Micaela Góes, a apresentadora que transforma a casa e a vida das pessoas
Ela nos conta um pouco sobre como foi fazer um programa de forma remota e dá dicas para quem continua em home office
Com a pandemia, muitos programas de TV tiveram que se adaptar a uma nova rotina. Transmissão feita diretamente da casa de apresentadores e comentaristas foi uma das saídas encontradas. Um jeito diferente de se comunicar. Com a apresentadora Micaela Góes não foi diferente. O programa Santa Ajuda, do GNT, ganhou uma temporada especial, o Santa Ajuda-se. Neste formato, os participantes tinham que se filmar e fazer a organização sob a orientação de Micaela.
Para gravar o programa, contou apenas com a ajuda de sua irmã Georgiana Góes e do técnico Augusto Barros. Os três tiveram que cuidar de tudo como cenário, cabelo, maquiagem, figurino, gravação, iluminação… O restante da equipe deu toda a assistência e consultoria à distância. Enquanto isso, a apresentadora seguia isolada desde o início da crise sanitária com sua família na região serrana do estado do Rio de Janeiro.
“O maior aprendizado foi criar uma nova forma de me comunicar e de prestar a consultoria de organização de maneira remota”, destaca. Segundo a apresentadora, houve uma procura muito grande de inscritos já que a vivência com a casa mudou. “As pessoas passaram a se relacionar muito mais com o lar porque precisaram ficar o tempo inteiro em casa. Com isso, começaram a se incomodar com o que não incomodava e a valorizar o que não valorizava”, diz Micaela Góes.
Durante o isolamento
Conviver com os amigos de forma livre foi o que a apresentadora mais sentiu falta enquanto esteve com suas filhas e o marido na quarentena. Ao mesmo tempo, conseguiu aproveitar sua família como há muitos anos não conseguia. Logo no início da crise sanitária, todos foram para essa casa de campo a fim de viver uma vida diferente e sem excessos.
“Construímos essa residência há um pouco mais de dois anos e nunca tínhamos desfrutado tanto. Pude acompanhar as minhas filhas nas aulas on-line. As ensinando a estudar, se organizar com o planejamento e, inclusive, a ter independência de tarefas que todo o ser humano tem que saber. Além disso, criamos uma horta agroflorestal, adotamos um minhocário e passamos a fazer compostagem com o nosso resíduo orgânico.”
No âmbito pessoal, esses momentos foram muito preciosos para Micaela. “Sob a perspectiva do coletivo, são tempos muitos sombrios, pessoas passando muitas necessidades, uma dor muito grande por tudo isso.”
Dicas práticas para quem continua em home office
Segundo Micaela Góes, o principal inimigo da organização é o apego. “Você cria a ilusão de que aquilo será útil em algum momento. Quando você realmente precisa daquilo, a desordem não te deixa encontrar. Daí, você compra outro e fica com dois sendo que nem precisava tanto assim de nenhum”, exemplifica.
Para resolver o problema, é importante livrar-se do que não é necessário!
“Todo processo começa por uma boa triagem. Dar encaminhamento aquilo que não serve mais é o primeiro passo para começar a organizar a sua casa e a sua vida”, indica.
Para quem continua em home office, Micaela orienta a criar um ambiente específico na casa para ser o local de trabalho. Se utiliza o computador e precisa fazer reuniões e calls, esse espaço deve ter alguma organização e privacidade. “É importante se arrumar, trocar de roupa e estabelecer o horário que começa e termina. Além disso, ter todos os itens de trabalho reunidos em uma mesa fixa, em uma bandeja ou em uma caixa, para que tudo fique reunido para que não se perca na desordem. Deve ainda usar uma cadeira confortável com braços e ficar em uma área com boa iluminação. Nem todas as pessoas dispõem de recursos e nem de espaço, mas ter um lugar determinado para trabalhar é muito importante”, ressalta Micaela Góes. Para as famílias com filhos, diz ser fundamental ter essa organização e disciplina mínima para a casa não virar um caos.
Na residência de apresentadora, a organização é um hábito como qualquer outro na vida das gêmeas Júlia e Lara, de 10 anos. “Sempre trabalhei isso com elas como algo natural, nunca como um grande evento. Essa é minha dica. Não fazer da organização uma coisa chata ou um castigo. Deve ser construtiva e uma aliada para que sua rotina flua melhor.”
Com Micaela no shopping
A apresentadora faz parte do grupo de consumidores que vai ao shopping com uma finalidade. “Reúno uma série de itens e, daí, defino o shopping em que consigo resolver tudo. Como moro em Botafogo, os dois que mais frequento são o Shopping da Gávea e Shopping Leblon, exatamente pela diversidade de ofertas que me atendem em diversos sentidos. Geralmente, vou com um roteiro pré-determinado ou com um objetivo como o de ir jantar em um restaurante que só tem naquele shopping”, conta.
Ela adora visitar home centers também pela variedade de produtos. E dá uma dica:
“Procure sempre os departamentos de decoração e artigos para casa porque têm muita coisa interessante. Eu fico enlouquecida quando entro naqueles corredores com mão francesa, parafusos, ferramentas… Minha preferência é por esse tipo de loja que, hoje em dia, estão locadas dentro de muitos shoppings.”
Trajetória
Micaela se dedicou ao balé clássico, chegando a se formar na renomada companhia Stuttgart Ballet. Uma lesão fez com que repensasse a profissão e, ao retornar ao Brasil, cursou artes cênicas. Ficou conhecida nacionalmente ao interpretar Maria Lua na novela A História de Ana Raio e Zé Trovão, da extinta TV Manchete. Daí, vieram outros papéis. Fez ainda pós-graduação em Arte Terapia.
À frente do Santa Ajuda desde 2011, ela acredita que todas as experiências só somaram e ajudaram. Do balé, trouxe a disciplina. Do teatro, aprendeu improvisar e pensar em soluções rápidas. Da arte terapia, passou a ter uma escuta aguçada e um interesse pelas histórias.
“A carreira de atriz nunca foi muito pensada na minha vida, já a dança era um objetivo, uma paixão. O teatro foi algo mais espontâneo e surpreendente assim como a organização. Costumo dizer que a organização me escolheu. Quando eu comecei a trabalhar com isso, as coisas se organizaram e essa passou a ser a minha missão nesse mundo: a de transformar vidas por meio da organização. Acho que eu percorri todos esses caminhos para chegar nesse encontro”, relembra.
A Casa com Vida
Com tantos pedidos de ajuda, Micaela Góes e mais duas sócias, Stella Rangel e Ivana Portella, criaram A Casa com Vida para oferecer cursos sobre organização na cidade do Rio de Janeiro. “A ideia é exatamente trazer um entendimento que a organização é fluida, maleável, ela não é rígida e estática. Nos cursos, ensinamos a utilizá-la ao seu favor e não ficar a serviço dela”, explica.
Como não dava para receber os alunos em cursos presenciais devido à pandemia, passaram a oferecer uma opção remota, que tem sido um sucesso. Após a introdução de aulas gravadas, o curso tem encontros no ambiente virtual. Com isso, atingiram uma abrangência intercontinental.
“É uma experiência incrível porque temos alunos de várias partes do Brasil e do mundo que não poderiam vir à casa. Dessa forma, alcançamos muitas pessoas interessadas. Como tudo é um aprendizado, posso dizer que estou adorando.”
Para os próximos meses, além dos cursos, ela segue gravando a nova temporada do Manual da Micaela, no Casa GNT. Além disso, vem estudando como compartilhar seu conhecimento obtido com a horta de agroflorestal.