A importância das soft skills
Por que é essencial o profissional desenvolver habilidades comportamentais
As soft skils são competências cada vez exigidas pelas empresas e fundamentais para impulsionar a carreira. Estudos mostram que 90% das pessoas são contratadas pelas hard skills e demitidas pelo comportamento. Por isso, as habilidades socioemocionais são tão importantes para o sucesso profissional e pessoal.
Segundo Paul Petrone, head do Linkedin Learning, a ascensão da inteligência artificial está tornando as soft skills cada vez mais importantes, já que é algo que os robôs não podem automatizar. “Vivemos em uma realidade em que 85% das funções que existirão em 2030 ainda não existem. Isso mostra que o mundo está volátil, incerto, complexo e ágil. Estamos diante da nova era digital, e, para nos mantermos competitivos no mercado de trabalho, precisamos dominar as soft skills”, destaca Hendel Favarin, co-fundador da Conquer, escola de negócios da nova economia.
Ele relembra ainda um pensamento do palestrante e escritor do britânico Simon Sinek em que diz que 100% de clientes e colaboradores são pessoas e quem não entende de pessoas não entende de negócios. Por isso, é essencial dominar outras skills, porque os robôs e a inteligência artificial podem auxiliar com as habilidades técnicas. “Eu gosto de dizer que as soft skills têm quatro características: são alavancadas, transferíveis, perpétuas e imutáveis. Estatísticas apontam que 71% dos profissionais de Recursos Humanos valorizam mais a inteligência emocional do que o próprio QI e 58% do desempenho profissional está atrelado à inteligência emocional. Então, as soft skills são essenciais para catapultar a nossa performance profissional, seja como empreendedor ou como profissional”, ressalta.
Na pandemia
De acordo com Lucedile Antunes, mentora e coach organizacional e realizadora do best-seller Soft Skills – Competências Essenciais para os Novos Tempos, essas habilidades são válidas para todos os cargos e se tornaram ainda mais necessárias diante da crise sanitária. “Em relação à pandemia, de forma geral, a principal soft skill buscada é a adaptabilidade. É ter a percepção que o cenário mudou e estar aberto a se adaptar ao novo sem resistir. Depois, vem a flexibilidade, resiliência e comunicação”, diz a autora.
Favarin destaca ainda outras duas habilidades para esse momento inédito vivido em todo o mundo. “A primeira e talvez mais óbvia é a própria inteligência emocional, pois algumas estatísticas mostram que a crise afetou a saúde mental de mais da metade da população. Além disso, o Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo e o quinto mais depressivo. Não é à toa que 75% das empresas buscaram iniciativas pela saúde mental dos seus colaboradores”, afirma. A segunda é a liderança, tendo em vista que a pandemia exigiu muito dos líderes na execução de uma boa gestão remota.
“De acordo com pesquisas, 70% do nível de engajamento dos liderados é atribuída à qualidade dos chefes e equipes engajadas são duas vezes mais produtivas, falam abertamente sobre suas dificuldades e desempenham 46% mais resultados. A pandemia reforçou a necessidade de se desenvolver a capacidade de liderar. Bons líderes catapultam equipes e empresas e fazem toda a diferença no senso de propósito, engajamento e colaboração dos times”, ressalta o co-fundador.
Com o home office presente no dia a dia das companhias, segundo Lucedile, é possível perceber as soft skills de cada profissional mesmo à distância. Além dos diversos aplicativos que permitem a gestão de tarefas, o grande segredo é o líder ou o gestor manter encontros periódicos com o time. E ele pode desenvolver essas habilidades em sua equipe, quando está preparado para isso.
Candidatos à vaga
Por serem tão essenciais, as soft skills passaram a ser analisadas em processos seletivos. “Como a maioria das pessoas é demitida por questões comportamentais, as empresas estão dando uma ênfase maior para as soft skills na contratação, pois é mais fácil ensinar as hard skills. Mudar o comportamento não é uma jornada simples, leva um tempo e requer que o profissional saia da zona de conforto. As empresas estão começando a contratar pelas soft skills e demitir pelas hard”, reforça Lucedile.
Para fazer essa avaliação comportamental do candidato, há uma série de ferramentas utilizadas pelo RH, desde as tradicionais entrevistas e dinâmicas até o uso de inteligência artificial. “Essas habilidades podem ser vistas e analisadas em um bom processo seletivo. Muitas seleções valorizam o trabalho em equipe, colocam os candidatos para resolver problemas em conjunto e observam a capacidade de se relacionar, de negociar, de vender suas ideias, de ser produtivo e entregar, de vender, de se comunicar”, complementa Favarin.
As falhas mais comuns
Segundo Lucedile, a falta de empatia, que é a capacidade de se colocar no lugar do outro e compreender a dor dele, é um dos principais erros dos profissionais. “Muitas vezes, essa dor não é falada de forma clara. Quando tem habilidade de perceber, desenvolve uma sensibilidade e uma escuta ativa, que permite entregar, ajudar e apoiar a todos na evolução do dia a dia. Pessoas que têm empatia conseguem desenvolver várias outras skills e elas se destacam.”
As falhas na comunicação é outro ponto muito trabalhado por coach nas empresas. “As pessoas têm muitas deficiências nesse ponto, como ser prolixa, insegura, não saber vender as ideias… E comunicação é tudo.” Outra soft skill muito importante é ter a capacidade analítica de resolver problema sem se vitimizar, o que muitas vezes não acontece.
Há ainda diferenças culturais quando se compara as soft skills de profissionais de outros país. Os brasileiros têm muitos pontos positivos, sendo que um dos destaques é a criatividade. “Em contrapartida, temos um defeito muito feio de prometer e não cumprir. Em empresas de outras culturas, como japonesa e alemã, isso é algo levado a sério.”
Somatória
As soft e as hard skills se complementam e caminham lado a lado. Ambas serão exibidas pelas empresas. O que acontece é que as habilidades socioemocionais potencializam qualquer habilidade técnica. “As soft são o tronco de uma árvore e as hard, os galhos. Segundo pesquisa da Korn Ferry Institute, uma consultoria de gestão global, os profissionais com a capacidade de aprendizagem são promovidos duas vezes mais rápido que os seus pares. O estudo mostrou ainda que as empresas que contam com esse tipo de perfil executivo são 25% mais lucrativas que os seus concorrentes”, destaca o co-fundador da Conquer.
Há diversas habilidades socioemocionais exigidas pelas empresas. O livro Soft Skills – Competências Essenciais para os Novos Tempos, que virou best-seller em menos de um mês após o lançamento no ano passado, aborda 33 habilidades. “Obviamente não abordamos todas, por isso, já temos a previsão de lançar o segundo volume até o final de 2021, em que traremos outras soft skills.”
Favarin também diz que são várias as habilidades socioemocionais exigidas. A Conquer atende várias empresas e startups como iFood, Google, Grupo Boticário, Rede Globo, entre outras. “Entre as mais buscadas estão liderança, gestão de pessoas, capacidade de inovar, inteligência emocional, produtividade, negociação, vendas e comunicação assertiva.
Existe a possibilidade desenvolver as soft skills com coaching e mentoria. Durante o processo serão identificados os pontos que precisam ser trabalhados. Mudanças de comportamento só acontecem, geralmente, nesses processos, e o profissional também precisa estar disposto a mudar. A Conquer, por exemplo, oferece cursos que têm bastante ênfase na prática em que os alunos aprendem e aplicam no dia a dia. “Construímos nossa metodologia no Vale do Silício com foco em levar soft skills de uma forma tangível, palpável e de fácil aplicação para os nossos alunos”, detalha Favarin. Com certeza, as soft skills só agregam no desempenho profissional, nos resultados e, claro, no ambiente de trabalho. E você sabe quais são as suas soft skills e o que precisa melhorar?