NOV/DEZ 2024 - Edição 256 Ano 37 - VER EDIÇÃO COMPLETA
ESG

No Instituto Reação, o mantra é a transformação

9 de dezembro de 2024 | por Solange Bassaneze / Fotos: Divulgação
Com polos em cinco estados e 21 anos de história, a iniciativa tem o esporte e a educação como pilares

O esporte associado à educação tem um papel de transformador social e, quando essa iniciativa é bem orquestrada, muda a realidade não só de quem participa, mas da família. E é isso o que acontece no Instituto Reação, ONG fundada em 2003 pelo judoca e medalhista olímpico Flávio Canto, o ex-treinador Geraldo Bernardes e amigos, que já impactou mais de 20 mil vidas. 

Segundo José Cândido Muricy, CEO do Instituto Reação, inicialmente, era um projeto exclusivamente de judô de apoio à comunidade no contraturno escolar. Ao longo dos anos, houve um entendimento que era preciso aprofundar mais as ações e a educação foi incluída, passando a ser o core business, desta forma, atua nas duas frentes, exigindo comprometimento e assiduidade do aluno. Oferece dois programas estruturantes: Reação Futuro e Reação Alto Rendimento. E ainda três programas transversais: Bolsas de Estudo, Conecta e Reação com Elas.

“Dentro de uma comunidade, sem oportunidade, sem conhecimento, sem apoio, esse aluno passa a ter uma jornada que chamamos de caminho potente, ou seja, a criança entra aos 4 anos e saí empregada. Ao longo desta formação, há o desenvolvimento de trabalho socioemocional essencial, onde ela entende o pertencimento, ganha autoestima, sonha, traça o futuro… Ao fechar o ciclo do caminho potente, conseguimos usar o nosso mantra da transformação. Nestes 20 anos, nós nos transformamos para ser transformadores”, diz Muricy. 
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José Cândido Muricy, CEO do Instituto Reação

O Instituto Reação utiliza a metodologia do ‘Cicclo’, onde enfatiza para cada fase da aprendizagem – Construir, Conquistar e Compartilhar – e trabalha com valores como coragem, humildade, responsabilidade, respeito, superação e solidariedade. 

Para os alunos que se mostram diferenciados, criam-se alguns critérios para serem elegíveis a bolsas de estudo. Atualmente, são mais de 300 bolsas concedidas, onde contam com um suporte da ALLOS.

“A companhia é uma parceira estratégica até para a gente trabalhar e desenvolver melhor esse programa de bolsas em cima da educação. É o nosso parceiro mais incisivo e atuante quando tratamos do tema educação formal”, conta Muricy. 

De acordo com Ana Paula Niemeyer, diretora de Marketing da ALLOS, a empresa dedica o investimento social privado a iniciativas que possam contribuir para o desenvolvimento das comunidades do entorno dos shoppings.

“Entendemos que ações relacionadas ao esporte são uma importante ferramenta de inclusão, superação e transformação. Dentre as iniciativas podemos citar que, desde 2016, a ALLOS deu um relevante passo no incentivo ao esporte por meio do patrocínio dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. Desde então, mantivemos como legado o apoio ao Instituto Reação, impactando mais de 2 mil jovens ao longo desse período com acesso ao esporte, com aulas de judô para crianças da Rocinha e educação de qualidade”, conta Ana Paula.

Sem fins lucrativos, o Instituto Reação se mantém com patrocínio via Lei Federal de Incentivo ao Esporte e por meio de investimento direto.

Registro de uma das oficinas de educação

A contribuição da ALLOS ao projeto se dá principalmente por meio de patrocínios. “Parte dos recursos é dedicada à Reação do Futuro, projeto focado na evolução de rendimento esportivo e acompanhamento multidisciplinar dos alunos e atletas, associação à educação. Sempre buscando fortalecer a parceria, atuamos também em outras ações, como as Festas Literárias do Instituto Reação, em que mobilizamos os shoppings no Rio de Janeiro (RJ) e em Cuiabá (MT) para realizar arrecadação de livros. Na última campanha, 4.844 livros foram arrecadados”, conta a diretora de marketing. 

Em 2023, expandiram o patrocínio na esfera de impacto qualitativo e de longo prazo, e a companhia tornou-se patrono do Programa de Bolsas de Estudos do Reação. “Patrocinado integralmente pela ALLOS, é voltado para jovens apoiados pelo Instituto e ofereceu 283 bolsas de estudo em 2023. Além da educação formal, são oferecidos também cursos de inglês e aulas de reforço. Participam do programa 17 escolas, duas universidades, dois cursos de idiomas e um curso focado em lidar com a defasagem escolar.

Também são disponibilizados auxílio na compra de livros e apostilas, encaminhamento para avaliações fonoaudiológicas, psicopedagógicas, entre outras assistências”, conta Ana Paula.  A ALLOS acompanha os resultados dos alunos bolsistas, incluindo ações como elaboração de reports e atividades especiais, como a festa de fim de ano. 

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Ana Paula Niemeyer, diretora de marketing da ALLOS

Muricy dá um spoiler que novos desafios vêm pela frente em parceria com a ALLOS. “A companhia quer expandir isso de forma institucional, criar ações nas redondezas dos shoppings e há 33 empreendimentos mapeados. Queremos expandir um modelo educacional para que possa estar formando alguns alunos por ano, além da parte das oportunidades de emprego, da qualificação e aproveitamento deles seja na rede de fornecedores, na própria ALLOS ou no próprio shopping que estiver apoiando”, revela. 

Moradora da comunidade da Rocinha, Juliana Fernandes Martins, recepcionista, mãe da aluna Ana Beatriz Martins de Sousa, 15 anos, conta que a filha entrou no Instituto Reação aos 6 anos, participando da escolinha de judô, e, atualmente, faz parte da pré-equipe, com treinos diários, de segunda a sexta, para competições no estado do Rio de Janeiro e em outros estados. Além disso, ela participa de oficinas de educação do Instituto Reação. Bolsista com 100% de desconto, estuda na Escola ORT, em Botafogo.

São cinco anos de bolsa, sendo os dois últimos neste colégio, onde concluiu o 9º ano em 2024.

“É uma oportunidade única para a minha filha e é muito bom saber que ela está estudando e treinando enquanto eu trabalho. Como o Instituto está próximo, fico mais tranquila de ela ir e voltar neste percurso. Além disso, o fato de ela estar em uma escola particular faz toda a diferença para o futuro dela, uma oportunidade que eu não tive. O Instituto ainda trabalha o desenvolvimento do aluno com oficinas de educação. Hoje, o adolescente fica muito disperso com as redes sociais e acredito ser fundamental ocupar a mente deles com algo que vai agregar já que, hoje, está tudo muito difícil e violento”, relata Juliana.

O Instituto Reação 

Atualmente, o Instituto Reação tem polos em cinco estados – RN, RJ, SP, MG e MT. Existem outros pré-requisitos que tornaram o projeto viável. Todas as unidas estão muito próximas às comunidades para que o aluno possa ir a pé e também oferecem o lanche aos alunos. Com isso, gera uma procura muito grande.

“A mãe não quer deixar o filho à toa, porque a criança é vulnerável neste ambiente. Diante disso, existe uma grande procura e todos os polos contam com fila de espera. E isso é colocado de forma transparente, todos eles sabem a ordem de chegada e isso dá muita tranquilidade para a gente trabalhar. Por conta disto, estamos dobrando o espaço da Rocinha, nosso esforço agora é finalizar a obra e vamos passar a atender 1.400 alunos. Hoje, são cerca de 600 a 700. No total, atendemos cerca de 3.800 alunos em todos os polos”, detalha Muricy.
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A equipe do Instituto Reação está acostumada a lidar com ambientes adversos, com situações de risco e vulnerabilidade e mostra que é possível se fortalecer diante de dificuldades e mudar as estatísticas.

Para que essa jornada fosse completa, o Instituto Reação criou ainda o Conecta, a porta de saída do Instituto, pensando na empregabilidade, e há trilhas que esse aluno pode optar no fim do ciclo: pode continuar estudando ou começar a trabalhar para levar renda para a casa ou empreender junto com a família. Atualmente, esse programa conta com 70 apoiadores, que oferecem vagas diferenciadas e com um olhar social para que esse jovem seja apadrinhado por um voluntário interno e possa dar certo dentro da empresa.

Por isso, Muricy reforça uma mensagem ao setor varejista e de shopping, já que podem contribuir também:  “comecem a olhar para essa causa educacional e de geração de empregos para que possamos ter um mutirão e conseguirmos cada vez mais tirar esses jovens e inseri-los no mercado de trabalho. E, assim, ajudar a transformar a vida dele e dos familiares.”

Formação de atletas

Do total de estudantes do Instituto Reação, cerca de 5% têm alguma habilidade diferenciada para o esporte e, em comum acordo com ele e com a família, mudam para o programa olímpico, que tem toda a parte educacional, mas eles passam a ter aulas de judô, visando competição diariamente. Apenas poucos alcançam o sucesso, mas se tornam referência para os demais. A judoca medalhista olímpica Rafaela Silva é uma delas. Com a metodologia baseada em Construir, Conquistar e Compartilhar, o objetivo é que os que atingiram o sucesso, venham ao Reação para motivar todos.

“É compartilhar o sucesso dele. É o que tentamos promover para motivar essa criançada, mostrando que é possível sonhar. Temos advogado, engenheiro, campeão olímpico, brasileiro e mundial… Temos vários cases de sucesso e eles retornam motivando e também dando apoio de alguma forma”, conta Muricy. 

Mais iniciativas 

Em 2023, Ana Paula conta que os os projetos esportivos realizados pelos shoppings da ALLOS beneficiaram 4.730 crianças e jovens. Em 2024, patrocinaram um dos maiores eventos de tênis da América Latina, o Rio Open, e também apresentaram de maneira inédita no Brasil o Wheelchair Tennis Elite, torneio de tênis em cadeira de rodas, reforçando o poder de esporte e transformação, além de acessibilidade.

“Também estamos ampliando nosso apoio a diferentes modalidades, como jiu-jitsu, tênis e futebol, promovendo o esporte entre jovens e fortalecendo iniciativas de impacto social em várias regiões do país, lideradas pelos nossos shoppings nas suas localidades.”

Outro exemplo é o projeto Futuro Bom, em parceria com o Shopping Leblon, que ensina tênis a crianças em situação de vulnerabilidade em escolas públicas e locais parceiros no Rio de Janeiro, como o Copacabana Palace e o Paissandu Atlético Clube. Desde 2017, o projeto já impactou diretamente mais de 5 mil crianças.

Em Fortaleza (CE), o Shopping Parangaba mantém a parceria com o programa Levante e Lute para apoiar uma iniciativa que oferece aulas de judô para crianças e adolescentes que habitam o entorno do empreendimento. O trabalho tem como objetivo oferecer práticas esportivas para crianças e jovens como parte do desenvolvimento individual e coletivo.

“Em Campinas, o Parque Dom Pedro apoia o Ponte Preta S21 Futsal Down, a primeira equipe de futsal Down do Brasil com divisão de base. Beneficiando mais de 100 atletas a partir de 4 anos, o projeto promove inclusão e desenvolvimento por meio do esporte. Além de uniformes e kits para treino, o patrocínio fomenta pesquisa acadêmica em parceria com a Unicamp, utilizando inteligência artificial e biomecânica para aprimorar o desempenho dos atletas. Essa iniciativa reforça o compromisso social da ALLOS e seu impacto na comunidade local”, conta Ana Paula.
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Enfim, são vários cases que merecem ser cada vez mais replicados e fomentados.

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