NOV/DEZ 2024 - Edição 256 Ano 37 - VER EDIÇÃO COMPLETA

Plural nos negócios, Grupo São Joaquim investe há 30 anos em shopping centers

9 de dezembro de 2024 | por Solange Bassaneze / Fotos: Divulgação
Companhia anuncia projeto de master plan no entorno do SP Market, um dos principais shoppings da zona Sul da capital paulista

O Grupo São Joaquim é um dos players do setor de shopping centers e tem em seu portfólio dois ativos, o SP Market e o Shopping Fiesta, ambos inaugurados na década de 1990. A companhia, que começou no ramo de tecelagem em 1942, atua ainda em outros segmentos: prédios corporativos, urbanismo, logística, entretenimento, indústria e agronegócios. Já são mais de 80 anos de história carregada de muito sucesso. Nos shoppings, a busca é pela constante evolução. Na festa de 30 anos do Shopping SP Market, foram anunciados dois novos investimentos: a construção da maior casa de shows da América Latina, com capacidade de público superior a 9  mil pessoas e um projeto de imobiliário, que promete revolucionar o conceito de moradia, com mais de 10 torres residenciais completamente integradas ao SP Market, transformando-o em um complexo multiuso. Ambos estão em fase de concepção. Em entrevista à Revista Shopping Centers, Renato Srur, sócio do Grupo São Joaquim, conta um pouco desta trajetória da companhia com início em 1942 e destaca como tem sido o trabalho desenvolvido no segmento de shopping centers.

Renato Srur, sócio do Grupo São Joaquim
Revista Shopping Centers – A trajetória do Grupo São Joaquim teve início na indústria de tecelagem. Atualmente, a companhia atua em sete ramos distintos. O que motivou essa diversificação de negócios ao longo do tempo e de que forma a experiência de um negócio se soma aos demais? 

Renato Srur – Acredito que o DNA do grupo seja empreendedor. Começamos na indústria, mas a vocação e os objetivos das empresas foram ampliados, com ativos imobiliários e outros negócios para garantir a evolução das atividades. Essa diversificação empresarial permite enfrentar as oscilações econômicas, tornando o grupo sólido e em ascensão constante. 

RSC – Ainda fazendo um resgate na memória, quais foram os fatos mais marcantes ao longo de mais de 80 anos do Grupo?

RS – Foram inúmeros momentos relevantes na nossa história como a criação da Inylbra, que, hoje, é a maior fábrica de não tecidos de origem de material reciclado da América Latina., e a construção dos dois edifícios na esquina Av. Brigadeiro Faria Lima com Avenida Pres. Juscelino Kubitschek, na capital paulista, além de outros que o grupo empreendeu e ascendeu no ramo imobiliário. Outro fato foi o início das atividades do SP Market, na década de 1990. O ativo nasceu em um conceito vanguardista para a época e evoluiu sempre de forma constante, colocando a companhia em uma posição de destaque no mercado varejista do país. Menciono ainda a inauguração do nosso primeiro parque temático, em 1997, hoje Parque da Mônica. Foi também especial, já que, desde a sua concepção, se configurou o maior parque indoor da América Latina. 

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A fachada do Shopping SP Market foi revitalizada em 2023 e faz parte do projeto de modernização e reposicionamento no mercado
RSC – O saudoso Alberto Srur construiu essa história e acredito que tenha deixado valores muito consolidados. De que forma esse ensinamento compartilhado por ele influencia nos negócios até hoje? Existe alguma frase dele que resume o jeito em que conduzia as empresas, que o senhor se recorda.

RS – Acredito que a tradição pelo trabalho, no sentido literal da palavra, em primeiro lugar. Além disso, o empreendedorismo, a parceria com todos os nossos parceiros, a ousadia nos negócios e seriedade com o caixa são características do grupo que persistem nas gerações atuais e acreditamos que seguirá ainda por muitas gerações que estão por vir. Meu pai sempre me falou que não existem maus negócios, mas existem negócios bem ou mal dirigidos.

RSC – Em que momento, o Grupo decidiu investir no setor de shopping centers e o que impulsionou isso na época?

RS – O Grupo São Joaquim adquiriu um galpão industrial da Caterpillar em 1993 e, com sua visão vanguardista, transformou-o em um dos quinze maiores shoppings do Brasil. A zona Sul da cidade de São Paulo sempre nos pareceu muito promissora, foi o que nos chamou atenção. Até o momento, somos surpreendidos com o exponencial desenvolvimento da região, muito dele, inclusive, atribuído a presença do shopping no local. O Shopping Fiesta também completou 30 anos de existência em 2024 e também tem sua relevância nesta região da capital paulista.

RSC – SP Market é reconhecido ainda por oferecer entretenimento de qualidade. A Star Parks é uma das empresas do grupo, sendo responsável pela operação de parques temáticos como o Parque da Mônica e o Hello Park. Qual é a importância de tê-los no mix e quais são os principais desafios com essas operações? 

RS – A Starparks veio revolucionar e expandir o entretenimento indoor do país. Parques temáticos, como o Parque da Mônica e o Hello Park, desempenham um papel estratégico e relevante dentro do SP Market, especialmente no que diz respeito ao entretenimento e à experiência dos consumidores. Eles funcionam como âncoras que atraem um público diverso, principalmente famílias com crianças, promovendo não apenas diversão, mas também aumentando a circulação de pessoas e o tempo de permanência no local. Eles agregam um diferencial ao oferecer lazer lúdico e educativo, conectado ao universo infantil e aos personagens que marcaram gerações.

Esses espaços vão além de proporcionar entretenimento: eles criam um ambiente onde o consumo de produtos e serviços é estimulado. Famílias que visitam o parque tendem a consumir em outras áreas do shopping, como alimentação e varejo, gerando um impacto positivo nas vendas. A presença deles ainda favorece a retenção do público em momentos de sazonalidade, como férias escolares e feriados, quando há uma demanda maior por opções de lazer em ambientes seguros e confortáveis.

O Parque da Mônica é o maior parque indoor da América Latina e o Hello Park é o maior parque de tecnologia multimídia interativa do mundo. Além de posicionar o empreendimento como referência em diversão em todo o país, essas duas operações incrementam cerca de 15% do fluxo de visitantes. 

Contudo, a gestão de um parque temático dentro de um shopping não está isenta de desafios. Um dos principais está em investir constantemente em inovação e renovação de atrações para mantê-lo atrativo, evitando que o público perca o interesse com o tempo. Outro desafio é a integração entre as operações do parque e o restante do shopping. O aumento de fluxo gerado pelos visitantes deve ser bem gerido para não sobrecarregar áreas comuns, como estacionamento, e garantir que a experiência de todos os frequentadores seja literalmente incrível. A comunicação eficaz entre a administração do shopping e a do parque é essencial para criar sinergias que beneficiem ambos os lados.

Em resumo, parques temáticos trazem um valor inestimável ao shopping ao expandir a experiência do consumidor, promover o engajamento familiar e alavancar o consumo.

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Durante a visita, há momentos de interações com os personagens da Turma da Mônica
RSC – O Grupo estuda ainda novas expansões ou investimentos em greenfields?

RS – Sim, temos novidades para serem anunciadas em breve, tanto em relação à expansão do empreendimento, quanto de novos negócios imobiliários e de entretenimento. Todos já em andamento.

RSC –  Como avalia o fluxo, as vendas e a taxa de ocupação dos shoppings no decorrer de 2024 e como está a expectativa para 2025 neste ramo de atividade?

RS – Atualmente, o SP Market apresenta baixa vacância, tendo ocupação de 98,03% das operações. O centro de compras comemora a chegada de 11 novas lojas, que diversificam ainda mais o seu mix. Entre as novidades estão lojas como Vans, Life Vivara e Valisere, que já estão em funcionamento, mas para o próximo ano, pelo menos, mais 22 inaugurações estão previstas, entre elas, a chegada de marcas como Carters, Reserva, Hope e Ikesaki. Celebramos ainda quase 1 milhão de visitantes por mês e a qualificação do mix com lojas relevantes em todo o país. 

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O SP Market tem mais de 86 mil ㎡ de ABL e mais de 250 lojas
RSC – O setor de shopping centers tem buscado avançar na agenda ESG. De que forma o Grupo São Joaquim tem olhado para essas iniciativas? Existem novas metas sendo traçadas? Gostaria ainda que mencionasse o trabalho realizado pela Associação São Joaquim.

RS – A preocupação com a agenda ESG sempre fez parte da tradição do grupo. A Associação São Joaquim de Apoio à Maturidade é um braço do grupo com um importante olhar para os idosos, por exemplo. O espaço existe desde 2006, atende mais de 350 idosos com objetivo de oportunizar a socialização, o fortalecimento de vínculos, a manutenção da autonomia, a valorização e a garantia de direitos durante o processo de envelhecimento.

Outro projeto é o SP Market Solidário, uma agenda fixa com a responsabilidade social e, durante todo o ano, desenvolve ações com foco no apoio à comunidade ao redor do shopping. A Inylbra reutiliza 200 milhões de garrafas pet anualmente na produção de seus tapetes que, desde o ano 2000 tem a sua base no reciclado. As fazendas produzem 3 mil hectares de reflorestamento, além de uma reserva ambiental composta por cerca de 10 mil hectares. Buscamos, em cada unidade de negócio, garantir a sustentabilidade que possibilite o trabalho com qualidade e responsabilidade a longo prazo.

RSC – Atualmente, o Grupo São Joaquim gera quantos empregos diretos e indiretos em todas as áreas de atuação?

RS – Hoje, são mais de 1.500 empregos diretos gerados em todo o grupo. Considerando todos os ativos e a força deles em suas regiões e mercados de atuação são mais de 5 mil postos de trabalho.

RSC – Pela companhia ser associada da Abrasce, o que avalia ser mais importante nesta relação com a entidade?

RS – Acredito que essa filiação representa um diferencial significativo no cenário competitivo do varejo. Ao fazer parte, o empreendimento ganha acesso a uma série de benefícios que impactam diretamente sua operação, gestão e imagem no mercado.

A Abrasce é reconhecida por promover o desenvolvimento do setor de shopping centers no Brasil, oferecendo suporte técnico, capacitação e disseminação de boas práticas de gestão. Esse suporte é fundamental para que os shoppings associados possam se manter atualizados sobre as tendências do setor, inovação em experiência de consumo, tecnologia e sustentabilidade. A associação promove ainda eventos de integração e networking entre executivos e profissionais da área, o que favorece o intercâmbio de ideias e fortalece o setor como um todo.

Acreditamos que essa filiação pode ser vista pelos consumidores como um selo de qualidade, o que potencializa a confiança e fidelidade do público. Em momentos de crise ou mudanças de mercado, como foi observado durante a pandemia, a associação desempenhou um papel fundamental na representação dos interesses do setor junto às esferas governamentais, além de oferecer orientações estratégicas para mitigar os impactos.

Portanto, uma entidade de peso como a Abrasce não só fortalece a operação diária do shopping, mas também reforça sua imagem como um player relevante e comprometido com a excelência no mercado nacional.

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