MAI/JUN 2021 – Edição 235 Ano 34 - VER EDIÇÃO COMPLETA

Fabiana Karla, um fenômeno nos palcos, nas telas e até na literatura

4 de junho de 2021 | por Solange Bassaneze | Fotos: Divulgação
Carismática, divertida, criativa, cheia de energia… por onde passa ela deixa marcas com personagens icônicas 

Bem-humorada, pitoresca, brincalhona… A atriz Fabiana Karla é assim desde a infância. Como sua família sempre foi muito engraçada, nunca faltaram risadas dentro de casa, então, era um exercício natural diário. Mas ela se destacava. 

Entrevista com Fabiana Karla - Revista Shopping Centers

Seu avô Antônio Martins sempre falava que ela seria uma artista e ele estava certíssimo. Adorava imitar o saudoso Genival Lacerda. Na venda de seu avô, a menina de bem com a vida não perdia a chance de arremedar os clientes. Seu olhar sempre foi diferenciado para uma criança. “Eu gostava de ver as pessoas sorrirem, era como se fosse um compromisso. E isso foi se ampliando que até o humor me abduziu. Acredito que a arte me salvou porque sempre fui muito criativa, atenta e com muita energia e não sabia onde canalizar. Se eu não tivesse me interessado pelo lado artístico, seria um fio desencapado. A arte foi o plugue da minha energia”, relembra. 

Relembrando as origens 

Natural de Recife, Fabiana Karla sempre que pode retorna às raízes e, quando está distante, sente saudades das pessoas, da comida, dos lugares e, claro, do teatro. Foram nos palcos de Pernambuco que ela começou com o projeto escola e relembra o quanto era gratificante fazer peças infantis. Tem boas lembranças do camarim, do público e até quando trocava de figurino embaixo do caminhão para se apresentar nas ladeiras de Olinda. Mas a maior recordação é de quando ganhou o prêmio de melhor atriz no Festival Arte Viva Elo, em 1991, com a personagem Lucicreide. Arte Viva era a escola de teatro e Elo, o colégio em que estudava. 

A comediante pôde reviver a empregada doméstica pernambucana mais uma vez, agora, com o filme ‘Lucreide Vai Pra Marte’, lançado em março de 2021. “Maximizar uma personagem para o cinema é eternizar. Foi muito especial levá-la para uma temática de corrida espacial. Quando bateu a claquete e ouvi ‘Lucicreide Goes To Marte. It’s one’, uma lágrima escorreu. Eu me senti representando os brasileiros e a força da mulher nordestina.” 

Para Fabiana Karla, o sentimento foi de retratar que a conquista está ao alcance de todos, por mais que os outros desacreditem. Mas, como o filme foi lançado durante a pandemia, não teve a estreia esperada por Fabiana e todos os outros profissionais envolvidos na produção da comédia, que está disponível na TV On Demand. 

A personagem Lucicreide também arrancou muitas gargalhadas do público em Zorra Total. Foram anos de trabalho no programa com diversos outros personagens, como Gislaine e Dilmaquinista. No cinema, já viveu diversos papéis e, inclusive, foi diretora, ao lado de seu primo Chico Amorim, no documentário O Caso Dionísio Diaz. 

Fabiana ainda fala sobre a situação vivida pelos cinemas durante a pandemia. “É como uma sala de cirurgia parada. Eu digo que os artistas são médicos que curam almas, sem pretensão alguma. Mas muita gente vem agradecer pelas risadas e pela emoção sentida. Ver uma sala de cultura fechada dói muito. Eu particularmente tenho muito a dizer por causa do meu filme. Muitos cinemas fechados no momento em que estávamos a 10 dias do lançamento.” 

Ela também gosta de frequentar o cinema e, geralmente, vai ao shopping já que a maioria das salas está nos malls. “Tem vários shoppings que eu adoro no Rio de Janeiro e no Recife e gosto de desfrutar desse ambiente fora de tempos festivos quando está lotado. É difícil eu caminhar no shopping, mas vou quando quero comprar um presente pessoalmente, tomar um café, almoçar com uma amiga… Adoro olhar os detalhes de uma loja com itens para casa, por exemplo.” Fabiana também é convidada por alguns empreendimentos para dar palestras, então, tem esse vínculo com o setor. 

A arte durante crise

Desde o início da pandemia, mesmo com todas as dificuldades vividas, Fabiana Karla seguiu trabalhando. Mas o cenário é diferente para quem fica por trás do show. “No meu caso, tenho uma visibilidade e a condição de compartilhar os meus privilégios e ajudar a galera do backstage que vivia de shows, dos outros artistas. Essa é a galera que está mais prejudicada. Porque eu consigo fazer algumas campanhas publicitárias, montar os cenários em casa para fazer as lives e levar os projetos adiante. Ainda lancei um filme na pandemia.” Seguir pensando no próximo e, ao mesmo tempo, trabalhar é o caminho seguido por Fabiana. “O artista sempre foi resistente e continua.” 

Fabiana Karla - Revista Shopping Centers

A comediante diz que o momento atual tem sido muito difícil até para ela que é otimista e positiva. “Parece que eu tenho a síndrome do jogo do contente, a síndrome de Poliana, sou muito brincalhona por natureza. O cenário que estamos vivendo está nos deixando um pouco ranzinza. Não é possível ficar feliz ao ver tanta gente sofrendo e morrendo e quem poderia e trazer vacina e não faz. Então, gera desmotivação. É difícil você assistir a um jornal e, depois, entrar no estúdio e fazer algo com muita alegria. Mas vamos nadando contra a maré e tentando entender que nós somos o alento de quem está em casa se resguardando. A gente precisa fazer humor como um elixir para as pessoas. Acho que estamos vivendo uma montanha russa de sentimentos.”

Imunização para todos

A perda do ator Paulo Gustavo também foi um momento muita dor para a atriz. “Além de termos uma perda como a do Paulo Gustavo, vemos milhares de pessoas morrendo. Todas por terem sido negligenciadas. Se o Paulo tivesse tomado as duas doses da vacina, será que ele tinha ido embora? O Paulo foi um cometa gigantesco para ser o ícone dessa dor que muitos brasileiros estão passando. Através da morte dele, a gente deixa claro que outras pessoas morreram pela mesma circunstância de não ter vacina.”

A atriz tomou a primeira dose da vacina contra a Covid em Recife, sua cidade natal, em meados de maio, e se emocionou no momento da imunização. Para manter a mente em equilíbrio, tem buscado meditar. “A meditação tem me trazido para o eixo. Só tem benefícios. Mesmo em dias que não estou conseguindo, me esforço. Quando termino, acalma o meu espírito e a minha mente. Eu acho que a mente tem que estar sadia para comandar o corpo porque ultimamente as pessoas estão padecendo com muitas doenças psíquicas. A meditação é uma grande ferramenta para que a gente consiga dar um comando positivo para o corpo e ter a saúde mental.”

Fabiana Karla toma vacina da Covid-19. - Revista Shopping Centers

Mãezona

Fabiana também tem um lado materno muito forte e gosta de ter seus três filhos por perto. “Sou protetora, amiga, cuidadosa, gosto de ouvir. Acho que o diálogo é uma ferramenta primordial para que se tenha o respeito e o entendimento. Respeito à personalidade e à individualidade de cada um. Às vezes, eu sou dura nas palavras, porque é melhor que eu diga do que outras pessoas venham dizer sem o mesmo cuidado e amor. Sou aquela mãe que quer fazer o Natal, o Ano Novo… meus filhos já estão velhos e eu faço a Páscoa ainda! É mais para mim, sabia, pela culpa de não ter feito tanto esses momentos porque eu estava trabalhando. Eu me dividia entre o trabalho e os filhos”, relembra. 

Sempre pronta para novos desafios

Com tantos papéis e trabalhos, a atriz sempre busca inspiração no povo. “Por eu ser nordestina, a minha matéria-prima são as pessoas. Em quem me inspiro mesmo é no meu povo nordestino, que se vira em tudo com amor e afinco.” 

Fabiana ainda é escritora e seu livro infantil, o Rapto do Galo, foi um dos selecionados pelo PNDL (Programa Nacional do Livro Didático) em 2018. Ela redigiu a obra durante um voo entre Rio de Janeiro e Recife. 

Enfim, não importa onde esteja, na TV, no teatro, no cinema, na internet, por meio de um livro, ela leva cultura e entretenimento para as pessoas sempre demonstrando todo o seu amor pelas artes. 

Os preferidos de Fabiana Karla - Revista Shopping Centers
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