JAV/FEV 2019 - Edição 222 Ano 32 - VER EDIÇÃO COMPLETA

A arte é para todos

1 de março de 2019 | por Solange Bassaneze | Fotos: Divulgação
Da arena aos modernos teatros de shoppings, Eva Wilma destaca importância de sempre voltar ao que chama de escola 
Eva Wilma se prepara para novos projetos em 2019

Ao conversar com Eva Wilma, fica a certeza de que a idade não é impeditivo para se fazer o que se gosta. Aos 85 anos, ela segue ativa na profissão e encanta o Brasil pela naturalidade com que interpreta cada cena. São 66 anos de carreira e uma lista extensa de personagens vividos no cinema, na TV e no teatro. E mesmo com tanto tempo na arte da dramaturgia, sua dedicação é admirável. Eva Wilma se mostra incansável quando está trabalhando. Faz questão de estudar o texto com grande profundidade. O resultado é o que vemos: uma artista completa que envolve o público por ser tão fidedigna aos papéis. São mais de 150 personagens vividos em novelas, filmes, peças, minisséries, séries e seriados. Sua interpretação mais recente foi Petra Vaisánen, na novela O Tempo Não Para. No ano passado, ela também voltou aos palcos ao lado da atriz Sueli Franco, no espetáculo Quarta-Feira, Sem Falta, Lá em Casa. Estar no teatro é algo que praticou a vida toda.“ Os dois primeiros anos da minha carreira foram no teatro de arena. O exercício do ator no espaço cênico livre ao vivo e de corpo inteiro é a escola e é preciso voltar para a escola porque senão você cristaliza. Tem que estudar a vida inteira”, afirma a atriz.

“Eu sempre senti amor pela profissão. Então, considero isso um privilégio que Deus está me dando para que eu continue fazendo meu trabalho com o mesmo prazer.”

Assim que finaliza um trabalho, sempre está pronta para abraçar novos projetos. Com o fim da novela em janeiro, dois seguem em andamento ainda para esse ano. Um deles é o espetáculo Casos e Canções, que já fez em outra ocasião. Geralmente, as estreias acontecem em São Paulo, por residir na cidade, e depois vão para o Rio de Janeiro e o restante do Brasil. Quando questionada sobre a disposição de rodar o país, ela se mostra cheia de energia. “Pois é, tenho essa disposição.” No decorrer da carreira, também foi colocando todos os projetos nos planos. “Nada está frustrado, tudo coloquei em prática.” Com tantos personagens vividos na ficção, é impossível citar só alguns. “Cada história me traz boas recordações, como, por exemplo, um espetáculo muito bonito que fiz em Portugal sobre os 500 anos de Descobrimento do Brasil. Depois, viemos a São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, mas não conseguimos ir ao Rio de Janeiro. No cinema, posso citar o filme São Paulo, Sociedade Anônima e mais cinco filmes dos 22 que fez. No teatro, também tem dois ou três espetáculos que ficaram na história, como Querida Mamãe, com a Eliana Giardini, que ganhei todos os prêmios em São Paulo e no Rio, mas não foi pelos prêmios, e sim pela satisfação de fazer e pela alegria de reação do público”, afirma.

Na televisão, então, que chega ao grande público, a atriz se sente grata de ver e ouvir a manifestação das pessoas. “Evidentemente, a televisão é uma janela para o mundo, mas há personagens que o público não esquece. É o caso da novela original Mulheres de Areia, de 1973, que agora está no ar no canal Viva. Tem mais alguns personagens que o público sempre comenta. Como são 66 anos, não dá para citar só alguns”, recorda.

“Os teatros em shopping já vêm de muito tempo. Eu tive a sorte de me apresentar várias vezes no Teatro dos Quatro, no Shopping da Gávea.”

Sobre continuar atuando ainda, ela diz: “eu sempre senti amor pela profissão. Então, considero isso um privilégio que Deus está me dando para que eu continue fazendo meu trabalho com o mesmo prazer”.

Nas horas de folga, ela gosta de ler, escrever e ir ao teatro e ao cinema. Se tem interesse pelo espetáculo ou pelo filme, arranja um tempo e vai. E ela frequenta todo e qualquer teatro, mas analisa os benefícios de quando está no shopping. “À medida que as coisas ficaram mais violentas e difíceis, é lógico que as pessoas procuram um shopping, onde há estacionamento, mais segurança e conforto. E isso é importante para o público. Os teatros em shopping já vêm de muito tempo. Eu tive a sorte de me apresentar várias vezes no Teatro dos Quatro, no Shopping da Gávea.”

Mas a atriz faz questão de ressaltar a importância da arte para todos. “Em São Paulo, tivemos a sorte de envolver o Centro Educacional Unificado (CEU), um projeto da prefeitura que está há mais de 15 anos em andamento. São escolas gratuitas que têm o mesmo espaço cênico para teatros. É algo muito estimulante porque o público comparece massivamente, agradece a presença e ainda fica para o bate-papo, depois do espetáculo. Já pude me apresentar várias vezes nestes CEUs, e é uma maravilha a reação, o agradecimento e o interesse do público”, relembra entusiasmada. Para quem está começando na profissão, Eva dá o seguinte conselho: “passe amor e otimismo ao ofício”.

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