Plural nos negócios, Grupo São Joaquim investe há 30 anos em shopping centers
Companhia anuncia projeto de master plan no entorno do SP Market, um dos principais shoppings da zona Sul da capital paulista
O Grupo São Joaquim é um dos players do setor de shopping centers e tem em seu portfólio dois ativos, o SP Market e o Shopping Fiesta, ambos inaugurados na década de 1990. A companhia, que começou no ramo de tecelagem em 1942, atua ainda em outros segmentos: prédios corporativos, urbanismo, logística, entretenimento, indústria e agronegócios. Já são mais de 80 anos de história carregada de muito sucesso. Nos shoppings, a busca é pela constante evolução. Na festa de 30 anos do Shopping SP Market, foram anunciados dois novos investimentos: a construção da maior casa de shows da América Latina, com capacidade de público superior a 9 mil pessoas e um projeto de imobiliário, que promete revolucionar o conceito de moradia, com mais de 10 torres residenciais completamente integradas ao SP Market, transformando-o em um complexo multiuso. Ambos estão em fase de concepção. Em entrevista à Revista Shopping Centers, Renato Srur, sócio do Grupo São Joaquim, conta um pouco desta trajetória da companhia com início em 1942 e destaca como tem sido o trabalho desenvolvido no segmento de shopping centers.
Revista Shopping Centers – A trajetória do Grupo São Joaquim teve início na indústria de tecelagem. Atualmente, a companhia atua em sete ramos distintos. O que motivou essa diversificação de negócios ao longo do tempo e de que forma a experiência de um negócio se soma aos demais?
Renato Srur – Acredito que o DNA do grupo seja empreendedor. Começamos na indústria, mas a vocação e os objetivos das empresas foram ampliados, com ativos imobiliários e outros negócios para garantir a evolução das atividades. Essa diversificação empresarial permite enfrentar as oscilações econômicas, tornando o grupo sólido e em ascensão constante.
RSC – Ainda fazendo um resgate na memória, quais foram os fatos mais marcantes ao longo de mais de 80 anos do Grupo?
RS – Foram inúmeros momentos relevantes na nossa história como a criação da Inylbra, que, hoje, é a maior fábrica de não tecidos de origem de material reciclado da América Latina., e a construção dos dois edifícios na esquina Av. Brigadeiro Faria Lima com Avenida Pres. Juscelino Kubitschek, na capital paulista, além de outros que o grupo empreendeu e ascendeu no ramo imobiliário. Outro fato foi o início das atividades do SP Market, na década de 1990. O ativo nasceu em um conceito vanguardista para a época e evoluiu sempre de forma constante, colocando a companhia em uma posição de destaque no mercado varejista do país. Menciono ainda a inauguração do nosso primeiro parque temático, em 1997, hoje Parque da Mônica. Foi também especial, já que, desde a sua concepção, se configurou o maior parque indoor da América Latina.
RSC – O saudoso Alberto Srur construiu essa história e acredito que tenha deixado valores muito consolidados. De que forma esse ensinamento compartilhado por ele influencia nos negócios até hoje? Existe alguma frase dele que resume o jeito em que conduzia as empresas, que o senhor se recorda.
RS – Acredito que a tradição pelo trabalho, no sentido literal da palavra, em primeiro lugar. Além disso, o empreendedorismo, a parceria com todos os nossos parceiros, a ousadia nos negócios e seriedade com o caixa são características do grupo que persistem nas gerações atuais e acreditamos que seguirá ainda por muitas gerações que estão por vir. Meu pai sempre me falou que não existem maus negócios, mas existem negócios bem ou mal dirigidos.
RSC – Em que momento, o Grupo decidiu investir no setor de shopping centers e o que impulsionou isso na época?
RS – O Grupo São Joaquim adquiriu um galpão industrial da Caterpillar em 1993 e, com sua visão vanguardista, transformou-o em um dos quinze maiores shoppings do Brasil. A zona Sul da cidade de São Paulo sempre nos pareceu muito promissora, foi o que nos chamou atenção. Até o momento, somos surpreendidos com o exponencial desenvolvimento da região, muito dele, inclusive, atribuído a presença do shopping no local. O Shopping Fiesta também completou 30 anos de existência em 2024 e também tem sua relevância nesta região da capital paulista.
RSC – SP Market é reconhecido ainda por oferecer entretenimento de qualidade. A Star Parks é uma das empresas do grupo, sendo responsável pela operação de parques temáticos como o Parque da Mônica e o Hello Park. Qual é a importância de tê-los no mix e quais são os principais desafios com essas operações?
RS – A Starparks veio revolucionar e expandir o entretenimento indoor do país. Parques temáticos, como o Parque da Mônica e o Hello Park, desempenham um papel estratégico e relevante dentro do SP Market, especialmente no que diz respeito ao entretenimento e à experiência dos consumidores. Eles funcionam como âncoras que atraem um público diverso, principalmente famílias com crianças, promovendo não apenas diversão, mas também aumentando a circulação de pessoas e o tempo de permanência no local. Eles agregam um diferencial ao oferecer lazer lúdico e educativo, conectado ao universo infantil e aos personagens que marcaram gerações.
Esses espaços vão além de proporcionar entretenimento: eles criam um ambiente onde o consumo de produtos e serviços é estimulado. Famílias que visitam o parque tendem a consumir em outras áreas do shopping, como alimentação e varejo, gerando um impacto positivo nas vendas. A presença deles ainda favorece a retenção do público em momentos de sazonalidade, como férias escolares e feriados, quando há uma demanda maior por opções de lazer em ambientes seguros e confortáveis.
O Parque da Mônica é o maior parque indoor da América Latina e o Hello Park é o maior parque de tecnologia multimídia interativa do mundo. Além de posicionar o empreendimento como referência em diversão em todo o país, essas duas operações incrementam cerca de 15% do fluxo de visitantes.
Contudo, a gestão de um parque temático dentro de um shopping não está isenta de desafios. Um dos principais está em investir constantemente em inovação e renovação de atrações para mantê-lo atrativo, evitando que o público perca o interesse com o tempo. Outro desafio é a integração entre as operações do parque e o restante do shopping. O aumento de fluxo gerado pelos visitantes deve ser bem gerido para não sobrecarregar áreas comuns, como estacionamento, e garantir que a experiência de todos os frequentadores seja literalmente incrível. A comunicação eficaz entre a administração do shopping e a do parque é essencial para criar sinergias que beneficiem ambos os lados.
Em resumo, parques temáticos trazem um valor inestimável ao shopping ao expandir a experiência do consumidor, promover o engajamento familiar e alavancar o consumo.
RSC – O Grupo estuda ainda novas expansões ou investimentos em greenfields?
RS – Sim, temos novidades para serem anunciadas em breve, tanto em relação à expansão do empreendimento, quanto de novos negócios imobiliários e de entretenimento. Todos já em andamento.
RSC – Como avalia o fluxo, as vendas e a taxa de ocupação dos shoppings no decorrer de 2024 e como está a expectativa para 2025 neste ramo de atividade?
RS – Atualmente, o SP Market apresenta baixa vacância, tendo ocupação de 98,03% das operações. O centro de compras comemora a chegada de 11 novas lojas, que diversificam ainda mais o seu mix. Entre as novidades estão lojas como Vans, Life Vivara e Valisere, que já estão em funcionamento, mas para o próximo ano, pelo menos, mais 22 inaugurações estão previstas, entre elas, a chegada de marcas como Carters, Reserva, Hope e Ikesaki. Celebramos ainda quase 1 milhão de visitantes por mês e a qualificação do mix com lojas relevantes em todo o país.
RSC – O setor de shopping centers tem buscado avançar na agenda ESG. De que forma o Grupo São Joaquim tem olhado para essas iniciativas? Existem novas metas sendo traçadas? Gostaria ainda que mencionasse o trabalho realizado pela Associação São Joaquim.
RS – A preocupação com a agenda ESG sempre fez parte da tradição do grupo. A Associação São Joaquim de Apoio à Maturidade é um braço do grupo com um importante olhar para os idosos, por exemplo. O espaço existe desde 2006, atende mais de 350 idosos com objetivo de oportunizar a socialização, o fortalecimento de vínculos, a manutenção da autonomia, a valorização e a garantia de direitos durante o processo de envelhecimento.
Outro projeto é o SP Market Solidário, uma agenda fixa com a responsabilidade social e, durante todo o ano, desenvolve ações com foco no apoio à comunidade ao redor do shopping. A Inylbra reutiliza 200 milhões de garrafas pet anualmente na produção de seus tapetes que, desde o ano 2000 tem a sua base no reciclado. As fazendas produzem 3 mil hectares de reflorestamento, além de uma reserva ambiental composta por cerca de 10 mil hectares. Buscamos, em cada unidade de negócio, garantir a sustentabilidade que possibilite o trabalho com qualidade e responsabilidade a longo prazo.
RSC – Atualmente, o Grupo São Joaquim gera quantos empregos diretos e indiretos em todas as áreas de atuação?
RS – Hoje, são mais de 1.500 empregos diretos gerados em todo o grupo. Considerando todos os ativos e a força deles em suas regiões e mercados de atuação são mais de 5 mil postos de trabalho.
RSC – Pela companhia ser associada da Abrasce, o que avalia ser mais importante nesta relação com a entidade?
RS – Acredito que essa filiação representa um diferencial significativo no cenário competitivo do varejo. Ao fazer parte, o empreendimento ganha acesso a uma série de benefícios que impactam diretamente sua operação, gestão e imagem no mercado.
A Abrasce é reconhecida por promover o desenvolvimento do setor de shopping centers no Brasil, oferecendo suporte técnico, capacitação e disseminação de boas práticas de gestão. Esse suporte é fundamental para que os shoppings associados possam se manter atualizados sobre as tendências do setor, inovação em experiência de consumo, tecnologia e sustentabilidade. A associação promove ainda eventos de integração e networking entre executivos e profissionais da área, o que favorece o intercâmbio de ideias e fortalece o setor como um todo.
Acreditamos que essa filiação pode ser vista pelos consumidores como um selo de qualidade, o que potencializa a confiança e fidelidade do público. Em momentos de crise ou mudanças de mercado, como foi observado durante a pandemia, a associação desempenhou um papel fundamental na representação dos interesses do setor junto às esferas governamentais, além de oferecer orientações estratégicas para mitigar os impactos.
Portanto, uma entidade de peso como a Abrasce não só fortalece a operação diária do shopping, mas também reforça sua imagem como um player relevante e comprometido com a excelência no mercado nacional.