MAR/ABR 2020 - Edição 228 Ano 33 - VER EDIÇÃO COMPLETA

Detentor da maior rede de acessórios, Grupo Ornatus segue em expansão e é referência no franchising no Brasil

16 de abril de 2020 | por Solange Bassaneze | Fotos: Divulgação
Suas marcas Morana, Balonè Fashion Bijoux e Love Brands somam quase 400 operações

A relação da família Lee com o comércio brasileiro começou em meados da década de 1970, quando pai, mãe e dois filhos vieram da Coreia do Sul devido a muitos conflitos políticos enfrentados pelo país na época. O pai era executivo de uma multinacional japonesa de tratores e a mãe, ao se relacionar com a colônia coreana no Brasil, resolveu empreender: primeiramente em uma joalheria na Rua Augusta, em São Paulo (SP), importante polo comercial na época, e depois em lojas de bijuterias, atendendo à demanda do mercado.

Jae Ho Lee, sócio-conselheiro do Grupo Ornatus, detentor das marcas Morana, Balonè Fashion Bijoux, Love Brands e Little Tokyo, tinha apenas 8 anos quando desembarcou em solo brasileiro e cresceu no chão de loja, acompanhando toda a história da mãe e da irmã, que ficavam à frente dos negócios.

Com o surgimento de novos shopping centers na década de 1980, mãe e filha receberam propostas para abrir lojas em alguns deles. Com isso, viraram uma pequena rede de multimarcas de bijuterias, chamada Poppy Art & Bijoux, com mais de 10 operações. Mas os negócios foram afetados devido às crises econômicas dos anos 1980 e 1990 e começaram a perder fôlego.

Paralelamente a isso, Lee estava desenvolvendo o sistema de franchising no Brasil com a rede Jin Jin Chinese Fast Food, de comida japonesa, na época. Então, no início dos anos 2000, as mulheres da família venderam algumas unidades que não eram tão rentáveis e ficaram apenas com as boas operações em shoppings.

Jae Ho Lee, sócio do Grupo Ornatus - Revista Shopping Centers
Jae Ho Lee, sócio-conselheiro do Grupo Ornatus e da Halipar

Lee, sua irmã e sua mãe somaram esforços. Elas conheciam o mercado profundamente e ele já tinha uma década de experiência em franquias. “Além disso, o momento econômico era muito favorável com a política de crédito oferecida pelo governo e a inserção das mulheres no mercado de trabalho. Então, o varejo do segmento feminino bombou. Lançamos a marca Morana em 2002 e ela surfou nesta onda. Estávamos preparados, mas tivemos sorte também. Aproveitamos os 10 anos da época dourada do varejo até 2013”, relembra.

Category killer

Com 18 anos de história, a Morana, uma das marcas do Grupo Ornatus, é a maior rede de acessórios do país com mais de 300 lojas, sendo que 246 ficam em shopping centers. Apenas duas unidades são próprias e servem como loja piloto e de treinamento para os franqueados.

Por ano, a rede comercializa mais de 5 milhões de peças e os campeões de vendas são brincos e colares. A produção é adquirida de diversos parceiros do mercado asiático e do Brasil. “Como é um segmento que as tendências mudam muito, não é possível investir em uma indústria, mas temos parceiros que crescem com a gente. A logística se dá em uma planta de 5 mil m², situada em Barueri (SP).  A separação é feita por famílias de diferentes fornecedores. Com isso, as peças são exclusivas”, afirma Lee.

Morana, loja do Grupo Ornatus - Revista Shopping Centers
Para abrir uma franquia da Morana, o investimento varia de R$ 200 mil a R$ 300 mil, fora o ponto comercial, e o retorno se dá em até 30 meses

São lançados de 40 a 50 modelos novos por semana e esse é o diferencial do negócio. É a grande barreira de entrada e um desafio para a equipe de produtos. Precisamos ter novidades porque a pessoa não irá comprar a mesma peça. “Somos o principal player do mercado e temos tradição, notoriedade e reconhecimento do público. Oferecemos um atendimento 360º em torno do cliente e trabalhamos sempre o reforço da marca, o que nos dá longevidade”, afirma.

O maior concorrente da Morana é o mercado informal. Por isso, demonstrar o propósito da marca é fundamental para manter a fidelidade. “Essa compra se dá por impulso e precisamos estar atentos à mudança de perfil do consumidor. Buscamos sempre ter fãs da marca”, admite Lee.

Balonè, loja do Grupo Ornatus - Revista Shopping Centers

A Balonè Fashion Bijoux é a outra marca do Grupo Ornatus, lançada em 2007, que passou um reposicionamento em 2015. A rede é composta por 20 lojas, sendo que 19 ficam em shopping centers. A unidade da Avenida Paulista, na capital paulista, é a única loja própria. As demais são franquias. Ela segue um conceito mais fashion e casual, diferentemente da Morana que é mais clássica e atemporal.

A Balonè também faz parte da co-branding Love Brands, uma rede criada em parceria com as marcas Imaginarium e Puket, que está presente em cidades de até 250 mil habitantes.

São 58 unidades em municípios que não têm shopping, mas que cabe uma loja multimarcas no comércio de rua. “É uma parceria que tem dado muito certo e que explora as datas mais representativas como Dia das Mães, Dia dos Namorados, Dia dos Pais e outras. O franqueado compra das três marcas e cada uma tem sua política”, explica.

“Estamos contra a maré. No ano passado, o crescimento do Grupo Ornatus foi de 10% e o faturamento da Morana e da Balonè foi de R$ 232 milhões”, Jae Ho Lee.

Investimentos fora do país

A Morana iniciou um processo de internacionalização em 2007 quando o câmbio estava favorável. Com isso, foram abertas lojas em Portugal, Colômbia e Estados Unidos. Quando o dólar e o euro dispararam, tiveram que encerrar as atividades fora do país. “Foi um aprendizado e agora estamos no mercado americano e fazendo um piloto na Austrália, mas com o modelo de venda direta”, explica.

O impacto da Covid-19

Com a pandemia do coronavírus atingindo também o Brasil e tendo reflexos em todos os setores da economia, Lee afirma que, como outras empresas, constituiu um comitê de crise e o grupo vem monitorando tudo o que ocorre no mercado desde boas práticas de outras companhias até os anúncios de medidas do governo com responsabilidade para não tomar qualquer decisão precipitada. “Agora é hora de baixar a ‘vela’ e deixar a passar a ‘tempestade’. Em home office, estamos especulando vários cenários e até o inimaginável para estarmos preparados da melhor forma possível para sobrevivermos e até aproveitarmos a oportunidade de crescermos ainda mais pós-crise”.

Gastronomia

Com toda sua experiência em fast-food, em 2015, a marca Jin Jin Culinária Asiática passou a fazer parte da Holding Halipar, uma fusão realizada com o Grupo J. Alves, detentor das marcas Griletto e Montana Express, e o G5 Evercore Private Equity.

Na fusão, todo o dia a dia da operação ficou sob gestão do Ricardo José Alves, presidente da holding, e Lee atua como sócio e conselheiro. Na época, Lee já tinha o restaurante Little Tokyo em funcionamento no ParkShoppingSãoCaetano (SP), mas a operação não foi incorporada à fusão por ser um outro modelo de negócio voltado para o casual dining, bem diferente do fast food.

Restaurante Little Tokyo, Grupo Ornatus - Revista Shopping Centers
Restaurante Little Tokyo do ParkShoppingSãoCaetano

Então, o Little Tokyo continuou no portfólio do Grupo Ornatus e há planos de expansão. Em julho de 2019, abriram o Izakaya Kuroda by Little Tokyo na cidade de São Paulo e pretendem abrir mais duas unidades nos próximos meses. “A comida asiática está em alta no mundo e, hoje, é consumida por todas as gerações. Virou mercado, não é mais um nicho”, afirma Lee.

Tecnologia

O Grupo Ornatus ainda não tem um e-commerce das marcas, mas é algo que vem sendo estudado há alguns anos. “Temos que criar um canal omnichannel em que o franqueado possa participar com uma política justa para todos. Vivemos um momento de transformação digital e precisamos colocar o cliente no centro. O bom de entrar depois no digital é que observamos como fazer e o setor é muito colaborativo neste aspecto”, acredita Lee.

  • GOSTOU? COMPARTILHE: