MAR/ABR 2024 - Edição 252 Ano 37 - VER EDIÇÃO COMPLETA

A vibe contagiante do Jota Quest

28 de março de 2024 | por Solange Bassaneze / Fotos: Divulgação e Jota Quest
Banda segue com turnê por arenas, shows, lançamento de álbum e muita energia para animar o público

Rogério Flausino (vocal), Marco Túlio Lara (guitarra e violão), Márcio Buzelin (teclados), PJ (baixo) e Paulinho Fonseca (bateria). Esse quinteto do Jota Quest, uma das maiores bandas do pop rock brasileiro, segue marcando a vida de centenas de milhares de pessoas com suas canções. Em 2020, o grupo planejava rodar o Brasil para comemorar os 25 anos, mas a pandemia veio e o projeto teve que ser adiado. Em julho de 2022, a turnê Jota25 teve início, seguiu por todo o Brasil e teve ainda gravação de um DVD no estádio do Beira-Rio, em Porto Alegre (RS). Agora, em 2024, estreou o Jota25 Arenas na cidade do Rio de Janeiro (RJ) e, em março, se apresentou em Goiânia (GO). Nesta agenda, tem grandes shows em São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR) e Recife (PE). “Está sendo maravilhoso celebrar a vida, a nossa união e amizade. Já são mais de 27 anos juntos”, conta o vocalista Rogério Flausino.

Os integrantes reunidos no estádio Beira Rio, em Belo Horizonte (MG)

Nas arenas, o esqueleto do show é o mesmo: grandes momentos e sucessos da banda acumulados ao longo dos anos, tendo como fio condutor o fato ter a mesma formação desde o início. “Quisemos que o show fosse muito além de olhar para trás, precisava apontar pro futuro, quizá para o presente, que soasse aos fãs como uma experiência nova com a mesma banda e o mesmo repertório.” O Arenas é um plus disso e agora traz também canções do álbum “De Volta Ao Novo”, que tem o lançamento do volume 2 em abril.

“A parte tecnológica do show é um diferencial, estamos conseguindo usar o que está à nossa disposição: telões digitais, iluminação conectada à música, transmissão simultânea, drone, explosões de papel, os jatos e tudo o que inventaram ultimamente. E isso deixa o show mais intenso, divertido e colorido. Acredito que, sem dúvida, essa fase do Jota está sendo uma das melhores da nossa carreira.”
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Foto: Mauricio Nahas

Mesmo com o fato de ter que adiar a turnê, o nome ficou Jota25 e motivos não faltaram. “É um nome que deriva do pentágono, somos cinco integrantes, são cinco pontas, 5×5 = 25. Existiam algumas brincadeiras e mantivemos esse nome. O nosso primeiro álbum Independente foi lançado em 1995 e, no final de 1996, saiu o nosso primeiro disco pela Sony Music, a partir daí, a gente começa a contar a nossa história”, conta Flausino. Para quem já foi, sabe que a energia é incrível e o vocalista conta que está sendo demais repassar essa história em vida.

“A nossa banda nunca parou ou se ausentou dos palcos. Fomos construindo nossa história junto aos fãs. Então, há rapaziada de todas as idades, desde os fãs mais antigos misturados com uma turma nova que está chegando e se identificando com as canções. O show é muito intenso e tem mais de duas horas. Traz mensagens legais de amor, esperança, união, amizade… E há todos os nossos estilos, de canção, baladas, mais dançante, pop rock, eletrônica… Assim como o show Acústico foi maravilhoso e eu não queria que acabasse, quando tiver que encerrar essa turnê será difícil porque a gente está se divertindo muito.”

Entre tantos sucessos do Jota Quest, alguns não podem faltar nas apresentações, como as mais ouvidas pelo Spotify, Só Hoje, Dias Melhores, Além do Horizonte e Fácil. Assim como as mais dançantes: Na Moral, Dores do Mundo, Do Seu Lado, e, claro, Tempos Modernos.

De Volta Ao Novo

Foto: Weber Pádua

Depois de um tempo sem fazer um álbum de inéditas, o quinteto lança o segundo volume do álbum ‘De Volta ao Novo’. São 19 faixas, sendo que 14 são canções e outras cinco trilhas musicais, que o deixam mais divertido. “É um álbum que estamos trabalhando com Rick Bonadio (produtor musical) pela primeira vez na carreira e estamos muito satisfeitos com o resultado. É uma fotografia bem legal do momento em que a gente está.”

A primeira metade foi lançada em outubro de 2023 e esse foi mais um projeto adiado pela pandemia porque eles não podiam se encontrar para concluir o disco.

“Algumas canções foram produzidas oficialmente e lançadas em 2020 e 2022. Em 2022, decidimos voltar para a estrada para nos reconectarmos com as pessoas. No início de 2023, quando decidimos seguir, ouvimos o material e entendemos que ele não representava mais o que a gente estava sentindo. Precisávamos de algo vibrante. Então, ligamos para o Rick Bonadio, dissemos que estávamos precisando gravar de novo. Ele entrou no time. Saiu um disco lindão do Jota, bem maduro, tem um pouco de cada Jota, mais dançante, canções de amor, de mensagem.”

O novo álbum tem participação de Herbert Vianna (Paralamas do Sucesso), do rapper mineiro FBC, parcerias com os titânicos Nando Reis e Sérgio Britto, duas músicas novas com o Wilson Sideral, outra com Lucas Silveira, da Fresno, além da música N-U-M-A-B-O-A, que  já vinha tocando no rádio, com Vitor Kley. Traz ainda duas versões para as canções de O amor é mágico, da banda portuguesa Expensive, e Amor Loco, do argentino Emmanuel Horvilleur. “Espero que as pessoas curtam, gostem e realmente ouçam.” 

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Foto: Weber Pádua

Sobre os hits, Flausino diz que o fato de uma canção perdurar mais de duas décadas significa que era para acontecer. “O compositor deve deixar fluir essa energia, ficando com as antenas ligadas, os ouvidos atentos e os olhos abertos. O artista de uma forma geral consegue sintetizar seu dia e, quando uma experiência particular, se transforma em uma experiência coletiva, é o acerto definitivo. Então, é demais você poder ter no caso do Jota várias canções que conseguiram ultrapassar esses limites”, detalha. 

Alto astral e lembranças

Foto: Rapha Garcia

Sempre com espírito jovial, quem vai ao show do Jota Quest se sente mais novo também. Isso é fato. Ele diz que não tem segredo para tanta jovialidade.

“Sou muito feliz e grato por viver a vida que eu vivo. Temos tido a oportunidade de ter uma banda de sucesso. Todos nós tínhamos nossas bandinhas. De repente, rola uma banda que faz um disco e o segundo explode. Até hoje seguimos tocando, cantando e alegrando as pessoas. Quanto mais velho a gente fica, mais dá valor ao que foi conquistado com um olhar que não se tinha quando era mais jovem. Você quer se respeitar melhor, respeitar seus limites e os limites do relacionamento. E isso é importante demais. É uma busca constante por um equilíbrio. Então, a alegria de palco com responsabilidade é de sempre entregar o melhor, como se fosse o último show. É meu ofício, eu amo e pretendo fazer até o último dia da minha vida.”

Com uma trajetória muito rica, escolher alguns momentos bem especiais e colocar como os primeiros da lista é complexo, mas Flausino relembrou alguns acontecimentos que marcaram a história da banda. Um deles foi quando cantaram no Rock in Rio pela primeira vez, em 2011, para 100 mil pessoas, na época, a banda celebrava 15 anos de carreira. Hoje, a lotação é de 80 mil. “Transmitido ao vivo, o show foi gravado e virou um DVD, que ganhou o Grammy Latino, de melhor álbum de rock daquele ano. Fomos premiados em 2013. Foi maravilhoso e inesquecível. Nessa vibe, quero trazer a música que cantamos com Roberto Carlos, em 2005, lançamento de Além do Horizonte. A música estava bombando na rádio e recebemos o telefonema de Dody Sirena – empresário na época de Roberto, para estar no especial dele. Foi legal demais, todos os nossos pais estavam lá e foi lindo. Nesse dia, eu falei: ‘hoje eu tô subindo na vida mesmo'”, conta o vocalista do Jota Quest. Depois, a banda teve a oportunidade de cantar com Roberto Carlos em 2015 e em 2021. 

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Preferências musicais

Filho do rock nacional dos anos 1980, os primeiros heróis de Flausino são bandas desta época: Legião Urbana, Paralamas, Titãs, Lobão, Lulu Santos, Barão Vermelho, Cazuza… Sempre trouxe para perto também a MPB do Clube da Esquina, como Milton Nascimento, Roberto Carlos, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Djavan e todos esses cantores incríveis. “Quando me mudei para Belo Horizonte e conheci os meninos do Jota Quest, Tim Maia e a black music brasileira e internacional passaram a fazer parte da minha vida. Mergulhei de cabeça nisso também.” E são muitas influências.

“Gosto de música eletrônica, de bandas internacionais de modo geral, tenho escutado muito Cold Play. Beatles e Rolling Stones são discoteca básica, Led Zeppelin mudou meu conceito para caramba, U2, também acho muito legal. É muita coisa.”

Perrengues por aí

Todo músico passa também por situações nem sempre esperadas na estrada. Flausino diz que, entre tantos fatos, alguns são engraçados. Certa vez, no aeroporto, todos estavam famintos, então, resolveram pegar alguns pães de queijo em uma lanchonete, só que o dono não chegava. Foram consumindo sem ninguém mesmo, com a certeza de que alguém apareceria para eles pagarem. Só que o embarque já estava próximo e ninguém chegava. Foi quando resolveram sair sem pagar e, claro, alguém viu.

“Já na fila do embarque, um segurança chega e diz que não poderíamos embarcar porque estávamos furtando pão de queijo. Explicamos que a gente iria pagar. Foi engraçado demais. Tivemos que deixar o nosso produtor no local para fazer boletim de ocorrência e ele só conseguiu vir no dia seguinte porque não tinha mais voo.” 

Mas há outros também de superação quanto a banda não estava bem, por causa do relacionamento entre os integrantes ou porque um projeto não deu certo. Então, sempre foi preciso se recuperar. “Nessa hora, a gente aprende pra caramba e, pelo menos, até agora temos conseguido voltar melhores.”

Memórias afetivas em shoppings

Todo mundo tem algo para relembrar nesse espaço. No caso de Flausino, se recorda da época em que era franqueado da Chilli Beans, com três lojas em shoppings de Belo Horizonte (MG). “Nesse período, passei muito tempo dentro deste ambiente, cuidando das lojas com a minha irmã e minha namorada na época. Foi um período de muito trabalho, porque o shopping não fecha nunca”, recorda. Atualmente, costuma frequentar para ir ao cinema e o BH Shopping que é o mais próximo de sua casa.  “Há restaurantes legais também, que os meninos gostam, sentam para comer um sanduba. De vez em quando, eu vou às lojas de roupas, mas são bem definidas.”

Com o Jota Quest, relembra ainda de uma tarde de autógrafos no Diamond Mall, quando a banda estava começando a estourar. “Acreditamos que daria 200 pessoas. De repente, virou uma loucura total com duas mil pessoas gritando e não tinha jeito da gente sair de dentro da loja e do shopping. Foi preciso chamar a segurança e polícia”, conta rindo. 

O Jota Quest também já fez shows do lado de fora do mall, aproveitando a estrutura do estacionamento. “É um espaço que sempre traz segurança para fazer eventos.” Flausino também destaca as apresentações no Flamboyant in Concert, do Shopping Flamboyant, em Goiânia (GO).

“Essa ação deveria ser copiada por todos os shoppings do Brasil. Eles escolhem um período do ano e oferecem um show por mês por meio de troca de notas fiscais.”

O Jota Quest já tocou algumas vezes nesse evento e a última foi em 2022. E Flausino deixa o recado: se quiserem podem contar com eles de novo. 

Por saber o quanto o setor de shopping centers é resiliente e trabalha arduamente 365 dias por ano, o vocalista escolhe o hit ‘Dias melhores’, como encerramento para essa entrevista. Então, pode fazer uma pausa e começar com essa sugestão do vocalista para abrir sua playlist hoje! 

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