NOV/DEZ 2024 - Edição 256 Ano 37 - VER EDIÇÃO COMPLETA

Paula Lima brilha em todos os lugares

9 de dezembro de 2024 | por Solange Bassaneze / Fotos: Marco Antônio
Com vários hits na carreira, a cantora, prestigiada internacionalmente, lança novo álbum em 2025

Para quem já teve a oportunidade de assistir Paula Lima ao vivo, a reação do público é de sair estupefato pela entrega dela no palco. Ícone do soul e MPB, seu talento transborda as fronteiras e desde sempre conquista corações de todas as nacionalidades. Agora, ela lançará mais um álbum com músicas inéditas. Esse trabalho belíssimo agregará mais ainda à sua carreira, que já acumula sucesso de outros álbuns – ‘É Isso Aí’, ‘Paula Lima’, ‘Sinceramente’, ‘Outro Esquema’, ‘O Samba é do Bem’, além do DVD ‘Sambachic’. Com uma potência musical incrível, ela segue produzindo trabalhos encantadores.

Em 2024, teve mais projetos concluídos, como a regravação de ‘Baila Comigo’ – o famoso ‘Lança Perfume’ -, prestando homenagem à rainha do rock brasileiro, Rita Lee, e é mais uma canção para o repertório selecionado do projeto ‘Soul Lee’. “Foi um ano especial de muitas inspirações, realizações e alegrias e novos caminhos para um 2025 lindamente sonoro. O novo álbum mágico vem aí. ” Sobre a mais nova canção, ‘O universo que habita em mim’, lançada em novembro, ela comenta: “Foi uma música composta por Emicida, especialmente pra mim. Fala sobre amor, esperança, resiliência e fé. Foi um presente dos mais especiais e estou muito, muito feliz!”

paula lima

Em 2025, já está preparada para cumprir uma agenda repleta de compromissos. “Vários shows pelo Brasil. Haverá uma participação minha em um projeto muito especial e significativo. Logo estará no ar. Novas músicas inéditas serão lançadas entre fevereiro e março e, em meados de maio/junho, chegará o novo álbum, que prometo, será lindo!”

De casa para o mundo 

Paula relembra que sua identidade musical se formou no ambiente familiar desde muito cedo. “Nasci ouvindo música negra brasileira e do mundo. Ficava aos sábados sentada na sala com os meus pais, escutando Martinho da Vila, Alcione, Jorge Ben, música cubana, samba e jazz. Também fazia shows para os meus pais (rs). Aos 7 anos, comecei a estudar piano erudito e me formei depois de 10 anos. Nas festas do meu tio, também era de praxe termos novos ‘discos’ de nomes como Djavan, Earth Wind & Fire e Fundo de Quintal, em que sentávamos, líamos todo o encarte e cantávamos juntos. Acontecia um superchurrasco, com muita dança, alegria e amor. O amor pela música sempre esteve presente na minha vida e até hoje é ele quem me move”, conta. 

Essa raiz sólida rendeu muitos frutos colhidos ao longo de duas décadas de carreira. Já recebeu duas indicações ao Grammy, inúmeros prêmios e fez diversas parcerias, sempre trazendo muito balanço, suingue e soul singular. Com tantos encontros que o meio musical proporciona, ela afirma ter vivido momentos memoráveis: “Entre eles, com grandes ícones e referências como Milton Nascimento, Jorge Ben Jor, Elza Soares e Alcione, além das parcerias com o meu incrível amigo, Seu Jorge”.

Ela considera os trabalhos com outros artistas experiências únicas de muito aprendizado e de uma alegria imensurável. “Jorge Ben Jor sempre foi meu ídolo desde a infância e ter o prazer e a honra de dividir inúmeras vezes o palco com ele é algo muito marcante, significativo e inesquecível.” Mas ainda tem uma lista de desejos que gostaria de ter realizado e outros que ainda podem acontecer. “Adoraria ter tido o prazer de assistir ao vivo Elis Regina, Ella Fitzgerald e ter um encontro com Quincy Jones, a minha maior referência. Adoraria registrar sons com gente bacana que está no ar como Adi Oásis, Arie Lennox, Luedji Luna e Tassia Reis (deve acontecer!) e um novo registro com Xande de Pilares.”

Sua música chegou a outros continentes e já foram muitas turnês internacionais. Segundo ela, o mais interessante de estar em outros países é entender e absorver novas culturas e novos sons. “Cantar na Tunísia, África do Sul, Alemanha, Angola, Holanda, Estados Unidos para um público tão diverso e curioso, quando não, conhecedor do meu trabalho, e todos com muita receptividade, tem grande valor e é de muita alegria pra mim. Tudo tem valido a pena. No Japão, onde me apresentei cinco vezes, e, na Alemanha, onde estive ainda neste ano de 2024, com a SP Big Band na Sala da Filarmônica de Berlim foi tudo muito mágico e mais que especial. Só agradeço!”, conta. 

Universo que Habita em Mim com composição de Emicida

Entre tantos shows, ela recorda que já fez vários em shoppings também. “Sempre para um público receptivo e caloroso. Lembro, inclusive, de me apresentar na noite do último capítulo de “Avenida Brasil”, que foi uma novela de sucesso absoluto, e era como um final de Copa do Mundo em tempos áureos com o Brasil pra ganhar o título… Achei que não haveria ninguém e estava completamente lotado! Inesquecível.”  Neste ambiente, ainda guarda outras memórias afetivas. “Tenho lembranças deliciosas de idas ao shopping, sempre com o meu tio e a minha prima. Lanches, passeios, descobertas, compras e cinema com muito afeto”, diz.

Multimídia, ela sempre esteve presente em outros meios como teatro, televisão e rádio. Foi protagonista do musical “Cats” e do espetáculo “Brasilis – Circo Turma da Mônica” e deu um show em “Samba e Suor Brasileiro” e “Mulheres do Brasil Cantam Chico Buarque”. Desde 2013, ela apresenta o programa “Chocolate Quente”, dedicado ao melhor da música negra, na Eldorado FM. Impossível ainda não se recordar de quando era integrante da banda Funk Como Le Gusta, um marco em sua carreira. E tem muita história, canções e gravações nestes anos de carreira. 

Dando voz a outras vozes

Por meio da arte, a cantora sempre se posicionou em relação a diversas pautas e tem um papel relevante na representação da cultura afro. E reforça esse compromisso: “Sempre digo que é muito importante usar a voz para além da música. Compartilhar ideias e ideais (ideal), compartilhar o respeito pelo coletivo, na fala e através da música. É preciso pensar em evolução e transformação.” Entre tantas iniciativas, já foi embaixadora da campanha “Rompa o seu silêncio, você não está sozinha! #SomosTodasMariadaPenha, realizada pelo Tribunal de Justiça de SP, em 2016. É presidente da UBC (União Brasileira dos Compositores), que tem como objetivo principal a defesa e a promoção dos direitos dos titulares dos direitos autorais. Com a digitalização, o acesso à música se tornou mais democrático e Paula diz que é possível divulgar um trabalho de forma independente, mas ela reforça que acredita na legislação. “É fundamental para que novas regras surjam e assim artistas de um modo geral tenham assegurados os seus direitos.”

paula lima

Com seu talento e engajamento, ela conquistou não só seu espaço, mas possibilitou ainda mais abertura para outras artistas negras. “Quando cheguei, havia um hiato para a música negra brasileira: um momento de dúvida, uma falta de entendimento e um pré conceito sonoro. Muitas mulheres já haviam aberto caminhos para que chegássemos nesse momento e seguimos abrindo nesse pós. Hoje, eles seguem se expandindo com grandes mulheres negras, ocupando lugares de destaque. Muita coisa evoluiu, e tende a ficar ainda melhor”, diz otimista.  

Paula Lima busca ainda sempre ter um olhar e uma escuta ativa para o cinema, manifestações estéticas, arte, escritores e moda. É mais uma maneira de se inspirar. “Tento de alguma maneira trazer esses elementos para minha vida e conectar com o que vejo, entendo e sinto, ampliando assim e trazendo inovações para o meu trabalho.” Claro, que isso envolve também muita música.

Agora, se você quer saber o que tem na playlist de Paula Lima, ela mesma revela: “Ouço desde Sarah Vaughan, Quincy Jones, passando por Xande de Pilares e chegando até Dualipa e Emicida, tem Racionais e Erikah Badu.” Apesar desta bela seleção, com certeza, a vontade agora é de ouvi-la. 

O que Paula Lima diz sobre… 

paula lima
  • GOSTOU? COMPARTILHE: