Mais um ilustre Congresso Internacional de Shopping Centers
Sob temática inspiracional de ‘Conectando Visões Construindo o Amanhã’, evento é marcado pela plateia qualificada de todo país e forte presença de executivos da América Latina
Foram três dias memoráveis. Entre 26 e 28 de junho, toda a indústria se reuniu no Expo Center Norte, na capital paulista, para acompanhar uma programação intensa com pautas variadas e muito importantes para o setor e a sociedade. Foram 43 painelistas em 17 palestras e o storytelling foi construído sob a ótica de ‘Conectando Visões Construindo o Amanhã’. Para poder entregar esse evento aos 960 congressistas, a Abrasce trabalhou com antecedência ao longo de mais de um ano, pensando em todos os detalhes e se inspirou em NRF, WebSummit e SXSW.
Ocorreu ainda simultaneamente à ABF Franchising Week e hospedou de forma inédita o 2º Congresso Latino-americano de Shoppings da CLICC, que a Abrasce, e mais 11 países fundaram há dois anos.
A maior internacionalização demonstrou a potência do encontro, que atraiu uma delegação de mais de 200 pessoas de toda a América Latina, além do apoio da Câmara Portuguesa de Shopping Centers (APCC). Em seu discurso de abertura, Glauco Humai, presidente da Abrasce, reforçou a relevância do setor, que chegou, em 2023, a 639 shoppings em 245 cidades, recebendo 462 milhões de visitas mensalmente. Abrigam ainda 121 mil lojistas, gerando mais de 1 milhão de empregos diretamente e computando R$ 294,7 bilhões em vendas no ano passado.
“Estes ativos são responsáveis por quase 2,5% do PIB nacional, e ser um equipamento urbano aberto e conectado à cidade, ser a extensão da rua e da casa das pessoas é o nosso propósito. O shopping é de todos. É um empreendimento privado de alma pública”, ressaltou Humai.
ESG em foco
A Abrasce tem liderado cada vez mais ações com foco em diversidade, inclusão e sustentabilidade nos últimos anos. Após o lançamento do Programa de Carbono Zero, da Cartilha da Diversidade e da primeira pesquisa ESG do setor, em 2024, a entidade alcançou outro grande feito.
“Neste ano, trago mais uma novidade, que nos coloca em outro patamar em relação ao assunto ESG. A Abrasce se tornou signatária do Pacto Global, uma iniciativa das Nações Unidas, que estimula empresas de todo o mundo a adotarem práticas conectadas à Agenda 2030 e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. É um passo muito importante para engajar ainda mais empresários e profissionais do setor nas questões ambientais, sociais e de governança”, frisou Humai.
Parceria com a ABF
Tom Moreira Leite, presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF), também foi convidado a subir ao palco e relembrou a ligação produtiva e estratégica entre os dois setores.
“Franchising e shopping centers têm um longo histórico de relacionamento e colaboração no Brasil e no mundo e a Abrasce fez um estudo importantíssimo com o apoio da ABF, que mostra de forma clara a força dessa parceria. Temos uma projeção de que 32% das lojas em shoppings são franquias. Outro dado é que, das 13 redes que estão presentes em mais de 50% dos shoppings em todo o país, nove operam por meio do franchising. Como vimos, as franquias estão presentes de forma marcante nos shoppings, e eu tenho certeza de que temos espaço para muito mais.”
Continente sem barreiras
Carlos Betancourt, presidente da CLICC, também deu voz à importância deste encontro.
“Estamos escrevendo novas páginas da história dos centros comerciais da América Latina. Nossa indústria necessita de marcas se expandindo por toda região, de uma ação que não conheça fronteiras, e isso só pode ser construído com esse tipo de conexão. Vamos seguir trabalhando juntos a favor da indústria, de nossa gente e de nossas comunidades. Essa Expo é de nível global. Isso é o que somos capazes de fazer na América Latina. Temos que crer nessas possibilidades, em quem somos e na indústria.”
E o destino promete ser bastante promissor. Todos na plateia ficaram animados com o anúncio do próximo evento da entidade. Em 2025, o 3º Congresso será realizado na Guatemala.
Grandes momentos do Congresso
Confira, a seguir, momentos imperdíveis de algumas das palestras desta edição.
O novo varejo: A transformação na economia e no setor, na América Latina
Com a participação de Betancourt e Humai e mediado pela jornalista Juliana Rosa, o debate do painel de abertura falou sobre o momento atual da economia, reforma tributária, taxação sobre importação, união do setor na América Latina, entre outros temas.
Segundo Humai, o primeiro semestre teve alguns pontos de melhoria importantes no setor no Brasil, com a vacância e a inadimplência sob controle, a aceleração do fluxo e as vendas ainda estagnadas, mas um pouco melhores, além de três inaugurações de shoppings. E a expectativa é boa para os próximos meses.
“Temos datas comemorativas importantes e eleições sempre trazem movimentação financeira. Com a expectativa da queda do dólar e a entrada de investimentos que venham a se confirmar, assim como recados que o governo quer dar como de controle da inflação, de responsabilidade fiscal e com o recurso público, a expectativa é que tenhamos mais acomodação e o segundo semestre tenha uma performance melhor. Esperamos crescer acima da inflação esse ano, mas precisamos ter ainda atenção e participar das discussões que estão acontecendo no país do ponto de vista econômico.”
O presidente da CLICC destacou a importância da união setorial entre os países latino-americanos para somar esforços para os próximos meses. “A força da América Latina não só contribuirá para a potência do mercado, mas temos que olhar com amplitude para o que está acontecendo nos shoppings. Há uma transformação do momento de integração regional e, neste cenário, temos que nos preparar, dispor de muitas normativas e trabalhar a unidade de nossos diferentes países para que todos tenham uma possibilidade muito melhor. O robustecimento das nossas economias e da nossa indústria se valerão do crescimento regional.” Apesar das diferenças entre os países, a indústria deve continuar trabalhando. Desta forma, o comércio que se encontra em diferentes mercados poderá sofrer menos com as variações, abrindo mais possibilidades. “Devemos seguir trabalhando e encarar que a nossa indústria construa maior solidez”, reforça Betancourt.
“Desmistificando a transformação digital no consumo: o que mudou e o que mudará?”
A Abrasce também trouxe grandes players do varejo ao palco. Conduzido por Andrea Iorio, professor de MBA da Fundação Dom Cabral, Viviane de Castro, diretora comercial, B2B e treinamento da Vivara, contou como a marca se tornou um grande case em digitalização. Em 2012, a Vivara lançou seu site, o primeiro em joalheria do Brasil. Em 2016, a omnicanalidade já fazia parte do planejamento estratégico. Nesta época, 95% da receita era advinda das lojas físicas.
Com a pandemia, houve uma aceleração digital, em três meses desenvolveram o que aconteceria em cinco anos. E isso foi possível porque já tinham desenhado o futuro no varejo.
“Entendemos que a transformação digital seria feita pelas pessoas e começamos pela cultura desde a base até o CEO. Focamos na experiência do nosso cliente, trabalhamos com time de vendas, dando ferramentas e treinamento para 3 mil pessoas, e estabelecemos a mesma remuneração para os vendedores do presencial ou on-line. Esse foi o nosso tripé e que até hoje faz parte do nosso dia a dia.”
Com isso, a Vivara foi a marca de varejo com a menor queda no período da pandemia. E os resultados impressionam: 40% das vendas estão ligadas a um código de um vendedor. Antes, esse índice era de 0,5%. Fora isso, é onde há o maior ticket médio. A tecnologia trouxe assertividade e tornou o atendimento ainda mais personalizado. A marca ainda tem usado a IA para que a experiência não seja apenas transacional, mas relacional. Para o futuro, a executiva enxerga que haverá uma convergência total entre físico e digital.
Conforme mencionou Iorio no início do bate-papo, é preciso trazer mais perguntas do que respostas para os negócios. Com o conhecimento adquirido ao longo dos anos, já há muitas informações para um questionamento, mas é necessário buscar a reinvenção.
Para exemplificar, fez menção a Polaroid, uma invenção do físico americano Edwin Land que ficou instigado após ouvir de sua filha: “Por que não podemos ver a foto agora, papai?”. Após 5 anos, foi lançada a primeira câmera instantânea da história. E Iorio questionou: “Será que algum adulto teria feito essa pergunta porque já sabia as respostas? Líderes e empresários também cometem o mesmo erro.” E Iorio deixou a mensagem de que é preciso seguir o que já dizia o sociólogo Alvin Toffler nos anos 1970: “Os analfabetos do século 21 não serão aqueles que não sabem ler e escrever, mas aqueles que não podem aprender, desaprender e reaprender”. Então, é preciso enxergar que vários paradigmas da indústria estão se quebrando e antever as mudanças, porque senão o outro irá fazer antes.
A importância da inovação e do empreendedorismo no varejo: explorando o empreendedorismo responsável e sua vantagem competitiva
Em um mundo cada vez mais dinâmico e tecnológico, a disrupção é fundamental. Para esse debate, Konrad Dantas, CEO da produtora e do selo musical KondZilla, e de Paulo Rogério, fundador da Pizzaria Crek, compartilharam suas trajetórias profissionais com o público. A mediação ficou a cargo da jornalista Juliana Munaro.
Logo no início do bate-papo, ficou claro para a plateia, que, além do sucesso, os dois palestrantes têm em comum a origem humilde. Ou seja, a necessidade de vencer na vida também empurra para a inovação. “A gente só foi! Queríamos trabalhar e sustentar nossa família”, conta Rogério ao lembrar como ele e o sócio Valber deram início à produção de uma pizza enrolada, única no mundo. E isso foi há 16 anos, no Capão Redondo, bairro periférico da capital paulista. Desde então, a Pizza Crek patenteou sua massa leve e crocante, com 1 mm de espessura, desenvolveu uma máquina para produzir mais de 500 mil rolos de pizza por mês e abriu mais de 100 lojas no Brasil.
Além do êxito com as lojas físicas e o delivery, a Pizza Crek também virou sensação em eventos. Hoje, a marca atende o camarote do Morumbis e o Autódromo de Interlagos. No entanto, apareceu uma pandemia no meio do caminho, e Rogério teve que inovar novamente. “Fomos uma das primeiras marcas a aderir ao iFood. Hoje, somos a pizza mais pedida no aplicativo, e também a mais comercializada em eventos”, diz o CEO da Pizza Crek.
Quem vê em 2024 os feitos do CEO da Kondzilla, com série aclamada na Netflix e prêmios recebidos no Grammy Latino e em Cannes, nem imagina as batalhas que ele teve que travar. “Quem vem da periferia está sempre no corre. Temos que pensar em soluções todos os dias”, comenta sorrindo Konrad. O garoto de origem humilde nascido e criado em Guarujá queria viver de música e de audiovisual, então, começou a produzir videoclipes de funk por R$ 1 mil. Pouco a pouco, foi crescendo com trabalhos para a Conspiração Filmes e depois em seu canal no YouTube.
Com muita determinação, precisou inovar várias vezes. “No início, era fornecedor, mas entendi que precisava ser dono do selo KondZilla. Em 2018, cheguei ao Spotify. Temos sempre que olhar para onde o mercado quer ir e acelerar para lá. Foi assim que surfei a onda do streaming em 2019, com a série Sintonia”, explica.
Há 13 anos, “contando histórias pela KondZilla”, como ele mesmo define, Konrad defendeu a necessidade de conversar com pessoas de outros mercados e trazer aprendizado para o próprio universo, além de comparecer a eventos pelo mundo e estudar sempre.
Como ser um líder impactante, poderoso e influente no ambiente atual?
O painel da norte-americana Carla Harris era um dos mais aguardados pelo público. E a Senior Client Advisor na Morgan Stanley não decepcionou ao dar uma verdadeira aula sobre liderança.
Como uma mulher negra com experiência de 37 anos em Wall Street, ela já decretou de imediato a chave para vencer em ambientes corporativos dominados por profissionais das gerações Y (ou millennial) e Z. “Prepare-se para liderar de forma diferente da que foi liderado. Você não lidera uma companhia, você lidera pessoas”, informa Carla, acrescentando três palavras-chave: transparência, inclusão e feedback.
Como se já não faltassem desafios nas organizações, a pandemia também impactou o mercado com duas grandes mudanças: a amplificação da voz e das escolhas dos funcionários e as mudanças dos contratos de trabalho.
Em um cenário tão complexo e em constante mudança, Carla trouxe os pilares fundamentais para gerir equipes de sucesso. O primeiro passo é ter autenticidade, ou seja, estar confortável na própria pele. Desse modo, é necessário criar um ambiente onde as pessoas também mostrem quem são e onde sejam construídas relações de confiança. Afinal, ninguém consegue chegar ao topo sozinho. O gestor precisa do seu time.
Ter clareza também é primordial. “Não tenha medo de errar! Você erra e logo tenta de novo. Lembre que você motiva os times a serem mais competitivos quando eles sabem o que é sucesso para seu líder.” Outra lição importante é criar novos gestores. Carla ressaltou que quem ocupa cargo de liderança tem que aprender a amplificar seu impacto, além de delegar tarefas. “As pessoas têm que saber que você está investindo nelas. Faça com que seu time confie em você e se entregue 100%, indo além da job description.”
Ao contrário das gerações anteriores, os millennials e os “zeners” sempre acham que há escolha. Por isso, para evitar a perda de talentos, invista em diversidade. É necessário ter uma equipe plural, com perspectivas e experiências distintas. “Seja um líder inclusivo. Solicite a voz das pessoas, chame-as pelo nome, escute-as. Afinal, todos valorizam o maior e o melhor e querem colocar as digitais em um projeto de sucesso”, resume Carla.
Autenticidade, Confiança, Clareza, Cultivar Líderes, Diversidade, Inovação e Inclusão são as pérolas recomendadas por ela para uma liderança.
Para além das redes sociais: como o conteúdo digital pode potencializar os resultados?
Rafael Kiso, fundador e CMO da mLabs, chamou Luís Felipe Franco, head de growth da Sallve, e Fabio Faccio, CEO da Renner, para uma conversa pra lá de produtiva sobre a conexão das marcas com os mundos on-line e off-line. Nascida no universo digital em 2019, a marca de cosméticos Sallve ganhou ainda mais força quando partiu para pontos de venda físicos dois anos após a fundação. “Nosso primeiro passo foi levar nossos produtos para as farmácias. Estreamos em 140 drogarias sem campanha específica, e as vendas aconteceram, porque a marca já estava consolidada no digital”, ressalta Franco.
A ideia de ir para as farmácias partiu dos próprios clientes, ou como define o head de growth, da “comunidade Sallve”, que priorizava a conveniência. Focada em ser uma empresa mais diversa para a geração Z e os millennials, a Sallve aposta em cores e em fórmulas 100% vegetais. Esses princípios ficaram ainda mais evidentes, quando a Sallve relançou a marca Contém1g, em 2022, com produtos veganos.
Atualmente, as duas empresas somam mais de 5 mil pontos de venda, marcando presença em shoppings por meio de quiosques descolados. Franco acredita que é essencial investir no digital, mas é preciso selecionar bem quem serão os influenciadores do seu negócio.
“Nosso cliente é nosso maior influencer. Pegamos ideias e entendemos as necessidades com a comunidade. Realizamos a Turnê Sallve e convidamos pessoas para bater papo. Desses encontros, saem muitos insights e conexões pessoais. É o caso do Arthur, um seguidor nosso, que faz conteúdo para a Sallve no interior do Piauí e constrói valor de marca”, enfatiza Franco.
Fazendo o percurso contrário, a Renner teve que fazer valer sua força on-line muito tempo depois do sucesso de suas lojas nas ruas e nos shoppings. “A empresa tem 112 anos de existência. Começamos no físico e depois bombamos no digital. A vida é integrada. Os clientes também querem o real, a vivência, a experimentação. Temos um consumidor ‘onlife’”, detalha Faccio.
Durante a pandemia, a Renner investiu pesado na comunicação com os consumidores via WhatsApp. “Não é um canal de venda, é um canal de relacionamento. Trata-se de uma ferramenta sensacional, com atendimento personalizado. Nosso maior ticket médio de conversão é pelo WhatsApp”, enfatiza o CEO.
A digitalização das lojas também foi outro trunfo da fast-fashion. Com caixas de autoatendimento rápidos e práticos, um grande gargalo foi resolvido: as filas. “Os consumidores até perguntam se o atendimento era mágico! A experiência de consumo melhorou muito. Inclusive, hoje, as lojas são ponto de venda, experiência, retirada ou troca de produto e geração de conteúdo. Não tem mais on e off, tem integração!”, finaliza o CEO da Renner.
Shopping Center 2030: um Olhar para o Futuro
O fechamento do evento se dá tradicionalmente com um dos painéis mais aguardados, que reúne alguns dos empreendedores do setor. Gabriela Baumgart, presidente do Conselho do Grupo Baumgart, conduziu a conversa com Jaimes Almeida Junior, CEO do Grupo Almeida Junior, Renato Rique, presidente executivo do Conselho de Administração da ALLOS, e Marcelo Carvalho, copresidente da Ancar Ivanhoe.
Para iniciar esse bate-papo, Gabriela destacou o quanto se apaixonou pelo setor ainda na pré-adolescência, se dedicando e se especializando em governança corporativa. “É uma honra enorme estar com esses pares e ídolos nossos. Muito bom tê-los em nossa casa, que é parceira hoje, no Expo Center Norte.”
O CEO Almeida Junior ressaltou no início da conversa a importância de atender bem o cliente, oferecer experiências continuamente e de ter um mix variado e um marketing pensado de acordo com a cultura de cada cidade. Ainda explanou sua opinião para o mercado no futuro: “Para frente, eu vejo um crescimento de brownfield (expansão), pelo menos, em nossa companhia para os próximos cinco anos.” O empreendedor ainda relembrou os investimentos feitos na AJPlace, uma vertical de varejo criada na companhia a partir da pandemia, que, devido ao desempenho, foi flipada. Em seguida, direcionaram os investimentos à AJFuns, uma plataforma voltada para tecnologia, inovação e relacionamento. “E essas mudanças foram um grande aprendizado. Nós, empreendedores, somos inquietos, sempre procuramos algo novo e não deixamos de avaliar oportunidades.”
Com a palavra, Rique destacou alguns dos atributos essenciais do setor, que considera muito bem posicionado mundialmente, bem mais desenvolvido que o americano, e falou do privilégio de atuar neste segmento. “As respostas sejam negativas ou positivas são imediatas, temos a chance para se reinventar e temos que construir esse sucesso todo dia. É algo apaixonante para quem entra no varejo e, depois, é difícil sair. Temos como atributo primordial a paixão, porque, com ela, as chances de se fazer bem-feito são maiores de servir à comunidade, aos parceiros e aos lojistas. No fim, é preciso ganhar dinheiro para continuar vivo, investindo e gerando emprego. Mas se fizer bem-feito, o resultado será consequência. Retail is detail.”
Quando questionado sobre o mercado asiático, o presidente executivo da ALLOS vê similaridades com o Brasil, diferentemente dos EUA. “Os shoppings americanos são repetitivos enquanto o brasileiro desde o início começou a trazer cinemas, restaurantes slow food… e, mais tarde, universidades, academias de ginástica… Isso é a solução e, por isso, é tão resiliente. Quantas vezes não ouvimos que o negócio estava morto e estávamos nós lá firme, resiliente e forte.”
E ele se disse impressionado em como o Oriente está focado em tecnologia e inteligência artificial. Enquanto no Brasil se busca conhecer o consumidor com profundidade, eles praticam entretenimento e gameficação. “É uma cultura diferente, mas é bom ficarmos alerta porque essa cultura está se disseminando nos jovens ocidentais”, enaltece Rique.
O copresidente da Ancar Ivanhoe aproveitou o momento para trazer algumas memórias dos primeiros congressos organizados pela Abrasce e também sobre a conexão genuína do grupo com as pessoas. “O meu pai Sergio Carvalho foi primeiro presidente da Abrasce e ele vinha receber as pessoas neste evento, o que reflete muito a cultura da companhia. Somos GPTW há 17 anos. Nossa relação com nossos stakeholders é de muita proximidade, transparência e respeito e, com isso, construímos uma estratégia baseada nas pessoas, seja com os nossos lojistas, consumidores e com a comunidade, dando sequência ao legado do Sergio.”
Trazendo ainda as estratégias tomadas no Iguatemi Porto Alegre – ativo em que a Ancar Ivanhoe é sócia -, diante da tragédia do Rio Grande do Sul, Carvalho relembrou o apoio à comunidade gaúcha com diversas iniciativas. Com isso, a estratégia contribuiu para ajudar os lojistas que tinham perdido suas casas, criar um hub de doações, firmar parceria com ONG de animais, fazer doação expressiva para uma organização com foco em reconstruir as escolas, entre outras. “Em uma semana, o Iguatemi Porto Alegre virou um hub de apoio à comunidade gaúcha. Isso é uma demonstração da nossa potencialidade de ser um equipamento da comunidade. Nós temos uma responsabilidade social corporativa com a comunidade que nos prestigia diariamente. Quando ela é genuína e está institucionalizada na cultura da empresa, é descentralizada. É uma adesão nossa à vontade dela.”
Gabriela também aproveitou esse gancho para comunicar a todos que o Shopping Center Norte, o Lar Center e o Expo Center Norte se tornaram empresas do Sistema B, movimento global de empresas que usam os seus negócios para a construção de um sistema econômico mais inclusivo, equitativo e regenerativo para as pessoas e para o Planeta.
Foi o primeiro do segmento a ter esse selo no mundo. Para alcançar essa prestigiada certificação, a Cidade Center Norte implementou em seus empreendimentos medidas rigorosas que abrangem critérios ambientais, sociais e de governança. “Isso reforça muito a luz da inspiração de trocas, porque é possível trazer a sustentabilidade para dentro do modelo dos negócios. Sabemos que as questões climáticas vão se repetir, de policrises… Temos que ter esta responsabilidade socioambiental como empreendedores”, conclui Gabriela.
Enfim, foram muitos conhecimentos compartilhados com uma plateia atenta em captar diversos insigths para que possam olhar para os seus equipamentos pensando no amanhã, mas se conectando com outras visões sempre.