JAN/FEV 2021 - Edição 233 Ano 34 - VER EDIÇÃO COMPLETA

Leitura, a maior rede de livrarias do Brasil, segue em expansão em 2021

15 de fevereiro de 2021 | por Solange Bassaneze | Fotos: Divulgação
Rede investirá em mais de 10 lojas e espera vender 7 milhões de livros 

Desde 2019, a Livraria Leitura se consolidou como a maior rede de livrarias do país. No ano passado, mesmo com a chegada da crise sanitária, o plano de expansão foi seguido e ampliado. A intenção era inaugurar de seis a sete unidades, mas foram 10 novas operações e duas foram fechadas por questões estratégicas, sendo que nove das aberturas foram em shoppings e três são megastores com mais de 1 mil m2 cada. O investimento foi em torno de R$ 14 milhões. 

Para 2021, a estratégia de expansão continua com a expectativa de abrir de 13 a 14 operações e encerrar as atividades de duas a três lojas. A primeira abertura desse ano já aconteceu e foi no Shopping ABC, localizado em Santo André (SP). Com isso, são 81 unidades no país, sendo que 71 ficam dentro de shopping centers, 6 em rodoviárias e aeroportos e 4 no comércio de rua. Em março, também vão entrar em operação no Rio Grande do Sul. O BarraShoppingSul, em Porto Alegre, receberá uma unidade da Livraria Leitura. Dessa forma, a rede estará presente em 20 estados mais o Distrito Federal. 

Livraria Leitura Shopping Recife - Revista Shopping Centers
O Shopping Recife também ganhou uma megastore da Leitura com mais de 1,1 mil m2 no ano passado

“No primeiro semestre já estamos quase sem datas e as negociações do segundo semestre devem se encerrar em breve. Há uma procura muito grande pelos shoppings. Fomos para muitas cidades do interior que tinham uma maior carência em livrarias. Em Minas Gerais, por exemplo, passamos a operar em Ipatinga, Valadares, Juiz de Fora e Uberlândia. O livro está muito pujante. O shopping é um espaço de experiência e lazer e as livrarias estão entre as preferências do cliente”, conta o sócio-presidente Marcus Teles. 

Marcus Teles Livraria Leitura - Revista Shopping Centers
Marcus Teles em uma das unidades da Livraria Leitura

Segundo ele, há uma série de vantagens ao se operar em um shopping, como estacionamento, segurança, ambiente climatizado, variedade de mix, entre outros. E destaca o protocolo adotado pelos empreendimentos na retomada. “São lugares seguros com acesso controlado. As medidas adotadas foram muito importantes para a recuperação.

Desde 1967

A história da Livraria Leitura começou em Belo Horizonte e, atualmente, Teles e mais dois irmãos têm o controle acionário de todas as lojas. Em mais da metade dos negócios, os gerentes que se destacaram foram convidados a virarem sócios-gerentes de novas operações com participação entre 10% e 49%. Dessa forma, o controle sempre fica na família. De acordo com Teles, por ser uma empresa familiar, a tomada de decisões se dá de forma mais rápida e é possível ainda ter menos custos, fatores fundamentais para o enfrentamento de uma crise. 

Megastore Leitura ParkShopping Brasília - Revista Shopping Centers
Megastore do ParkShopping, em Brasília (DF), inaugurada durante a pandemia em 2020

Vendas em 2020

A queda de 32% na venda de livros da Leitura foi muito semelhante ao índice de -33,2% de setor de shopping centers, conforme os dados divulgados do Censo. “No ano passado, ficou abaixo de 5 milhões de cópias. O maior impacto se deve aos fechamentos e restrições de horários de funcionamento. Para 2021, esperamos chegar aos 7 milhões já que pretendemos atingir 91 operações, um saldo de 11 lojas em relação a 2020”, conta. 

Apesar de toda a crise, o setor livreiro também demostrou sua resiliência. O Painel do Varejo de Livros (Nielsen) registrou a venda de 41,9 milhões de cópias em 2020, um acréscimo de 0,87% em relação a 2019, sendo que o mês de dezembro ajudou a impulsionar esse índice assim como as vendas on-line. No entanto, apresentou queda nominal de 0,48% sem considerar a inflação. 

De acordo com Teles, é importante frisar o crescimento do setor nos últimos três anos. “Como duas grandes redes, Saraiva e Cultura, entraram em recuperação judicial, as pessoas acham que o setor de livrarias está mal. Porém, além da Leitura, outras empresas estão crescendo e esse fato é visto também em outros países como Estados Unidos, China e Inglaterra. Foram problemas pontuais das duas redes e, naquele momento, vimos oportunidades de ganhar espaço. Em 2018, éramos a segunda maior rede e, em 2019, passamos a ser a primeira do Brasil em lojas físicas”, diz. 

Marcus Teles Sócio-presidente da Leitura - Revista Shopping Centers
A rede voltou a operar o seu e-commerce em 2019, com prioridade para retirada na loja física 

Uma estratégia adotada pela Leitura nessa época foi encerrar o e-commerce em 2014. “Entendemos que o nosso e-commerce não seria lucrativo bem no início da crise que estava se desenhando. Então, quisemos diminuir o risco e segurar mais as lojas físicas. Passamos a abrir de cinco a seis unidades e fechamos de uma a duas por ano. Fizemos essa reorganização interna de manter apenas as lojas que fossem lucrativas e isso ajudou muito agora. O fato de não termos dívidas e o caixa estar sempre positivo fez com que a Leitura tivesse muito mais segurança para enfrentar essa crise de agora”, explica. 

No fim de 2019, a Leitura voltou com o e-commerce, o que ajudou também a atender o consumidor por mais esse canal durante a pandemia, sendo que a prioridade de entrega ou retirada da compra sempre se dá pela loja mais próxima. Em janeiro de 2020, a plataforma passou a ser a operação com maior venda de livros: 2 mil cópias por dia. Uma megastore também apresenta vendas próximas a essa quantidade.

Nesse período, a procura por obras clássicas, de autoajuda e de negócios cresceram bastante. “No total, a Leitura possui 300 mil títulos. Uma loja maior tem mais de 50 mil títulos e uma loja pequena, por volta de 10 mil títulos. Se contar os demais produtos, são mais de 100 mil itens em uma megastore. A variedade é muito grande, o consumidor se perde nas prateleiras. Entre 70% e 80% dos nossos clientes vão à loja sem ter certeza do que irão comprar e decidem no momento”, diz Teles. 

Com a suspensão das sessões de autógrafos, a livraria utilizou as mídias digitais para fazer a divulgação dos lançamentos, inclusive, algumas com lives do autor. Quando é feito no ambiente físico, ganham mais visibilidade e faturamento. “Com a vacinação, pelo menos dos grupos de risco, esperamos ter novamente os lançamentos presenciais ainda no primeiro semestre.”

Os livros digitais

Os e-books seguem no patamar de 4% no Brasil e a tendência mundial é que fiquem entre 10% e 20% do mercado nos próximos anos. “Diferentemente de uma notícia, que você lê rápido, não é muito confortável ler em uma tela um livro de 300 ou 500 páginas.” Segundo Teles, 30% das pessoas que compram um e-book adquirem o impresso também. “Passou a fase em que se falava o livro digital superaria o físico, inclusive, as livrarias passaram a crescer a partir de 2017 mesmo que em um ritmo pequeno e vão estar no longo prazo tanto que seguimos investindo”, diz. 

O mesmo se refere ao comércio eletrônico – ele relembra que a Amazon começou nos Estados Unidos vendendo apenas livros nos três primeiros anos. A primeira loja virtual brasileira também foi de uma livraria em 1995. “São mais 25 anos que demonstram a maturidade do segmento no meio digital. Houve um crescimento das vendas on-line na pandemia, mas a tendência é de voltar a estabilidade.”

E complementa: “Pegar um livro é muito mais prazeroso. O ser humano precisa de convivência e experimentação. A livraria física é muito mais agradável”.

Programa fidelidade livraria - Revista Shopping Centes
No programa de fidelidade Sempre Leitura, há mais de um milhão de clientes cadastrados 
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