Os planos e as estratégias da C&A no enfrentamento à crise
A fast-fashion aumenta investimento na omnicanalidade e oferece soluções cada vez mais inovadoras para atender o consumidor
O varejo de moda brasileiro teve que se adaptar a uma série de mudanças e seguir as determinações das autoridades e dos governos estaduais e municipais para a retomada. A C&A iniciou a reabertura das lojas físicas em 26 de abril, com toda cautela e com o cumprimento das medidas de segurança e protocolos. Em 10 de julho, já eram 185 unidades em funcionamento, sendo 156 localizadas em shopping centers. No total, tem 288 operações no país.
Os investimentos realizados no e-commerce nos últimos anos e transformação digital conferiram à companhia a solidez necessária para passar a pandemia da melhor forma. Assim como todos os varejistas e demais segmentos, revisitou sua estratégia e os planos previstos para 2020. O objetivo é atender as necessidades do momento atual e do novo consumidor, que está mais conectado. “O mundo e a sociedade não são mais os mesmos. Nós seguimos acompanhando de perto essas mudanças para oferecer a moda que o nosso cliente quer, como e quando quiser. Acelerar e expandir o digital foi uma das medidas adotadas desde o início da crise”, diz Fernando Brossi, vice-presidente de operações da C&A.
Além de alavancar a plataforma digital, acelerou a estratégia de omicanalidade e buscou outras soluções de venda para atender os consumidores. “Desde o começo da pandemia no país, o e-commerce registrou um crescimento exponencial. Em maio, por exemplo, a alta foi de 480% em comparação ao mesmo período do ano passado. Já o aplicativo da marca foi o mais baixado dentre os varejistas de moda do país. Chegamos a 2,6 milhões de usuários ativos no app, o que representa um volume cinco vezes maior comparado ao início do ano.” As vendas on-line pelo site e pelo aplicativo já concentram mais de 50% das vendas do e-commerce.
A aceleração de novos serviços envolveu ainda o lançamento do Clique & Retire Drive-Thru, implantado no Dia das Mães, que, hoje, está disponível em 170 shoppings. Além de ser gratuito, prático e seguro, é mais rápido que a entrega tradicional do e-commerce em domicílio. Compras efetuadas até às 15 horas podem ser retiradas no mesmo dia no estacionamento dos empreendimentos.
“Outra novidade foi a expansão do marketplace que passou a se chamar Galeria C&A. A plataforma tem um pipeline até o fim do ano de 500 sellers das mais variadas categorias. Também adotamos o WhatsApp como um novo canal de venda. Temos ainda outras iniciativas que estão em fase final de testes e, em breve, anunciaremos”, destaca Brossi.
Em relação à expansão das lojas físicas, a fast-fashion segue com o plano previsto em curso para a inauguração e reinauguração de operações. As mais recentes foram no Golden Square Shopping e no Plaza Shopping Carapicuíba, abertas durante a pandemia. E até o momento nenhuma operação foi fechada definitivamente.
Líderes de venda neste período
Com as pessoas cumprindo o isolamento social e o home office, a C&A teve um aumento muito expressivo nas buscas do site por itens da categoria comfy (produtos confortáveis). “As pantufas ultrapassaram a margem de 5.000%, seguido por peças íntimas (+de 1.900%), chinelos (+ de 1.500%), pijamas (+ de 1.200%) e moletons (+ de 700%)”, relata Brossi.
Protocolo
Para garantir a segurança dos associados, clientes e parceiros, novas medidas preventivas foram adotadas. Os provadores das lojas permanecem fechados por tempo indeterminado e as peças de troca passaram a ser armazenadas por 72 horas para depois retornarem à área de vendas. O prazo de troca também foi estendido de 30 para 90 dias.
Além da limpeza dos ambientes e disponibilização de álcool em gel, há distanciamento físico na filas e fornecimento de produtos para higienizar sacolas e cestas de compras. Com quadro de funcionários reduzido e revisão de turno, os colaboradores utilizam máscaras e têm a temperatura aferida antes de iniciar a jornada de trabalho. Os do grupo de risco permanecem afastados assim como os que apresentam sintomas.
“Adotamos todas as medidas necessárias para enfrentar o cenário atual da melhor maneira possível e evitar qualquer demissão. Aderimos ainda ao movimento #NãoDemita, reforçando o nosso compromisso com os nossos colaboradores”
Novo consumidor
Segundo Brossi, sobre o futuro, o único fato concreto é que nada será como antes. “O que estamos vendo como previsões, muitas vezes, é uma análise momentânea. Uma das avaliações mais seguras que já fazem parte do presente é de que o consumidor priorizará os canais on-line com mais frequência, de forma mais consciente e sustentável. E isso também já percebemos no Brasil.” E complementa: “temos visto, ainda, que cada vez mais pessoas que nunca tinham comprado on-line têm experimentado essa jornada pela primeira vez e estão adorando”.
Empatia solidária
Na batalha contra o impacto do novo coronavírus, o Instituto C&A e a C&A elegeram dar suporte a microempreendedores, principalmente mulheres, profissionais da saúde e comunidades em situação de vulnerabilidade social. A Associação Mulheres de Paraisópolis, em São Paulo (SP), é uma das dez ONGs beneficiadas. Dentre outras ações, foram doadas 3 mil refeições gratuitas à comunidade local.
O Fundo Emergências Econômicas, criado pela Coalizão Éditodos, recebeu recursos para ajudar financeiramente até 500 pequenos e nano empreendedores das periferias brasileiras. O Coletivo Trans Sol obteve verba para confeccionar 2 mil máscaras não-cirúrgicas destinadas à população mais vulnerável do centro da capital paulista.
A C&A, por sua vez, mobilizou, junto a seus fornecedores, a produção de 100 mil máscaras não-cirúrgicas para doação em comunidades, além de doar 10 mil camisetas brancas de algodão mais sustentável a profissionais de saúde por meio da Prefeitura de São Paulo.
“Além desses projetos, com o engajamento e comprometimento dos nossos times lançamos o C&A em Casa, apoiando mais de 50 profissionais autônomos, influenciadores e microempreendedores. Eles tomaram as redes sociais da C&A de forma remunerada para divulgar o seu trabalho e ajudar os brasileiros que estão em casa a cuidar do corpo e da mente”, finaliza o vice-presidente de operações.