
Grupo AD investe em expansões, greenfields, inovação e capacitação
O planejamento estratégico é traçado sempre em busca de melhorar a jornada do consumidor e com foco nas pessoas e nos resultados
Com uma trajetória marcada pela consistência, resiliência e forte capacidade de adaptação, o Grupo AD se consolidou ao longo de mais de três décadas como uma das principais administradoras de shopping centers do país. Presente em todas as regiões do Brasil, conta com 43 empreendimentos no portfólio, com participação em 15 deles, e mantém uma gestão próxima, customizada e atenta às particularidades de cada ativo. Segue crescendo com solidez, foco em inovação e atenção às novas demandas do varejo e do consumidor.
A companhia continua a investir na expansão e na requalificação de seu portfólio, ao mesmo tempo em que adota uma estratégia de crescimento sustentável com o desenvolvimento de dois greenfields. Em entrevista à Revista Shopping Centers, Helcio Povoa, CEO do Grupo AD, discute esses avanços, compartilha os marcos dessa trajetória, detalha os investimentos em tecnologia e capacitação, e apresenta as perspectivas para os próximos anos. Ele também revela como a empresa tem se adaptado aos novos hábitos de consumo e se preparado para o futuro do setor.
Revista Shopping Centers – A história do Grupo AD tem 34 anos. Diante da rica trajetória, quais são os principais marcos na sua visão?
Helcio Povoa – Ao longo deste período, vivemos anos de grande instabilidade econômica que refletiram fortemente no varejo, mas os momentos de prosperidade foram maiores, o que nos proporcionou condições de expandir de forma segura, consistente e orgânica, sem aumento significativo da base de clientes.
O nosso aniversário de dez anos foi marcante, pois comemoramos o aumento significativo e qualitativo do nosso portfólio, com a conquista de três importantes contas de empreendimentos de destaque no mercado nacional, e, a partir de então, o crescimento foi permanente.
Em 2019, iniciamos uma nova fase, quando passamos a investir em alguns ativos. Mesmo tendo um mercado altamente competitivo, esperamos manter o crescimento nos próximos anos, sempre considerando a equação de capacidade de entrega e qualidade dos serviços versus o nível de satisfação dos clientes.

RSC – O setor de shopping centers está em constante transformação. Estando à frente do Grupo AD há tantos anos, quais foram, na sua visão, as mudanças mais significativas que impactaram o negócio e os principais desafios que evidenciaram a resiliência da companhia ao longo do tempo?
HP – Eu costumo dizer que as dificuldades pelas quais passamos nos prepararam para vencer grandes desafios e adversidades que encontramos pelo caminho. Mudar o curso de qualquer negócio em andamento não é uma tarefa fácil, mas temos conseguido êxito e assim temos preparado os nossos empreendimentos para que continuem sendo o destino de uma boa experiência, seja ela de um simples passeio, lazer ou até mesmo para consumir.
A chegada do comércio digital trouxe muitas dúvidas sobre a sobrevivência do varejo físico, mas, hoje, os reflexos estão praticamente precificados e a busca das sinergias entre os dois modelos traz benefícios mútuos, muito embora a representatividade do digital ainda possa aumentar com a chegada das novas gerações, que cada vez mais consomem no varejo digital. Fica claro que ainda teremos que continuar investindo em atividades que estimulem a presença física do consumidor e disponibilizem processos e ações que aumentem o nível de gasto em cada visita. Conhecer o cliente e suas necessidades é prioridade para que a performance de vendas seja cada vez melhor. O desafio atual é entender e capturar os benefícios que a IA pode trazer para o varejo e para as demais atividades.

RSC – Com 43 shoppings no portfólio, o que diferencia a gestão da companhia no cenário nacional? Quais práticas ou abordagens fazem o Grupo AD se destacar no setor?
HP – Acredito que nossa trajetória é marcada por uma gestão sólida, próxima e, acima de tudo, considerando as particularidades de cada shopping e cada grupo investidor. O que nos diferencia no cenário nacional é justamente essa capacidade de evoluir, mantendo sempre o foco nas pessoas – lojistas, consumidores, colaboradores ou investidores – e nos resultados.
Presente nas cinco regiões do país, temos uma visão ampla do comportamento do consumidor brasileiro e conseguimos implementar estratégias sob medida para cada realidade local. Acreditamos na gestão voltada a cada mercado, mas com objetivos muito claros e estruturados, o que garante agilidade na tomada de decisões sem perder a consistência da nossa marca.
Outro grande diferencial está no investimento contínuo em inovação, tecnologia e sustentabilidade. Além disso, nosso modelo de gestão é centrado em parcerias de longo prazo, onde o sucesso dos empreendimentos está diretamente ligado à performance de cada lojista e à satisfação do consumidor. Esse olhar integrado, aliado à paixão que temos pelo varejo e pelas relações humanas, é o que nos move e nos destaca no setor.

RSC – Atualmente, o Grupo AD tem projetos de greenfields e expansões em desenvolvimento?
HP – Como a viabilidade de projetos greenfields tem apresentado prazos maiores de retorno, os movimentos de expansão e requalificação do mix nos empreendimentos maturados passou a ser a prioridade. Além de ter realizado a entrega do primeiro movimento de expansão do ano, temos ainda outros para inaugurar nos próximos meses.
Em março deste ano, concluímos a expansão de 9 mil ㎡ de ABL no Pátio Shopping (Chapecó/SC), movimento mais ousado em seus 14 anos, justificado pela taxa de ocupação de 100% dos últimos três anos. As vendas e fluxo responderam muito acima da nossa expectativa.
No segundo semestre, está prevista a inauguração da expansão do Sider Shopping (Volta Redonda/RJ), com aumento de aproximadamente 8 mil ㎡ de ABL. Projeto inovador que amplia e qualifica o mix, com novas âncoras, cinemas stadium com novas salas, gastronomia e marcas de expressão do varejo nacional.
Em junho de 2025, teremos a abertura do “Espaço Gourmet” do Shopping Metrô Tatuapé, que será a nova referência gastronômica da Zona Leste de São Paulo e contará com operações relevantes: Coco Bambu, Madero, Outback, Bar do Alemão, Vito’s Pizza, Ika Culinária Oriental, Boali, Espeto Carioca e Carlos Bakery.
Até outubro deste ano, concretizaremos a requalificação do mix no Shopping São Luiz, onde teremos o São Luíz Hall, com aproximadamente 5 mil ㎡ destinados a shows e eventos, e Supermercado Mateus como âncoras.
Para julho, tem ainda a entrega da expansão do Hotel Intercity, do Complexo Pátio Pinda, e também implantaremos hotéis em Sumaré (SP), já em fase de contrato, e Sinop (SP), em fase de definição de projetos.
Além de todas estas expansões, estamos desenvolvendo dois novos shopping centers na cidade de Primavera do Leste (MG) e na capital de São Paulo.
RSC – O Grupo AD tem investido em diversas iniciativas inovadoras, como o AlugueON e a plataforma vend.AÍ. Como essas soluções têm impactado a experiência do consumidor e a operação dos shoppings administrados pela companhia?
HP – Cada solução que desenvolvemos e implementamos nasce de uma avaliação às necessidades dos nossos parceiros, consumidores e oportunidades de negócios. Iniciativas como o AlugueON e a plataforma vend.AÍ são exemplos claros de como buscamos antecipar movimentos do mercado e oferecer ferramentas que agreguem valor real à operação.
A AlugueON, por exemplo, transformou a maneira como lojistas e anunciantes escolhem e negociam espaços em shoppings do nosso portfólio. Com resultados surpreendentes, tornou-se, em apenas quatro anos de existência, a principal plataforma global de comercialização para o setor.
O vend.AÍ conecta lojistas e consumidores no ambiente digital, com IA e chatbot aplicados e logística integrada, ampliando as oportunidades de vendas e fortalecendo o relacionamento com o cliente, mesmo fora do ambiente físico do shopping; explorando o whatsapp – rede social com maior número de usuários no Brasil.
Essas iniciativas são exemplos do nosso compromisso com a evolução do setor, com o fortalecimento do varejo nacional.
RSC – Considerando o cenário atual, como estão as vendas, o fluxo de visitantes e a taxa de ocupação nos shoppings administrados pelo Grupo AD?
HP – Os quatro primeiros meses dos anos, normalmente o período mais difícil do varejo, surpreenderam positivamente e os shoppings, de um modo geral, responderam muito bem em vendas e taxa de ocupação, apesar das altas taxas de juros – que dificulta obtenção de créditos financeiros – e do alto nível de endividamento dos consumidores.

RSC – Qual avaliação faz do ano de 2025 até agora e qual é a expectativa para os próximos meses?
HP – O varejo, assim como as demais atividades empresariais, depende de um ambiente confiável, estável e positivo, para que o mercado se desenvolva por suas próprias iniciativas. Para que isso aconteça, precisamos que a economia do país, na medida do possível, não seja contaminada, embora entenda a dificuldade em seguir imune aos debates e ações do campo político. Continuamos otimistas e esperamos bons resultados consolidados para 2025 e com o plano geral de investimentos mantido.
RSC – O que o Grupo AD tem em desenvolvimento que possa refletir na qualificação dos seus colaboradores e lojistas?
HP – O novo projeto do Grupo AD, em desenvolvimento, é a Universidade AD, que pretende ampliar a qualificação dos colaboradores e lojistas, através de plataforma digital e gamificada, visando aprimorar o atendimento físico e a gestão das lojas nos empreendimentos, contribuindo para a performance de resultados.
RSC – Quantos empregos diretos e indiretos são gerados pela companhia? Além disso, quantos lojistas fazem parte de todo esse ecossistema e quantos clientes, em média, recebem anualmente?
HP – Estimamos acima de 105 mil empregos diretos no portfólio do Grupo AD e aproximadamente 300 mil empregos indiretos. São 6 mil lojistas nas cinco regiões do país e recebemos em nossos empreendimentos mais de 225 milhões de clientes por ano.
RSC – O senhor sempre teve uma atuação próxima à Abrasce. Como avalia o papel da entidade na defesa dos interesses do setor de shopping centers e na promoção de melhorias para o mercado?
HP – Minha trajetória no setor de shopping centers sempre esteve muito conectada à Abrasce, porque acredito profundamente na força desse importante coletivo. A atuação da entidade é fundamental para que o nosso setor avance de forma estruturada, representativa e sustentável. A Abrasce tem sido, ao longo dos anos, uma grande articuladora, tanto na defesa dos interesses dos empreendedores quanto na construção de um diálogo aberto com o mercado e a sociedade.
Acredito que um dos maiores méritos da entidade é sua capacidade de unir players com perfis distintos em torno de pautas comuns, fortalecendo o setor como um todo. Em momentos desafiadores, como vivenciamos na pandemia, por exemplo, a presença firme da Abrasce foi essencial para garantir segurança jurídica, visibilidade institucional e, principalmente, equilíbrio nas relações.
Além da representatividade, destaco também o papel da entidade na disseminação de conhecimento, inovação e boas práticas. Iniciativas como congressos, cursos e publicações especializadas contribuem diretamente para a profissionalização e a evolução constante do nosso setor. Tenho muito orgulho de fazer parte dessa história e sigo acreditando que, com união, diálogo e propósito, podemos continuar fortalecendo os shoppings como centros vivos de convivência, consumo, experiências e desenvolvimento para o Brasil.