MAI/JUN 2025 - Edição 259 Ano 38 - VER EDIÇÃO COMPLETA
ESG

Alfabeto das cores: shoppings da NIAD tornam-se referência em inclusão para daltônicos

26 de junho de 2025 | por Solange Bassaneze / Fotos: Divulgação
Iniciativa pioneira na América Latina ressignifica a experiência de compra com sinalização acessível a esse público

Pensando nas pessoas com daltonismo, a NIAD implementou nos shoppings um sistema universal de identificação de cores que transforma símbolos em inclusão. Pioneira na América Latina, a iniciativa ColorADD promove educação, autonomia e pertencimento. A partir da sinalização de espaços, o projeto revela como soluções simples e bem aplicadas podem transformar a relação com esses consumidores. 

A campanha realizada em alguns dos shoppings durante a celebração de um ano da parceria entre NIAD e ColorADD

Segundo Eduardo Borges, CEO da NIAD, o projeto surgiu durante uma pesquisa em busca de novas formas de inclusão.

“Essa ferramenta inovadora já estava sendo aplicada em outros países com ótimos resultados. Decidimos trazê-la para nossos shoppings para ampliar o debate e a inclusão dos daltônicos, mesmo sabendo que seria uma longa jornada, já que esse tema é pouco discutido no Brasil.” 

Com isso, a companhia assumiu a missão de utilizar os equipamentos para sensibilizar o público, multiplicar a informação sobre a existência desse alfabeto das cores e, ainda, contribuir com a sociedade em geral. “Ela está totalmente alinhada às diretrizes da NIAD de olhar para todos de forma singular.”

Miguel Neiva, criador do ColorADD, relembra que sempre teve essa preocupação de um dia poder minimizar os constrangimentos dos daltônicos, cuja condição é de origem heriditária. Acreditando no conceito básico do Design –  adequado à função e como ciência, que não cria apenas coisas belas – , começou a pesquisar sobre o problema, número de pessoas afetadas e descobriu que nada existia. E, foi então aí que o processo se tornou aliciante com a ambição de poder fazer algo que pudesse de algum modo fazer a vida de alguém melhor, permitindo sua integração numa sociedade que vive e se comunica pela cor. 

“O primeiro passo foi voltar à universidade com o propósito de focar no desenvolvimento de uma solução, que o mundo não tinha, e que respondesse a 350 milhões de pessoas daltônicas de modo universal, inclusivo e não discriminatório. Foram oito anos de investigação, contato com médicos da área oftalmologia e com daltônicos de todo o mundo, muito estudo sobre os sistemas e os códigos universais de comunicação e muitas histórias apaixonantes para contar até nascer o sistema de identificação de cores para daltônicos”, explica Neiva.

O nome ColorADD foi determinante por representar a base onde o código está sustentado e o conceito de adição de cores pelo caráter positivo que aporta, fazendo essa pessoa se sentir abraçada por ele.

Sobre o ColorADD

Neiva explica que o código é baseado num princípio universal da adição de cor, algo aprendido por todos desde pequenos. Apenas para recordar, as três cores primárias, quando misturadas entre si, originam as demais cores existentes e, para obter tons claros ou escuros, é preciso adicionar preto ou branco.

“Então, a cada cor primária foi atribuído um símbolo gráfico simples, capaz de integrar o vocabulário de qualquer pessoa, de qualquer idade em qualquer parte do mundo, mais um símbolo gráfico para o branco e outro para o preto. A partir disso, temos um jogo mental que, pelo sistema de adição de cor, correlaciona os símbolos”, explica Neiva. 

Por exemplo, para obter a cor verde, deve-se misturar amarelo com azul, para obter o símbolo que identifica a cor verde. Daí, correlaciona o símbolo do amarelo com o símbolo do azul e se obtém o símbolo de identificação do verde. E assim por diante para todas as cores, colocando os símbolos correlacionados com branco ou preto para orientar para tonalidades claras ou escuras.

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“Tudo isso não necessita de um contexto cultural, social, geográfico ou linguístico, porque o ColorADD em si mesmo é o alfabeto das cores e esse conhecimento da adição de cor é igual em qualquer parte do globo”, pontua o criador”, conta Neiva. Com parceiros ativos como a NIAD, essa iniciativa está presente em 92 países e, para ganhar vida, precisa de entidades e organizações, públicas ou privadas, que assumem o papel de alfabetizador da sociedade.

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Nos shoppings administrados pela NIAD, Borges conta que, em um ano, mais de 4 milhões de pessoas já foram impactadas, direta ou indiretamente, durante as visitas e nos diversos eventos promovidos sobre esse tema. A sinalização nos estacionamentos, por exemplo, tem ajudado os clientes a encontrarem seus carros com mais facilidade.

“Outro impacto significativo foi o diagnóstico recebido por mais de mil clientes nas ativações realizadas. Muitas envolveram comunidades carentes, que normalmente não teriam acesso fácil a esse tipo de exame. Um diagnóstico com o potencial de transformar profundamente a vida dessas pessoas, oferecendo-lhes a oportunidade de compreender e lidar melhor com sua condição”, conta o CEO da NIAD.

De acordo com o Neiva, a NIAD divulgou, se envolveu, compartilhou e se assumiu como entidade alfabetizadora dessa nova linguagem em um país com cerca de 9 milhões de daltônicos. “Com a coragem dos pioneiros, foram feitos milhares de rastreios de daltonismos nos espaços administrados pela companhia, que teve ainda o apoio de óticas implantadas nos shoppings, de onde se diagnosticaram mais de mil daltônicos. A isso chamamos serviço público. O desenvolvimento do sentimento de pertencimento face a esse projeto ‘Colorido do meu jeito’, em cada colaborador da NIAD, foi algo absolutamente diferenciador e que gerou esse impacto extraordinário”, conta o criador. Atualmente, conseguem gerar, com os shoppings ColorADD da NIAD mais os parceiros na Europa, um impacto direto em 12 milhões de visitantes daltônicos a cada ano.

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Miguel Neiva, criador do ColorADD

Campanha comemorativa

Em maio deste, os ativos envolvidos nesta iniciativa participaram de uma campanha institucional ‘A beleza da inclusão está além do que os olhos alcançam’, pois esse tema é pouco debatido no Brasil diante do impacto enorme das cores no varejo. “Pesquisas indicam que 90% desse público precisa de ajuda para identificar as cores das roupas. Só de ter os símbolos nos estacionamentos, elevadores, banheiros, caixas coletoras de resíduos, pilastras e portas, os clientes daltônicos já se sentem ouvidos. É difícil sentir o que alguém com alguma necessidade especial precisa quando não vivenciamos essa condição. Mas podemos ampliar nossos olhares para encontrar as soluções que alcancem o maior número de pessoas possível”, enaltece Borges. 

Neiva complementa dizendo que: As marcas tocam pessoas e as pessoas mudam o mundo. Por isso, o esforço é levar essa mensagem ao mundo com marcas parceiras, acreditando juntos que o ‘Poder da Cor’ é para todos!

A repercussão desde o início tem sido extremamente positiva. De acordo com Borges, as pessoas se encantam ao tomar conhecimento, pois nunca tinham visto algo parecido. Descobrem o alfabeto, suas aplicações e querem participar das atividades. “Não daltônicos, depois que experimentam os óculos que simulam a visão dos daltônicos, comentam como é essencial pensar nesta questão e descobrem como é desafiador para esse público escolher e combinar roupas e como deve ser difícil seguir uma sinalização de emergência em que se lê “aperte o botão vermelho”, já que os daltônicos não identificam essa cor. Isso tudo é realmente impactante”, diz o CEO. 

Essa jornada de inclusão continua se ampliando e a aplicação dos símbolos deve chegar a outros shoppings do portfólio da NIAD.

“Temos um papel social e estamos contribuindo para a promoção de um movimento de construção de uma cultura consciente cada vez mais abrangente. Entendemos que nossos shoppings funcionarão como grandes vitrines para que outros grupos, empresas ou instituições, por exemplo, adotem essa sinalização tão importante e inclusiva. Cada ação que realizamos é um fator de transformação social. É nisso que acreditamos”, diz Borges.

Potencial de crescimento

Eduardo Borges, CEO da NIAD

Neiva conta que existe uma vontade muito grande de entrar em outros setores como de transportes públicos e hospitais, como acontece já na Europa.

“Esses dois ecossistemas são setores críticos para o daltônico e gostaríamos de iniciar experiências nessa área no Brasil, exatamente porque impactam milhões de pessoas todos os dias.”

Depois, o segmento de educação, a partir das escolas e universidades. Segundo ele, o setor editorial está muito bem orientado no Brasil pela Aprende Brasil do Grupo Positivo nos livros escolares, pela Pingue Pongue do Grupo Ciranda Cultural nos livros infantis e pela ARCO Educação em recursos didáticos. 

Os shoppings também continuam sendo foco do projeto porque têm essa oportunidade de promover valores de responsabilidade social e impacto positivo nas comunidades próximas “Quando falamos de inclusão e integração não há rivais, há boas práticas a serem replicadas. E assim fica o desafio a outros shoppings e grupos, para se tornarem espaços promotores de acessibilidade universal pela cor com o apoio da ColorADD”, conclui o criador do alfabeto.

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