NRF Big Show 2019 reforça que as lojas físicas e on-line são operações complementares, evidencia importância das pessoas no negócio e coloca o cliente de vez no centro da estratégia de negócios
loja física tem passado por uma revolução nos últimos anos e o conceito de ter o máximo de conversão durante a visita vem ficando para trás, pois essa compra envolve apenas uma parte da jornada dos consumidores. Com a conectividade e clientes cada vez mais exigentes, as vendas on-line seguem em uma curva ascendente e a internet é utilizada com frequência como fonte para pesquisar preços e detalhes do produtos antes mesmo de se concluir a compra em uma loja física. Desta forma, o relacionamento com as marcas também passa pelo digital e os pontos de venda estão se adequando ao novo modelo de compra. O inverso, em relação ao mundo on-line, também acontece.
E isso não envolve somente o layout da loja: pessoas, processos, tecnologia, sortimento, reconhecimento do cliente e personalização são fatores que impulsionam o desenvolvimento desse novo varejo. A edição 2019 da NRF Big Show, o maior evento de varejo do mundo, realizado em Nova York, em janeiro, mostra que o setor está rapidamente se transformando.
“Hoje, 75% dos pedidos que passam por uma loja física são impactados pelo digital, seja porque começaram com uma busca on-line, seja porque são click & collect ou pedidos on-line enviados para o cliente a partir da loja física”, conta Brian Cornell, CEO da Target. O papel da loja física já não é mais de exibição de produtos. “On-line e off-line se complementam. As pessoas querem ir à loja para experimentar os produtos e estar em contato com as marcas. Isso não se resolve on-line”, afirma Gabriella Oliveira, gerente de Planejamento Estratégico da Abrasce, que participou da edição deste ano da NRF Big Show.
A loja física continua muito viva, e por razões bastante importantes como redução do Custo de Aquisição de Clientes (CAC) e a experiência direta do cliente com a marca. Na rede de moda masculina Indochino, o CAC era de US$ 130 em 2015, mas, com a abertura de 37 lojas físicas em quatro anos, caiu para US$ 80 e 87% das compras vêm de clientes recorrentes. “O PDV tangibiliza a experiência com a marca e, como nosso negócio depende de oferecer uma grande experiência para que os clientes retornem, faz todo sentido para nós”, comenta Drew Green, CEO da rede.
Outra razão é sobre a necessidade de adequação para atender clientes cada vez mais exigentes, que querem testar e conhecer de perto os produtos que irão comprar. A Casper é um bom exemplo: nascida no e-commerce para vender colchões, a marca abriu lojas físicas que são “centros de sono”, onde é possível experimentar os produtos e até mesmo tirar um cochilo de 45 minutos durante o dia. “Queremos mudar a conversa da venda de colchões para ‘como dormir melhor’, o que abre inúmeras possibilidades para nós”, diz Eleanor Morgan, Chief Experience Officer da Casper.
Foco no cliente
Atualmente, o varejo americano se preocupa efetivamente em posicionar o cliente no negócio. “Você precisa pôr o consumidor no centro das decisões da empresa”, diz Brian Cornell, da Target. “É preciso cuidar dos clientes, e não dos produtos. Parece óbvio, mas representa uma mudança radical na organização e nos processos das empresas”, afirma Jill Standish, Global Head of Retail da Accenture. “Se a empresa se planeja em função dos consumidores, passa a oferecer seus serviços conforme a exigência dos melhores clientes, e não de um médio”, afirma.
Para Jill, os valores são essenciais para se tornar relevante no varejo. “O cliente que compartilha os mesmos princípios da empresa compra 31% mais dessa marca. Agora é hora de as empresas se comunicarem com quem tem os mesmos valores que ela”, acredita.
Falar de valores é falar de pessoas. “É preciso ter colaboradores capacitados para conversar adequadamente com o cliente, pessoas apaixonadas pela marca que transmitam emoção”, diz Gabriella, da Abrasce. “O consumidor não quer ser atendido como mais um: ele espera personalização nos produtos, nos serviços e na abordagem de vendas. Não existe roteiro para isso e, para lidar com clientes , o varejo precisa acompanhar esse ritmo de inovação e se adequar às novas necessidades do consumidor”, completa.
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