milhões de litros de água e 16,4 milhões de Kw/H, além de 3,1 mil toneladas de CO2 que deixaram de ser emitidas.

Além disso, a Lojas Renner oferece o EcoEstilo, programa de logística reversa nas categorias perfumaria e roupas. Os clientes podem descartar roupas e itens de perfumaria e beleza, comprados na varejista ou não. Apenas em roupas, em 2022, foram coletadas 11,5 toneladas, somando, aproximadamente, 22,4 toneladas desde 2017, que foram destinadas para reciclagem, por meio da desfibragem, reutilização por upcycling ou doação.


Em 2023, faz dez anos da criação da área de sustentabilidade dentro da Renner, com o objetivo de atuar como agente de transformação do setor a partir da geração de impactos cada vez mais positivos na sociedade e em todo o seu ecossistema de negócios. O novo ciclo de compromissos públicos de sustentabilidade acontece até 2030.