
Bacio di Latte deve faturar R$ 1,2 bilhão em 2025
Companhia segue com expansão e aumento da capilaridade nos diferentes modelos de negócios
A Bacio di Latte é sucesso desde a abertura de sua primeira loja na Rua Oscar Freire, na capital paulista, em 2011, quando clientes formavam filas para provar o gelato da marca, o que não é incomum em outras unidades até hoje a depender da data. A loja do Shopping Tijuca chegou a vender 1,2 tonelada de gelato na última Black Friday. É uma marca querida dos brasileiros. E a rede só cresce ao longo dos anos. Em 2024, a companhia fechou com 200 operações próprias, mais de 8 mil pontos de vendas, um e-commerce muito ativo e nove operações nos Estados Unidos, atingindo um faturamento de R$ 850 milhões. Para 2025, a previsão é chegar a R$ 1,2 bilhão.

Para atingir essa meta, existem movimentos sendo realizados. “Seguiremos com expansão, com a abertura de 30 a 35 lojas no Brasil, mas também olhamos para o crescimento same store sales e a diversificação de portfólio. No varejo, a expectativa é fechar com 12 mil pontos de vendas neste ano”, conta Fabio Medeiros, diretor de marketing da Bacio di Latte. Nos Estados Unidos, a expansão segue também e pretende-se dobrar o número de operações na Califórnia, concentrando os investimentos neste estado.
A alta das lojas em 2024 chegou a 40% e esse resultado é a soma de conjunto de fatores como novas lojas, valor do ticket médio, fluxo e ao same store sales, que teve um acumulado de 25% no período.
Com toda a experiência da Itália
A história está diretamente relacionada à vinda do fundador Edoardo Tonolli ao Brasil em 2009. Já havia visitado o país outras vezes, mas retornou para fazer um trabalho voluntário em hospitais filantrópicos no interior do Ceará durante um ano. Neste período, teve uma breve passagem pela cidade de São Paulo. Neste momento, esse italiano, natural de Milão, captou a oportunidade de abrir gelaterias, pois era algo ainda pouco explorado por aqui. No retorno à Itália, dividiu essa ideia com seu irmão Luigi Tonolli e juntos passaram a estudar sobre o produto, inclusive, o fundador da Gelateria Marghera deu-lhes várias dicas de como abrir uma gelateria artesanal. “
No meio do caminho, uma amiga apresentou-lhes Nick Johnston, um escocês que já tinha morado no Brasil, que indicou abrir um ponto na Rua Oscar Freire, por ser um local onde tinha morado e sabia que é onde muitas das tendências acontecem”, conta. E assim, decidiram apostar neste negócio com todo know-how italiano em terras brasileiras. “No início, chegaram a dividir o mesmo apartamento”, relembra Medeiros.

O funding para a primeira loja veio da venda de um carro antigo, presente do pai dos Tonolli, um colecionador de automóveis. Logo após a inauguração, filas começaram a se formar, mas não era algo esperado por eles.
“Então, era comum encontrá-los voltando do Pão de Açúcar, com o carrinho cheio de creme de leite fresco e leite para atender essa demanda. Desde sempre, tiveram essa proposta de usar os melhores ingredientes. Essa época marcou muito a vizinhança. O Nick ficava no caixa e o Edo na produção”, relembra Medeiros.
Em junho de 2012, investiram na segunda unidade no JK Shopping e, na sequência, em mais uma unidade em Moema. Só em 2014 que se acelerou a expansão e shoppings vieram como um dos principais pilares para o crescimento da companhia.
O aporte de R$ 25 milhões de reais em 2016 foi essencial para novas aberturas. “Dobramos o número de operações em 2016, chegando a 60 unidades”, relembra.
Presença nos malls
Segundo Medeiros, atualmente, 70% das operações estão em shopping, sendo 40 quiosques e 130 lojas.

“Eles oferecem uma estrutura muito favorável, otimizando o tempo de abertura e a construção, além do fluxo de consumidores. Na rua, o capital mobilizado na obra é bem maior. Dependendo do bairro, é preciso construir essa jornada com o consumidor. Ainda que a Bacio seja uma marca reconhecida e consiga tornar-se destino, na rua, é preciso comunicar muito as pessoas ao redor. E o shopping já faz isso.” Em 2023 e 2024, a rede reforçou sua presença no Nordeste, sendo que todas as novas operações foram inauguradas em shoppings.
“Eles já têm curadoria de público e mix, reduzindo o risco do plano de expansão. No geral, desbravar um novo território passa por esses empreendimentos. Em 2025, vamos abrir em Aracaju nos shoppings RioMar e Jardins. O calor do Nordeste é muito bom para a gente, mas é preciso conforto, e o shopping vira um oásis na região.” Faltam ainda ter operações com lojas próprias nos estados do Maranhão e Piauí. Não chegaram ainda ao Norte também com esse modelo de negócio.
Faltam ainda ter operações com lojas próprias nos estados do Maranhão e Piauí. Não chegaram ainda ao Norte também com esse modelo de negócio. “Temos ainda bastante oportunidade no Centro-Oeste, pois estamos apenas em Goiás e Distrito Federal com lojas próprias. No varejo, estamos em todos os estados e esse canal nos ajuda a avaliar a performance de cidades menores, trazendo indicadores para a expansão, como, por exemplo, Sinop, Londrina e Maringá.”
O processo de internacionalização da marca aconteceu em 2017, com a primeira loja inaugurada no Westfield Century City, em Los Angeles. Para 2025, a meta é chegar a 18 operações no estado, o dobro de 2024. “Já avaliamos outras regiões dos EUA, mas há muita oportunidade na Califórnia. O clima é favorável, o consumo per capita de sorvete é o maior do país e o estado conta com uma população com alto poder aquisitivo.”
Feito com excelência
Manter a qualidade do processo artesanal é uma tarefa diária em todas as gelaterias. E isso acontece desde a homologação da cadeia de fornecedores até o preparo das receitas sempre de forma artesanal dentro das lojas. As receitas são digitalizadas e a rede tem cada vez trabalhado com o cargo de especialista de gelato, que cuida de todo esse processo de fabricação. Há ainda um trabalho muito forte do time de treinamento e uma dinâmica de campo. “É bem complexo e o corpo diretivo da Bacio também olha semanalmente as reclamações que entram pelo SAC e pelas redes sociais. Qualquer desvio, conseguimos atuar. O Edo também visita as lojas e observa e prova todos os gelatos. Analisa ainda se estão adequados visualmente.”

Além do gelato, a Bacio di Latte oferece um cardápio variado de bebidas, cafés e sobremesas e isso surgiu da oportunidade de que as lojas são muito procuradas após o almoço, e, no período da tarde, o público procura passar mais tempo no local entre os compromissos do dia. ”Trouxemos inovações no portfólio, o que faz com que a gente participe de outras ocasiões da vida do consumidor, melhore essa experiência e nos torne ainda mais relevantes.” Com esse foco, há também um investimento na linha de presenteáveis e sazonais, o que tem crescido muito como licores e barras de chocolate.
O Bacio ainda prefere manter a rede de lojas próprias, mas Medeiros afirma que estar em varejo é avaliar o mercado o tempo todo. “Assim como analisamos a entrada dos potes em supermercados em 2020, o franchising é uma conversa que acontece. Hoje, a decisão da Bacio é continuar com lojas próprias e com time direto para fazer esse trabalho de desenvolvimento.”

A marca também tem cinco operações com o conceito de picolés, que está sob estudo ainda.
O projeto iniciou na orla do Rio de Janeiro e, em seguida, abriu-se uma pop-up no Shopping Pátio Higienópolis, que acabou virando permanente. “Ele poderia ser franqueado, mas preferimos ter o modelo direto.” Os picolés, produtos da Bacio Casa e bombons são produzidos em uma fábrica em Minas Gerais. Há ainda outra unidade fabril em Cotia que abastece os quiosques da marca.
E esses multicanais se complementam.
“Pegamos os top sellers das lojas e vendemos no varejo. As próximas inovações precisam estar consolidadas em lojas e isso tem funcionado muito. Lançamos o sabor brownie, em 2023, virou um top 10. No meio de 2024, chegou ao supermercado e, em pouco tempo, passou a ser o terceiro sabor mais vendido”, conta Fabio.
Nas lojas, Pistacchio, Belga e Bacio di Latte lideram o ranking de vendas. A Bacio di Latte produz, em média, 320 toneladas por mês.
No digital

O e-commerce representava 1% do faturamento em 2018. Em 2019, ele chegou a 5%. Com a pandemia, se tornou muito representativo e ajudou a fomentar o conhecimento de que a categoria estava disponível neste canal, pois, segundo Medeiros, não era óbvio para o consumidor que podia comprar gelato de forma on-line. E esse trabalho foi reforçado de 2020 a 2022.
“Hoje, a venda digital representa 15% do faturamento da loja, uma alta de 70% em relação ao ano de 2023. Do business total, 10% do faturamento total é do e-commerce, 25% do varejo e 65% das lojas.”
Para isso, a rede tem parceiros como Rappi e IFood e lançou o app em 2022, o que ajudou a melhorar o delivery. “Mais tarde, incorporaram o programa de fidelidade dentro do app. Dentro das vendas digitais, o aplicativo representa 30% do faturamento. É bem representativo. Tem quase 800 mil usuários cadastrados.”
Por meio da análise de dados, é possível saber que o cliente diamante, categoria máxima do programa, frequenta a loja cinco vezes ao mês, o que também contribui para ser mais efetivo na comunicação.
Ou seja, a marca está atenta a todos os detalhes para surpreender o cliente a cada visita e criar recorrência nesta sorveteria que te leva para a Itália por meio de uma explosão de sabores.