Exposhopping bate recorde de público e de negócios
Evento atrai 15 mil visitantes, movimenta R$ 5 bilhões, reúne mais de 80 expositores e ainda traz duas arenas com palestras gratuitas
Repleta de novidades e cada vez mais internacional. Assim foi a edição deste ano da Exposhopping, evento promovido pela Abrasce, entre 26 e 28 de junho, no Expo Center Norte, na capital paulista, realizada simultaneamente à ABF Franchising.
A feira recebeu cerca de 15 mil pessoas e movimentou em torno de R$ 5 bilhões em negócios para o setor. O sucesso demonstrado pela solidez desses números vai além quando considerado o conteúdo compartilhado ao longo dos três dias.
Desta vez, foram 85 expositores, entre empreendedores e fornecedores, com times vindos de diversas localidades do país. A delegação da CLICC também trouxe mais de 200 executivos da América Latina, que puderam fazer networking e conhecer diversas soluções utilizadas no mercado brasileiro.
Segundo Emilene Camargo, gerente comercial da Abrasce, o balanço foi muito positivo.
“Os expositores ficaram muito satisfeitos, inclusive, ressaltando a presença de um público muito qualificado. Os que já participaram em outras edições avaliaram como a melhor Exposhopping já realizada e muitos demonstraram interesse para a próxima edição em 2026. Além de gerar negócios e networking, fomentou ainda o início de muitas outras negociações.”
Boa parte dos expositores apostou em estandes maiores por uma decisão estratégica. Alguns empreendedores aproveitaram para trazer lançamentos de empreendimentos e seus projetos de expansão como Grupo Airaz, Shoppings Sá Cavalcante e Grupo Tacla.
A Ancar Ivanhoe ainda assinou o Pacto Global da ONU durante o evento. A Abrasce também anunciou seu ingresso na maior iniciativa voluntária de Sustentabilidade corporativa do mundo durante o 18º Congresso Internacional de Shopping Centers.
Quem passou por lá pôde acompanhar painéis interessantes na Universidade Abrasce, conferir dicas inovadoras no espaço voltado às startups e conhecer mais sobre o setor de shoppings pela ótica feminina. Isso porque a entidade fez questão de voltar os holofotes para as mulheres ao inaugurar o Women Talks, trazendo empresárias, juristas e líderes renomadas de diversas áreas. Patrocinado pela Índigo, a iniciativa foi inédita.
Foram ainda estabelecidas parcerias interessantes com marcas, que nunca tinham participado da feira como Turma da Mônica, Heineken, Sunflower, Artesian, entre outras. O evento ainda celebra um grande encontro em que todos os times bloqueiam a agenda para estar presentes.
Segundo Paulo Ventura, diretor do Expo Center Norte, o centro de exposições e convenções é um dos mais buscados pelos promotores, devido também à forte habilidade em gerenciar eventos de grande público de forma simultânea.
“Neste sentido, a Exposhopping ter acontecido simultaneamente à ABF gerou uma sinergia poderosa, criando uma oportunidade única para networking, negócios e troca de conhecimento, e atraiu uma ampla diversidade de públicos que se complementam – estando de um lado o maior evento a nível América Latina de shoppings centers e, do outro, a maior feira de franquias do mundo.”
O executivo ainda destacou que a Exposhopping é um marco importante no calendário de executivos do setor. “A parceria com a Abrasce é sempre uma experiência enriquecedora e nos permite mostrar nossa capacidade de oferecer suporte e estrutura de alta qualidade para grandes eventos. Estamos satisfeitos com o sucesso da edição deste ano e orgulhosos de contribuir para a promoção, crescimento e visibilidade de um dos setores mais importantes da nossa economia”, reforça Ventura.
Aproveitando o grande fluxo da Exposhopping, a entidade convidou o grafiteiro Gamão, do Projeto Arrastão, para pintar uma tela durante o evento. A obra foi rifada para ajudar as vítimas do Rio Grande do Sul e o valor arrecadado foi destinado diretamente ao Mesa Sesc Brasil. O ganhador foi Ivan Mouto, superintendente do Shopping Bauru.
Seleção criteriosa de startups
Com a curadoria do Nexus – hub de inovação do Parque de Inovação Tecnológica de São José dos Campos – e do Cubo Itaú, a Abrasce trouxe uma área de startups com soluções que se conectam com o universo de shopping centers. A Ayude e a Nexaas foram duas das selecionadas.
A Ayude é uma fintech, que atua como correspondente bancário para facilitar o processo de contratação de empréstimos de maneira simples e rápida por meio de uma plataforma digital totalmente gratuita, em que o valor é disponibilizado em seis minutos na conta bancária do interessado e debitado diretamente do cartão de crédito, podendo ser parcelado em até 12 vezes com juros, em média, entre 50 a 80% abaixo do mercado. O meio é totalmente seguro e 100% legal, oferecendo créditos de, no mínimo, R$300, e limite de R$ 20 mil.
Para conseguir escalar o negócio, Guilherme Rachid, CEO da Ayude, e Franklin Farias, CTO da empresa, buscaram pessoas renomadas do mercado para fazer parte do Conselho. “O Brasil tem metade da população economicamente ativa, no entanto, metade dos mais de 100 milhões estão sem acesso ao crédito porque estão negativados. Do outro lado, há 52 milhões que têm cartão de crédito. Ao cruzarmos a informação de quem está negativado e tem cartão de crédito, essa pessoa é elegível ao nosso produto”, conta Rachid. Pelo mapeamento realizado pela startup com pessoas que já passaram pela plataforma, uma boa parcela consegue ficar adimplente depois, então, há ainda um processo de educação financeira.
“Até o fim de junho de 2024, já tínhamos ajudado mais de 100 mil pessoas e emprestado mais de R$ 460 milhões. Queremos ter a Ayude nos shoppings, já que eles podem ser o intermediador do produto final para o cliente e ainda podemos ser parceiros dos lojistas. Por exemplo, uma loja parceira pode ofertar esse crédito no balcão no momento da compra. É uma forma também interessante para pessoas jurídicas que querem aproveitar sua estrutura física ou digital para ofertar esse crédito. “
É possível intermediar o empréstimo de duas maneiras: atendimento presencial pela plataforma, on-line em real time ou ainda por meio de links digitais e QRCode, onde o cliente faz a autocontratação. Já contam com mais de 2.400 parceiros. “O bacana de tudo isso é que está ajudando a pessoa a sair desta situação ou mesmo para despesa emergencial, uma reforma, uma viagem…”
Outra startup presente foi a retail tech Nexaas, afiliada ao Cubo Itaú. Criada em 2018, ela oferece três plataformas para facilitar a vida dos varejistas quando o assunto é omnicanalidade. Uma delas é Nexaas PDV, um aplicativo de vendas embarcado dentro da maquininha do adquirente ou de um aparelho Android. Ele traz uma experiência melhor ao cliente, já que o vendedor atende de ponta a ponta, pegando o produto, cobrando, emitindo a nota fiscal e empacotando a mercadoria para a saída. A outra é a Nexaas Omni, que conecta os canais de venda digitais à loja física, gerando um fluxo de estoque maior e, consequentemente, mais vendas para uma gestão eficaz. E a última é o Nexaas Fintera. Essa plataforma de gestão financeira engloba todas as transações em dinheiro, incluindo notas fiscais, estoques e vendas.
“Com a nossa tecnologia, conseguimos melhorar a experiência de compra do consumidor na loja física, além de fazer a conexão on-line de todos os canais, possibilitando que as áreas administrativa, financeira e operacional estejam totalmente integradas, levando a uma gestão mais eficiente e consequentemente mais assertiva. A grande vantagem da omnicanalidade é colocar o cliente no centro do ecossistema de canais de venda. Isso faz com que o varejista crie mais fidelidade com o consumidor final, potencializando os resultados de venda”, explica Andrei Dias, diretor de Revenue da Nexaas.
Com cerca de 130 colaboradores, a startup atende mais de mil clientes e tem planos de atuar em toda a América Latina em breve.
O futuro é delas!
Um dos grandes destaques da Exposhopping foi o Women Talks. Patrocinado pela Indigo, o espaço reconhece a competência e o esforço das mulheres à frente dos negócios.
“Sempre sonhamos com esse espaço. As palestrantes toparam esse desafio de serem as primeiras. Quando olhamos para o setor, 27% dos cargos de superintendência são ocupados por mulheres. Esse foi um projeto pioneiro e inovador: o primeiro evento só com falas femininas no Brasil”, afirma Mônica Vianna, gerente de Relacionamento & Insights da Abrasce.
Alexandra Segantin, CEO do Grupo Mulheres do Brasil, foi uma das executivas a prestigiar o evento.
“Nosso grupo nasceu em 2013, com a empresária Luiza Helena Trajano, durante um encontro com o Governo Federal. Há 10 anos, as mulheres compunham apenas 4% dos conselhos. Vimos que não basta ser maioria, precisávamos fazer parte das tomadas de decisão. Desde então construímos 20 comitês para defender causas, como educação e combate à violência contra a mulher. Queremos mais equidade e uma sociedade boa para todos. Afinal, somos 50% da população e a mãe do restante dela…”
Brenda Ferrigno, diretora de Recursos Humanos e ESG da Indigo, também ressalta a relevância deste espaço na maior feira do setor da América Latina.
“É a primeira vez que patrocinamos um evento com essa proporção e finalidade. Por sermos uma empresa de estacionamentos, um segmento predominantemente masculino, entendemos ser nosso dever como companhia promover a equidade de gênero.”
A Indigo mantém o programa Mulheres na Direção, criado em março de 2023, destinado à contratação e promoção de profissionais do sexo feminino. A partir dele, alcançaram números excelentes, chegando a contratar mais de 1.400 mulheres. Hoje, 52% do quadro administrativo é feminino. Nas operações de estacionamento, esse índice é de 30%.
“A equidade está em nosso DNA. Então, é bom ver que estamos fazendo a diferença. O mercado tem carência dessa representatividade. Quando abrimos um espaço como o Women Talks, com mulheres tomadoras de decisão dentro das companhias, demos a chance de elas contarem suas trajetórias maravilhosas, todas nós temos muito orgulho. Queremos servir de inspiração para as novas gerações”, diz Brenda.
Ficou curioso para saber mais sobre o Women Talks? Confira três painéis bem interessantes deste palco com falas femininas, aberto a todos.
Varejo híbrido: integrando modelos de negócio em ambientes físicos e digitais
Muitas ideias valiosas foram compartilhadas no bate-papo entre Danielle Crahim, head of Sales do TikTok, e Vanessa Costa, presidente da Associação das Empresas de Parques de Diversões do Brasil (Adibra).
Danielle enfatizou que o TikTok não é uma simples rede social, mas uma plataforma de entretenimento movida pela comunidade. O que importa é o conteúdo divulgado, e o entretenimento é uma moeda muito forte para se conectar com as pessoas e pautar a cultura.
“O brasileiro passa, em média, 70 minutos por dia no TikTok. Ele faz parte da vida das pessoas. O celular é uma extensão do corpo do ser humano. Derrubou há muito tempo o limite entre o que é físico ou digital. Costumam até dizer: ‘Don´t make adds. Make TikToks!’”, ressaltou a head of Sales, lembrando que as marcas podem embarcar nas tendências do momento, como propor desafios e mostrar bastidores, mas sempre pensando em um conteúdo que faça sentido para sua comunidade.
Dois cases foram apresentados ao público para dimensionar a relevância que o TikTok tem hoje para as marcas. O primeiro foi o do hidratante labial da Carmed Fini, que a partir do post de uma influencer, começou a receber milhares de reviews e viralizou de forma absurda. “O estoque de um ano esgotou em duas semanas. Bateram em um mês o dobro da meta de vendas para um ano. O hidratante passou a ser líder de mercado”, acrescentou Danielle.
Outro grande hit foi o perfume de melancia de O Boticário. Criado a partir de sugestões dos consumidores, o produto foi lançado com duas fragrâncias, uma mais doce e outra mais cítrica, e bombou. “Em 57 horas, acabou o estoque!”
Seguindo a mesma linha de raciocínio, a presidente da Adibra destacou que as pessoas não querem só comprar, elas querem experiência. E isso tem tudo a ver com entretenimento.“Nada substitui a memória afetiva. O poder emocional das marcas é atemporal, e nenhuma experiência virtual vai substituir isso. A Cacau Show comprou o Playcenter, e isso faz todo o sentido! Dessa forma, ela faz uma conexão emocional com seus consumidores”, afirmou Vanessa, adicionando que as marcas fazem parte da nossa vida e que 60% das vendas da Coca-Cola, por exemplo, vêm de produtos licenciados.
E vale frisar que a memória afetiva é transgeracional, ou seja, os pais passam suas conexões emocionais com as marcas para os filhos. Foi o que aconteceu na Páscoa de 2023, com o lançamento das pelúcias dos Ursinhos Carinhosos, personagens de um desenho animado famoso nas décadas de 1980 e 1990.
“A Cacau Show produziu uma tiragem pequena dessa linha, mas ela estourou de vendas! A nossa intenção é criar momentos felizes”, contou a presidente da Adibra, acrescentando que a Cacau Show Mega Store, em Itapevi, recebeu quase 1 milhão de pessoas em um ano e que obteve um incremento de 37% nas visitas após a implantação da montanha-russa.
Implementação e estratégia da marca: como criar essa experiência para o consumidor?
Marca de impacto mundial criada em 1895, a Swarovski mereceu um painel só para ela. Carla Assumpção, diretora-geral da marca na América Latina, veio contar sobre o renascimento da companhia a partir da pandemia.
Com o fechamento das lojas físicas, a Swarovski precisou se reinventar via telas e lançou uma forma de comunicação disruptiva.”Também contratamos a italiana Giovanna Engelbert para ser a diretora de moda, a fim de elevar o design dos produtos, tornar o luxo acessível às novas gerações e aumentar o ticket médio”, informou Carla.
De acordo com a executiva, a Swarovski precisava trazer escalabilidade por meio da desejabilidade. Além das peças impecáveis de cristal, a marca tinha que fazer parte das conversas e dos grandes eventos. Daí nasceu então a parceria com Kim Kardashian e o uso das joias por celebridades aclamadas do momento, caso de Doja Cat, Taylor Swift e Harry Styles, nos tapetes vermelhos mais exclusivos, como o Met Gala, em Nova York.
“O resultado? Alcançamos 10% de crescimento global e forte engajamento, com mais de 20 milhões de seguidores nas redes sociais. O importante é manter a consistência da nossa estratégia, que começou na pandemia e vai até 2025”, cravou Carla.
Atualmente, a Swarovski conta com mais de 2.500 pontos de venda em mais de 140 países e se tornou Top 3 global em marcas de luxo.
Navegando em um ambiente legal complexo: os principais desafios da área jurídica dos shoppings
Comandado por Rebeca Drummond de Andrade, sócia do Tourinho Leal Drummond de Andrade Advocacia (TLDA), e Vera Lúcia Araújo, ministra substituta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o painel propôs uma discussão acerca do impacto das decisões judiciais sobre os shoppings.
“Nosso setor emprega mais de 1 milhão de pessoas e o número de visitantes cresce exponencialmente após a pandemia. Nossos olhos estão sempre voltados para os tribunais superiores em Brasília, devido às decisões finais que nos afetam e impactam a vida das pessoas. Lembramos que sempre fazemos parcerias com o poder público, como a implantação de postos de credenciamento nos shoppings durante o período eleitoral”, ressaltou Rebeca.
A ministra reconheceu o fato de que os shoppings prestam um grande apoio à comunidade quando emprestam seu espaço e facilitam o acesso a serviços públicos.
“Em qualquer cidade, o shopping se coloca como grande equipamento urbano e vai gerar muitos empregos, um círculo econômico muito virtuoso, mas precisa de adequação às leis locais, considerando, por exemplo, o impacto no meio ambiente e no trânsito. Em meio aos conflitos entre diferentes setores políticos e econômicos, o balizamento é objeto de debate”, defendeu Vera Lúcia.
A ministra recordou que a educação jurídica ainda é muito beligerante e que precisamos de litigância estratégica para mitigação de riscos e diminuição do tempo dos processos. “Há que ter um equilíbrio entre o shopping e outros grupos, como os lojistas. A ordem jurídica tem que atuar e preservar o maior equilíbrio entre as partes. Gosto de usar o tempo para fechar acordos.”
Rebeca reiterou que a Abrasce é muito ativa nos processos dos tribunais superiores e que essa ação faz toda a diferença. “Levamos dados concretos para que entendam como algumas leis podem prejudicar o setor. Sempre acompanhamos o impacto jurídico olhando o presente e o futuro”, concluiu a sócia do TLDA.