MAR/ABR 2019 - Edição 223 Ano 32 - VER EDIÇÃO COMPLETA

O fenômeno Piticas

1 de abril de 2019 | por Paula Andrade | Fotos: Divulgação
Marca geek promete ultrapassar 410 pontos de venda até dezembro e crescer 30% sobre 2018. A intenção é chegar ao mercado internacional em 2020

“A vida não nos dá um propósito, nós damos um propósito para a vida.” A frase motivacional do The Flash ilustra bem a trajetória de sucesso de Felipe e Vinicius Rossetti. Os irmãos aliaram a paixão pela cultura geek ao sonho do empreendedorismo e fundaram a marca Piticas, em 2008. O negócio, que começou com um investimento inicial de apenas R$ 5.600, ganhou uma projeção digna de super-herói. A primeira loja da marca foi aberta em 2010, hoje são 331 unidades, número que deve chegar a 411 até o fim do ano. E os shopping centers têm papel especial nessa história.
“Eles são muito importantes, já que 95% de nossas lojas se encontram neles. O shopping entrega segurança, fluxo orgânico e estrutura física e de marketing que nos ajudaram muito no começo, já que não tínhamos esse know-how nem uma marca forte o suficiente para atrair clientes sozinha”, revela Felipe, sócio-fundador que tem 32 anos e é formado em Empreendedorismo e Marketing.

“A meta é de um total de 800 pontos abertos até 2022, no território brasileiro e no exterior, com a expansão de lojas, quiosques e diversidade de produtos oferecidos

Início desafiador

O caminho até o topo não foi nada tranquilo. Além da escassez de capital e dos produtos novos no mercado, que atravancavam a entrada em muitos shoppings, a Piticas teve de lutar para conseguir o primeiro licenciamento. “Como éramos pequenos em volume de produção e número de lojas, as grandes marcas licenciantes não nos enxergavam. Somente após a entrada da Nickelodeon, em 2013, foi que as portas começaram a se abrir”, recorda Felipe.
Atualmente, a empresa comercializa artigos de mais de 60 marcas, como Warner, Disney, Cartoon Network, DC Comics, Turma da Mônica e Netflix. “O processo de licenciamento é bem complexo. Existem milhares de diretrizes e regras para cumprir tanto na criação das artes quanto na produção delas. A grande virada ocorreu em 2015, quando conseguimos a licença da Disney, que é a maior licenciadora do mercado. Nesse momento, a Piticas mudou de patamar”, acrescenta o sócio-fundador.

Upgrade de respeito

Antes conhecida pelas camisetas de super-heróis vendidas somente em quiosques, a Piticas está em uma expansão admirável. Desde 2015, a marca conta com lojas maiores e amplo mix de produtos. São pijamas, jaquetas, moletons e acessórios que somam mais de 500 skus. “A loja fatura, em média, 60% a mais que um quiosque. Enxergamos que ela traz musculatura e solidez para a marca e entendemos que esse será nosso futuro”, destaca Felipe.
Para manter a expansão robusta, a empresa partiu em 2017 para o modelo de franquias, com todas as lojas próprias sendo repassadas aos franqueados. Nesse mesmo ano, construiu uma fábrica própria, com 11 mil m², em Guarulhos, na Grande São Paulo. “Contamos com maquinário de produção de última geração e tecelagem própria. Implementamos em 2018 o sistema de RFID (Radio-Frequency Identification ou, em português, Identificação por Radiofrequência), controlando assim todo o processo fabril. Hoje produzimos entre 17 a 19 mil peças por dia e empregamos mais de 520 funcionários”, orgulha-se.
O plano é chegar a 800 lojas em 2022, incluindo o mercado internacional. Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile, Estados Unidos e Portugal já estão na mira da empresa e até dezembro do próximo ano, a meta é abrir 30 lojas no exterior. Por aqui, o foco está nas regiões Sul e Nordeste, que ainda oferecem muitas possibilidades.

“Hoje, com um mercado de cultura pop crescente, muitas marcas estão tentando entrar neste nicho, portanto fazemos inúmeras ações de marketing e branding, para nos consolidar como a marca que nasceu geek e que não entende somente o gosto dos fãs de cultura pop, mas o coração dessa legião de fanáticos!”


Clientela variada

Ao contrário do que pode parecer em um primeiro momento, o público da Piticas vai além dos jovens apaixonados por cultura pop, atendendo de crianças a idosos em busca de produtos nostálgicos. A família inteira compra, e esse é um dos trunfos. Mas, de acordo com os sócios-fundadores, o segredo do sucesso fica mesmo por conta da questão do licenciamento. “Fomos pioneiros e autênticos no nicho de cultura pop. Nascemos geeks e nos manteremos dessa forma para sempre, pois esse é nosso DNA. A Piticas entende o seu cliente, pois também somos fãs, todos nossos colaboradores são fãs, e isso reflete nos produtos que colocamos nas prateleiras.”
Para manter um vínculo mais próximo com os consumidores, a empresa investe nas parcerias com influenciadores e muitos posts nas mídias sociais.

Responsabilidades e sonhos

Ações de sustentabilidade são outra preocupação da marca. Além do aproveitamento de tecidos nas embalagens de pijamas, a Piticas também apoia o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) com o fornecimento de camisetas e a pintura de painéis nas paredes do hospital. “Acreditamos que podemos, com pouco, ajudar os pacientes a acreditar que são realmente super-heróis da vida real”, relatam os sócios-fundadores.
Em meio a tanto êxito, há um ainda um sonho a ser realizado: a abertura de uma loja dentro de um parque da Disney World, em Orlando. “Quem sabe o Mickey nos faz uma visita?”, finaliza Felipe, com bom-humor. A considerar o caminho traçado pela Piticas, acreditamos que esse fato não tardará muito a acontecer. Como bem diz o Super-Homem: para o alto e avante!

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