O investimento em produtos Made for Outlet
A fabricação exclusiva garante margem, quantidade, sortimento e grades de produtos
Made for Outlet, produtos feitos especialmente para esses centros de compras, é algo muito comum nos Estados Unidos. No mercado norte-americano, estima-se que 50% dos varejistas atuam desta forma.
O famoso MFO ainda está em desenvolvimento por aqui, pois o primeiro outlet do Brasil foi inaugurado há pouco mais de dez anos e o varejo nacional ainda está aprendendo a operar lojas neste tipo de empreendimento.
Mercado nacional
No Porto Belo Outlet Premium, por exemplo, cerca de 20% do mix total de lojas têm produção direcionada para o segmento. Segundo Aline Righi, gerente de marketing do empreendimento, as indústrias que adotam essa estratégia aumentam cada vez mais essa fabricação.
Além disso, elas possuem performances de vendas mais equilibradas em comparação àquelas que têm em estoque apenas as linhas de produção de coleções passadas.
“Essas marcas garantem a otimização dos custos de produção, ganhando em escala mais margem de lucro no produto vendido. Para o consumidor, a vantagem é ter a possibilidade de obter uma peça desejada com um valor final reduzido e exclusivo.”
Tipos de sistemas
Segundo Jorge Niubó, superintendente do Catarina Fashion Outlet, mais de 50% das marcas do empreendimento têm produtos voltados para outlets e grande parte delas opera em sistema misto complementar.
Ou seja, vendem produtos de saldo das lojas full price mais produção específicos para outlet. “Esse é um tema muito debatido com os nossos lojistas. Pois, existem muitas marcas que ainda pensam no outlet como um canal de escoamento de saldos de suas lojas tradicionais.”
Niubó esclarece que essa prática traz muitos problemas. “Desde o desabastecimento da loja à falta de sortimento e grade de produtos. Para evitar isso, o lojista acaba destinando parte da produção do full price diretamente para a operação do outlet, consumindo grande parte da margem.”
O Catarina Fashion Outlet, localizado na rodovia Castello Branco, já passou por duas expansões e conta com 160 operações
Mix com qualidade
Para evitar essa dificuldade, é essencial o varejista complementar o mix de produtos com mercadorias MFO, sem abrir mão de qualidade. “As grifes que entenderam essa equação e possuem o MFO saíram na frente e têm alcançado maior rentabilidade em suas operações”, reforça Niubó.
Dessa forma, operação se torna mais saudável para o lojista e, para o centro de compras, essa oferta com maior variedade e preços atrativos traz confiabilidade no modelo de negócio.
Vantagens para o cliente
Os outlets premium da Iguatemi Empresa de Shopping Centers possuem duas marcas que trabalham com produtos MFO – a Kipling, no I Fashion Outlet Santa Catarina, e a Levi’s, no I Fashion Outlet Novo Hamburgo.
“A vantagem de trabalhar com operações que têm esses produtos é justamente oferecer aos clientes uma coleção diferenciada e limitada com preço promocional. Conseguimos atrair e conquistar consumidores que vão encontrar os melhores preços e coleções exclusivas”, diz Sérgio Zukov, diretor comercial da Iguatemi Shopping Centers.
Aos olhos do consumidor
O produto MFO tem redução de custos em itens como costura, aplicação da marca, botões, fios, acabamentos, entre outros detalhes, e ainda é fabricado em menos tempo.
Para o cliente, essa diferença é pouco perceptível e, ao comprar algo que quer com um preço atrativo, tem a sensação de oportunidade, satisfação e autogratificação. Além disso, elas seguem um padrão de qualidade. “As empresas, que fabricam MFO, se preocupam em preservar o brand equity (lealdade, qualidade percebida e reconhecimento da marca)”, explica Aline.
Fatores essenciais
Pesquisas, realizadas pelo Catarina Fashion Outlet junto ao IBOPE Inteligência desde 2016, mostram que o consumidor almeja comprar produtos de marca, de notória qualidade e preços mais acessíveis. “Tendo esses três fatores, a percepção geral é de que o cliente está fazendo um ótimo negócio”, pontua Niubó.
De acordo com Zukov, o fato da marca oferecer produtos MFO torna a experiência da compra ainda mais excepcional e única. “Para os varejistas, assim como para nós, ofertar produtos dentro deste conceito favorece a atração de clientes que buscam por boas ofertas, mas não abrem mão da exclusividade”, reforça.
Em evolução
O varejo brasileiro de outlets tem apenas 11 anos. Desta forma, é um canal de vendas relativamente novo para a indústria brasileira. As empresas ainda estão entendendo como se comporta esse consumo dentro desses mercados, até então, dominados pelas multimarcas ou franquias.
“Para se mostrar rentável, os outlets ganham força com os fabricantes e o MFO cresce junto a eles. As grifes internacionais que já executam no Brasil essa fabricação e são o gatilho propulsor deste crescimento e a vitrine desta experiência”, diz Aline
No entanto, é lógico que o novo também enfrenta resistência e a maior dificuldade é mudar o processo de produção que já está fechado para as linhas normais.
“A indústria precisa enxergar a oportunidade de conquistar esse canal direto de vendas ao consumidor. Isso vem acontecendo porque as marcas sabem que a inovação é necessária e rentável – as performances nas vendas são muito positivas. Ao mesmo tempo, há uma previsão do segmento crescer 50% nos próximos três anos e essa evolução se dará de forma natural”, diz Aline.
Ainda de acordo com Niubó, as lojas que estão envolvidas neste processo de especialização já vêm ganhando escala de produção ao longo dos últimos. Elas podem evoluir rapidamente com o crescimento do segmento de outlets no país, mas alerta que há muito a ser desenvolvido.