Marcos Piangers, a maior voz sobre paternidade do país
Conheça um pouco mais sobre comunicador que impacta a vida de milhões de famílias com seus conteúdos
Mais do que jornalista, palestrante e autor do best-seller O Papai é Pop, ele é filho da Eloísa, marido da Ana e pai da Anita e da Aurora. Sim, estamos falando de Marcos Piangers, uma das principais referências do país no assunto paternidade. Seu conteúdo tem impactado pessoas de diversas partes do mundo ao mostrar a relevância e importância da maior participação dos pais na vida dos filhos, especialmente depois de um ano tão difícil.
Do caderno para as telonas
Antes de virar esse fenômeno e ganhar a simpatia do público, o comunicador já se destacava como apresentador de TV e rádio no sul do país. As anotações que fazia sobre a sua primeira filha, Anita, começaram a ser publicadas no Facebook e ganharam a simpatia do público. Por fim, essas histórias viraram o livro O Papai é Pop, que já tem mais de 300 mil exemplares vendidos e o sucesso só aumentou. A obra vai virar filme – as gravações começaram em janeiro de 2021.
O lançamento do filme deve acontecer ainda nesse ou no próximo ano e será estrelado por Paola Oliveira e o Lázaro Ramos. “Estamos profundamente emocionados de ver essa possibilidade tão familiar e de conexão com os filhos ser levada para mais pessoas através de atores brilhantes e inspirados. O Lázaro Ramos representa essa resiliência, esse talento e essa sensibilidade que o homem pode ter. Vai ser muito bonito ver isso nos cinemas”, conta Piangers.
Nos lançamentos de todos os seus livros, as filas nas livrarias eram enormes. “Todos foram lançados em shopping centers de Joinville, Blumenau, Curitiba, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Ficamos cinco e seis horas autografando, tirando fotos e conversando com as pessoas. Foi tremendamente gratificante e incrível, esses momentos vão ficar para sempre na minha memória.”
Aliás, as livrarias estão entre os passeios favoritos em família. Em Curitiba, costuma ir ao Shopping Pátio Batel e a Livraria da Vila sempre está dentro da programação. “Temos um combinado de que os livros são presentes que eu e a minha esposa sempre vamos dizer sim às nossas filhas. Permitimos que escolham quantos elas quiserem. Depois, sempre paramos no café da livraria e começamos a lê-los. É um passeio muito gostoso.”
“Poder ir em uma livraria de shopping, sentar em uma área kids e ficar lendo com as minhas filhas é um desses momentos mágicos.”
Marcos Piangers brinca que o shopping e a paternidade combinam demais. “Muitas vezes, um pai novo não sabe onde ir e nem o que fazer com o bebê e shopping se torna seu melhor amigo. Lá, não tem chuva, vento, sol no rosto, o ambiente é climatizado, o banheiro masculino possui trocador de fraldas, há praça de alimentação e o que olhar. Os shoppings são ótimos para esses primeiros meses e anos de vida. Lembro que íamos muito ao BarraShopping, quando morávamos em Porto Alegre. Quando a Aurora nasceu, tínhamos o hábito de comer um hambúrguer e tomar um suco natural com a nossa filha mais velha, que só tem lá. Mais tarde, passamos a ir ao cinema.”
Uma pesquisa da Abrasce comprovou que as pessoas têm memória afetiva com o shopping center e Piangers já provou que são várias. Mas nem todas são alegres e muitos pais vão se identificar. Quando morava em Porto Alegre, frequentava também o Shopping Praia de Belas e sempre gostava de ir ao Press Café. Recorda que, em uma das visitas estava acompanhado das duas filhas. Época em que a Aurora deveria ter uns 2 anos. A caçulinha quis provar balas de gengibre que o Marcos Piangers sempre costuma ter no bolso.
“Ela começou a mastigar aquela bala e ficar feliz com aquilo. No café, ela tomou um suco de laranja. Só que as balas e o suco não fizeram bem e, logo em seguida, voltou tudo. Eu não acreditei: estava no meio do shopping todo vomitado. As pessoas me reconheceram e foram muito generosas, me ajudaram para que eu fosse até o banheiro, abriram caminho para eu pagar o estacionamento”, relembra a cena rindo.
Nos palcos
Mesmo em 2020 com a pandemia, ele não parou de dar palestras e fez isso de modo remoto. Pelo contrário: conseguiu participar de mais eventos, sem ter que se deslocar de avião e dormir em hotel, o que fortaleceu ainda mais os laços familiares. Por outro lado, está morrendo de saudades da presença do público no mundo real. “As vantagens dos eventos ao vivo são incomparáveis. É cheio de energia e de interações imediatas, algo muito difícil de replicar no remoto. O público se alimenta da minha energia e eu da deles. Tirar fotos com centenas de pessoas por horas que enchem o meu coração de histórias e renovam o meu repertório. Isso faz falta e espero que volte logo”, diz.
O antes e o depois
Após a paternidade, Marcos Piangers passou por um processo de transformação. Segundo ele, escondia sua sensibilidade e acreditava nas mentiras de que homem não chora, não sente, não diz eu te amo e precisa ser bruto o tempo todo. Não valorizava sua mãe como hoje, uma mulher que vivenciou a experiência de ser mãe solteira assim como quase 1/3 das mães brasileiras.
“Acredito que a gente aprende a ser filho e entender as dificuldades que os nossos pais passaram quando viramos pai. Posso colocar que eu era ingrato e mais insensível. A Aurora e a Anita me deram a chance de me conectar com as minhas sensibilidades e de me tornar agradecido pela mãe que tive. Entendi e passei a agradecer tudo o que ela fez por mim e faz até hoje”, conta.
Até mesmo alguns anos depois de ter a sua primeira filha, considera que tinha uma visão machista e limitada sobre as diferenças de gênero. “A sociedade é muito desrespeitosa com as mulheres e constrói uma série de privilégios para os homens. Não estou dizendo que os homens não sofrem, mas vivem nessa prisão insensível.” Ser pai de duas meninas o fez entender melhor isso e também de saber que, só por conta de serem mulheres, suas filhas podem sofrer violências, medos, assédios, agressões e diminuições, já nos primeiros anos de vida.
“É triste perceber que nós, os meninos, somos incentivados a diminuir e desmerecer as meninas, a dizer que elas não correm rápido, que não sabem jogar bola, que não são boas no videogame ou na brincadeira. E a gente começa a construir a nossa masculinidade em oposição ao que é feminino. Então, o menino vai só pegando tudo o que é da menina e dizendo: eu sou o contrário disso. É triste para os meninos também porque não podem demonstrar os sentimentos.”
Apesar de não ter tido a presença da figura paterna em sua vida, Marcos nunca sentiu medo de ser pai. Ao contrário, ele se tornou o pai que sonhou em ter. “Percebi que poderia quebrar esse ciclo de abandono e ser mais feliz, paciente, sensível, criativo, divertido, bem-humorado e equilibrado. Poder virar pai me ajudou a chegar onde estou. Tive medo apenas de não conseguir sustentar uma casa, algo que os homens sentem. Mas a empolgação superou isso”, recorda.
Inovação no DNA
A mãe de Marcos Piangers foi a maior incentivadora de sua criatividade e aplaudiu todas as suas tentativas desde a infância. Isso fez com que ele sempre desafiasse os padrões na escola e, depois, na faculdade de jornalismo. Ao chegar ao mercado de trabalho, continuou com o pensamento crítico e a vontade de se reinventar. “Daí, é claro que é muito mais fácil se transformar profissionalmente quando você exercita isso todos os dias e não aceita cair em pequenas zonas de conforto desconfortáveis. Muitas pessoas odeiam aquele trabalho das 8 às 18 horas, de chegar atrasado para pegar o filho na escola e de almoçar com colegas que não escolheu conviver. E isso que eu sempre questionei e busquei remodelar para eu ter uma vida mais rica e também transformar a do outro.” Esse exercício constante de antifragilidade o ajudou muito quando decidiu largar o crachá.
O poder do amor
Marcos Piangers fala muito sobre o verdadeiro sentido da vida, mas, muitas vezes, isso está adormecido nas pessoas. Mas, não é tão difícil começar a viver essas experiências. Segundo ele, o grande problema é que vivemos em uma sociedade de consumo e ocupação constante. “Todo mundo repete os padrões de felicidade e caminhos profissionais dos outros. Só que a felicidade é individual. Ao se acostumar com esses lugares de conforto desconfortável, a gente acaba com medo da mudança, de ser quem a gente realmente é e de ser feliz no final das contas.”
Todo o conteúdo que produz na internet é para inspirar. “Todas as vezes que publiquei algo e vi as pessoas brigando nos comentários, eu apaguei. Quero inspirar a melhor versão do outro. É sobre como eu posso melhorar e, se alguém puder aproveitar essa experiência, é fantástico. Diariamente, recebo mensagens, áudios, vídeos de pessoas dizendo que se transformaram de diferentes formas após serem expostas ao meu conteúdo. A verdade está dentro de cada um e algumas coisas que eu falo são bastante óbvias, mas em uma sociedade doente focada no consumo, em industrializar os nossos dias, é importante falar, ouvir e fazer o óbvio.”
Em um ano tão difícil como o de 2020, Marcos Piangers acredita que falar de amor, significado, propósito, afeto e família se tornou ainda mais essencial. “O período de perdas nos aproxima da possibilidade de dar valor à vida e perceber que ela é finita. Por isso, é preciso valorizar os nossos caminhos e o nosso tempo e escolher um trabalho com propósito. A gente merece uma vida mais gratificante e feliz todos os dias, e não só quando for aposentar, ganhar tal salário ou morar à beira praia. Você tem que ser feliz hoje, porque de um dia para o outro a vida pode acabar”, instiga.
Paternidade e trabalho
Para quem virou pai e mãe recentemente, Marcos Piangers indica comunicar a empresa que agora você tem outra prioridade na vida. E não deve ter vergonha em deixar isso claro. “As empresas precisam entender esse valor. O PIB não mede o esforço de passar 18 anos cuidando de outro ser humano. Lá na frente, haverá o retorno econômico do pai presente e da mãe que teve a tranquilidade e a capacidade de educar e construir esse ser humano. Os filhos não são as pessoas que atrapalham o trabalho importante, eles são o trabalho importante.”
Destaca ainda o quanto a participação dos pais é primordial na vida de um filho. Estudos científicos recentes dizem que um pai presente vive mais e desenvolve outras habilidades. Por outro lado, o filho cresce melhor quando brinca com o pai e fica mais preparado para enfrentar o estresse no futuro. “Se você quer ser bem-sucedido profissionalmente, é importante entender que tem uma série de benefícios para você aprender com os seus filhos. Entre eles, ter seu momento de produtividade e de conexão afetiva com a sua família de forma plena e atenciosa.”
Piangers ainda alerta sobre o uso excessivo do celular. “Esse dispositivo é incrível para nos tornar mais produtivos, se usarmos os aplicativos certos, mas, em geral, utilizamos três vezes mais aplicativos que nos deixam menos produtivos e mais deprimidos. Apagá-los ou usá-los menos fará com que tenha mais produtividade profissional e também de atenção paciente e afetuosa com os nossos filhos, familiares e amigos.”
Ele concorda que o mundo on-line pode atrapalhar as experiências reais. Isso ocorre porque os sistemas virtuais construídos estabeleceram uma relação biológica com o comportamento do ser humano e oferecem apenas prazeres e nenhum tipo de frustração. “O mundo real tem comida salgada demais, cerveja quente… O que o mundo virtual faz é nos mimar. Dessa forma, as experiências do mundo real vão ficando mais desconfortáveis, mas esses desconfortos são essenciais para a sobrevivência humana. É preciso exercitar a vida analógica, a capacidade de transformação humana e não apenas de ser bajulado por algoritmos. A máquinas estão sofrendo um up grade todas as vezes que relacionam com a gente e nós seres humanos estamos sofrendo um downgrade quando nos relacionamos com elas.” Investir na família, nos filhos e nos amigos a longo prazo é o maior sinal de felicidade.