Universidade Abrasce promove palestras gratuitas durante a Exposhopping
Debates trazem panoramas de assuntos de interesse geral do setor
Em busca de levar conteúdo à Exposhopping, a Abrasce promoveu a Arena Universidade. As palestras gratuitas atraíram muitos interessados, o que lotou as sessões. Especialistas renomados foram convidados a ministrar painéis durante os três dias no período da tarde. Cada momento único e intimista trouxe muito aprendizado em bate-papos descontraídos e com um clima muito agradável.
Segundo Mônica Vianna, gerente de Relacionamento e Insights da Abrasce, diferentemente do 18ª Congresso Internacional de Shopping Centers, o foco foi tratar de temas do dia a dia dos empreendimentos, dando espaço também aos palestrantes estrangeiros, como David López, arquiteto e fundador da Master Makers, e Verónica Reed, arquiteta especializada em Eficiência Energética e Design.
“Passamos a fomentar o conteúdo quando tivemos os ingressos esgotados do Congresso. Buscamos grandes profissionais que atuam fora do universo de shopping centers para mediar os debates e tivemos ainda a ex-atleta de vôlei Betina Schmidt, como mestre de cerimônia.” E isso enriqueceu esses diálogos.
Projetos arquitetônicos
Para a abertura, a conversa foi conduzida pela apresentadora e arquiteta Stephanie Ribeiro e tratou sobre o tema “O fascinante design e a arquitetura nos shopping centers”. Os convidados foram Fabio Aurichio, sócio-fundador da ACIA Arquitetos, Jayme Lago Mestieri, sócio-fundador do JLM Arquitetos, e Jeremy McMullin, presidente e designer-chefe da DesignCorp Internacional. Entre os temas abordados, conforme pontuou Mestieri, ficou evidente que o projeto precisa ser desenhado para as pessoas que frequentam esse espaço, buscando versatilidade para que seja possível acompanhar a mudança de comportamento do consumidor. McMullin ressaltou a importância de não seguir todas as tendências:
“Quando o projeto estiver concluído, a tendência já é outra e estará atrasado. Eles devem ser desenhados para o público que o utiliza, criando ainda uma conexão emocional e interação, e também de acordo com cada cidade e paisagem do local.”
Aurichio também destacou a importância de incorporar áreas verdes com sombreamento e espécies nativas ao ar livre, criando um microclima nestes locais. A natureza deve ser o grande design destes centros e é preciso aproveitar essa força para criar lugares que mantenham o visitante feliz e entretido e, obviamente, sempre pensando na inclusão de todos.
Alguns dos vencedores do troféu ESG
No segundo dia, teve mais conhecimento compartilhado com a plateia. Um dos destaques foi o painel “O Shopping e a Comunidade”, moderado pelo jornalista Caco Barcellos, em que três dos ganhadores da categoria Newton Rique de Sustentabilidade, do Prêmio Abrasce 2024, puderam contar sobre o trabalho desenvolvido nos respectivos empreendimentos. O gerente geral do Shopping Rio Claro, Ilson Dutra, trouxe relatos sobre o Projeto Recicla, que levou o Ouro da categoria, concorrendo com 46 finalistas. A iniciativa envolveu os 20 lojistas da Praça de Alimentação para transformar sobras de alimentos em adubo orgânico por meio de uma composteira, posteriormente utilizado no paisagismo do empreendimento e também distribuído aos clientes. “Entregamos 150 saquinhos com 200 g por dia ao público. Além disso, temos recebido escolas para conhecer o projeto, o que propaga esse conceito com a comunidade, engajando o jovem.”
Diana Petta, gerente de marketing do Natal Shopping, destacou a importância do case Naty nas Escolas. A mascote já tinha vencido no Prêmio Abrasce 2023 e, nesta edição, ganhou o troféu Prata. Com o propósito de transformar e desenvolver as comunidades locais, ela chegou desta vez à rede pública de ensino para que os alunos da educação infantil pudessem ter mais proximidade com os temas sustentabilidade e reciclagem.
“O Natal Shopping tem uma série de iniciativas de impacto socioambiental e, desta vez, ultrapassou os limites físicos para promover a educação ambiental às crianças da primeira infância. Por meio da entrega gratuita do livro ‘Naty e a Natureza’, iniciamos a conscientização ambiental e esses alunos levam esse aprendizado para suas casas.”
Esse é mais um dos projetos que só somam e consolidam o Natal Shopping, já eleito pelo Prêmio Lide RN 2023, como a melhor empresa de práticas ESG do Rio Grande do Norte.
José Luiz Miranda, superintendente do Salvador Shopping, também esteve no palco para dividir com a plateia o trabalho desenvolvido com o case Hora Silenciosa, para receber pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista). Entre 9 e 10 horas do último sábado de cada mês, todos os equipamentos que causam estímulos permanecem desligados para que esses visitantes possam ir ao shopping com tranquilidade. E o que mais chama a atenção é o engajamento que se conseguiu, envolvendo todas as áreas e as operações do ativo. Para que o projeto fosse perene, primeiramente, contrataram uma consultoria especializada para entender o que era necessário fazer e, depois, fizeram treinamento durante quatro meses até rodar o projeto. “Em um ano, conseguimos atender 28 mil pessoas e tivemos adesão de 100% dos lojistas, envolvendo mais de 3 mil colaboradores do shopping e das operações. Esse engajamento proporcionou a consolidação.” Antes de finalizar sua fala, Miranda ainda trouxe um spoiler de que, em breve, a Hora Silenciosa acontecerá todos os sábados do mês no Salvador Shopping, beneficiando ainda mais essa comunidade.
No Ocidente
O interesse do público pelo mercado asiático é muito grande e, por isso, o painel “Ásia e suas referências para a América Latina”, mediado pela jornalista Giuliana Morrone, atraiu muitos profissionais do mercado. Mariana Carvalho, fundadora e curadora da FFX e sócia da Ancar Ivanhoe, e Marco Bebiano, managing director do Google, levaram o público a uma imersão, trazendo os principais insights da última visita à China.
Segundo Mariana, a indústria chinesa tem buscado oferecer produtos de mais qualidade e atendendo às exigências socioambientais, diferentemente do que se via no passado. “Hoje, as empresas precisam responder ao ESG porque senão estarão fora do jogo”, diz. A tecnologia está presente no dia a dia da população, não há dinheiro físico ou pagamento por cartões, tudo acontece por meio de aplicativos WeChat Pay ou AliPay. A força do Douyin em vendas por livecommerce é algo impressionante, atingindo os mais diversos segmentos. Para o mercado externo, buscam meios para que as mercadorias sejam exportadas com uma velocidade cada vez maior, chegando a casa dos clientes. O fenômeno da Shein, maior empresa em faturamento em vendas de moda, que fica dentro de um aplicativo, hoje também detém também a segunda maior venda no mercado brasileiro.
O país é uma potência em inovação e tecnologia e um bom exemplo é DJI, líder mundial na fabricação de drones. “Já a Huawei, maior empresa de tecnologia da China, construiu um campus que homenageia as cidades da Europa. O time da Disney deveria visitá-lo para ver o que construíram em Dongguan. É impressionante a perfeição No local, trabalham 25 mil colaboradores na área de pesquisa e desenvolvimento”, conta Mariana. São 9 mil km2 e há um trem com uma linha de 7 km, que circula dentro do parque tecnológico. Para essa construção, a empresa contou com a ajuda do governo.
As visitas às empresas também surpreenderam os palestrantes pela organização e magnitude dos espaços, mas também pela liderança.
“Os líderes das companhias com milhares de funcionários são jovens, com menos de 30 anos. Existe o nível hierárquico, mas não há uma relação de ego”, diz Bebiano. E isso é, ao mesmo tempo, surpreendente e preocupante pensando no mercado de trabalho para os profissionais seniors. “A relação deles com o dinheiro é também diferente. Buscam um objetivo de vida e são muito disciplinados.” No Alibaba, por exemplo, enxergam as metas de uma forma diferente. “O sucesso de hoje é a base linear de amanhã”, conta Bebiano.
A maioria dos phDs estudam já com o foco de criar uma empresa de digital service.
Mariana trouxe ainda a experiência de terem visitado a cidade de Shenzhen, construída na década de 1980, em que não há fábricas e poluição sonora devido ao alto índice de veículos elétricos. Suas ruas são limpíssimas, sendo um reflexo da coletividade e educação da população. Há também um grande olhar chinês para o uso da energia limpa. “80% da capacidade de energia solar do mundo e 60% da eólica são da China”, diz Bebiano. Esse é só um trecho do que trouxeram desta viagem, que envolveu ainda outros países, mas um ponto foi exaltado: é preciso voltar os olhos para o que estão fazendo e vale a pena visitar a China com frequência porque a velocidade intensa com que a evolução acontece, há mudanças todos os anos.