Os destaques da viagem da delegação Abrasce à RECon
O grupo trouxe na bagagem muitos insights e cases do mercado americano
Pelo 12º ano consecutivo, a Abrasce leva uma delegação à RECon, o maior e mais importante evento de shopping centers do mundo, realizado em Las Vegas, nos Estados Unidos. “Exploramos a cidade e misturamos o congresso com visitas técnicas voltadas para shopping centers assim como o varejo, quando pudemos ver operações muito interessantes. Planejamos ainda um conteúdo exclusivo para os participantes e convidamos Alex Cesar, vice-presidente da área comercial da CBRE, a dar uma palestra sobre o mercado americano”, conta Flávia Cunha, gerente de relacionamento com associados.
De acordo com Gabriella Oliveira, gerente de planejamento estratégico da Abrasce, estar na delegação da Abrasce permite uma troca imediata com outros gestores e sair da teoria para a prática. “Nas visitas, pudemos conhecer grandes cases que sustentam as palestras e que estão em linha com o mercado brasileiro. Além disso, foi possível acompanhar as tendências mundiais e comprovar que estamos no caminho certo. É realmente uma experiência enriquecedora”, explica.
Pontos marcantes
De 19 a 21 de maio, a RECon reuniu grandes players do mercado que dividiram com o público suas mais recentes experiências. Segundo Flávia, diferentemente dos outros anos, quando a feira e o conteúdo eram mais voltados para o real state, nesta edição, o viés foi direcionado para inovação, trazendo temas como mudança do comportamento do consumidor, omnicanalidade e como as empresas estão se adaptando a tudo isso. Mix, alimentação, entretenimento e tecnologia também estavam em evidência.
Aliás, a integração de canais de venda on-line e lojas físicas, tendência que vem se consolidando ao longo dos últimos anos, foi um dos temas mais discutidos durante o evento. “O que ficou evidente é que, mais do que nunca, lojas on-line e física se complementarão”, diz Renata Fava, curadora da delegação Abrasce.
Se lojas físicas estão investindo também em suas versões on-line para melhorar a experiência do cliente, o contrário também passa a acontecer com frequência – a acomodação de lojas que nasceram no ambiente digital passa a fazer parte da rotina dos malls, o que melhora o mix, além de ser mais uma alternativa para reduzir a vacância. “O empreendedor percebeu que precisará estar preparado e ser mais flexível para ter contratos de curto prazo com startups e pop-ups sendo um hospedeiro desta experiência. Com isso, ele agrega novidade e inovação e, ao mesmo tempo, encontra uma alternativa para diminuir a vacância do varejo tradicional”, explica Renata.
Assim como as pop-ups, as operações temporárias de entretenimento também ganham força, como o Museu do Sorvete e o Castelo de Gelo. Elas são extremamente pontuais e sazonais, mas elevam a permanência do cliente no shopping e, consequentemente, aumentam as vendas. Até o cinema tem oferecido novas experiências. Muitas redes estão transformando uma das salas em play zone.
Convivência e conveniência
No mix de lojas, os shoppings brasileiros estão mais evoluídos, pois oferecem conveniência faz tempo. Os americanos começaram a introduzir isso agora, pois antes os serviços ficavam concentrados apenas em strip malls, um segmento forte no país. “Nos Estados Unidos, as âncoras têm sofrido bastante nos últimos anos e estão encerrando suas operações nos malls. Com isso, os americanos precisaram encontrar alternativas para cobrir essa vacância e passaram a incorporar as lojas de community center no mix. No Brasil, o empresário busca inovar o tempo todo, então, a flexibilidade e a criatividade estão presentes no dia a dia dos negócios”, diz Renata.
O segmento de alimentação também tem sido afetado por toda essa transformação. “Além da expansão de restaurantes mais sofisticados, os americanos estão criando mais food halls, onde a qualidade e o ambiente são bem melhores. Em 2016, eram 160 operações neste novo modelo, e a expectativa é que esse número chegue a 450 até o final de 2020”, indica a curadora. Novamente, a tendência já é vista há algum tempo no Brasil, onde os malls incorporam cada vez mais restaurantes tradicionais e de chefs renomados.
Inovação
É lógico que o congresso não poderia deixar de lado a tecnologia. Neste ano, o debate envolveu a omnicanalidade do varejo com o uso de inteligência artificial. O objetivo é fazer uma leitura do comportamento do consumidor, além de facilitar a logística e delivery, posicionar melhor o produto, ter controle do estoque, fazer o inventário da loja, entre outros pontos. Os investimentos em softwares e robótica voltados para o varejo são altíssimos para buscar cada vez mais dados do consumidor.
A discussão sobre o shopping do futuro teve grande foco na coleta de dados, utilizada posteriormente para criar estratégias de marketing. “Existe também a tendência de um mix que atenda a necessidade de consumo em um só lugar. Além disso, os varejistas entenderam que precisam vender experiência e que a compra é uma consequência”, afirma Gabriella. Uma rede de brinquedos, por exemplo, criou um espaço de robótica dentro de suas lojas. Operações de esportes segmentadas capacitam os clientes para consertar o próprio skate, joalherias oferecem a customização de joias e lojas de instrumentos musicais promovem aulas. “A ideia é criar eventos, ambientes e serviços para trazer os iguais, criando espaços de convivência e, assim, evitando a solidão digital”, conta Renata.
A curadora da Delegação Abrasce refere-se à palestra de Julie Rice, fundadora da SoulCycle, que desenvolveu um hub de ginástica e que acredita que o futuro do varejo está nos espaços de coworking como o WeWork. “Nós vivemos um tempo de solidão digital no mundo todo, e a solução somos nós”, disse Julie. O WeWork tem o propósito de oferecer esses lugares para a comunidade. A expectativa é que os espaços de coworking cresçam 25% ao ano em propriedades de varejo, incluindo os shopping centers, até 2023, não se restringindo mais às startups.
Visitas técnicas
O roteiro foi fechado na cidade de Las Vegas. Em sua primeira curadoria na delegação Abrasce, Renata buscou lugares inovadores e fez uma pesquisa do que poderia ser mais diferente para o grupo, mas também fez questão de passar por pontos turísticos como o centro histórico e um dos shoppings mais tradicionais da cidade.