Faça uma pausa, coloque uma música do cantor e compositor e leia a entrevista que ele concedeu à Revista Shopping Centers
São 39 anos de convívio com o samba. Filho do saudoso João Nogueira, Diogo Nogueira cresceu com a música e seguiu os passos do pai para a nossa sorte. Hoje, é um dos principais sambistas do país. Gente boa, de bem com a vida, amante dos esportes, flamenguista fanático, é dono de uma voz marcante e única. Durante a pandemia, o cantor e compositor tem se mantido perto do público por meio de lives e, em agosto, fez seu primeiro show em sessão drive-in.
No mundo on-line e no físico
A primeira live, com 3 milhões de visualizações, foi realizada no dia do seu aniversário. Durante a transmissão, ele ainda aproveitou para demonstrar seu talento na cozinha. Tem até um livro de receitas do Diogo Nogueira. Como ele apresenta o Samba na Gamboa, programa de maior audiência da TV Brasil e também exibido na TV Cultura, tirou de letra a experiência de se apresentar virtualmente.
“Eu gostando muito em fazer lives e não foi difícil me adaptar ao formato on-line porque já tenho a bagagem do programa de TV. Minha intenção é receber os fãs dentro de casa. Faço direto daqui, com todos os cuidados. Com a adesão dos fãs ficou melhor ainda: todos entraram de cabeça, mandando sugestões de música para eu cantar e tudo mais. E ainda pude mostrar este meu lado gourmet”, diz.
Essa alternativa também foi positiva para manter sua equipe com trabalho, já que os segmentos de eventos e entretenimento estão entre os mais afetados pela crise sanitária e ainda sem perspectivas de retorno.
“Tenho cuidados com a minha equipe, minha família musical. Desde o início, me preocupei em saber como cada um poderia se manter todos esses meses sem trabalhar. Próximo ao meu aniversário, em abril, tive a ideia de, em vez de ganhar um presente, dar um para os meus fãs, com a live. Foi um sucesso. Não precisei demitir ninguém, todos continuam trabalhando, e ainda pude ajudar outros artistas, músicos e instituições com as arrecadações”, conta Diogo.
Em agosto, teve a oportunidade de voltar aos palcos para matar a saudade de fazer show com a presença do público. Mas, de um jeito um pouco diferente. “Foi muito interessante a experiência do drive-in e quero fazer outros neste formato. Os aplausos foram as buzinas dos carros, mesmo no meio das músicas, mas algumas pessoas saíram e aplaudiram do lado de fora. Palco é palco e tem uma energia muito boa”, relembra. O evento foi realizado no Allianz Parque, na capital paulista.
(Fotos: Leandro Ribeiro)
Além disso, Diogo tem lançado singles nas redes sociais e plataformas on-line, como o último “Princípio, Meio e Fim” e, em breve, trará mais novidades musicais. Em setembro, também estava selecionando o repertório para a gravação do DVD “Samba de Verão” que deve ser gravado agora em outubro, provavelmente na Praia do Recreio. Então, aproveitou para ouvir ainda mais samba para escolher o repertório, entre materiais inéditos e antigos, de artistas como Fundo de Quintal, Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz e Jorge Aragão.
Nos malls de todo o Brasil
Diogo Nogueira também já fez muitos shows em shoppings e tem uma relação especial com o setor. Como ele mesmo conta, no início de sua carreira, cantava em praça de alimentação, entretendo os clientes “entre uma mordida e outra de sanduíche”. Com a chegada do sucesso, continuou com suas apresentações em shoppings, mas, agora, para seus próprios fãs. “Com o crescimento do trabalho, fiz grandes shows em que as pessoas foram lá para me assistir. Por exemplo, no aniversário do Recreio Shopping, cantei para uma multidão no estacionamento, ou em Goiânia, no projeto maravilhoso que o Shopping Flamboyant faz.”
Mas o artista pode ser visto também com frequência nos malls do BarraShopping e CasaShopping. Esses são os dois empreendimentos que costuma frequentar no Rio de Janeiro, onde reside. “Lá, compro tudo o que preciso, desde supermercado, roupas, tênis, livros, móveis… Vou jantar, almoçar ou fazer um lanche. É como ter outra casa pertinho da minha. Um adianto na vida”, detalha.
“Os shoppings fazem muitos eventos culturais, o que é muito bom e ajudam a divulgar nossa cultura. Já fiz vários shows em shoppings por este Brasil afora e gosto muito. Tem sempre um público caloroso e participante. Para melhorar, só tendo mais e mais shows nestes espaços.”
Artista multimídia
Atualmente, a música é consumida de diferentes formas pelo público. No Spotify, por exemplo, Diogo Nogueira tem cerca de 1,5 milhão de ouvintes por mês. Sua discografia também está em todas as plataformas de streaming e mantém contato com os fãs pelas redes sociais Instagram, Facebook e Twitter. “Com certeza, a democratização no acesso e o consumo da música em diversos formatos ajudam na divulgação e na promoção dos novos lançamentos, além de fazer o catálogo dos artistas chegarem a um novo público. Os desafios sempre existirão e os artistas, gravadoras e empresários terão sempre que se atualizar, se reinventar, e isso vai ser sempre assim, independentemente do cenário atual”, opina.
Família Nogueira
A maior inspiração de Diogo não poderia ser outra: seu pai, João Nogueira. “Sou filho de um sambista consagrado, trago esse legado comigo, essa responsabilidade com a história do samba e da minha família. A música está na minha casa desde sempre.” A relação começou ainda com seu avô paterno João, que era sergipano e de uma turma de músicos como Pixinguinha, Donga e Jacob do Bandolim.
Depois, teve a influência do pai. “Recebi a música como herança. Mesmo querendo fazer outra coisa, que era jogar bola, não teve jeito e a música foi mais forte. Meu pai sempre foi uma grande referência. É um cara que, além de ter sido um grande compositor, sempre se posicionou em defesa do samba e da cultura brasileira. E isso eu carrego comigo.”
Diogo já lançou dez CDs, quatro DVDs, três singles e um EP em 13 anos de carreira. Venceu o Grammy Latino por duas vezes. “Desde o início, sempre quis cantar aquilo que me emocionava e gostava e assim fui construindo minha trajetória. É um trabalho que me orgulha bastante por poder levar a música brasileira por todos os lugares onde passo, inclusive no exterior.”
Como o cantor ainda nem entrou nos ’enta’, há muitos projetos que deseja colocar em prática. “Quero fazer cinema e estamos com alguns planos que, em breve, poderei falar melhor. No campo pessoal, quero poder ajudar na educação das crianças, através da música. Será um estímulo para que elas possam abrir suas mentes para um futuro com mais esperança, apesar de tanta desigualdade. São sonhos, mas concentro meus esforços para ajudar a transformá-los em realidade.”
“Estamos num momento difícil, mas tudo vai passar. Vamos ter fé e seguir com nossa arte, que não morre nunca.”
O atleta
O futebol sempre foi mais do que uma paixão na vida do cantor. Ele tentou seguir a carreira de jogador, mas uma lesão fez com que parasse. Sempre que pode, bate uma bola. É ainda surfista, luta jiu-jitsu e joga futvolêi. “São minha terapia. Pratico surf desde os meus 7 anos e jogo minhas peladas sempre que posso com os amigos. É bom demais! É uma forma de recarregar as energias e deixar o corpo em movimento.”
Durante o isolamento social, quando os campeonatos estavam suspensos, sentiu muita falta de ver seu time jogar. Seu amor pelo Flamengo é mais do que declarado, um verdadeiro torcedor fanático. “Vejo todos os jogos, torço que nem criança, grito, xingo e adoro!”
Agora, vamos confessar: quando Diogo canta, todos jogam no mesmo time. Um astro que brilha e representa a música brasileira mundo afora.