
O uso de diciclos nos malls
Alinhados com as práticas de ESG, estes veículos trazem benefícios para deixar a operação ainda mais segura e estão cada vez mais modernos
A mobilidade elétrica tem alcançado mais força no mercado nacional e, nos shopping centers, isso também pode ser presenciado. O uso de veículos elétricos ajuda na operação e na segurança e, ao longo dos anos, tem passado por uma evolução constante, especialmente referente às baterias, que ganharam mais autonomia. Um dos equipamentos mais relevantes utilizados é o diciclo e isso já vem de alguns anos. Essa invenção do Dean Kamen não teve o efeito de mudar a mobilidade urbana como ele imaginava, mas o fato é que colabora para grandes operações da iniciativa privada e do setor público.

O Grupo JCPM é um grande entusiasta destes tipos de veículos. Segundo Sérgio Assis, gerente de operações da companhia, nos estacionamentos, utilizam desde carrinhos estilo golf para transportar pessoas e carga até motos elétricas. “Para segurança interna, o uso é mais do diciclo, e a externa, as motos. No total, nos sete shoppings administrados, somamos 110 equipamentos.” Entre os ativos, os que mais se destacam são o Salvador Shopping e o RioMar Recife.

“Estamos falando de shoppings que têm entre 90 e 100 mil ㎡ de ABL. E isso termina sendo imprescindível na prestação de serviço e gestão dos centros comerciais.”
A BRMobility atua no mercado desde 2014 e, somente no setor de shopping centers, está presente em 140 ativos. No total, tem 438 diciclos em operação. Segundo Rodrigo Andrade, sócio-fundador da BRMobility e especialista em mobilidade elétrica, o Parque Dom Pedro e o ShoppingAnáliaFranco também têm uma grande frota.
“Outro case interessante é o Shopping Leblon, que possui 10 diciclos, apesar de uma ABL menor”, conta. Isso demonstra que cada shopping tem suas peculiaridades e estudos com a equipe de operações e segurança são realizados para entender as demandas de cada um. Não existe uma regra de quantidade de veículos por ABL, mas estratégias pré-definidas.
Há cerca de 20 anos, o valor de um diciclo era equivalente ao preço de um carro popular, então, era mais mais difícil de uma empresa de segurança entender seus benefícios. No entanto, o equipamento passou a ser locado, se tornando um alternativa bem mais vantajosa. E esse modelo prevalece até hoje, representando a grande maioria dos contratos. Na BRMobility ,98% dos contratos são de locação, sendo que as vendas representam apenas 2%. “Há contratos com administradores, shoppings ou terceirizadas. Conseguimos penetrar nos três formatos sempre com muita eficiência”, diz Andrade, especialista em mobilidade elétrica. O Grupo JCPM segue o modelo de locação, considerando a possibilidade de atualização, o que faz com que a renovação se torne mais rápida.
Benefícios dos diciclos
Segundo Assis, os diciclos são úteis durante toda a operação, mas, sobretudo, nos períodos de grande fluxo. “Entre os principais benefícios, estão a celeridade de deslocamento e a possibilidade de atender melhor o cliente”, diz. É possível ainda reduzir o quadro operacional mesmo que isso não esteja na estratégia do ativo, porque um vigilante em um diciclo elétrico consegue fazer a cobertura de quatro a seis homens a pé, copiando a mesma área, dependendo da marca e autonomia do equipamento. Nos shoppings da JCPM, o efetivo de segurança se manteve. “Apenas estamos dando melhores condições de deslocamento e da prestação de serviço. Mas isso não impacta em um contingente menor”, conta o gerente de operações do Grupo JCPM.

De acordo com Andrade, há outros benefícios como o aumento do campo de visão do vigilante e a maior percepção de sua presença no mall pelo visitante, o que também inibe alguém que esteja com má intenção, ou seja, o vigilante em um diciclo tem ainda um efeito moral.
“Pode ser uma solução para transitar entre o estacionamento e o mall. Diferentemente da moto, que só atende o estacionamento. É um veículo que ajuda a equipe de segurança. Outro ponto é a acessibilidade, ele pode acessar um elevador ou uma escada rolante… Essa solução ainda agrega muito ao ESG”, explica o especialista em mobilidade elétrica.
O uso deste veículo evita ainda de certa forma que o vigilante preste informação ao público, o que é muito comum, mas acaba tirando o foco de atenção do profissional enquanto orienta o cliente. Ao estar em um diciclo, essa abordagem se torna menos frequente.
Outro ponto está relacionado à eficiência econômica do diciclo, pois entrega mais rondas com menor custo. Além disso, tem uma característica ergométrica diferente de qualquer outro veículo, o que favorece a salubridade do condutor, que fica em uma posição anatômica.
Modelos
De acordo com Andrade, a BRMobility oferece categorias on road com diciclos que desenvolvem melhor dentro do mall por suas dimensões, e off road, que roda melhor em estacionamento, podendo descer e subir guias e passar por tartarugas e olho de gato. Tem ainda o VIPS (Veículo Individual de Primeiros Socorros) que tem agregado muito valor à equipe de brigadas. Ele é um diciclo como os demais, mas é todo caracterizado com as cores dos bombeiros e equipado para atender as demandas internas. Tem ainda o VIP voltado à segurança pública.

“Temos diciclos dos três principais fabricantes mundiais. Por ser uma tecnologia de autoequilíbrio, é preciso muito critério, ou seja, é preciso ficar atento ao fabricante. Oferecemos ainda todas as garantias para evitar acidentes com as baterias, devido aos critérios de segurança que exigimos dos fabricantes. Estamos há 10 anos no mercado, toda a evolução está dentro do hardware, não exposta ao modelo de veículo em si”, diz Andrade.
Os diciclos com maior autonomia de fábrica, disponíveis na BRMobility, rodam 40 km, o que representa de 6 a 8 horas. “No caso dos shoppings, com uma recarga de uma hora, é possível ganhar 60% da autonomia, o que faz com que consigam rodar todo o plantão. Esse é o padrão. Como estamos em evolução constante, desenvolvemos um laboratório de baterias internas, o que tem nos dado conhecimento e estamos muito próximos de entregar ao mercado baterias com 60 a 70 km de autonomia”, conta o especialista em mobilidade elétrica.
Habilidade comprovada
Não há uma legislação que obrigue o condutor do diciclo a ter um treinamento nem mesmo o empreendimento entregá-lo, mas, geralmente, é oferecido. No Grupo JCPM, os condutores recebem esse treinamento. “No caso dos diciclos, a circulação é interna, e é preciso estar bem capacitado para utilizar. No caso das motos, a habilitação já responde pela preparação, é, claro, um pré-requisito para o cargo”, explica Assis.

A BRMobility desenvolveu um treinamento com carga horária de oito horas para que o condutor possa estar apto a dirigir um diciclo, passando por etapas desde o manuseio até carregar e guardar o veículo, evitando que o vigilante venha manuseá-lo de uma forma incorreta e danificá-lo. “Fazemos ainda um trabalho de conscientização deste vigilante sobre a responsabilidade civil que ele tem quando está em cima deste diciclo, entendendo como precisa ter uma condução segura”, pontua Andrade.
O treinamento e a reciclagem para essa pilotagem é essencial devido à rotatividade de profissionais na atividade.
Enfim, os shoppings e as empresas de segurança estão atentos a isso e buscam sempre oferecer o que há de melhor para melhorar a experiência do cliente. Por isso, muitos ativos enxergam valor em incorporar os diciclos e outros veículos elétricos na operação.