O poder e a delicadeza da liderança feminina na construção da transformação dos shopping centers
Pesquisas recentes realizadas pela Abrasce apontam que as mulheres representam mais de 50% do público frequentador de shopping centers. Apesar disso, ainda não alcançamos a mesma representatividade nos cargos de liderança do setor.
Dos 648 shoppings existentes no Brasil, 27% possuem mulheres na superintendência, número similar ao olharmos para a área de negócios, como um todo. Embora ainda seja uma parcela limitada, é um avanço significativo para o setor.
Hoje, vemos as mulheres assumindo papéis cada vez mais relevantes em posições de liderança, refletindo mudanças no mercado e na sociedade. Elas têm contribuído com uma gestão mais sistêmica e estratégica, especialmente em áreas como experiência do consumidor, inovação, marketing e sustentabilidade.
Diversos estudos reforçam que a ascensão de mulheres a cargos executivos melhora o desempenho organizacional em qualquer segmento. A pesquisa Leadership Circle Profile aponta que mulheres pontuam mais alto do que homens em dimensões criativas, demonstrando maior eficácia e competência de liderança. Cindy Adams, autora do estudo, afirma:
“As mulheres têm níveis mais altos de eficácia de liderança e menor impacto reativo em comparação aos homens.”
Ou seja, a presença feminina na liderança é um grande ativo. Reconhecendo isso, a Abrasce destaca o protagonismo feminino em iniciativas como o Women Talks – realizado pela primeira vez no 18º Congresso Internacional de Shopping Centers – onde mulheres compartilham experiências e promovem a diversidade, além de trazer no seu conteúdo, pautas que valorizam a diversidade.
Ter mulheres na liderança implica em uma gestão empática e colaborativa, que fomenta inovação, conexão humana e práticas inclusivas. Líderes femininas se destacam por possuir skills como:
- Saber ouvir, sentindo: um olhar cuidadoso que promove conexão humana e transforma os shoppings em hubs sociais.
- Curiosidade: fomenta um ambiente fértil para inovação e criatividade.
- Vulnerabilidade como força: a capacidade de se conectar emocionalmente gera empatia e inclusão.
- Sustentabilidade: um olhar atento ao futuro e ao cuidado com o mundo.
Minha trajetória no setor de shoppings centers começou em 1996, em um cenário predominantemente masculino. Na época, poucas mulheres atuavam em áreas como a comercial, onde comecei minha carreira. Era um ambiente competitivo, com pouca abertura para um estilo de liderança mais suave ou feminino.
Adaptei-me aos modelos que percebia: rígidos, focados e distantes da minha essência. A menina criada entre laços e babados moldou-se para caber no terninho e no discurso esperado, mas esse processo deixou marcas. Com o tempo, percebi que não precisava abrir mão de quem sou para liderar. Encontrei um estilo próprio, equilibrando firmeza e sensibilidade.

Por isso, dedico-me a apoiar outras mulheres para que não precisem abrir mão de sua essência e das características que as tornam únicas. Faço isso não apenas como uma líder no setor, mas também no trabalho voluntário junto ao Grupo Mulheres do Brasil, em Goiânia (GO) .
Equilibrar trabalho, família e voluntariado não é fácil, mas é algo que me preenche. Como líder do núcleo Mulheres do Brasil em Goiânia, contribuo para causas como o enfrentamento à violência contra a mulher e o empreendedorismo feminino, ajudando a construir um futuro mais igualitário para todas. Descobri com isso meu propósito: apoiar outras mulheres nessa jornada por aqui, sou apenas uma, mas junto a várias outras, sei que podemos gerar essa transformação.
Na minha organização, tenho a felicidade de poder apoiar outras mulheres e ver a cada dia o número de lideranças femininas aumentar, somos uma empresa que valoriza a diversidade e a promove genuinamente, seja por meio de vagas afirmativas ou no dia a dia, promovendo e capacitando nosso time de mulheres.
Às vezes, me pergunto como consigo equilibrar trabalho, voluntariado e família. A resposta é simples: faço porque amo. Amo ver shoppings cheios de clientes felizes, crianças encantadas com o Papai Noel, entregar resultados e ainda ter tempo para apoiar meu filho no início da jornada para o vestibular. Tudo isso são fontes de energia para mim, assim como cozinhar aos domingos ou organizar a ceia de Natal. Servir é minha forma de amar.
A liderança feminina no setor de shoppings não é apenas uma questão de representatividade, mas de transformar o mercado com visões mais inclusivas, criativas e humanas. Juntos, podemos construir um futuro onde o talento feminino seja cada vez mais reconhecido e valorizado.
E você, como pode contribuir para fortalecer esse movimento e abrir espaço para mais mulheres líderes no setor?