SET/OUT 2019 - Edição 226 Ano 32 - VER EDIÇÃO COMPLETA

Enasuper 2019 convoca setor a quebrar paradigmas

11 de outubro de 2019 | por Paula Andrade e Solange Bassaneze
Palestras inovadoras, painéis provocativos e experiências fora da caixa surpreenderam superintendentes de shoppings de todo o país
O mestre de cerimônias Murilo Gun apresentou os painéis ao público

O maior hub de conteúdo, experiência e inovação do setor. O 2º Encontro Nacional de Superintendentes (Enasuper), realizado pela Abrasce, nos dias 10 e 11 de setembro, na capital paulista, reafirmou essa missão a mais de 350 gestores de Norte a Sul do Brasil. Debates interessantes, ideias novas e diversão não faltaram ao longo de todo o encontro.

“É um prazer enorme abrir o segundo Enasuper. Um evento que surgiu em 2017, quando a gente começava a pensar em inovação e no que estava acontecendo no mundo. A grande discussão no setor era sobre e-commerce e sobre o fim do shopping center. Hoje, a gente tem uma visão completamente diferente de complementaridade, multicanalidade e parceria. É fundamental estar nesse evento que se propõe a ser um hub de experiência, de conteúdo e inovação. Acho que essa tríade é a base para qualquer planejamento estratégico de desenvolvimento de qualquer empresa, sobretudo no varejo, que é tão dinâmico e ágil”, destacou o presidente da Abrasce, Glauco Humai, em seu discurso.

Humai ressaltou a revolução que está acontecendo na China com relação aos negócios e à mentalidade e como isso deve afetar o setor. “Visitei as grandes empresas chinesas e todas elas, sem exceção, tinham conteúdo, experiência e inovação como base. E isso me deixou muito alegre, porque a proposta do Enasuper é ser exclusivo para superintendentes, para quem está na ponta de lança. Poder parar por dois dias, ouvir quem está aqui, mas, principalmente, trocar experiências. Outra coisa que me chamou atenção na China e a gente já discute aqui é que, hoje, em um mundo tão conectado e dinâmico, só é possível enfrentar os desafios se a gente compartilhar e cocriar juntos. Temos que compartilhar as ideias e discutir e chegar a soluções conjuntas.”

Um show de conteúdo

Clovis Tavares prendeu a atenção dos superintentes com muita informação e truques de mágica

Murilo Gun foi o mestre de cerimônias do Enasuper 2019. Com sagacidade e bom humor, convidou os superintendentes a assistirem aos debates apresentados no palco. “Fiquem presentes e não se permitam sair daqui sem trocar ideias”, disse antes de chamar ao palco Clovis Tavares, ou melhor, o alemão PhD em Varejo, Sebastian Müller.

O personagem criado por Tavares cativou o público com muitas informações, sacadas inteligentes, truques de mágicas e interação. De maneira lúdica, o especialista enfatizou a importância de os shoppings investirem em e-commerce, omnicanalidade, marketplace e espaços sociais. Para ele, os empreendimentos não devem sentir medo do comércio online e podem aplicar o sistema de compra virtual e retirada na loja, que é um grande sucesso para atrair clientes novos. Oferecer locais de convivência também é fundamental.

Como dicas, Tavares indicou o usou do Whatsapp para fortalecer o relacionamento com os clientes e o Net Promoter Score, ferramenta que ajuda a averiguar como foi a experiência do visitante no shopping. “O consumidor gosta de se sentir especial em cada momento. Experiências emocionais criam memória e história. Ofereça emoção no pré e no pós-venda. Agradeça com as duas mãos e faça contato visual. Seja honesto, objetivo e simples na sua comunicação. Isso faz diferença nas relações”, recomendou Tavares, que ao fim da palestra revelou sua verdadeira identidade e presenteou cada superintendente com seu mais recente livro.

Coragem e ação

Criatividade foi o tema da palestra conduzida por Murilo Gun

Murilo Gun deu uma pausa no papel de mestre de cerimônias para palestrar sobre “criatividade e inovação em shopping center”. Com muita propriedade e dinamismo, provocou reflexões e arrancou risadas dos superintendentes ao tratar sobre o processo de industrialização do ser humano e a necessidade de resgatar a própria humanidade. De acordo com Gun, que estudou na Singularity University, desenvolvemos escolas que tolhem nossa imaginação e nos transformam em robôs que não questionam. “O adulto criativo é a criança que sobreviveu. Precisamos ser especialistas curiosos, rodarmos no modo ‘e se’ e parar de repetir padrões.”

O especialista revelou que para reativar a criatividade, que é uma tecnologia natural humana, é necessário conhecer outros universos, ir além dos nossos interesses. Ele criticou o que chama de “obesidade mental”, o acúmulo de informação sem aplicação prática, e enfatizou que o melhor do “aprender é botar para fora”. De acordo com Gun, é relativamente fácil despertar criatividade, mas o difícil é ter ousadia para expor as ideias.

“Coragem é o gargalo da humanidade. Fomos educados para sermos dominados pelo medo. Tudo o que é novo tem risco e se tem risco tem medo. Tenha coragem de ser você mesmo, seja rebelde para ser autêntico e diferente.”

Gun contou um pouco de suas experiências. Uma delas foi quando deixou o colégio para abrir uma empresa com os amigos. Eles entregavam comida por meio de pedidos via pager. A empresa não vingou por muito tempo, já que os próprios pagers desapareceram, mas ficou o aprendizado. “Não perdi nada, só ganhei experiência”, ressaltou, destacando a importância da paixão. “A Elizabeth Gilbert, do livro Comer, Rezar e Amar, diz que vida criativa é escolher o caminho da paixão sobre o medo. Eu concordo. Love is coming!”

Jogo sério

Os superintendentes tiveram que trabalhar em equipe para ter sucesso no game

Que tal organizar 3.202 peças e transformá-las em oito rodas-gigantes em 90 minutos? Os superintendentes, divididos em equipes, toparam esse desafio proposto por Daniel Ramirez, do Grupo Azevedo Ramirez, e se divertiram ao superar os próprios limites. “A roda é parte de um todo. Não adianta só fazer a sua parte se o outro não fizer. Então, a colaboração aqui é um princípio, um valor. Estamos fortalecendo o trabalho de equipe e a integração e a colaboração. Quando passo a missão, a reação é de ‘não vamos conseguir’. Quis trazer essa experiência também por conta das crenças. O superintendente lidera uma equipe, então as pessoas olham para ele e têm que ver confiança. Eles têm que fazer a roda girar todos os dias. O shopping é como se fosse a roda. Precisamos ter mais protagonistas nas empresas.”, explicou.

Liderança e gestão

Candice Pascoal (à esquerda) e Camila Farani deram dicas valiosas sobre condução de negócios durante o painel

Liderado por Candice Pascoal e Camila Farani, o painel “Trajetória de carreira: inovação, criatividade e liderança” agitou a manhã do segundo dia de Enasuper. CEO da empresa de financiamento coletivo Kickante, Candice enfatizou que os shoppings já fazem parte da nossa cultura e que não precisam ter medo do comércio online. Para corroborar sua ideia, lembrou do case do Wal-Mart, que com seu sistema de click & collect (compra na web e retirada na loja física) superou o faturamento da Apple em 2018. “Nada está perdido. Muito pelo contrário. Olhem para o mercado e entendam as dores deles, oferecendo espaços nos quais os consumidores gostariam de estar.”

Camila Farani, presidente da G2Capital e tubarão do programa Shark Tank Brasil, destacou que o varejo é feito de detalhes. “É preciso possuir domínio do seu espaço para trazer experiências de inovação, que tem muita importância, assim como falar a língua dos millenials e entender o comportamento das novas gerações.”

As duas empresárias concordaram que para que os negócios tenham sucesso, é preciso investir em equipes vencedoras. “‘Ninguém quer ser a Kodak.’ Vocês já ouviram esse ditado? Porque a pessoa que inventou a câmera digital trabalhava justamente dentro da Kodak. Ela tentou vender o projeto à empresa por duas vezes e foi demitida. Aí levou o projeto para outro lugar e a Kodak foi à falência. As ideias não morrem. A criatividade é um bichinho que pula de pessoa em pessoa até ser executada. Por isso, invistam nas pessoas que vocês já têm e não tenham medo de usar a tecnologia”, aconselhou Candice.

“Os times não devem ser compostos por pessoas iguais, do mesmo estilo. Temos que olhar para a complementaridade. Ter pessoas boas no time é inestimável e isso não tem idade. Lembrem-se que o processo de seleção é um job full time”, adicionou Camila.

Mestres do varejo

Cases de sucesso foram apresentados pelos líderes da Zaitt, do Giraffas e da Chilli Beans

As discussões seguiram intensas e animadas com Rodrigo Miranda, presidente da Zaitt, Alexandre Guerra, diretor do Giraffas, e Caito Maia, CEO da Chilli Beans. Batizado de Varejo + Start up, o painel teve início com a apresentação de Miranda sobre a Zaitt, o mercado inteligente que opera 24h sem funcionários e conta com duas unidades: uma na capital capixaba e outra na capital paulista. “A fidelização é o nosso desafio. Temos que ter um trabalho avançado de dados e oferecer uma experiência ótima no PDV. Usamos a tecnologia como meio para levar experiência e focamos nos bons clientes. Assim temos baixo índice de furtos e uma resposta fantástica”, relatou.

Guerra destacou a resiliência do Giraffas, que sofreu uma concordata em 1990, mas que conseguiu surpreender o mercado e se consolidar como uma rede nacional. “Nossa grande inovação foi o arroz com feijão. Antes só vendíamos sanduíche e tudo mudou quando lançamos a linha de pratos executivos e criamos esse mercado.”

Investindo no modelo de franquias desde 1991 e caprichando na comunicação, o Giraffas foi ganhando espaço e expandindo ano a ano. “Os shoppings foram fundamentais para nosso crescimento. Cerca de 60% da nossa receita vem do setor”, declarou Guerra, enfatizando que o foco atual da rede é o serviço de delivery.

O CEO da Chilli Beans prendeu a atenção da plateia com sua trajetória incrível, que virará filme em 2022. Tudo começou quando o jovem músico Caito Maia trouxe óculos dos Estados Unidos para revender aos amigos no Brasil. O negócio foi crescendo de forma acelerada, mas como alguns fornecedores não o pagaram, ele quebrou. Da falência, surgiu a marca Chilli Beans, que inovou no PDV com seus óculos à mostra nas prateleiras, dando maior liberdade aos clientes. Maia também revolucionou ao levar a moda para o corredor dos shoppings, com o quiosque no Shopping VillaLobos, em São Paulo, em 2000.

Atualmente, a marca conta com 900 operações no território nacional e alcançou 16 países, entre Estados Unidos, Portugal e Kuwait. “Queremos transformar os óculos de grau em acessório de moda. Tenho orgulho em dizer que o único país em que a Ray-Ban perde no mundo é no Brasil. A marca perde para a Chilli Beans”, frisou.

No momento, Maia está voltado para a multiplicação das Óticas Chilli Beans, que chegarão a 20 até o fim de 2019. A meta é montar 400. “Eu amo o que eu faço. E o segredo da Chilli Beans é o foco nos seus produtos, na marca”, concluiu.

Impacto pop

Anitta mostrou seu poder como empresária

A maior surpresa do Enasuper ficou por conta da artista brasileira mais bem-sucedida da atualidade. Da comunidade pobre carioca ao reconhecimento internacional, Anitta chegou para fechar o Enasuper em grande estilo. Dessa vez, a cantora subiu ao palco para falar sobre empreendedorismo. No bate-papo com Murilo Gun, ela afirmou que o medo do fracasso e da opinião dos outros são os grandes empecilhos no caminho da vitória. “Já era muito feliz em Honório Gurgel. Então, não tenho medo de voltar à realidade que tinha antes. Com relação aos meus planos, prefiro contar apenas com a possibilidade de dar certo. Delete a opinião do outro e, se fracassar, comece de novo”, declarou.

Ela que construiu e administra a carreira por conta própria, afirmou que quer se aposentar da vida de cantora em cinco ou seis anos. A ideia é agenciar e prestar consultoria para outros artistas, ocupações que já tiveram início com a abertura de sua empresa.

Anitta revelou ainda curtir muito ir ao shopping, principalmente, pelo lazer proporcionado pelo cinema e teatro. “Atenção, pessoal dos shoppings, vocês poderiam levar ainda mais eventos e entretenimento para lá. Por exemplo, adoraria fechar uma sala de cinema para dar uma festa só para meus amigos. Fica a dica”, brincou, lembrando que quem não abre a cabeça para novidades fica para trás e que os líderes precisam ter ousadia.

Com a palavra, os superintendentes:

 

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