Referência mundial, ele já marcou uma geração com conquistas memoráveis e segue com foco e determinação para mais vitórias
Nascido em Baía Formosa, no Rio Grande do Norte, Italo Ferreira começou a pegar ondas ainda menino com pranchas emprestadas e já se mostrava diferenciado. Não demorou para seu talento ser descoberto e, aos 12 anos, tudo começa a mudar.
Vieram as primeiras conquistas e não parou mais. Sua trajetória é consagrada com muitos títulos, levando o nome do Brasil e de sua terra para o todo o Planeta, o que enche de orgulho todos os brasileiros.
Com certeza, você deve se lembrar de quando ele foi campeão do maior circuito do surfe mundial, vencendo a última etapa contra o bicampeão Gabriel Medina, em Pipeline, no Havaí, em 2019, ou, ao conquistar o histórico e o primeiro ouro para o Brasil nos Jogos Olímpicos, dando um show nas ondas de Shidashita, em Chiba, no Japão, em 2021.
Esses são alguns dos mais recentes, mas tem muita vitória antes e depois. E ele carrega muitas memórias afetivas desses momentos.
“Todas têm alguma ligação com a minha família, que sempre me apoiou. A Olimpíada de Tóquio é uma delas, a lembrança da minha vó naquele momento descreve tudo que senti, muita gratidão por ter conseguido chegar até aqui, de não deixar de ser quem eu sou”, relembra.
Ao fazer uma retrospectiva do momento em que seu sonho começou a alcançar as primeiras ondas fora de sua cidade natal, ele afirma ser difícil dizer o que foi mais marcante. “Foram muitos momentos especiais desde o meu primeiro torneio profissional, a minha primeira viagem, e o apoio dos meus pais, que me deixaram viajar e seguir o meu caminho no surfe quando muitos achavam loucura.” Mas Italo Ferreira carrega consigo até hoje a mesma determinação e fé de quando começou a encarar as ondas. “Sempre entro no mar focado em me divertir, pegar onda e, com fé, isso nunca mudou, nunca vai mudar”, reforça. Aliás, a fé é um dos ensinamentos passados por seus pais, que ele carrega para sua vida. E em dia de competição, não há qualquer ritual, mas, segundo ele, costuma se conectar com Deus.
E como vida de atleta de alta performance exige muita dedicação, o surfista treina quatro vezes ao dia, alternando entre surfe no mar, pegando ondas mesmo, e musculação na academia, para fortalecer a musculatura e aguentar todo tipo de onda.
“Costumo ir pro mar por volta de 5 horas da manhã, volto pra casa, tomo café, e, no meio da manhã, faço alguns exercícios na academia, à tarde, dependendo das condições do mar, volto a surfar, e, no início da noite, termino o treino na academia. Quando há necessidade, faço fisioterapia.”
A expectativa de todos é que venham mais títulos agora em 2023. “Estou treinando pra isso, quero ir lá fazer o que eu amo, surfar, e o título vai ser a consequência disso.” Aliás, segundo Italo Ferreira, o respeito e o legado de sucesso dos brasileiros no circuito mundial de surfe traz muitos ganhos. “Isso só fomenta o esporte, faz com que ele cresça e que o surfe tenha mais investimento para que novos campeões surjam.”
Para encarar ondas gigantescas, mesmo com toda a experiência, os atletas precisam considerar a imprevisibilidade do mar. Com Italo, não é diferente.
“Surfar exige calma, estratégia para saber o momento certo da onda, e preparo físico e, principalmente, mental.”
E todas as vezes que está nessa imensidão com sua prancha, o sentimento é de gratidão. “Me sinto feliz, amo surfar, isso é a minha vida.” E com esse esporte, o campeão aprendeu muito ainda sobre disciplina, humildade e respeito. Mas, claro, que já sentiu medo em alguns momentos.
“Tenho respeito pelo mar, pela grandiosidade da natureza, então, o medo é natural, mas ele não me para.”
Por mais que desbrave ondas em diferentes localidades, ele continua morando em Baía Formosa e, quando está longe de casa, sente saudades da família, dos amigos, do mar, da comida.
Aliás, sua terra natal é um dos locais preferidos para surfar, disputando com Portugal e Fernando de Noronha. E se tem algum pico que ele deseja conhecer é Mentawaii, o grupo de ilhas da Indonésia.
Sempre que viaja, o surfista também costuma dar uma passada em algum shopping. “Gosto de ir ao cinema e nas lojas de joias e roupas.” Não tem um preferido na sua lista, mas quando está na cidade de São Paulo, frequenta o JK Shopping e o Cidade Jardim justamente por conta dos cinemas e das joalherias.
Instituto Italo Ferreira
Italo é uma referência para crianças também e ele sabe o quanto isso exige de sua pessoa. “É um misto de sentimentos, me sinto honrado, feliz e há uma grande responsabilidade também, então, busco ser uma boa inspiração pra eles em tudo o que faço.”
E ele foi além ao fundar o Instituto Italo Ferreira, em Baía Formosa, em 2022. A primeira fase das obras já foi concluída e, desde outubro do ano passado, o local oferece atividades de psicomotricidade, coordenação motora, atenção, concentração através de movimentos, atividades recreativas, ritmos, conexão e ambientação com meio ambiente e meio líquido (mar).